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CASO CLÍNICO • Maria, 52 anos, G2P2A0C0, DUM há 3 anos • Refere perda de urina há 4 anos, relacionada aos esforços. Urgência miccional frequente e incontinência de urgência ocasional. Tem medo de sair para lazer e perder urina. Refere que com a quarentena piorou a sua ansiedade, e passou a ter noctúria (3x/noite). • HP: Refere incontinência durante o início da fase adulta jovem, durante atividade física (ex-maratonista). Agora com obesidade grau II (IMC 36 kg/m2). Hipertensa controlada com captopril. • HGO: Dois partos vaginais sem intercorrências. Lembra que o período expulsivo do segundo parto foi demorado. Teve incontinência pós-parto, que regrediu com 3 meses de forma espontânea • HF: Tia falecida por DM tipo 2 – cetoacidose diabética • Hábitos: tabagismo 4 cigarros/dia – aumentou durante a quarentena • Exame físico: Vulva sem sinais de hipotrofia AFA = 2 (escala Oxford modificada) Perda urinária em grande quantidade a manobra de Valsalva Mobilidade uretral presente ao teste do cotonete POP-Q estadio 0 para prolapso genital • Exame urodinâmico Urofluxometria normal, com Qmax – 20 ml/seg, volume de 220 ml, RPM= 10 ml Cistometria = presença de contrações involuntárias do detrusor. PPE de 41 cmH20 com 100 ml de enchimento e 50 ml com 200 ml de enchimento. Capacidade cistométrica máxima = 450 ml Estudo fluxo-pressão = Qmax = 22 ml/seg, Pdet = 8 cmH20, volume de 400 ml, PM = 0 ml LIGA ACADÊMICA DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA - LIGO INCONTINÊNCIA URINÀRIA Ligantes: Amanda Reis e Maria Eduarda Teixeira Coordenadora(s):Dr. Priscila Monteiro Fisiologia da Micção: 1. A função normal do TUBF é o armazenamento de urina sob baixas pressões e o esvaziamento vesical completo; 2. A bexiga urinária e a uretra compõem o TUBF. • Bexiga: É um órgão de músculo liso, denominado detrusor; Pode ser dividida em duas regiões distintas: (a) corpo (b) base • Fibras detrusoras, são ricas em colágeno e fibras elásticas confere à bexiga, a contração muscular organizada para promover o esvaziamento e complacência vesical que garante o enchimento sob baixas pressões. • Uretra: Músculo liso (músculo próprio da uretra) -> esfíncter interno mantém o tônus passivo e é involuntário Músculo estriado (músculo compressor) -> esfíncter externo mecanismo voluntário e pelo tônus ativo. Ciclo miccional feminino: Fatores extrínsecos como estresse e ansiedade podem alterar o ciclo miccional em mulheres normais em todas as fases. Inervação: • As fibras simpáticas (T10 a L2) -> nervo hipogástrico. Neurotransmissor: noradrenalina Receptores B: localizados no fundo da bexiga Alfarreceptores: localizados no colo vesical e uretral proximal. • Estímulo simpático: Betarreceptores -> inibição do músculo detrusor e consequente relaxamento vesical Alfarreceptores -> contração dos esfíncteres interno e externo da uretral. O sistema simpático é o responsável pelo enchimento vesical. • À medida que o volume vesical aumenta, aumenta tônus dos esfíncteres uretrais e dos músculos do assoalho pélvico. • O sistema somático -> nervo pudendo (S3 e S4) Estimula o esfíncter externo uretral (reflexo de guarda). • Aumento do volume vesical -> ao aumento da tensão das paredes vesicais; Estímulo sinais aferentes ativação do parassimpático. • As fibras parassimpáticas (S2 a S4) -> o nervo pélvico Neurotransmissor: Acetilcolina. Neurorreceptores muscarínicos e Nicotínicos: localizados no fundo vesical e uretra posterior Sistema parassimpático é o responsável pelo esvaziamento vesical. • A coordenação e o controle voluntário da micção dependem de regiões superiores do SNC. • O córtex frontal, a ponte, os núcleos da base, o sistema límbico, a substância cinzenta, entre outras regiões, estão envolvidos nessa função. Incontinência Urinária (UI): • Definição: • A IU é definida como qualquer perda involuntária de urina, objetivamente demonstrável, causando problema social ou higiênico, que pode se manifestar como um sintoma, sinal ou observação urodinâmica. • Sintoma: se relatado pela paciente • Sinal: quando observado ao exame físico • Observações urodinâmicas: são realizadas durante o exame urodinâmico. • Epidemiologia: • A prevalência da IU aumenta com o envelhecimento. • Mulheres jovens: 12 a 42%. • Mulheres na pós-menopausa: 17 a 55%. • No Brasil, cerca de 10% das pacientes, tem a IU como queixa principal. • Pelo menos 40% das mulheres apresentará, um episódio de IU. Incontinência Urinária (UI): 1. Anamnese: • Perguntar sempre sobre a função urinária • Idade • Raça • Doenças crônicas e sistêmicas • Antecedentes de afecções do trato urinário • História obstétrica • Status hormonal • Cirurgias prévias • Queixa urinária: Início, evolução, situações de perda involuntária de urina (esforço, urgência, mista ou contínua), frequência urinária diurna/noturna, habilidade de interromper a micção, grau de interferência na vida diária, fatores associados ( dor, hematúria, ITU recorrente). • Hábito intestinal (constipação, incontinência, flatos exagerados) • Uso de medicamentos; Propedêutica da Incontinência urinária: Propedêutica da Incontinência urinária: • Exame físico: INSPEÇÃO GERAL E AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA Avaliar o períneo, abaulamento suburetral com saída de líquido Ansiedade Reflexo bulbocavernoso e anocutâneo AVALIAÇÃO DA SUSTENTAÇÃO PÉLVICA O prolapso de órgão pélvico (POP) geralmente é acompanhado por insuficiência de sustentação da uretra Avaliação externa para POP - malformação Força dos músculos pélvicos Mas como iremos avaliar a força dos músculos pélvicos? Através do teste do cotonete, como podemos ver na imagem abaixo e do exame retovaginal e bimanual • Exames diagnósticos: Exame de urina e urocultura Resíduo pós-miccional Imediatamente após a micção, o resíduo pós-miccional (RPM) pode ser medido por meio de aparelho manual de ultrassonografia vesical ou por cateterização transuretral. Obs: na USG manual tomar cuidado com útero leiomiomatoso aumentado! O resíduo pós-miccional aumentado indica algum problema, como infecção recorrente, obstrução uretral causada por massa pélvica, ou déficit neurológico. Por outro lado, em mulheres com IUE, frequentemente, encontra-se RPM pequeno e normal. Estudos urodinâmicos Cistometria simples Cistometria multicanal Agora iremos ver como são realizados os exames urodinâmicos... Quando o tratamento conservador inicial não for bem-sucedido e se esteja antecipando a necessidade de tratamento cirúrgico, deve-se buscar uma avaliação objetiva.Bem como, se os sintomas e os achados físicos forem incongruentes, também se devem solicitar estudos urodinâmicos (UDS). CISTOMETRIA SIMPLES: definir se a paciente tem incontinência de esforço e hiperatividade do detrussor, além de medir parâmetros volumétricos. ♥A uretra recebe preparação estéril, então o cateter é inserido e a bexiga é drenada. ♥Uma seringa de 60 mL é conectada à sonda após remoção de seu êmbolo, sendo preenchida por água estéril. ♥A água é injetada em etapas até que a paciente manifeste sensação de enchimento vesical, urgência miccional e capacidade vesical máxima, variando entre 300 e 700 ml. ♥ Sonda é removida. INTERPRETAÇÃO Se não houver tosse ou manobra de Valsalva que possa aumentar a pressão intra-abdominal, a elevação abrupta do nível indica contração vesical, isso sugere o diagnóstico de hiperatividade do detrussor. Uma vez alcançada a capacidade vesical e a sonda for removida, solicitaremos à paciente que realize a manobra de Valsava ou que tussa em pé. A perda de urina associada a essas manobras que aumentam a pressão intra-abdominal indica IUE. Porém, há uma limitação na cistometria simples que é a sua incapacidade de avaliar se há deficiência esfincteriana intrínseca (DEI), vantagem essa encontrada na multicanal, a qual veremos adiante. O exame pode serrealizado com a paciente em pé ou sentada ereta em uma cadeira especial. Durante o exame, são usados dois cateteres. Um é posicionado dentro da bexiga e o outro dentro da vagina ou do reto, sendo a vagina o local mais ideal. A partir de cada um desses cateteres são obtidas ou calculadas diferentes de pressões: (1) pressão intra-abdominal, (2) pressão vesicular, (3) pressão detrussor, (4) volume vesical e (5) taxa de fluxo de infusão salina. A cistometria multicanal é dividida em etapas: ♥ Urofluxometria ♥Cistometrografia ♥Fluxometria de pressão ♥ Perfil da pressão uretral Incontinência urinária de esforço (IUE): 1. A incontinência de esforço é o tipo mais frequente de incontinência urinária na mulher. 1. Ela pode ser definida como um sintoma, um sinal e uma condição urodinâmica. • Classificação de Blaivas e Olsson: • Tipo 0: Há hipermobilidade da uretra com os esforços, sem perda urinária; • Tipo I: O colo vesical fechado e tem posição suprapúbica. Abre-se, aos esforços, mas sua descida é menor que 2 cm em relação à posição de repouso. Perda urinária durante o esforço; • Tipo IIa: semelhante ao tipo I, porém com descida maior que 2 cm durante o esforço. • Tipo IIb: o colo vesical é infrapúbico mesmo em repouso, e mantem-se fechado. Durante o esforço pode ou não descer, mas a uretra proximal se abre; • Tipo III: colo vesical e uretra proximal sempre abertos, mesmo em repouso. Há uma falência completa da função esfincteriana uretral, independentemente da posição ou mobilidade uretral. Incontinência urinária de esforço (IUE): • Fatores de risco: Via de Parto Aumento da Paridade Hipoestrogenismo Traumatismos Pélvicos Cirurgias em Torno do Colo Vesical Raça branca Constipação intestinal Tabagismo Obesidade Ocupações que exijam esforço físico, principalmente o levantamento de objetos pesados. Incontinência urinária de esforço (IUE): • Diagnóstico: • Anamnese + exames físico geral e ginecológico. • Exame ginecológico: manobras de tosse e Valsalva, para observar se há perda urinária. • Estudo urodinâmico: perda urinária durante a manobra de Valsalva com pressão de perda uretral menor que 60 cmH2O -> deficiência esfincteriana intrínseca Controle Involuntário Incontinência urinária de esforço (IUE): 1. A prevalência aumenta com a idade, atingindo de 3 até 43% da população. 2. A presença de sintomas de urgência, com ou sem urgeincontinência, frequentemente relacionada à frequência urinária e à noctúria, fazem parte do quadro clínico das pacientes; 3. Emaranhado de sintomas, que, apesar de sugestivos de hiperatividade do detrusor, podem estar relacionados a outros tipos de disfunção uretrovesical. 4. Bexiga hiperativa é uma síndrome, enquanto hiperatividade do detrusor é um diagnóstico urodinâmico. Bexiga Hiperativa= Incontinência Urinária de Urgência Presença de Contrações Não Inibidas (CNI) do músculo detrusor durante o enchimento, espontâneas ou provocadas. Presença de CNI por lesão neurológica associada. Podem ocorrer disfunções do arco reflexo sacral, do córtex cerebral, entre outros. NeurogênicaIdiopática Bexiga Hiperativa= Incontinência Urinária de Urgência É determinada por contrações involuntárias do detrusor durante a fase de enchimento vesical. Fatores predisponentes: 1. Anormalidades vesicais (cálculos, tumores, cistite intersticial). 2. Acesso limitado aos banheiros 3. Cafeína e álcool. 4. Condições psicológicas (ex: Ansiedade). 5. Retenção ou redução da capacidade vesical 6. Impactação fecal 7. Deficiência esfincteriana 8. Diabetes. 9. Doenças neurológicas (ex: AVC, DP, EM, DA). 10. Infecção urinária. 11. Insuficiência cardíaca. 12. Medicações (ex: Diuréticos, opioides, antidepressivos, anti-hipertensivos) Bexiga Hiperativa= Incontinência Urinária de Urgência • Diagnóstico: Clínico e urodinâmico; Caracterizado pela presença de contrações não inibidas do detrusor evidenciadas na cistometria, desencadeando sintomas de urgência ou de perda urinária. Bexiga Hiperativa = Incontinência Urinária de Urgência OBS: Fazer diagnóstico diferencial com Litíase urinária, ITU, tumores vesicais. • Associação da incontinência urinária aos esforços com hiperatividade do detrusor Em situações de esforço: Alteração anatômica + Contrações não inibidas do detrusor • Diagnóstico: Exame urodinâmico com perda sincrônica aos esforços e da presença de contrações não inibidas do detrusor. • Tratamento: Primeiro trata-se a hiperatividade vesical. Se persistência da perda urinária aos esforços Incontinência Mista: Tratamento cirúrgico Eletroestimulação Reeducação perineal. • Ocorre quando a pressão intravesical excede a pressão uretral. • Em ausência de atividade do detrusor e de perda urinária ao esforço. • Fatores de risco: • Lesões neurológicas • Bexigas espásticas Diabetes Mellitus Deficiência de vit B12 Alcoolismo • Tratamento: Agentes que aumentem o tônus esfincteriano ou diminuem a contratilidade vesical Incontinência por Transbordamento: Lesões medulares Doença de Parkinson Bexigas atônicas 1. Lesões uretrovesicais 2. Podem causar mudança dos estímulos sensitivos Distúrbios no mecanismo vesical e esfincteriano Miscelânea: Pólipos Divertículos Cistite Intersticial Crônica Tumores vesicais e de uretra USG de divertículo em uretra feminina TRATAMENTO Tratamento conservador / não cirúrgico Exercício para fortalecimento do soalho pélvico Estimulação elétrica Terapia de biofeedback Dieta Reposição estrogênica Planejamento miccional O tratamento conservador será a abordagem inicial, sendo esse embasado na necessidade de fortalecer o soalho pélvico e prover apoio contra qual a uretra posso se fechar. Condicionamento da musculatura (PFMT ou exercícios de Kegel): ♥Realizado em sintomas leves a moderados e requer contração voluntária dos músculos levantadores do ânus. ♥Os exercícios podem ser isométricos ou isotônicos. ♥As séries de exercício devem ser realizadas várias vezes durante o dia, sendo que há relatos de 50 a 60 repetições por dia. Contudo, os detalhes específicos para a realização desses exercícios dependem das preferências do profissional. Estimulação elétrica: ♥Usar uma sonda vaginal para estimulação elétrica baixa de frequência dos músculos levantadores do ânus. ♥Estimulação elétrica usada para melhorar a IUE ou de incontinência urinária de urgência; ♥Na incontinência urinária de urgência, tradicionalmente é aplicada uma frequência baixa, ao passo que frequências mais altas são usadas para tratamento de IUE. ♥Pode ser feita isolada ou juntamente a PFMT Terapia de biofeedback ♥Usada para medir os sinais fisiológicos ♥Especificamente, durante o biofeedback para PFMT, é usada uma sonda vaginal estéril que mede alterações da pressão dentro da vagina durante a contração dos músculos levantadores do ânus. Dieta ♥Grupos de alimentos com alto teor ácido ou de cafeína podem levar a aumento da frequência e da urgência urinária. Além do consumo de bebidas carbonatadas. Assim, a eliminação desses pode ser benéfico para as mulheres. Além disso, demonstrou-se que determinados suplementos dietéticos, como glicerofosfato de cálcio reduzem a urgência e a frequência urinárias Planejamento miccional As mulheres com incontinência de urgência, podem ter necessidade de urinar a cada 10 a 15 minutos. A meta inicial deve ser estender as micções para intervalos de meia hora. As ferramentas usadas para isso incluem exercícios de Kegel ou técnicas de distração mental durante os períodos de urgência. Esse tratamento tem como benefício micções regularmente planejadas fazendo com que a bexiga permaneça vazia na maior parte do dia. Reposição estrogênica A terapia com estrogênio aumenta o fluxo sanguíneo uretral e a sensibilidade do receptor a-adrenérgico, aumentando a coaptação uretral e a pressão de fechamento da uretra.. Sendo útil para as mulheres incontinentes com sinais de atrofia. Tratamento da incontinênciapor esforço Medicamentos O tratamento farmacológico apresenta um papel 2°. A duloxetina, um inibidor seletivo da recaptação de serotonina e norepinefrina (ISRS). A fenilpropanolamina (PPA). Porém a FDA (2009) reclassificou na categoria II (insegura ou ineficaz). Pessário e dispositivos de inserção uretra Reduzir o deslocamento inferior ou afunilamento da junção uretrovesical, com isso obtém apoio para o colo vesical e, consequentemente, redução nos episódios de incontinência. Nem todas são candidatas ou querem um tratamento a longo prazo. Dispositivo de inserção uretral. Suas bainhas deslizam, adaptando-se à uretra e produzindo vedação no colo vesical para impedir perda acidental de urina. Tratamento da incontinência por esforço Tratamento cirúrgico da deficiência esfincteriana intrínseca A injeção de agentes de preenchimento tradicionalmente era indicada em teste urodinâmico compatível com IUE associada à deficiência esfincteriana intrínseca. Contudo, a FDA ampliou para pacientes com pressão de ponto de vazamento menos grave (pressão de ponto de vazamento <100 cmH2O). Os agentes são injetados na submucosa uretral para levantar a mucosa e melhorar a coaptação. O local da infiltração, ao redor e ao longo da extensão da uretra, pode variar. Tratamento da incontinência por esforço Tratamento cirúrgico da IUE anatômica Para as pacientes que não apresentarem melhora ou não desejaram o tratamento conservador, a cirurgia talvez seja o passo seguinte para tratar com sucesso. Como apontado, a sustentação da uretra é parte integrante da continência. Então, o procedimento recriar esse apoio em geral reduzem ou curam a incontinência. Acredita-se que esses procedimentos cirúrgicos impeçam que o colo vesical e a uretra proximal descendam quando há aumento na pressão intra-abdominal. Procedimentos transvaginais com agulha e reparo de malformação paravaginal Correção da hipermobilidade uretral impedindo a descida do colo vesical e da uretra proximal durante episódios de aumento na pressão intra-abdominal. Nessas cirurgias, utilizavam-se dispositivos especialmente desenvolvidos para a aplicação de suturas na parede vaginal anterior e/ou nos tecidos periuretrais, suspendendo-os em vários níveis da parede abdominal anterior, pois a pesar de as taxas de cura iniciais terem sido satisfatórias, a durabilidade desses procedimentos diminuiu com o passar do tempo (deiscência de sutura na parede vaginal anterior). Uretropexia retropúbica Grupo de procedimentos que inclui a colpossuspensão de Burch e de Marshall-Marchetti-Krantz (MMK), envolvendo suspensão e fixação da fáscia pubocervical à moldura musculoesquelética da pelve. Durante muito tempo considerada o tratamento padrão-ouro da IUE, a técnica de Burch usa a força do ligamento ileopectíneo (ligamento de Cooper) para suspender a parede vaginal anterior e o tecido fibromuscular periuretral e perivesical. Na cirurgia de MMK, o periósteo da sínfise púbica é utilizada para suspender esses tecidos. EC: hipermobilidade do detrussor. Slings pubovaginais Esta cirurgia é o procedimento padrão para tratamento de IUE. Tradicionalmente era utilizada para IUE causada por deficiência esfincteriana intrínseca. Uma faixa da fáscia do reto ou da lata é posicionada sob o colo vesical e através do espaço retropúbico. As extremidades são fixadas ao nível da fáscia do reto abdominal. Slings de uretra média O controle do fechamento da uretra envolveria a interação de três estruturas: ligamentos pubouretrais, rede vaginal suburetral e músculo pubococcígeo. Com essas alças se pretende reproduzir a sustentação obtida a partir dessas estruturas ligamentares, envolvem a instalação mediouretral de uma malha sintética. Tratamento da incontinência por esforço Tratamento da incontinência urinária de urgência Medicamentos anticolinérgicos Esses medicamentos parecem atuar ao nível do músculo detrussor por inibição competitiva da acetilcolina nos receptores muscarínicos (M2 e M3). Esses agentes moderam as contrações do detrussor para reduzir o número de episódios de incontinência e o volume perdido em cada um. Oxibutinina, tolterodina e fesoterodina - ligam competitivamente aos receptores colinérgicos. Como discutido, os receptores muscarínicos não estão limitados à bexiga. Podendo ter efeitos colaterais, como boca seca, constipação e borramento da visão A maior parte dos efeitos colaterais atribuídos à oxibutininase origina de seus metabólitos secundários que se seguem ao metabolismo hepático. Para minimizar os efeitos colaterais é utilizado um adesivo transdérmico. Medicamentos anticolinérgicos Imipramina Esse agente é menos efetivo do que a tolterodina e a oxibutinina, mas apresenta características alfa-adrenérgicas e anticolinérgicas. Usado para IU mista. Antagonistas seletivos do receptor muscarínico. Esses agentes são antagonistas seletivos do receptor M3 e incluem solifenacina, cloreto de tróspio e darifenacina. Neuromodulação sacral A neuromodulação sacral não é considerada terapia primária, e as mulheres que optam por esta modalidade em geral já exauriram as opções farmacológicas e medidas conservadoras. É implantado um dispositivo, no qual contém um gerador de pulsos e eletrodos que são posicionados no forame sacral para modulação da inervação do soalho pélvico. Toxina botulínica A A infiltração de toxina botulínica A na parede vesical pode ser usada para tratar hiperatividade idiopática do detrussor. Retenção urinária, definida como resíduo pós-miccional > 200 mL, é um efeito colateral comum. Esses são os tratamentos que podem ser citados para incontinência urinária. Mulher 62 anos refere perda urinária aos esforços, urgência miccional e noctúria. Nega terapia hormonal. Estudo urodinâmico: pressão de perda sob esforço de 55 cm H2O, volume residual de 5 mL, capacidade e complacência vesical normal: urofluxometria: com padrão não obstrutivo e contrações não inibidas do detrusor de alta amplitude. O DIAGNÓSTICO E CONDUTA SÃO: A) Incontinência mista, tratamento deve ser com sling e reavaliação após. B)Incontinência urinária de esforço, tratamento deve ser com sling. C) Hiperatividade do detrusor, prescrição de anticolinérgicos. D)Incontinência mista, prescrição de anticolinérgicos. Mulher 62 anos refere perda urinária aos esforços, urgência miccional e noctúria. Nega terapia hormonal. Estudo urodinâmico: pressão de perda sob esforço de 55 cm H2O, volume residual de 5 mL, capacidade e complacência vesical normal: urofluxometria: com padrão não obstrutivo e contrações não inibidas do detrusor de alta amplitude. O DIAGNÓSTICO E CONDUTA SÃO: A) Incontinência mista, tratamento deve ser com sling e reavaliação após. B)Incontinência urinária de esforço, tratamento deve ser com sling. C) Hiperatividade do detrusor, prescrição de anticolinérgicos. D)Incontinência mista, prescrição de anticolinérgicos. Pressões de perda urinária inferiores a 60 mmHg indicam defeito esfincteriano intrínseco, cujo tratamento cirúrgico é com sling; a presença de contrações não-inibidas é diagnóstica de hiperatividade detrusora (tratamento farmacológico, porém podemos aguardar a resposta da incontinência de esforço antes de iniciar estas medidas). Na avaliação urodinâmica, sugere-se o diagnóstico de incontinência urinária de esforço por defeito esfincteriano intrínseco quando há: A) Perda de urina sincrônica ao esforço na capacidade vesical máxima. B) Perda de urina quando a pressão vesical ultrapassa 100cmH2O C) Pressão abdominal de perda na manobra de valsalva inferior a 60cmH2O. D) Pressão uretral máxima inferior à 120cmH2O. Na avaliação urodinâmica, sugere-se o diagnóstico de incontinência urinária de esforço por defeito esfincteriano intrínseco quando há: A) Perda de urina sincrônica ao esforço na capacidade vesical máxima. B) Perda de urina quando a pressão vesical ultrapassa 100cmH2O C) Pressão abdominal de perda namanobra de valsalva inferior a 60cmH2O. D) Pressão uretral máxima inferior à 120cmH2O. Ao estudo urodinâmico, a incontinência urinária de esforço (IUE) por defeito esfincteriano intrínseco apresenta-se com uma pressão de perda vesical menor que 60cmH2O associada ao aumento da pressão intra-abdominal. Vale lembrar que a pressão de perda maior que 90mH2O caracteriza a IUE por hipermobilidade do colo vesical. Paciente com 55 anos de idade, G4P4 procurou o serviço de saúde com queixa de Incontinência Urinária (IU) há alguns meses. Não sabe explicar bem se existe associação com esforços, ora confirma, ora nega. Durante o exame físico, não foi evidenciada a perda urinária à manobra de Valsalva. Foi solicitado o estudo urodinâmico que mostrou Pressão de Perdas aos Esforços de 40 cm H2O, de acordo com o encontrado nesse caso, qual o provável diagnóstico? A) Incontinência urinária associada aos esforços B) IU por defeito esfincteriano da uretra C) IU por contrações não inibidas do detrusor D) IU mista com predominância colinérgica E) IU metabólica por defeito muscarínico Paciente com 55 anos de idade, G4P4 procurou o serviço de saúde com queixa de Incontinência Urinária (IU) há alguns meses. Não sabe explicar bem se existe associação com esforços, ora confirma, ora nega. Durante o exame físico, não foi evidenciada a perda urinária à manobra de Valsalva. Foi solicitado o estudo urodinâmico que mostrou Pressão de Perdas aos Esforços de 40 cm H2O, de acordo com o encontrado nesse caso, qual o provável diagnóstico? A) Incontinência urinária associada aos esforços B) IU por defeito esfincteriano da uretra C) IU por contrações não inibidas do detrusor D) IU mista com predominância colinérgica E) IU metabólica por defeito muscarínico Questão difícil pois temos que lembrar que o defeito esfincteriano intrínseco é o tipo III na classificação de IU de esforço, ou seja, o mais grave, no qual as pressões vesicais e na uretra proximal são iguais e o colo vesical está permanentemente aberto, ocorrendo perda com tanta facilidade que pode ser confundido com perda continua de urina. Portanto nessa questão era necessário saber um conceito sobre esse estudo urodinânico para acertá –la: Que as Pressões < 60mm H2O indicam defeito esfincteriano intrínseco e > que 90 mmH2O indicam hipermobilidade do colo. REFERÊNCIAS FEBRASGO. Tratado de Obstetrícia. Revinter, 2000. Schorge, John O, Schaffer, Joseph I. Williams. Gynecologia. 5ed. McGraw-Hill´s, 2008 alterações.
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