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Lesões Pigmentadas- curso estomato

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3
Curso EAD
Estomatologia
Introdução
Pigmentações são encontradas frequentemente na boca. Tais lesões representam uma 
ampla variedade de entidades clínicas1, incluindo desde variações do padrão de normalidade2 que 
são consideradas alterações patológicas (p. ex.: pigmentação racial – melanose), manifestações de 
doenças sistêmicas3 (p. ex.: Doença de Addison) e tumores malignos (p. ex.: melanoma e sarcoma 
de Kaposi). Dessa forma, a compreensão das causas de pigmentação em mucosas e a avaliação 
apropriada do paciente são questões fundamentais. 
A origem da pigmentação pode ser endógena ou exógena, referindo que o pigmento 
envolvido é proveniente do próprio organismo ou do meio externo. A pigmentação exógena 
deve-se à implantação de corpos estranhos na mucosa. Pigmentos endógenos incluem melanina, 
hemoglobina, hemossiderina e caroteno. Dentre estes, a melanina, pigmento produzido por 
melanócitos ou células névicas na camada basal do epitélio é um dos mais importantes. Lesões 
pigmentadas relacionadas ao aumento da deposição de melanina podem ser marrons, azuis, cinzas 
ou pretas, dependendo da quantidade e da localização da melanina nos tecidos. As pigmentações 
associadas a pigmentos exógenos variam de acordo com a sua origem (medicamentos, intoxicação 
por metais, implantação de amálgama).
Diagnóstico diferencial de lesões pigmentadas
A avaliação do paciente que apresenta lesões pigmentadas inclui a história médica, história 
odontológica, exame intra e extrabucal e testes de laboratório. Na obtenção da história, algumas 
informações são essenciais:
• tempo de duração;
• presença de hiperpigmentação em pele;
• presença de sinais e sintomas sistêmicos como mal-estar, fadiga e perda de peso;
• uso de medicamentos prescritos e não prescritos;
• hábito de fumar.
Presença de lesões pigmentadas na face, região peribucal e lábios devem ser avaliadas. Lesões 
pigmentadas intrabucais devem ser descritas com relação ao número, distribuição, tamanho, forma 
e cor. Em geral, lesões pigmentadas benignas mostram bordas regulares, são pequenas, simétricas, 
de superfície plana ou levemente elevada, e apresentam cor uniforme. Podem mostrar superfície 
plana ou levemente elevada. Por outro lado, a identificação de bordas irregulares, cor heterogênea 
e superfície ulcerada são características sugestivas de malignidade. Testes clínicos tais como a 
diascopia e radiografia e investigações de laboratório como hemograma podem ser utilizados para 
confirmar determinadas suspeitas clínicas e alcançar o diagnóstico definitivo. Contudo, como nem 
sempre é possível distinguir entre uma lesão pigmentada benigna e um melanoma (lesão pigmentada 
maligna)em estágio inicial, a biópsia é usualmente recomendada para lesões pigmentadas focais 
que não podem ser explicadas por fatores locais.
Este material propõe um fluxo de raciocínio diagnóstico para lesões pigmentadas da boca com 
base na história, exame físico e exames de laboratório. Enfatizamos que o algoritmo apresentado se 
baseia na apresentação típica ou predominante de cada lesão. Desta forma, o material não deve ser 
entendido como um indicador absoluto para a definição do diagnóstico de determinada lesão, pois 
eventualmente as lesões podem mostrar características incomuns. Além disso, embora diferenças 
de cor possam auxiliar na distinção entre lesões pigmentadas, a interpretação da cor pode ser 
subjetiva e influenciada pela quantidade e localização do pigmentação na mucosa.
1. entidades clínicas – o mesmo que doenças ou entidades patológicas.
2. variações do padrão de normalidade – são alterações anatômicas que não representam uma lesão, mas eventualmente podem confundir um profissional da 
saúde ou paciente.
3. doenças sistêmicas – são as doenças que afetam diferentes partes do organismo (diferentes sistemas) e que podem ter repercussão ou manifestação na boca.
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Curso EAD
Estomatologia
Pigmentação Difusa e Bilateral
Pigmentação fisiológica (racial)
A pigmentação fisiológica, comum em pacientes de pele escura (populações de origem 
africana, asiática e mediterrânea), se deve à maior atividade dos melanócitos e não ao aumento do 
seu número. Esse tipo de pigmentação se desenvolve nas duas primeiras décadas de vida e pode 
passar despercebida pelo paciente. A coloração é castanha com intensidade variável. A gengiva 
marginal é o sítio intrabucal mais afetado, sendo a pigmentação bilateral, bem demarcada, com 
aspecto de banda castanho escura que geralmente poupa a gengiva marginal. Pigmentação da 
mucosa jugal, palato duro, lábios e língua também pode ser vista, apresentando-se como manchas 
com bordas menos definidas. A pigmentação é assintomática e nenhum tratamento é necessário.
 
Síndrome de Peutz-Jeghers 
Síndrome de Peutz-Jeghers é uma desordem genética rara associada com a mutação do 
gene LKB1, localizado no cromossomo 19. Essa doença se caracteriza pela presença de manchas 
mucocutâneas, pólipos hamartomatosos4 intestinais e um risco aumentado de câncer em vários 
órgãos, incluindo intestinos, estômago, pâncreas, mama e trato genital. A característica típica das 
lesões pigmentadas da síndrome são pontos pequenos e múltiplos em torno dos lábios. Lesões 
com o mesmo padrão aparecem na mucosa bucal, mucosa nasal, conjuntiva e reto, bem como na 
pele das extremidades. Os pontos não requerem nenhum tipo de tratamento e não apresentam 
risco de transformação em melanoma. A presença de lesões com este padrão coloca a Síndrome de 
Peutz-Jeghers entre os diagnósticos diferenciais, estando indicada a avaliação do paciente por um 
médico gastroenterologista para confirmar o diagnóstico, fazer eventuais intervenções e monitorar 
o paciente em função do risco para desenvolver lesões malignas.
 
Doença de Addison
Doença de Addison ou hipoadrenalismo primário (hipoplasia da adrenal) deve-
se a destruição bilateral progressiva e auto-imune do córtex da adrenal por doença 
autoimune, infecção ou por doença maligna. A falta de hormônios adrenocorticais no sangue 
estimula a produção de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) pela glândula ptuitária anterior. O 
aumento do ACTH induz o hormônio estimulante de melanócitos, resultando em pigmentação difusa 
na pele e na mucosa bucal. O envolvimento bucal se caracteriza por manchas marrons difusas na 
gengiva, mucosa bucal, palato e língua, as quais podem lembrar pigmentações fisiológicas. Contudo, 
pigmentações da mucosa bucal associadas com a Doença de Addison se desenvolvem e progridem 
durante a vida adulta e usualmente são acompanhadas de manifestações sistêmicas como fraqueza, 
náusea, vômitos, dor abdominal, constipação ou diarreia, perda de peso e hipotensão. Pacientes com 
estes sintomas devem ser encaminhados para avaliação médica, a partir da qual serão solicitados 
exames de laboratório para níveis de ACTH, cortisol plasmático e eletrólitos. Esta doença pode 
ser fatal se não tratada. O manejo envolve tratamento da causa do hipoadrenalismo e terapia de 
reposição com corticosteroides.
 
Pigmentação por metais pesados
Níveis aumentados de metais pesados na circulação sanguínea (chumbo, bismuto, mercúrio, 
prata, arsênico e ouro) representam causas conhecidas de alteração de cor na mucosa. Em adultos, 
a causa mais comum para o aumento dos níveis sanguíneos destes metais é a exposição ocupacional 
a seus vapores. Tratamento com drogas que contém metal, tais como os arsênicos, utilizados 
para sífilis, foram uma situação comum no passado. Em crianças, fontes de exposição possíveis 
4. hamartomatosos – hamartoma é um termo que se refere a uma mal-formação de desenvolvimento.
5
Curso EAD
Estomatologia
incluem água ou tinta contaminadas com chumbo, ou drogas contendo chumbo ou prata. Este tipo 
de pigmentação é raramente observado em boca e aparece como uma linha azulada ou preta ao 
longo da margem gengival, parecendo ser proporcional ao grau de inflamação gengival associada 
ao acúmulo de placa. Outros sítios bucais também podem ser envolvidos. Dependendo do tipo 
de metal implicado,alguns sinais e sintomas podem estar associados com a exposição crônica. A 
importância de reconhecer a manifestação bucal de pigmentações relacionadas a metais pesados 
reside primariamente em reconhecer e tratar a sua origem, além de evitar efeitos tóxicos sistêmicos 
severos.
Sarcoma de Kaposi
 Sarcoma de Kaposi (SK) é uma lesão maligna vascular multifocal vista predominantemente em 
individuos HIV-positivos. O aparecimento deste tumor indica progressão da AIDS. O herpes vírus 
humano HHV8 (também chamado herpes vírus associado ao Sarcoma de Kaposi) tem sido implicado 
como a causa das lesões. O SK da mucosa bucal afeta comumente palato duro, gengiva e língua. 
Lesões iniciais são planas ou levemente elevadas (placas), de cor castanha ou roxa frequentemente 
bilaterais. Lesões avançadas aparecem como placas ou nódulos vermelho escuros ou arroxeados, 
que podem exibir ulceração, sangramento e necrose. O diagnóstico definitivo requer biópsia, que 
permite a visualização de uma proliferação de células fusiformes circundando espaços vasculares 
mal organizados, além de numeroso extravasamento de hemácias no exame histopatológico.
Pigmentação induzida por drogas 
Diversos medicamentos podem causar pigmentação em mucosa bucal (Tabela 1). A 
patogênese da pigmentação induzida varia de acordo com a droga relacionada. Ela pode envolver 
acúmulo de melanina, depósito da droga ou de um dos seus metabólitos, síntese de pigmentos sob 
influência de drogas ou deposição de ferro após dano dos vasos. Cloroquina e outros derivados 
da quinina são utilizados no tratamento da malária, arritmia cardíaca e em uma variedade de 
doenças imunológicas, incluindo lúpus eritematoso discoide, lúpus eritematoso sistêmico e artrite 
reumatoide. As alterações de cor da mucosa associadas a este grupo de drogas varia de azul a cinza 
ou de azul a preta e, na maioria dos casos, apenas o palato duro está envolvido. Estudos de laboratório 
tem mostrado que estas drogas podem produzir um efeito estimulatório direto nos melanócitos. 
Entretanto, não se sabe porque a maior parte das lesões se restringe ao palato. Minociclina é uma 
tetraciclina sintética no tratamento de acne refratária de longo prazo. Ela pode causar pigmentação 
no osso alveolar, podendo ser vista como mancha acinzentada por toda a mucosa que recobre 
as gengivas, particularmente na maxila anterior. Esse medicamento também tem sido associado 
com pigmentação na língua e, eventualmente, na esclerótica (membrana fibrosa externa do globo 
ocular) e nas unhas. Esse tipo de pigmentação não requer nenhum tipo de tratamento e costuma 
ser reversível após suspensão do uso da droga.
• Antimaláricos: 
quinacrina, cloroquina 
e hidroxicloroquina
• Quinidina
• Zidovudina (AZT)
• Clofazimina
• Cetoconazol
• Amiodarone
• Busulfan
Tabela 1. Medicamentos associados com pigmentações em mucosa bucal
• Tetraciclina
• Minociclina
• Clorpromazina
• Contraceptivos orais
• Doxorubicina
• Bleomicina
• Ciclofosfamida
• 5-Fluoracil
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Curso EAD
Estomatologia
Pigmentação pós inflamatória
 Doenças inflamatórias de mucosa de longa duração, particularmente o líquen plano, podem 
causar pigmentação de mucosa. Isso é visto com mais frequência em indivíduos de pele escura. 
Clinicamente, visualiza-se áreas múltiplas de pigmentação, de coloração castanha a preta, que são 
notadas junto a lesões reticulares ou erosivas de líquen plano. A patogênese da pigmentação pós-
inflamatória permanece incerta. Histologicamente, há aumento da produção de melanina pelos 
melanócitos e acúmulo nos macrófagos presentes na lâmina própria. Não é necessário nenhum tipo 
de tratamento.
Melanose do fumante
 O hábito de fumar causa pigmentação em pacientes de pele clara e acentua a pigmentação 
castanha (melanose) em pacientes de pele escura. Observa-se aumento da produção de melanina, 
que confere defesa biológica contra agentes nocivos presentes no tabaco. A melanose do fumante 
é observada em 21,5% dos fumantes. A intensidade da pigmentação é relacionada a duração e a 
quantidade de cigarros consumidos. Mulheres são mais comumente afetadas do que homens, o que 
sugere provável efeito sinérgico5 entre fumo e hormônios sexuais. As lesões variam de cor marrom 
a preta e, na maioria dos casos, envolvem a porção anterior da gengiva labial seguida da mucosa 
jugal. A melanose do fumante usualmente desaparece dentro de 3 anos após cessação do fumo. A 
biópsia deve ser realizada caso haja superfície elevada, aumento da intensidade do pigmento ou se 
a pigmentação surge em um sítio inesperado.
Pigmentação Difusa e Bilateral
Hemangioma e malformação vascular
 Hemangioma é uma proliferação benigna de células endoteliais que contornam canais 
vasculares. Malformação vascular é uma anomalia estrutural dos vasos sanguíneos sem 
proliferação celular. As duas lesões são anormalidades de desenvolvimento que surgem na infância. 
O hemangioma tende a regredir com o avanço da idade, mas a malformação vascular persiste por 
toda a vida. A lesão pode ser plana ou levemente elevada e varia de cor de vermelho a arroxeada, 
dependendo do tipo de vaso envolvido (capilares, veias ou artérias) e a profundidade da lesão 
nos tecidos. A manobra de diascopia ou vitropressão usualmente deixa a lesão mais pálida. Este 
procedimento é realizado por meio de uma compressão delicada na lesão com uma lâmina de 
vidro ou tubo de ensaio. A diascopia positiva (empalidecimento) geralmente indica que o sangue 
está dentro de espaços vasculares e que o mesmo está sendo deslocado da lesão pela pressão. 
Contudo, mesmo que a lesão não mude de cor à pressão, a possibilidade de lesão vascular não está 
excluída. Alguns hemangiomas regridem espontaneamente a medida em que a criança cresce. Dos 
casos em que não se observa regressão, a maior parte é assintomática e permanece estável ao 
longo da vida. O tratamento com substâncias esclerosantes (escleroterapia) pode ser empregado 
quando o paciente apresenta dor, refere hemorragias recorrentes ou queixa estética. O número de 
sessões necessárias para fazer a lesão desaparecer é incerto, e depende do tamanho da lesão e da 
densidade dos vasos. A substância mais utilizadas é o oleato de monoetanolamina a 5% (Ethamolin), 
sendo recomendada a injeção de volume semelhante ao da lesão em cada sessão. Após cada sessão, 
aguarda-se 14 dias para que o efeito máximo seja alcançado. Após este período, uma nova aplicação 
pode ser realizada caso haja necessidade.
5. efeito sinérgico – efeito aditivo, somatório
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Curso EAD
Estomatologia
Varizes e trombos
 Varizes ou varicosidades são veias anormalmente dilatadas, vistas principalmente em 
pacientes com mais do que 60 anos. O sítio intraoral mais comum é o ventre da língua, onde as 
varizes aparecem como múltiplas elevações de consistência mole, coloração azulada ou arroxeada, 
que perdem a coloração quando exercida a pressão. Se a variz contém trombo, se apresenta como 
um nódulo de consistência firme, azulada/arroxeado que não muda de cor à pressão. Trombos 
são mais comuns no lábio inferior e na mucosa jugal. Como se trata de uma variação do padrão de 
normalidade relacionada ao envelhecimento, nenhum tratamento é necessário.
Hematoma e outras alterações hemorrágicas
 Hematomas, petéquias e equimoses são causados pelo extravasamento de sangue para 
os tecidos moles. Estas condições aparecem como lesões planas (manchas) ou elevadas (placas) 
que não mudam de cor ao procedimento de vitropressão (diascopia). Elas podem aparecer 
espontaneamente em certos distúrbios sistêmicos, tais como trombocitopenia púrpura idiopática6 
ou como resultado de trauma. A cor, produzida pela degradação da hemoglobina para bilirrubina 
e biliverdina, varia entre vermelha, roxa, azul ou azul escuro, dependendo do tempo que o sangue 
ficou presente nos espaços extravasculares. A cor volta gradualmente ao normal, mas esse processo 
pode levar até 2 semanas. Caso essas alterações apareçam em regiões onde não houve trauma, o 
paciente deve ser investigado paradesordens relacionadas ao número de plaquetas ou no processo 
de coagulação (coagulopatias).
Tatuagem por amálgama e pigmentações por outros corpos estranhos
 A tatuagem por amálgama é uma das causas mais comuns de pigmentação intrabucal. Ela 
se apresenta como uma lesão plana (mancha) azulada ou acinzentada de dimensões variáveis. A 
gengiva e a mucosa alveolar são os sítios mais comuns, mas estas lesões também podem envolver o 
assoalho de boca e a mucosa jugal. Nenhum sinal de inflamação está presente na periferia da lesão 
e o resultado da diascopia deve ser negativo. Em alguns casos, especialmente quando as partículas 
do amálgama são suficientemente grandes, as mesmas podem ser observadas como grânulos 
radiopacos em radiografia intrabucais. Nestes casos, o diagnóstico de tatuagem por amálgama 
pode ser estabelecido com base nos achados clínico-radiográficos. Caso haja dúvida, uma biópsia 
pode ser realizada e a avaliação microscópica vai permitir a identificação de partículas de amálgama 
no tecido conjuntivo. Outro tipo de pigmentação por corpo estranho a se considerar é o grafite, que 
pode ser introduzido na mucosa a partir de um acidente envolvendo um lápis. A lesão é observada 
mais frequentemente na mucosa palatina de crianças, aparecendo como uma mancha irregular 
com cor que varia de cinza a preta. A história de acidente traumático envolvendo injúria na região 
confirma o diagnóstico. Caso contrário, uma biópsia deve ser realizada para excluir a possibilidade 
de melanoma.
6. trombocitopenia púrpura idiopática - doença adquirida e geralmente benigna, de causa desconhecida, que se caracteriza pela redução do número de plaquetas.
8
Curso EAD
Estomatologia
Mácula melanótica/Mácula melanocítica
 A mácula melanótica é uma lesão pigmentada benigna comum no lábio inferior, e que 
pode ser vista em sítios intrabucais como gengiva, mucosa jugal e palato. São lesões causadas 
pelo aumento da produção de melanina sem aumento do número de melanócitos. As máculas 
melanóticas são usualmente menores do que 1cm em diâmetro e mostram limites bem definidos. 
Frequentemente são lesões únicas, mas lesões múltiplas também podem ser vistas. A sua coloração 
varia de marrom claro a marrom escuro, sendo homogênea em toda a lesão. Essas lesões são mais 
comuns em mulheres e adultos jovens. Seu comportamento é benigno e não apresenta risco de 
transformação em melanoma. Biópsia usualmente é realizada para estabelecer o diagnóstico 
e descartar melanoma, especialmente em casos envolvendo palato, onde o melanoma é mais 
frequente. Nenhum tratamento é necessário após o estabelecimento do diagnóstico.
Nevus pigmentado
 Nevus pigmentados são causas raras de pigmentação focal e representam tumores benignos 
das células produtoras de melanina (melanócitos/células névicas). Estas lesões se apresentam tanto 
com coloração marrom quanto com coloração azul. Histologicamente, os nevus se caracterizam 
pela presença de um acúmulo de células névicas (melanócitos) na camada basal do epitélio, no 
tecido conjuntivo ou em ambos. Com base na localização das células, as lesões são classificadas 
como nevus juncional, nevus intradérmico/intramucoso ou nevus composto. Nevus juncional são 
lesões planas de coloração marrom escuro, pois as células névicas proliferam na ponta das cristas 
epiteliais. Nevus intramucoso e nevus composto são lesões de cor tipicamente marrom-claro e com 
formato de cúpula. Há uma variante do nevus pigmentado chamada de nevus azul, que caracteriza-
se pela proliferação de melanócitos fusiformes nas camadas profundas do epitélio, o que justifica 
a coloração azulada da lesão. A idade média dos pacientes no momento da remoção das lesões 
é 35 anos. Pode ser difícil diferenciar clinicamente entre nevus e um melanoma em fase inicial, 
especialmente no palato, sítio mais comum para ambas. Embora a transformação de um nevus em 
melanoma não tenha sido bem documentada, acredita-se que uma lesão seja precursora da outra. 
Portanto, recomenda-se que estas lesões sejam removidas cirurgicamente e enviadas para exame 
histopatológico.
Melanoma
 O melanoma é raro, somando menos do que 1% de todas as malignidades bucais. É 
caracterizado pela proliferação de melanócitos malignos ao longo da junção epitélio-conjuntivo, 
bem como no interior do tecido conjuntivo. A localização mais comum é o palato, que soma 40% 
dos casos, seguido pela gengiva, que soma um terço dos casos. Contudo, outras regiões da boca 
também podem ser afetadas. O melanoma bucal é geralmente encontrado entre a 4ª e 7ª décadas 
de vida, com incidência maior em homens do que em mulheres. Clinicamente, o melanoma bucal 
pode se apresentar como: (1) uma mancha marrom ou preta assimétrica, de crescimento lento e 
com bordas irregulares; (2) massa/nódulo de crescimento rápido com ulceração, sangramento, dor 
e destruição óssea; (3) alguns melanomas não produzem pigmento, levando a uma maior dificuldade 
no estabelecimento do diagnóstico (melanoma amelanótico). 
 Embora o melanoma seja raro, ele representa uma doença séria e frequentemente fatal. Os 
melanomas em boca tendem a ser mais agressivos dos que acometem a pele e são descobertos em 
9
Curso EAD
Estomatologia
estágio mais avançados. 
 O estágio da doença é definido pelo nível de invasão dos tecidos, sendo a graduação de Clark 
uma das mais utilizadas (Figura 1). Quanto mais tarde o diagnóstico for definido, maior a chance de 
invasão profunda e, consequentemente, pior o prognóstico7. O tratamento recomendado envolve 
cirurgia radical com margens de segurança. Isso às vezes pode ser difícil de realizar pela proximidade 
com estruturas anatômicas importantes e vitais. A quimioterapia e a radioterapia são ineficazes 
contra este tipo de tumor, o que dificulta ainda mais o manejo desta doença. O prognóstico para 
pacientes com melanoma bucal é muito pior do que o relatado para pacientes com melanoma 
cutâneo, e a taxa de sobrevida em 5 anos é 15%. A melhor forma de melhorar o prognóstico é a 
detecção precoce.
7. prognóstico – previsão do resultado a partir do momento em que se diagnostica uma doença, levando em conta o seu estágio e as possibilidades de tratamento.
Figura 1. Desenho esquemático ilustrando a Graduação de Clark, sistema que auxilia na definição 
do tratamento e no estabelecimento do prognóstico para casos de melanoma
Lâmina própria
Submucosa
Tecido epitelial
Nível l Nível II Nível III Nível IV Nível V
10
Curso EAD
Estomatologia
PAINEL CLÍNICO PARA FIXAR AS CARACTERíSTICAS DE CADA LESÃO
Síndrome de Peutz-Jeghers
Lesões que lembram sardas 
(efélides) podem ser vistas 
nas mãos, no nariz e na região 
genital. Em situações como 
essa, é fundamental encaminhar 
o paciente para investigação 
médica, pois os pólipos intestinais, 
característicos da doença, tem 
potencial de malignização.
Painel A. Máculas (manchas) pequenas na região peribucal ou 
dentro da boca sugerem o diagnóstico de Sindrome de Peutz-
Jeghers, principalmente se houver sinais/sintomas sistêmicos como 
sangramento gastrointestinal e dores abdominais.
Fonte: NEVILLE et al. (2009); REGEZI, SCIUBBA, JORDAN (2013)
11
Curso EAD
Estomatologia
Painel C. As pigmentações associadas a metais pesados são 
incomuns. Podem estar associadas a sinais e sintomas sistêmicos 
como náuseas, vômitos e diarreia. São observadas em pessoas 
que trabalham em contato com substâncias químicas, como 
tintas, corantes, fertilizantes, etc. Clinicamente, o aspecto mais 
comum é alteração enegrecida ou azulada acompanhando a 
margem gengival.
Fonte: REGEZI, SCIUBBA, JORDAN (2013).
Fonte: REGEZI, SCIUBBA, JORDAN (2013).
Doença de Addison 
Pigmentação induzida por medicamento
Pigmentação por metal pesado
Painel B. A Doença de Addison resulta da redução dos níveis do hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) e 
pode ter manifestação em boca. Manifestações sistêmicas como fadiga, irritabilidade, depressão e fraqueza 
decorrem dessa alteração hormonal e são características importantes. Isso reforça que é importantesermos atentos durante a anamnese. Hiperpigmentação na pele pode ser observada, principalmente em 
zonas de pressão. As pigmentações bucais são múltiplas e difusas, podendo ser a primeira manifestação da 
doença. Podem ser confundidas com melanose racial, mas diferem destas pelo aparecimento repentino. O 
diagnóstico é realizado pelo médico endocrinologista e se baseia na avaliação dos níveis do hormônio ACTH. 
Painel D. Atualmente, a lista de medicamentos que causam 
pigmentações na mucosa bucal é bastante extensa, reforçando a 
importância da cuidadosa anamnese no que diz respeito a história 
médica. A região mais afetada é o palato, mas outras regiões da 
boca podem ser afetadas. Dependendo do tipo de medicamento, 
pigmentações podem aparecer nos olhos, pele dos dedos e nas 
unhas. As pigmentações relacionados ao uso de medicamentos 
tendem a desaparecer após a suspensão do uso da droga, 
medida que pode ser discutida com o médico que prescreveu o 
tratamento em questão. 
Fonte: REGEZI, SCIUBBA, JORDAN (2013); NEVILLE et al. (2009).
12
Curso EAD
Estomatologia
Painel E. Trata-se de uma condição mais bem descrita em pele. 
Na boca, é incomum e tem sido relatada em áreas onde lesões 
de líquen plano erosivo/ulcerado cicatrizaram. Nesta imagem, 
observa-se estrias e placas brancas que se misturam com áreas 
de pigmentação enegrecida (asterisco). A presença de áreas 
pigmentadas em um paciente com líquen plano não modifica o 
tratamento habitual para esta doença.
Fonte: REGEZI, SCIUBBA, JORDAN (2013).
Pigmentação pós-inflamatória
Melanose do fumante
Painel F. Algumas substâncias presentes no tabaco tem 
capacidade de estimular a atividade dos melanócitos. Embora 
as pigmentações intrabucais sejam semelhantes as observadas 
na melanose fisiológica (racial) e na Doença de Addison, 
sua coloração é mais intensa na gengiva vestibular anterior. 
Fumantes de charuto e cachimbo podem ter a pigmentação 
mais concentrada na região de comissura labial ou mucosa jugal. 
Observa-se uma relação direta entre a quantidade de cigarros 
consumidos por dia e a intensidade da pigmentação. Essa 
alteração é reversível, havendo desaparecimento gradual das 
áreas pigmentadas após a suspensão do hábito de fumar, mas o 
retorno à normalidade pode demorar mais de 1 ano.
Fonte: REGEZI, SCIUBBA, JORDAN (2013), NEVILLE et al. (2009).
13
Curso EAD
Estomatologia
Hemangioma
Painel G. Lesões (hemangioma) e alterações do padrão de normalidade (varicosidades) não são a rigor 
lesões pigmentadas, porque a alteração de cor não se deve ao acúmulo de pigmento. Contudo, essas 
situações estão sendo incluídas neste módulo devido a possibilidade de confusão no diagnóstico diferencial. 
As varicosidades ou varizes (Figuras 1 e 2) se tornam mais comuns a medida em que o indivíduo envelhece, 
pois a mucosa de superfície fica mais delgada e os vasos se dilatam devido a alterações na sua parede. São 
comuns na mucosa labial e no ventre de língua. O hemangioma (Figura 3) representa uma proliferação focal 
de angioblastos (células da parede do vaso), podendo se apresentar como uma lesão plana (mancha) ou 
como um aumento de volume localizado (nódulo). A distinção entre hemangioma e varicosidades se dá pela 
avaliação clínica, pois a manobra de vitropressão (diascopia) pode ser positiva em ambas situações.
Fonte: FOUFRGS; REGEZI, SCIUBBA, JORDAN (2013).
1 2 3
Tatuagem por amálgama
Painel H. Lesões pigmentadas focais de coloração acinzentada/
azul com limites definidos ou mais difusos levam à hipótese de 
alteração de cor por implantação de amálgama ou outros corpos 
estranhos. A tatuagem por amálgama é relativamente comum 
e costuma aparecer em mucosas próximas ao rebordo alveolar 
(Figura 1), onde dentes com restaurações com este material são 
vistas. Em algumas situações a restauração não está presente 
devido a troca por materiais mais estéticos (resina composta) 
ou devido a extração do dente em questão. Uma outra causa 
de tatuagem por amálgama é a cirurgia paraendodôntica, 
procedimento em que se faz um acesso cirúrgico para atingir a 
região apical de um dente com problema endodôntico, sendo o 
amálgama um dos materiais utilizados para fazer a retrobturação 
do canal (vedamento do ápice de “fora para dentro”). Neste caso, 
a pigmentação é observada na mucosa correspondente ao ápice 
dentário (Figura 2).
Fonte: NEVILLE et al. (2009); REGEZI, SCIUBBA, JORDAN, (2013).
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 Lesões pigmentadas com origem nos melanócitos
Painel I. Lesões pigmentadas focais de coloração castanha podem ser semelhantes entre si, particularmente 
as de natureza benigna (mácula melanótica e névus). As lesões benignas costumam ter menos do que 6 mm 
de diâmetro, ser simétricas e apresentarem coloração homogênea. A mácula melanótica (Figuras 1, 2 e 3) é 
mais frequente no lábio e na gengiva, enquanto os nevus (Figuras 4 e 5) são mais comuns no palato. Quando 
identificado precocemente, o melanoma (Figura 6) pode simular essas lesões, pois apresenta características 
que sugerem comportamento benigno em suas fases iniciais. Após a fase inicial, em que se simula um 
comportamento benigno, o melanoma revela suas características típicas de crescimento rápido, variações 
nas tonalidades de cor, assimetria e limite irregular, deixando poucas dúvidas com relação ao diagnóstico. 
Fonte: NEVILLE et al. (2009); REGEZI, SCIUBBA, JORDAN (2013).
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Referências
Kauzman, A et al. Pigmented Lesions of the Oral Cavity: Review, Differential Diagnosis, and 
case presentations.J Can Dent Assoc; v.70, no.10, p.682–3, 2004.
Lesões benignas x melanoma
Painel J. Frente a identificação de uma lesão pigmentada, a preocupação é sempre descartar a hipótese 
de melanoma. Palato e gengiva são as localizações preferenciais para esta lesão. Em função disso, mesmo 
uma lesão com características que indicam comportamento compatível com o nevus (1) deve ser valorizada. 
Nestas situações a biópsia é indicada para fechar o diagnóstico. O melanoma é uma lesão plana na fase 
inicial (2), mas a medida em que evolui pode apresentar áreas de ulceração ou aspecto mais nodular (3). 
Fonte: NEVILLE et al. (2009); REGEZI, SCIUBBA, JORDAN (2013).
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TelessaúdeRS-UFRGS 
Coordenação Geral
Roberto Nunes Umpierre
Marcelo Rodrigues Gonçalves 
 
Gerência de Projetos
Ana Célia da Silva Siqueira
Coordenação Executiva
Rodolfo Souza da Silva
Coordenação do curso
Vinicius Coelho Carrard
Coordenação da Teleducação
Ana Paula Borngräber Corrêa
Conteudistas do Curso
Manoela Domingues Martins
Marco Antonio Trevizani Martins
Vinicius Coelho Carrard
Vivian Petersen Wagner
Conteudistas do Objeto Virtual de 
Aprendizagem 
Renata de Almeida Zieger
Fernando Neves Hugo
Stefanie Thieme Perotto
Karla Frichembruder
Vinicius Coelho Carrard
Manoela Domingues Martins
Marco Antônio Trevizani Martins
Revisores
Bianca Dutra Guzenski
Michelle Roxo Gonçalves
Otávio Pereira D’Avila
Thiago Tomazetti Casotti
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do 
Núcleo de TelessaúdeRS do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS/UFRGS) e do Programa Nacional de 
Telessaúde Brasil Redes.
Diagramação e Ilustração 
Carolyne Vasquez Cabral
Angélica Dias Pinheiro
Iasmine Paim Nique da Silva
Lorenzo Costa Kupstaitis
Projeto Gráfico
Iasmine Paim Nique da Silva
Lorenzo Costa Kupstaitis
Luiz Felipe Telles 
Design do Objeto Virtual 
de Aprendizagem
Lorenzo Costa Kupstaitis
Matheus Lima dos Santos Garay
Edição/Filmagem/Animação
Diego Santos Madia
Rafael Martins Alves
Bruno Tavares Rocha
Luís Gustavo Ruwer da Silva
Divulgação
Camila Hofstetter Camini 
Jovana Dullius
Design Instrucional
Ana Paula Borngräber Corrêa
Equipe de Teleducação
Angélica Dias Pinheiro
Ylana Elias Rodrigues
Equipe Responsável:
Dúvidas e informações sobre o curso
Site: www.telessauders.ufrgs.br
E-mail: ead@telessauders.ufrgs.br 
Telefone: 51 33082098

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