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Etiologia Os gatos domésticos são muito acometidos pela doença do trato urinário inferior dos felino (DTUIF), que é definida como um conjunto de desordem do trato urinário inferior. Várias podem ser as manifestações de DTUIF, como infecções do trato urinário (ITU), neoplasias, plugs uretrais, urólitos, malformações e traumatismos, mas 60 a 85% dos gatos a causa da inflamação não é identificada e a doença é designada como idiopática, também denominada de cistite idiopática felina (CIF) tornando-se assim um grande desafio diagnóstico e terapêutico para o clínico veterinário, já que a etiologia é multifatorial. As hipóteses mais aceitas para explicar a inflamação vesical na CIF incluem as infecções virais, a inflamação neurogênica, com a participação de mastócitos e defeitos na camada superficial da mucosa urinária de glicosaminoglicanas (GAG). Patogenia Felinos com CIF parecem apresentar diminuição significativa da excreção urinária de glicosaminoglicanas, demonstrando diminuição qualitativa e quantitativa dessa camada que tem a função de proteção do epitélio vesical, portanto, fica com maior suscetibilidade a inflamação vesical. A exposição crônica do epitélio da bexiga aos constituintes urinários resulta na estimulação do nervo sensorial, ativação dos mastócitos e/ou indução de inflamação neurogênica ou imunomediada. Quanto aos fatores gerais à formação de urólitos, são conhecidos como predisponentes a origem da espécie felina, sexo e estado reprodutivo, obesidade, formas de manejo incorretas e dieta e para a formação de tampões uretrais estaria associada a desordens como inflamações no trato urinário inferior, que se trata de forma idiopática ou infecciosa. Sinais Clínicos Os sinais clínicos podem variar e vai depender se o animal encontra-se obstruído ou não. Os felinos que não se encontram obstruídos geralmente apresentam polaciúria, disúriaestrangúria e periúria (urinarem locais não apropriados) e ao exame físico o animal pode apresentar uma palpação abdominal dolorosa e a bexiga pode apresentar um espessamento. No felino obstruído os sinais clínicos são semelhantes a qualquer outra doença do trato urinário inferior, mas sem sucesso em micção. Se a obstrução não for avaliada dentro de 36 a 48 horas podem ocorrer sinais clínicos característicos de azotemia incluindo anorexia, vômito, fraqueza, desidratação, depressão, estupor, hipotermia, acidose com hiperventilação, bradicardia ou morte súbita. Alterações macroscópicas A necropsia de animais com histórico de DTUIF, observa-se a bexiga distendida com a parede acentuadamente avermelhada com conteúdo sanguinolento e muitas vezes contendo ou não coágulos. Em alguns casos, a mucosa vesical apresenta-se ulcerada e recoberta por fibrina, e há edema perirrenal com infiltração de líquido translúcido. As alterações nos rins e uretéres são raras podendo haver presença de hidronefrose e hidrouretér em grau discreto a moderado, além de gastropatia urêmica, odor amoniacal e anemia. Alterações histológicas Análises histopatológicas de gatos com DTUIF são bastante semelhantes às dos humanos com cistite intersticial, apresentando pronunciado edema da lâmina própria, infiltrado celular mononuclear, aumento do número de mastócitos na mucosa vesical, epitélio pregueado e hiperplásico, petéquias subepiteliais, infiltrado inflamatório perineural e aumento no número de vasos sanguíneos em lâmina própria. As petéquias ou hemorragias subepiteliais, assim como todo o processo inflamatório, alterações histológicas e sinais clínicos podem ser atribuídas à importante participação dos mastócitos na etiopatogenia da CIF, com conseqüente 37 liberação de substâncias como a histamina, heparina, proteases, fosfolipases, citoquinas, leucotrienos, prostaglandina, fator de necrose tumoral (FNT) e polipeptídeos vasoativos. Diagnóstico O diagnóstico da DTUIF deve ser obtido através de um histórico e um exame clinico bem detalhado do paciente, especialmente para aqueles felinos onde o diagnóstico mais provável é a cistite idiopática.