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Enxertos e Retalhos DEFINIÇÃO Enxerto – pedaço de pele retirada de outra área corpórea (doadora) e transferida para outra (área receptora), sem nenhum pedículo de comunicação entre elas. Tardiamente se desenvolve vascularização própria, restabelecendo um novo suprimento sanguíneo. Retalho – segmento de pele e subcutâneo com suprimento vascular próprio que é movido de uma área (doadora) para outra (receptora) para preencher ferida cirúrgica. Existe uma comunicação do retalho com a área doadora por meio de um pedículo que garante sua sobrevivência. Cicatrização por Segunda Intenção ➞ Contração da ferida e sua deformação. ENXERTOS Composição: apenas pele. AUTOENXERTO: Área doadora e receptora no mesmo indivíduo; TIPOS: De pele total (epiderme + derme – área doadora necessita de fechamento primário ou rotação de tecido) ou pele parcial (epiderme + parte da derme – a área doadora pode recuperar os elementos epidérmicos que foram parcialmente retirados). Contratura Primária – logo após a retirada do enxerto (depende da espessura da derme – fibras da matriz extracelular). Enxertos de pele total apresentam contratura primária maior. Contratura Secundária – ocorre durante a integração e estabilização do enxerto (depende da contração das fibras de colágeno). Enxertos de pele parcial possuem contratura secundária maior (maior quantidade de tecido cicatricial). “Pega do Enxerto” – etapas para nutrição até a real fixação do enxerto no local desejado. 1) Embebição plasmática ➞ primeiras 48h do procedimento. 2) Inosculação ➞ alinhamento dos vasos entre leito receptor e doador (3º-4º dia). 3) Neovascularização ➞ formação dos primeiros vasos (após o 5º dia). A pega ocorre de maneira mais lenta nos de pele total (maior quantidade de tecido para ser nutrido). PELE PARCIAL PELE TOTAL Vantagens Cobre grandes áreas com menos pele doadora; Áreas doadoras podem ser reutilizadas pós-cicatrização; Melhor textura, flexibilidade, elasticidade, estética e correspondência de cores; Mais resistentes à contratura secundária; Maior satisfação do paciente (tanto na área doadora quanto na receptora); Desvantagens Frágeis, pigmentação anormal, falta de textura suave e falta de pelos; Menor flexibilidade e elasticidade; Probabilidade de contratura; Área doadora é causa adicional de dor significativa; Disponibilidade limitada de área doadora de alta qualidade; Possível incompatibilidade de cores no rosto; Falta de interstícios aumenta o risco de formação de hematoma e seroma; SUBSTITUTOS DE PELE: material biológico (aloenxertos e xenoenxertos) ou material biossintético. São utilizados para cobrir temporariamente as feridas até que a cicatrização por segunda intenção possa ocorrer. Objetivo: proteger a ferida. INDICAÇÃO DE ENXERTOS ➞ cobrir defeitos de pele quando o fechamento primário não pode ser realizado. O leito receptor do enxerto deve ser bem preparado sem debris celulares e com boa vascularização para que ocorra boa pega do enxerto. ENXERTIA ➞ 1) Escolha da área doadora (menor desconforto e problemas estéticos + resultado fidedigno de cor, textura e espessura). 2) Preparação da área receptora (vascularizada + livre de tecido necrótico/ isquêmico + sem inflamação ou infecção). 3) Infiltração da área doadora (anestésicos locais + epinefrina – evitar dor e sangramento excessivo; infiltração apenas superficial). 4) Captação da área doadora (realizada com dermátomo ou com faca de Blair). OBS: Enxertos de pele total a captação deve ser feita com bisturi, sem o dermátomo (apresenta contração menor, pode-se realizar a retirada de tecido do tamanho exato da área receptora). A incisão deve ser feita obedecendo as linhas de Langer. 5) Expansão do enxerto (quando a área doadora é menor que a receptora – o expansor aumenta a área do enxerto a partir de pequenos furos, para que não seja necessário a retirada de outros locais). Essa técnica é utilizada principalmente em grandes queimados (pouca disponibilidade de área doadora). 6) Colocação e fixação do enxerto (leito receptor precisa estar livre de hematomas, exsudato ou infecção – a fixação pode ser feita com grampos ou com sutura, pontos simples ou contínuos. É preciso ter certeza de que o enxerto irá ficar bem aderido). 7) Curativos (utilizar curativos não aderentes e gaze algodoada para absorver secreção). CUIDADOS ➞ deve ser realizada imobilização da ferida (evitar ressangramentos). COMPLICAÇÕES ➞ podem ocorrer em função de vascularização inadequada da região receptora, formação de hematoma, seroma, infecção, tensão excessiva ou forças de cisalhamento mecânicas. RETALHOS Muito versáteis ➞ cobrir grandes defeitos, recriar estruturas (ex. mama) ou fornecer melhor cobertura sobre articulações, impedindo as contraturas que podemos ter nos enxertos. Quanto mais tecido for transferido (pele, músculo, nervos, fáscia), mais exigente será a perfusão desse tecido. CLASSIFICAÇÃO Quanto ao suprimento sanguíneo: Retalhos aleatórios ➞ não existe pedículo principal, apenas pequenos vasos não nomeados do plexo subdérmico – mais comum em retalhos pequenos. Retalhos axiais ➞ nutrição baseada em um pedículo principal nomeado (angiossoma) – comportam maior quantidade de tecido. Quanto à relação entre área doadora e receptora: Retalho local ➞ área doadora possui conexão direta com a área receptora – uma das limitações é a necessidade de tecido doador saudável, flexível e bem vascularizado nas proximidades. O local doador precisa de folga suficiente para o fechamento por primeira intenção. Retalho regional ➞ a área doadora não possui conexão direta com a área receptora – é necessária a criação de um caminho. Uma preocupação é que qualquer torção na base do pedículo ou sua compressão pode levar ao comprometimento vascular e isquemia tecidual no retalho. Retalho distante ➞ a área doadora é transferida a uma grande distância para a área receptora – necessidade de microcirurgias para fixação e nutrição adequada. Quanto à composição do retalho: Retalho simples ➞ apenas um tecido. Retalho composto ➞ mais de um tipo de tecido (pele, músculo, musculocutâneo, fasiocutãneo ou osteocutâneo). Quanto mais componentes no retalho, maior a preocupação com a nutrição. TÉCNICAS PARA CONFECÇÃO DE RETALHOS Avanço simples: esticar a pele e cobrir a lesão com um retângulo. V-Y: esticar a pele e cobrir a lesão partindo de 2 V’s. O retalho se move em direção ao defeito e a sutura é em forma de 2 Y’s. Rotação: retalho semicircular, girando em torno de um eixo e formando um arco de rotação. Transposição: retalho retangular ou quadrado da pele + subcutâneo girando em torno de um pivô e formando um arco de rotação. É o que ocorre na Z- plastia. Interpolação: girando em torno de um pivô e formando um arco de rotação, sendo que o raio desse arco é a linha de maior tensão. Romboides: ângulos de 60º e 120º, sendo usado o retalho de Limberg para seu fechamento, com comprimento dos lados sendo igual ao menor eixo do losango. Zetaplastia: reposicionamento dos tecidos com maior comprimento, diminuindo a contratura presente na região. Muito usada em pacientes vítimas de queimaduras. Ângulo Ganho teórico em comprimento (%) 30-30 25 45-45 50 60-60 75 75-75 100 90-90 120 ETAPAS PARA A CONFECÇÃO DE RETALHOS É a melhor forma de reparo de feridas quando o reparo primário não é possível sem comprometer a região ou quando o enxerto não é possível em função da má vascularização do leito receptor. Também é preferido diante de grandes defeitos ou na necessidade de tecido complexo para recuperação estética da lesão ou de sua função. 1) Preparação da área receptora (avaliar o defeito a ser fechado, considerar a morbidade do local doador – a área doadora deve estar livre de todo tecido necrótico ou isquêmico). No casodos retalhos, ao contrário dos enxertos, o leito não precisa ser bem vascularizado (o retalho possui suprimento sanguíneo próprio). 2) Escolha da área doadora (retalhos locais simples são usados sempre que possível). 3) Fixação do retalho (pontos simples ou contínuos, evitando ao máximo a existência de espaço morto – evitar surgimento de infecções). 4) Correção da área doadora (hemostasia eficiente e, preferencialmente, fechamento primário – enxertia de pele no local raramente é necessária). Não devemos optar primariamente por um retalho para correção da área doadora – mais áreas afetadas durante o processo cirúrgico. COMPLICAÇÕES Principal – comprometimento vascular do pedículo. Outras: infecção, deiscência, formação de hematomas e seromas.
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