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Aluno (a): ELTON JOHN MELO PESSOA Turma: LX RA: 001201602918 Data: 16/07/2020 PEÇA PROCESSUAL Espécie: ( X ) Trabalhista ( ) Empresarial/tributária ( ) Penal/Constitucional ( ) Cível Peça 07: RECURSO DE REVISTA (correção) --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 2ª REGIÃO Processo nº __________________ GARFO DE PRATA LTDA, reclamada ora recorrente, por seu advogado, nos autos da ação em epígrafe que lhe move JOSÉ PEDRO DA SILVA, recorrido, com fulcro no artigo 896, a da CLT, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, em tempo hábil e de forma regular, interpor RECURSO DE REVISTA, Contra a v. acórdão de fls. ____, conforme as razões anexas. Nesse sentido, requer o recebimento e processamento do presente recurso, para ulterior apreciação e julgamento pelo Egrégio Tribunal Superior do Trabalho. A matéria no bojo das razões recursais está suficientemente pré- questionada, nos termos da súmula nº 297 do E. TST. Ademais, o presente recurso oferece a necessária transcendência prescrita no artigo 896-A da CLT. Neste ato, junta-se os competentes comprovantes de depósito das custas e do depósito recursal. Nestes termos, Pede deferimento. São Paulo/SP, 16 de julho de 2020. Advogado ______ OAB/UF nº ______ RAZÕES DE RECURSO DE REVISTA Egrégio Tribunal Superior do Trabalho Colenda Turma Nobres Julgadores Ínclito Relator PROCESSO Nº: __________ RECORRENTE: GARFO DE PRATA LTDA RECORRIDO: JOSÉ PEDRO DA SILVA VARA DE ORIGEM: 134ª VARA DE SÃO PAULO / SP I. DA TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA (ART. 896-A) O presente recurso de revista preenche o pressuposto recursal específico da transcendência, pois a matéria – aqui – abordada induz reflexos gerais de natureza jurídica e econômica, de modo que a natureza da decisão ultrapassa os interesses meramente subjetivos em discussão no processo. II. DO ACÓRDÃO RECORRIDO Quando do julgamento do recurso ordinário interposto pelo ora recorrido, o Tribunal a quo entendeu pelo provimento do recurso a fim de manter a r. Sentença de 1º Grau de Jurisdição nos seus exatos termos, quais sejam, o reconhecimento de que, embora o Estatuto do Sindicato estabeleça um número maior de membros efetivos e suplentes para a diretoria, o empregado estaria protegido pela estabilidade em apreço, razão pela qual determinou a reintegração do trabalhador com o consequente pagamento dos salários no importe de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) desde o despedimento até a efetiva reintegração no emprego. Porém, de acordo com a legislação trabalhista contida na Consolidação das Leis Trabalhistas, vem o Recorrente manifestar inconformismo com o venerável acórdão proferido por este Juízo Superior. Isto porque a referida decisão em acórdão confirmou uma decisão contrária e direta ao dispositivo previsto no art. 8º, inc. VIII, da Constituição Federal, do qual limita a 07 (sete) membros da diretoria sindical com direito à estabilidade, conforme a seguinte tradução: Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: VIII - e vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei. (grifo nosso) Reforça também o fundamento da revista a previsão do art. 522 da CLT ao estabelecer a quantidade de membros integrantes da diretoria sindical assim: Art. 522. A administração do sindicato será exercida por uma diretoria constituída no máximo de sete e no mínimo de três membros e de um Conselho Fiscal composto de três membros, eleitos esses órgãos pela Assembleia Geral. Cumpre ressaltar que a análise quanto a quantidade de membros dirigentes dos sindicatos deve compreender inclusive, ao número de suplentes, consoante a interpretação do art. 543, §3º, da CLT: Art. 543. O empregado eleito para cargo de administração sindical ou representação profissional não poderá, por motivo de serviço, ser impedido do exercício das suas funções, nem transferido sem causa justificada, a juízo da Comissão Nacional de Sindicalização, para lugar ou mister que lhe dificulte ou torne impossível o desempenho da comissão ou mandato. § 3º - Fica vedada a dispensa do empregado sindicalizado ou associado, a partir do momento do registro de sua candidatura a cargo de direção ou representação de entidade sindical ou de associação profissional, até 1 (um) ano após o final do seu mandato, caso seja eleito inclusive como suplente, salvo se cometer falta grave devidamente apurada nos termos desta Consolidação. O fato de os sindicatos possuírem autonomia, nos termos do art. 8º, inc. I, da Constituição Federal, do qual veda a intervenção do Poder Executivo na atividade funcional, não os autorizam eleger de forma abusiva e ilimitada o número de membros da diretoria sindical. A lei ordinária trabalhista disciplina a matéria não excedendo a autonomia interna dos sindicatos, pois visa também resguardar direitos dos empregadores em dar garantia de emprego, bem como a estabilidade visa permitir ao trabalhador cumprir o mandato representando certa categoria. Do contrário, ante a ausência do princípio da razoabilidade seria bem provável que um determinado sindicato elegesse em Assembleia para a composição da diretoria todos os integrantes da categoria com intuito de resguardar a estabilidade. De outro modo, a lei civil entende presente a caracterização de exercício irregular de direito, previsto no art. 122 ao considerar “lícitas a condição do qual sujeita o efeito do ato jurídico ao arbítrio exclusivo de uma das partes, como seria o caso de o sindicato estabelecer um número diverso do art. 522 da CLT” segundo transcrição da obra de Sergio Pinto Martins. Ademais, foi editada a súmula 369 do Tribunal Superior do Trabalho que recepcionou a limitação a 07 (sete) a composição dos dirigentes sindicais: DIRIGENTE SINDICAL. ESTABILIDADE PROVISÓRIA (redação do item I alterada na sessão do Tribunal Pleno realizada em 14.09.2012) - Res. 185/2012, DEJT divulgado em 25, 26 e 27.09.2012 I - É assegurada a estabilidade provisória ao empregado dirigente sindical, ainda que a comunicação do registro da candidatura ou da eleição e da posse seja realizada fora do prazo previsto no art. 543, § 5º, da CLT, desde que a ciência ao empregador, por qualquer meio, ocorra na vigência do contrato de trabalho. II - O art. 522 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988. Fica limitada, assim, a estabilidade a que alude o art. 543, § 3.º, da CLT a sete dirigentes sindicais e igual número de suplentes. III - O empregado de categoria diferenciada eleito dirigente sindical só goza de estabilidade se exercer na empresa atividade pertinente à categoria profissional do sindicato para o qual foi eleito dirigente. IV - Havendo extinção da atividade empresarial no âmbito da base territorial do sindicato, não há razão para subsistir a estabilidade. V - O registro da candidatura do empregado a cargo de dirigente sindical durante o período de aviso prévio, ainda que indenizado, não lhe assegura a estabilidade, visto que inaplicável a regra do § 3º do art. 543 da Consolidação das Leis do Trabalho. III. CONCLUSÃO Diante do Exposto, requer o provimento do recurso de revista sendo venerável acórdão reformado e julgado procedente a não reintegração do empregado na empresa por ser inadmissível a afronta ao texto constitucional maior e aos princípios norteadores do Direito do Trabalho. Nestes termos, Pede deferimento.São Paulo/SP, 16 de julho de 2020. Advogado _______ OAB/UF nº _______