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APOSTILA-TREINAMENTO-FUNCIONAL

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2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 4 
2 TREINAMENTO FUNCIONAL: DEFINIÇÃO ............................................... 5 
2.1 Do treinamento funcional aos exercícios funcionais ............................. 7 
3 METODOLOGIA DO TREINAMENTO FUNCIONAL .................................. 8 
3.1 Conceitos preliminares ......................................................................... 9 
3.2 Anátomofisiologia dos Músculos Abdominais e sua Importância ....... 10 
3.3 Músculos do Core e suas Respectivas Regiões ................................ 11 
3.4 Cinesiologia e Biomecânica da Coluna e do Tronco .......................... 12 
3.5 Biomecânica da Pelve ........................................................................ 13 
3.6 O sistema de estabilização da coluna vertebral ................................. 15 
4 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO ................................................................... 19 
4.1 Homeostase e estado estável ............................................................ 20 
4.2 Fontes de energia e exercício ............................................................ 21 
4.3 Origem das fontes de energia ............................................................ 23 
4.4 Produção de energia pela atividade celular ........................................ 24 
4.5 Metabolismo Anaeróbio Lático: Sistema Glicolítico ............................ 25 
4.6 Produção de Ácido Lático e de Lactato .............................................. 26 
4.7 Metabolismo Aeróbio: Sistema Oxidativo ........................................... 28 
4.8 Adaptações neuromusculares e exercício .......................................... 29 
4.9 Ações musculares .............................................................................. 31 
4.10 Adaptações neuromusculares e efeitos do treinamento ................. 33 
5 BIOMECÂNICA E MOVIMENTO (SINESIOLOGIA) .................................. 34 
5.1 Histórico da Cinesiologia .................................................................... 34 
5.2 Estudo da Cinesiologia ....................................................................... 37 
6 PLANEJAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO TREINAMENTO FUNCIONAL40 
 
3 
 
6.1 Objetivos do treinamento funcional .................................................... 40 
6.2 Programas e metodologias do treinamento funcional ........................ 41 
6.3 Periodização de sessões de treino ..................................................... 43 
7 BENEFÍCIOS DA PRÁTICA DO TREINAMENTO FUNCIONAL ............... 46 
8 DIMENSÕES MOTIVACIONAIS RELACIONADOS AO TREINAMENTO 
FUNCIONAL .............................................................................................................. 47 
9 INCIDÊNCIA DE LESÕES POR ATIVIDADE FUNCIONAL ...................... 50 
9.1 Mecanismo das Lesões ...................................................................... 52 
9.2 Lesões Induzidas Pelo Exercício ........................................................ 53 
9.3 Principais Lesões ............................................................................... 54 
9.4 Entorse ............................................................................................... 54 
9.5 Lesões musculares ............................................................................ 55 
9.6 Tendinite ............................................................................................. 56 
9.7 Lesões Menisco ligamentares do joelho ............................................. 57 
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................... 57 
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 59 
12 BIBLIOGRAFIAS SUGERIDAS ............................................................. 64 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da 
sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno 
se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, 
para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse 
aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No 
espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser 
direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e 
prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
2 TREINAMENTO FUNCIONAL: DEFINIÇÃO 
 
Fonte: catracalivre.com.br 
Treinamento Funcional é uma metodologia de treinamento baseada na 
funcionalidade, que inclui a seleção de atividades, exercícios e movimentos com 
realização de movimentos integrados e multiplanares, implicando em aceleração, 
estabilização e desaceleração, com o objetivo de aprimorar a habilidade de 
movimento, força e eficiência neuromuscular, voltada para a aplicação e transferência 
dos efeitos deste tipo de treinamento para as atividades da vida diária. 
O conceito de força funcional é o trabalho realizado contra uma resistência de 
tal forma que a força gerada beneficie diretamente à execução de atividades da vida 
diária e movimentos associados ao esporte. 
O termo funcional pode ser entendido como função ou desempenho, 
concernente a funções orgânicas vitais ou à sua realização, o que é capaz de cumprir 
com eficiência seus fins utilitários, utilizada também como adjetivo particular ou 
relativo às funções biológicas ou psíquicas. Ou seja, a aplicação correta deste termo 
deve estar associada ou se relacionar às funções do sistema psico-biológico humano, 
com eficácia e respeitando tais funções. Todos os treinamentos, sem exceção, devem 
ter por objetivo o desenvolvimento de variável de funcionalidade, a qual não depende 
de nenhum tipo de equipamento ou determinado tipo de exercício. 
 
6 
 
 A prescrição de treinamento funcional deve fornecer a adequada dose de 
exercícios frente às possibilidades de resposta ao estimulo e garantir adaptações em 
relação aos critérios de eficácia e funcionalidade. 
Um treinamento para ser considerado funcional deve contemplar exercícios 
selecionados tendo como critério a sua funcionalidade e isto só é possível atendendo 
às cinco variáveis distintas da funcionalidade: Frequência adequada dos estímulos de 
treinamento, volume em cada uma das sessões, intensidade adequada, densidade e 
a organização metodológica das tarefas. 
Estas variáveis permitem uma melhora e manutenção da capacidade funcional do 
sistema psico-biológico. Mesmo de maneira simplista, pode-se dizer que exercício 
funcional não determina treinamento funcional por si só, mas treinamento funcional 
deve selecionar adequadamente os exercícios, atendendo à funcionalidade. Deve-se 
planejar e programar tais exercícios atendendo ao nível de carga externa-interna em 
relação ao nível de rendimento e ao processo global de treinamento, sendo esta 
escolha vital, evitando o foco somente em variáveis, avaliando sempre a probabilidade 
de lesões e desvios posturais. 
A essência do treinamento funcional está baseada na melhora dos aspectos 
neurológicos que afetam a capacidade funcional do corpo humano, através 
de exercícios que desafiam os diversos componentes do sistema nervoso, e 
por isso estimulam sua adaptação. Isso resulta numa melhoria das principais 
qualidades físicas utilizadas tanto do dia-a-dia como nos gestosesportivos. 
(CORAUCCI, 2004, apud MOLINA 2010, p.14). 
A proposta do treinamento funcional exige critérios de aplicação e progressão 
baseada em fundamento desportivo. Quanto ao uso de ferramentas e equipamentos 
auxiliares, recorre-se a uma avaliação mais pormenorizada antes de decidir pela 
utilização. 
Muitos programas e exercícios são desenvolvidos embasados na premissa da 
funcionalidade, no entanto, a suposta transferência para as atividades diárias nem 
sequer foi analisada, diante disso recomenda-se refletir como deve ser direcionado o 
foco do treinamento, uma vez que os avanços da sociedade moderna tendem a 
conduzir o indivíduo ao sedentarismo e hipocinesia, levando cada vez mais as 
pessoas a movimentos mais curtos, menos variados e menos frequentes. 
Como ocorre no treinamento desportivo, deve-se analisar as características das 
atividades diárias de um indivíduo, assim pode-se desenhar um programa de 
 
7 
 
treinamento que potencialize as demandas e compense possíveis desajustes 
ocasionados. 
2.1 Do treinamento funcional aos exercícios funcionais 
É bastante comum na literatura especifica autores considerarem como 
treinamento funcional o uso de determinados grupos de exercício, com características 
bem definidas, e materiais específicos, mesmo que estes procedimentos não 
contemplem as variáveis inerentes a este método. Inicialmente existem diferenças 
quanto à situação adequada para utilizar os termos em relação a um exercício, grupo 
de exercícios ou treinamento e sua funcionalidade. Treinar pressupõe preparar e este 
termo é definido como prevenir ou dispor para alguma finalidade ou ação futura, em 
suma, executar as ações necessárias para a obtenção de um produto. 
Isto está mais ligado aos processos que organizam, estruturam e operam uma 
série de variáveis que acabam definindo uma dose de exercícios, que ao mero fato de 
descrever uma série de exercícios sequenciados e muitas vezes com escasso critério 
em sua seleção e muito mais na própria definição da dose. 
O termo exercício implica em um conjunto de movimentos corporais que se 
realizam para manter a forma física. Portanto, qualquer movimento corporal pode ser 
considerado um exercício, desde que a seleção, variáveis de aplicação e realização 
estejam incorporados a um programa de treinamento que seja adequado o suficiente 
para manter ou adquirir aptidão física. Treinar compreende um processo que deve ser 
estruturado antes mesmo de iniciar a seleção e prescrição de exercícios, levando em 
consideração o componente de funcionalidade dos mesmos. Uma vez que a 
capacidade operativa é limitada a escolha deve pautar-se nos objetivos a alcançar. 
Neste sentido, afirma-se que não existe exercício funcional e não-funcional, pois, 
desde que seja assegurado os pressupostos de segurança e eficácia, todos exercícios 
poderão ser enquadrados em alguma fase do treinamento e gerar a adaptação 
desejada. 
O treinamento funcional é a mais recente maneira de se melhorar o 
condicionamento físico e a saúde geral, com ênfase no aprimoramento da 
capacidade funcional do corpo humano, respeitando a individualidade 
biológica e permitindo que o corpo humano seja estimulado, melhorando 
todas as qualidades do sistema musculoesquelético e seus sistemas 
independentes. (COROACCI 2004, apud MOLINA 2010, p.15). 
 
8 
 
3 METODOLOGIA DO TREINAMENTO FUNCIONAL 
 
Fonte: academiaoctogono.com.br 
O treinamento funcional é um método utilizado para a melhora da saúde, 
estética e desempenho esportivo além de prevenir e tratar lesões, reduzir dores 
musculares, melhorando o equilíbrio e a potência muscular. Tem como princípio 
preparar o organismo de maneira íntegra, segura e eficiente através do centro 
corporal, chamado por core, compreendendo o grupo muscular transversos espinhais 
que abrangem a coluna lombar, além da região do abdômen, onde tem-se o reto-
abdominal, oblíquo externo, obliquo interno e o transverso do abdômen e no quadril, 
os glúteos máximo e médio, iliopsoas e isquiotibiais. Quando estes músculos estão 
fracos, as articulações e nervos são levados a realizar uma força para a qual não 
foram projetados, e a dor é inevitável. 
O treinamento funcional melhora o desempenho obtido nas tarefas funcionais 
e esportivas. Vários dos objetivos desse método de exercício representam uma volta 
à utilização dos padrões fundamentais do movimento humano, como: empurrar, puxar, 
agachar, girar, lançar, dentre outros, envolvendo a integração do corpo todo para 
gerar um gesto motor específico em diferentes planos de movimento. 
No decorrer da última década estudos demonstraram que a prática regular 
do treinamento de força é capaz de promover inúmeras adaptações no corpo 
humano, tendo como ênfase o aperfeiçoamento de capacidades físicas e 
alterações estruturais indicadoras de redução dos níveis de tecido adiposo, 
assim como de aumentos de massa muscular, densidade óssea e resistência 
do tecido conjuntivo. 
 
9 
 
Contudo, mesmo apresentando grande evidência nos centros de treinamento 
ou mesmo no cotidiano dos indivíduos fisicamente ativos, além da existência 
de dados científicos confirmando os seus benefícios, questionamentos foram 
levantados na literatura sobre a efetividade do treinamento de força realizado 
em sua forma tradicional em melhorar a aptidão física quando esta é 
direcionada à realização das atividades do dia-a-dia, uma vez que muitas 
tarefas do cotidiano são executadas sobre condições de instabilidade física. 
(ANDERSON 2006, apud PEREIRA 2012, p. 43). 
Sua essência está baseada na melhoria dos aspectos neurológicos, através de 
exercícios que desafiam os diversos componentes do sistema nervoso, estimulando-
o e adaptando-o, resultando em melhorias nas tarefas do dia-a-dia influenciando na 
melhora do desenvolvimento da consciência cinestésica e controle corporal, melhora 
da postura e do equilíbrio muscular, redução da incidência de lesões, estabilidade 
articular, principalmente da coluna vertebral, aumento da eficiência dos movimentos e 
do equilíbrio estático e dinâmico, melhora da força e coordenação motora, da 
resistência central cardiovascular e periférica-muscular, flexibilidade e propriocepção. 
O treinamento funcional pode atuar na musculatura abdominal, regularizando o 
centro de gravidade do corpo, o que consequentemente melhora a força, flexibilidade, 
equilíbrio, propriocepção e a postura. 
3.1 Conceitos preliminares 
O treinamento funcional teve sua origem com os profissionais da área da 
fisioterapia e reabilitação, que foram pioneiros na utilização de exercícios que 
imitavam as práticas dos pacientes em casa ou no trabalho durante a terapia, 
possibilitando assim, um breve retorno à vida normal e às suas funções laborais após 
uma lesão ou cirurgia, observando o condicionamento físico por meio de exercícios 
integrados para alcançar padrões de movimentos mais eficientes, onde os músculos 
não trabalham de forma isolada e sim em sinergismo, fortalecendo os músculos, e 
funções cerebrais responsáveis por todo o controle do corpo . 
Este é baseado na prescrição coerente e segura de exercícios que permitem a 
estimulação do corpo para melhorar as qualidades do sistema musculoesquelético, 
como força, velocidade, equilíbrio, coordenação, flexibilidade, lateralidade, resistência 
cardio e neuromuscular e também motivação através da manutenção do centro de 
gravidade do corpo. As vantagens é que esses exercícios podem ser realizados por 
pessoas de todas as idades, aprimoram a postura, desenvolvem de forma equilibrada 
 
10 
 
as capacidades físicas como equilíbrio, força, velocidade, coordenação, flexibilidade 
e resistência, é indicado para os que buscam melhora nas capacidades físicas e 
motoras sendo ideal em reabilitação de vítimas de sequelas, melhora o desempenho 
de praticantes de outras modalidades esportivas prevenindo lesões, dentre outros. 
O treino funcional envolve treinar ocorpo para as atividades desenvolvidas na 
vida diária. A estratégia deste tipo de treino focaliza o estímulo constante de padrões 
de movimento para o aprimoramento da performance em uma atividade específica, 
tornando o corpo mais inteligente. 
Os exercícios funcionais referem-se a movimentos que mobilizam mais de um 
segmento corporal ao mesmo tempo, e que envolvem diferentes ações musculares 
ocorrendo nos três planos anatômicos. Apesar dos movimentos parecerem 
predominantes em um plano específico, os outros dois planos precisam ser 
estabilizados dinamicamente para permitir uma boa eficiência neuromuscular. O foco 
não é trabalhar um grupo muscular específico, mas trabalhar padrões de movimento, 
recrutando mais unidades motoras estimulando o corpo de maneira a adaptá-lo para 
as atividades normais da vida cotidiana. 
Todo movimento realizado se origina do core e consiste em recrutar os 
músculos abdominais, lombares e glúteos, trabalhando assim a propriocepção e se 
dá pelo sistema de estabilização unido ao sistema de movimento, o que faz com que 
se produza força, lembrando que exercícios convencionais para a região abdominal 
sem a devida estabilização pélvica aumenta a pressão sobre os discos e as forças de 
compressão sobre a coluna lombar. 
3.2 Anátomofisiologia dos Músculos Abdominais e sua Importância 
O core é uma unidade funcional integrada, por meio do qual toda cadeia cinética 
trabalha sinergicamente em um estado eficiente, onde cada componente estrutural, 
distribui o peso, absorve forças e transfere forças de reação do solo. Esse sistema 
necessita ser treinado de forma apropriada para o funcionamento eficiente durante 
atividades funcionais, este mantém o alinhamento postural e o equilíbrio dinâmico 
durante as atividades funcionais. Um core fraco resulta em movimento ineficiente 
ocasionando lesões. Os músculos do tronco e da cintura pélvica são muito suscetíveis 
 
11 
 
ao descondicionamento físico, sendo esta uma das causas dos desequilíbrios 
posturais e das síndromes lombo pélvica. 
3.3 Músculos do Core e suas Respectivas Regiões 
Estão localizados na coluna, pelve e abdômen. Na coluna encontra-se o grupo 
dos Transversos Espinhais que compreendem: Rotadores, interespinhais, 
intertransversais, semiespinhais, multífido, eretores da coluna, quadrado lombar e 
grande dorsal. No quadril, encontram-se os glúteos máximo e médio, o iliopsoas e os 
isquiotibiais. Na região do abdômen, há o reto abdominal, o obliquo externo, o obliquo 
interno e o transverso do abdômen. Os músculos transversos do abdômen, oblíquo 
interno e multífido lombar vem sendo apontados como grandes responsáveis pela 
estabilidade da coluna lombar. 
A ação desse sistema muscular é coordenada pelo sistema nervoso de tal forma 
que os músculos estabilizadores devem contrair-se de maneira antecipatória às 
perturbações do tronco, para que ocorra a devida proteção dos elementos da coluna 
lombar. 
Músculo Multífido: Músculo espesso da região lombar que possui término na região 
cervical, sendo o mais importante músculo dos transversos espinhais. Origina-se no 
sacro e em todos os processos transversos, dirigindo-se cranial e medialmente até 
sua inserção nos lados dos processos espinhosos desde L5 até o Áxis. São os 
responsáveis pelo movimento de estabilização das articulações intervertebrais, sendo 
os únicos que apresentam fibras musculares inseridas em todas as vértebras da 
coluna vertebral. 
Esses músculos apresentam ainda inervação segmentar individualizada 
realizada pelos nervos espinhais para cada um, fazendo com que o atraso na ativação 
de um dos multífidos durante o movimento da coluna lombar diminua a estabilização 
segmentar podendo causar uma lesão localizada. 
Músculo Transverso: Esse músculo está envolvido por uma fáscia, a bainha do reto, 
no qual a borda medial se une à linha mediana para formar a chamada linha Alba. Sua 
origem é a crista ilíaca e as cartilagens costais inferiores, possui inserção da linha 
Alba até o púbis e a função de comprimir o abdome. É mais importante dos músculos 
abdominais, pois funciona aumentando a pressão intra-abdominal, estabilizando a 
 
12 
 
dinâmica contra forças de rotação e translação na coluna lombar e agregando 
eficiência neuromuscular ótima a todo o complexo lombo pélvico e está ativo durante 
todos os movimentos e participação na extensão isométrica do tronco, estando 
relacionado também à mudança da pressão abdominal, gerando aumento na 
estabilidade vertebral, dessa forma, quando ocorre o seu enfraquecimento pode surgir 
uma protrusão abdominal e o aumento da lordose lombar. 
Músculo Reto do Abdome: É um músculo par que corre verticalmente em cada lado 
do abdome, separados pela linha alba, estendendo da sínfise púbica até ao processo 
xifoide e às cartilagens costais inferiores. A inervação é segmentada pelos nervos 
tóraco abdominais tendo como ações antagonista eretor da espinha. É um músculo 
longo e chato, estendendo toda frente do abdome, inserindo-se nas cartilagens das 
quintas, sextas e sétimas costelas. É um músculo postural chave, sendo importante 
na respiração. 
3.4 Cinesiologia e Biomecânica da Coluna e do Tronco 
A coluna vertebral se estende desde a base do crânio até a extremidade caudal 
do tronco sendo constituída por vértebras superpostas e intercaladas por discos 
intervertebrais. As cinco vértebras sacras, são fundidas formando o sacro, assim como 
as coccígeas, que são as quatro últimas vértebras, formam o cóccix. A pelve é a base 
da coluna onde os membros inferiores se articulam superiormente com o osso 
occipital e inferiormente, com o Ilíaco e é dividida em quatro regiões: Cervical, 
Torácica, Lombar e Sacrococcígea. 
A coluna vertebral apresenta três funções básicas: Suporte, proteção da 
medula espinhal no canal vertebral e movimento. Trata-se de um complexo que 
apresenta seis graus de liberdade ao realizar os movimentos de flexão, extensão, 
inclinação lateral direita, inclinação lateral esquerda, rotação direita e rotação 
esquerda, possibilitados pelos tecidos moles (músculos, ligamentos, cápsulas, 
tendões, discos,) uma vez que, são eles os responsáveis pela flexibilidade da coluna 
vertebral. 
A coluna vertebral é parte subcranial do esqueleto axial. De forma muito 
simplificada, é uma haste firme e flexível, constituída de elementos individuais 
unidos entre si por articulações, conectados por fortes ligamentos e 
suportados dinamicamente por uma poderosa massa musculotendinosa. 
(HOOGEN 1998, apud NATOUR 2004, p. 17). 
 
13 
 
Existem os músculos adicionais que são os principais ligamentos da coluna 
vertebral: Os Iliopsoas e o quadrado Lombar desenvolvendo funções de ligamento 
amarelo, interespinhais e supra-espinhais que limitam as flexões; os Intertransversais 
que limitam a flexão lateral contralateral; o longitudinal anterior que limita a extensão 
ou lordose excessiva das regiões verticais; o longitudinal posterior que limita a flexão, 
reforça o anel fibroso posteriormente e a cápsula das articulações dos processos 
articulares que fortalece e suporta a articulação dos processos articulares. 
3.5 Biomecânica da Pelve 
A pelve é a ligação entre a coluna e os membros inferiores, através dos quadris 
e da coluna lombar e a musculatura do quadril, que causa movimento pélvico por meio 
da ação reversa. Os músculos flexores do quadril causam uma inclinação pélvica 
anterior, os músculos extensores do quadril, uma inclinação pélvica posterior, os 
músculos abdutores e adutores causam uma inclinação pélvica lateral e os músculos 
rotadores causam a rotação pélvica. 
A inclinação pélvica anterior, denominada anteroversão, ocorre quando as 
espinhas ilíacas anterossuperioras da pelve movem-se nas direções anterior e inferior 
e em torno do eixo transverso das articulações do quadril. Isso resulta em flexão do 
quadril e aumento da extensão lombar da coluna. Os músculos que causam essemovimento são os flexores do quadril e extensores da coluna. 
A inclinação da pelve, chamada retroversão, é quando as espinhas ilíacas 
póstero-superiores movem-se posteriormente e inferiormente, aproximando-se assim 
da face posterior do fêmur à medida que a pelve roda para trás em torno do eixo das 
articulações dos quadris. Isso resulta em extensão do quadril e flexão da coluna 
lombar. Os músculos que causam esse movimento são os extensores do quadril e 
flexores do tronco. 
Quando a pelve se eleva, ocorre a elevação do quadril; quando se abaixa há a 
queda do quadril ou da pelve, no lado que está elevado, ocorre adução do quadril; no 
lado que está abaixado, ocorre abdução do quadril. Quando se está em pé, a coluna 
lombar se flexiona lateralmente em direção ao lado da pelve elevada. Os músculos 
que promovem a inclinação pélvica lateral incluem o quadrado lombar no lado da pelve 
elevada e a tração muscular reversa do glúteo médio no lado da pelve abaixada. 
 
14 
 
Sacro 
O sacro tem a forma de uma pirâmide quadrangular com a base voltada para 
cima e o ápice para baixo, a base é proximal e se articula com a 5º vertebral lombar; 
e o ápice é distal e articula-se com o cóccix, apresentando 4 faces: Duas laterais, uma 
anterior e uma posterior. 
Biomecânica do Sacro: O sacro também realiza movimento de rotação, ou seja, a 
inclinação anterior do sacro, de modo que a base se mova para frente e o ápice se 
mova para trás e, movimento de contra rotação que se dá quando a base sacral se 
move posteriormente e superiormente enquanto o ápice movimenta-se para frente e 
para baixo, no plano sagital ambos movimentos são involuntários, por isso não 
dependem da ação muscular. 
Região Lombar: As Facetas articulares das vértebras lombares são orientadas da 
seguinte forma: Superiores, para cima, para trás e para fora; Inferiores, para baixo, 
para frente e para dentro. As vértebras lombares são inclinadas anteriormente a 60º 
e quanto maior o grau de inclinação maior será a mobilidade, sendo que o eixo de 
rotação das vértebras lombares situa-se no arco posterior na base da apófise 
espinhosa; o disco de L3 é horizontal, os outros discos estão inclinados e a proteção 
do anel fibroso é dada pelo ligamento longitudinal posterior. A Articulação 
Lombossacra é a região de suporte da coluna lombar. 
Músculos motores do tronco: Consistem nos extensores das costas que flexionam 
o tronco para trás, nos flexores laterais que o flexionam para o lado, e nos abdominais 
anteriores que o flexionam para frente. 
Músculos Posteriores do Tronco: Oblíquo interno: Flexiona e roda a coluna para o 
mesmo lado e auxilia na expiração forçada. 
Glúteo 
São os músculos localizados logo acima da coxa e abaixo da cintura e são 
divididos em diferentes porções. A primeira seria o grande glúteo que tem a sua 
inserção proximal no ílio, sacro e cóccix e a sua inserção distal localiza-se na linha 
áspera ou crista do grande glúteo do fémur e fascia lata. Sua função é extensão, 
abdução e rotação externa da coxa. A segunda porção é o médio glúteo que tem a 
sua inserção proximal no ílio e a inserção distal no grande trocânter do fémur. A sua 
função é abdução e rotação interna da coxa. E, por fim, a terceira ou o pequeno glúteo, 
 
15 
 
que possui suas inserções proximal e distal no ílio e no grande trocânter do fémur 
sendo a sua função igual à do médio glúteo. 
3.6 O sistema de estabilização da coluna vertebral 
A estabilidade da cintura pélvica e da coluna lombar tem uma grande 
importância no equilíbrio corporal. A pelve transmite as forças do peso da cabeça, do 
tronco e das extremidades superiores e as forças ascendentes dos membros 
inferiores. Já a coluna lombar e a fáscia tóracolombar são as principais regiões do 
corpo responsáveis pela sustentação das cargas e estabilização da pelve, 
respectivamente. A estabilização refere-se ao controle, onde os músculos agem como 
limitadores e controladores do movimento, prevenindo danos a ligamentos e cápsulas 
e o papel dos músculos estabilizadores locais é de prover proteção e suporte às 
articulações através do controle do movimento fisiológico e translacional excessivo. 
A estabilidade dinâmica se subdivide em musculatura global e local. A global 
consiste em grandes músculos produtores de torque, atuando no tronco e na coluna 
sem serem diretamente ligados a ela. São eles: O reto do abdome, o oblíquo externo 
e a parte torácica do iliocostal lombar e fornecem estabilidade indireta ao tronco, não 
sendo, no entanto, capazes de influenciar diretamente a coluna. A musculatura local 
é formada por músculos ligados diretamente à vértebra e responsáveis pela 
estabilidade e controle segmentar, sendo eles o multífido lombar, o transverso do 
abdome e as fibras posteriores do oblíquo interno, de forma que o músculo quadrado 
lombar também tem funções estabilizadoras. 
Para treiná-los, é necessária uma ativação tônica, de baixa intensidade e 
específica a fim de reestabelecer seu controle motor normal. Essa ação é diferente da 
maioria dos exercícios de reabilitação tradicionais que enfatizam a produção de força 
e movimento. 
Como consequência, o treinamento da ativação desses músculos e a 
incorporação de suas ações nas atividades funcionais demandam estratégias que 
enfatizam a percepção e atenção em posturas, controle segmentar fino e contração 
de baixa intensidade dos músculos específicos. 
Os sistemas interdependentes do sistema nervoso são: Sistema Propioceptivo: 
Complexos processos neurossensoriais e neuromusculares dentro dos sistemas 
 
16 
 
fisiológicos do organismo, localizados na musculatura, nas articulações, nos tendões, 
nos ligamentos e na pele relacionados à cinestesia, ajudando a conservar a postura 
do corpo e do tônus muscular normal. 
Tônus muscular é o estado de tensão leve, porém permanente, existente 
normalmente nos músculos. Desaparece quando o músculo está privado de 
sua inervação. Mesmo quando o músculo está em repouso, certa quantidade 
de tensão frequentemente permanece. Esse grau residual de contração do 
músculo esquelético denomina-se tônus muscular. Uma vez que as fibras 
musculares esqueléticas não se contraem sem que um potencial de ação as 
estimule, exceto em certas condições patológicas, acredita-se que o tônus da 
musculatura esquelética resulte, inteiramente, de impulsos nervosos 
provenientes da medula espinhal. Esses, por sua vez, são controlados em 
parte por estímulos transmitidos a partir do encéfalo para os neurônios 
motores anteriores e, em parte, por impulsos que se originam nos fusos 
musculares localizados no interior do próprio músculo. (GUYTON 1985, apud 
MARSURA 2012, p.7). 
As sensibilidades proprioceptivas são mediadas através de mecanorreceptores 
periféricos localizados nas articulações, na pele e nos músculos, informando ao 
cérebro sobre o estado físico do corpo incluindo sensações como: Comprimento dos 
músculos, tensão nos tendões, angulação das articulações e pressão profunda na 
sola dos pés, entre outras. A mecânica dos movimentos é controlada por circuitos 
neurais. 
Em cada instante da elaboração e da execução dos movimentos, várias 
modalidades sensoriais são utilizadas como fontes de informações para a correção, a 
todo momento, do plano motor envolvido na elaboração e execução do movimento 
que assim favorece ao aprendizado de habilidades motoras associados a prática ou 
experiência. 
As funções básicas biomecânicas da coluna vertebral são permitir os 
movimentos entre as partes do corpo, o transporte de cargas, e a proteção da coluna 
vertebral, medula e raízes nervosas. 
O sistema estabilizador da coluna vertebral é constituído por três subsistemas: 
O subsistema passivo musculoesquelético que inclui as vértebras, as facetas 
articulares, discos intervertebrais, ligamentos espinhais e cápsulas articulares, assim 
como as propriedades mecânicas passivas dos músculos. O subsistema ativomusculoesqueletico que consiste em músculos e tendões envolvendo a coluna 
vertebral e o controle neural que recebe informações dos sistemas passivo e ativo, 
por meio dos receptores e tem o papel de captar as alterações de equilíbrio e 
determinar os ajustes específicos, por meio da musculatura da coluna, restaurando a 
 
17 
 
estabilidade. Estes subsistemas passivo, ativo e controle neural, embora sejam 
conceitualmente separados, são interdependentes funcionalmente. 
A instabilidade segmentar ocorre quando há diminuição na capacidade do 
sistema estabilizador da coluna vertebral em manter a zona neutra dentro de limites 
fisiológicos. A perda de controle dessa região no segmento vertebral está associada 
à lesão, doença degenerativa do disco e fraqueza muscular. 
O subsistema passivo ligamentar: Os Componentes do subsistema passivo não 
provêm nenhuma estabilidade significante à espinha nas proximidades da posição 
neutra. Os componentes passivos provavelmente funcionam nas proximidades da 
posição neutra como transdutores para medição de posições vertebrais e 
movimentos, semelhantes aos propostos para os ligamentos do joelho, e, portanto 
são parte do subsistema de controle neural. Esse subsistema é passivo somente no 
sentido de não criar ou produzir movimento espinhal sozinho, mas é dinamicamente 
ativo em monitoramento de sinais de transdutores. 
O subsistema (músculo-tendinoso) ativo: É o meio pelo qual o sistema espinhal 
gera forças e providencia a estabilidade necessária à espinha. O grau de força gerado 
em cada músculo é medido pelos transdutores de força, inseridos nos tendões dos 
músculos. 
O subsistema de controle neural: Recebe informação de vários transdutores, 
determina requisitos específicos para estabilidade espinhal e faz com que o 
subsistema ativo alcance a meta de estabilidade. A tensão muscular individual é 
medida e ajustada até que a estabilidade necessária seja alcançada. 
Força: O treinamento funcional define a força como a capacidade do corpo produzir 
tensão interna e oferecer resistência contra uma força externa e capacidade de 
superar uma resistência ou agir contra ela pela atividade muscular, podendo ser um 
trabalho isométrico ou isotônico. 
Na execução do trabalho isométrico não há presença de movimento articular, 
contrário ao trabalho isotônico onde há este movimento. 
Flexibilidade: É a habilidade para promover uma articulação através de uma 
amplitude de movimento normal sem estresse excessivo para a unidade. O aumento 
da flexibilidade, a capacidade de realizar movimentos em amplitudes normais 
assegura a eficiência dos exercícios do treinamento funcional e os movimentos em 
 
18 
 
amplitudes normais asseguraram a eficiência dos exercícios do treinamento funcional 
e os movimentos da vida diária. 
Na maioria dos esportes ocorrem tensões musculares, rupturas e distensões 
devido a movimentos repetitivos, quase sempre com amplitude de movimento 
limitado. Com o aumento progressivo da flexibilidade, há o alongamento dos 
músculos, diminuindo a tensão e auxiliando na prevenção de lesões. 
Equilíbrio: É o processo de manter o centro de gravidade dentro da base de suporte 
do corpo. A posição do corpo em relação à gravidade e ao ambiente ao redor é 
determinada por combinação de impulsos visuais, vestibulares e somatossesoriais, 
sendo explicados assim: 
Visuais: Orientam os olhos e a cabeça em relação aos objetos ao redor; 
Somatossensoriais: Fornecem informações em relação a orientação entre as partes 
do corpo e entre o corpo e a superfície suporte; 
Impulsos vestibulares: Suprem informações que medem acelerações gravitacionais, 
lineares e angulares da cabeça no espaço, sendo este o que menos participa na 
manutenção do equilíbrio em relação aos impulsos visuais e somatossensoriais. 
Velocidade de Potência: Potência muscular é a habilidade de utilizar a força de 
maneira rápida e eficaz aliada à velocidade. Para a melhoria dessa capacidade física 
é preciso aprimorar a capacidade de produção de força pelos músculos para depois, 
através do treinamento funcional resistido, ensinar esses músculos a utilizarem a força 
obtida com velocidade e da maneira mais específica. 
 
19 
 
4 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 
 
Fonte: clinicadoesportemt.com.br 
A fisiologia do exercício é o estudo dos músculos envolvidos nos movimentos, 
hormônios liberados, estado emocional da pessoa, ativação neuromuscular e uma 
série de mecanismos que são ativados no organismo durante a atividade física, em 
especial, o gasto energético, e como ele é reposto meio do repouso e da alimentação 
correta e equilibrada. 
A compreensão sobre como o organismo sintetiza os nutrientes extraídos dos 
alimentos ingeridos e como esses nutrientes são transformados em energia química 
utilizável para atuar na síntese-ressíntese de outros substratos durante a contração 
muscular, e como esse processo pode influenciar as ações dos demais órgãos e 
tecidos é de extrema importância. Por esse motivo, observa-se o avanço tecnológico 
e científico nos mais variados campos de conhecimento dos esportes, os quais 
auxiliam os profissionais para obter um melhor aproveitamento nos programas de 
trabalho, bem como no desempenho esportivo final. 
Para compreender as necessidades energéticas presentes em qualquer 
modalidade esportiva, principalmente em modalidades diferente, é preciso delinear o 
estudo de forma clara, para que esse conteúdo possa contribuir de forma significativa 
para identificar os benefícios da atividade física, seus efeitos em curto, médio e longo 
prazo, enfatizar sua ação positiva para a saúde, bem como os malefícios causados 
pelo sedentarismo. 
 
20 
 
4.1 Homeostase e estado estável 
Inicialmente, deve estar claro que o organismo humano encontra-se em 
constante atividade, sendo mantido por funções fisiológicas básicas mesmo quando o 
indivíduo está em repouso. 
A condição das funções corporais quando mantidas constantes ou inalteradas, 
fenômeno que se refere ao estado de equilíbrio, utilizadas para manter o 
funcionamento do corpo em perfeito equilíbrio, é denominada homeostase, termo esse 
utilizado para se referir à habilidade dos seres vivos de regular o seu ambiente interno 
visando a manter uma condição estável. O processo de auto regulação acontece por 
meio de múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico, controlados por mecanismos de 
regulação inter-relacionados. Em linhas gerais, esse é o processo pelo qual se 
mantém o equilíbrio corporal geral, que pode ser responsável pela redução das 
consequências fisiológicas do estresse em relação ao exercício ou à velocidade com 
que a homeostase é atingida logo após o exercício, voltando o corpo às suas funções 
normais em repouso. 
O conceito de homeostase foi desenvolvido por Walter Cannon, pesquisador 
americano que estudava o aparelho digestório e o sistema nervoso 
autônomo. Cannon desenvolveu sua carreira científica na Universidade de 
Harvard e segundo seus biógrafos possuía referências científicas nas figuras 
de Claude Bernard e Charles Darwin. Realizou trabalhos em fisiologia 
experimental denominando de homeostase o princípio de “meio interno”, 
descrito por C. Bernard (1911), de que “o sangue e os demais fluidos que 
circundam as células constituem o meio interno com o qual ocorrem as trocas 
diretas de cada célula e, por isto, deve ser mantido sempre com parâmetros 
adequados à função celular, independente das mudanças que possam estar 
ocorrendo no ambiente externo”. Assim, propôs que a função final de todos 
os mecanismos fisiológicos é a manutenção da homeostase, que deve ser 
compreendida como “a manutenção da estabilidade do meio interno.” 
(BENNISON 1987, apud SOUZA 2015, p.3). 
Outro fenômeno comum apresentado no organismo, relacionado diretamente 
ao exercício, é o estado estável. Esse é um comportamento oposto à homeostase, 
que diz respeito à estabilidade que é provocada em alguns órgãos,músculos e 
tecidos, e que pode manter o equilíbrio da produção de substratos energéticos e a 
manutenção da frequência cardíaca para a realização do exercício. 
Com isso, o estado estável é atingido de acordo com a intensidade e a duração 
do exercício. Na medida em que se eleva o grau de dificuldade, o organismo se ajusta, 
demandando maior custo energético. Assim, o estado estável é responsável pela 
 
21 
 
posterior estabilização e pela continuidade da atividade nessa intensidade, até que 
esse estado seja insustentável e ocorra a interrupção do exercício. A partir da 
compreensão da homeostase, é possível analisar a utilização das fontes de energia, 
bem como sua origem e suas formas de conversão em energia utilizável no movimento 
humano. 
4.2 Fontes de energia e exercício 
Primeiramente, é preciso ter claro que o resultado efetivo que se espera do 
período de preparação física básica e específica, bem como do período competitivo, 
deve ser precedido de um modelo adequado de treinamento e de periodização, 
buscando-se maior eficiência técnica e motora, bem como maior eficiência para o 
dispêndio energético dos músculos envolvidos nas atividades específicas de cada 
modalidade praticada. O dispêndio energético depende de vários fatores, entre os 
quais se pode fazer referência ao tipo de exercício, frequência, duração, intensidade, 
condições climáticas, condição física geral e específica do indivíduo. 
Em relação ao desempenho, as atividades esportivas são classificadas em dois 
ou três grupos: 
As modalidades cíclicas são caracterizadas pela repetição contínua e 
prolongada de um determinado gesto esportivo, corrida, ciclismo, natação e remo são 
alguns de seus exemplos. 
As modalidades acíclicas são aquelas que não têm repetição contínua do 
movimento, e em que a naturalidade e a espontaneidade dos gestos técnicos são 
marcantes, esportes de equipe como futebol, voleibol, basquetebol e handebol estão 
entre as modalidades mais populares dessa caracterização. 
Por sua vez, as modalidades semicíclicas que é a combinação de cíclicas e 
acíclicas, integram simultaneamente atividades repetitivas e espontâneas, o que pode 
ocorrer durante a prática de várias modalidades, inclusive aquelas mencionadas 
anteriormente, como a natação. 
Embora as requisições específicas de cada modalidade, que podem ser 
adquiridas e treinadas, sejam variáveis, existem componentes funcionais que são 
comuns para o desenvolvimento do desempenho como força, resistência, velocidade 
e coordenação. Nesse sentido, o desempenho e o treinamento esportivo são 
 
22 
 
construídos com base nessas diferentes variáveis (força, resistência, velocidade e 
coordenação) e nos tipos de atividades (cíclicas, acíclicas e semicíclicas) que se inter-
relacionam nos diferentes grupos de exercícios. 
Referenciando essas breves classificações do movimento e do esporte, pode-
se observar características específicas denominadas valências físicas, e 
compreender a atuação do metabolismo em cada modalidade em função de suas 
características e provas. Essas valências físicas são potência, velocidade e 
resistência aeróbia e são associadas aos sistemas energéticos específicos da cadeia 
de fosfatos de alta energia, à glicólise aeróbia-anaeróbia e ao sistema oxidativo, 
respectivamente. 
Além das valências físicas e do metabolismo, outro aspecto que está 
diretamente relacionado às respostas fisiológicas durante o exercício é a diferença 
entre os meios. Um exemplo prático dessa questão são as diferenças existentes entre 
os fluidos dos meios aquático e terrestre, que podem oferecer maior ou menor 
resistência ao corpo em função da densidade, acarretando diferentes efeitos e 
resultados do metabolismo, assim como das respostas hemodinâmicas, cardíacas e 
respiratórias entre os indivíduos praticantes de atividades físicas nos meios líquido e 
terrestre. No entanto, mesmo com essa diferença, as características de 
predominância do metabolismo aeróbio e anaeróbio ocorrem em função da valência 
física, como, por exemplo, a força. 
É preciso considerar que a fisiologia do exercício é o conjunto de 
transformações que tem início na conversão e na liberação de energia, para a 
realização das atividades musculares, que resultam na contração muscular e nas 
mudanças nos mecanismos reguladores dos órgãos e tecidos visando garantir a 
manutenção da capacidade vital do organismo humano. 
Até o final dos anos 60, quase todos os estudos da fisiologia do exercício se 
concentravam na resposta do corpo como um todo à atividade. A maioria das 
investigações envolvia medidas de variáveis como consumo de oxigênio, 
frequência cardíaca, temperatura corporal e intensidade de suor. Pouca 
atenção era dada às respostas celulares ao exercício. Essa perspectiva foi 
ampliada quando a bioquímica enzimática tornou-se disponível e os 
processos metabólicos e sua adaptação ao exercício foram mais bem 
compreendidos. (MOOREN, 2012 apud VULCZAK 2015, p.2). 
 
23 
 
4.3 Origem das fontes de energia 
Todo organismo é capaz de converter os substratos absorvidos nos alimentos 
em energia utilizável para a movimentação. Essas fontes encontram-se sob a forma 
de carboidratos, gorduras e proteínas armazenadas no organismo em estoques 
necessários para utilização, renovação e transformação da energia química em 
energia mecânica, o que permite ao organismo executar tarefas diárias, basicamente 
o movimento, com isso o organismo humano necessita de calor para a produção de 
energia, fundamental à sua existência. 
Como a energia é dissipada em forma de calor, a quantidade de energia 
produzida é o resultado de um conjunto de reações biológicas mensurado em 
quilocalorias, que corresponde à quantidade de energia térmica necessária para 
aumentar a temperatura de um quilograma ou um litro de água em um grau Celsius. 
Por meio dessa reação, é liberada energia utilizável para os movimentos e também 
energia livre. A energia livre é utilizada para o crescimento e para a reparação do 
organismo, sendo esses os processos responsáveis pelo aumento da massa 
muscular, reparo de lesões, transporte ativo de substâncias e manutenção da 
homeostasia. 
Os carboidratos são a principal fonte de energia extraída dos alimentos, mas 
quando o corpo encontra-se em repouso, é convertido em moléculas de glicogênio e 
armazenados no fígado e nos músculos para sua conversão em moléculas de energia 
utilizável. Ressalta-se que essa produção e liberação de energia ocorre em velocidade 
diferenciada nas crianças, quando comparado aos adultos. 
As gorduras são responsáveis pelo fornecimento de energia em exercícios de 
longa duração e baixa intensidade. No entanto, esses estoques de triglicerídeos são 
transformados em sua composição básica, constituída de glicerol e ácidos graxos, por 
meio do processo denominado lipólise, realizada por meio do transporte do glicerol ao 
fígado para a transformação da glicose em glicogênio e sua utilização para liberar a 
energia necessária aos exercícios. O glicogênio é utilizado pelas fibras musculares 
ativas e posteriormente é encaminhado às mitocôndrias das células que participarão 
do ciclo de Krebs, produzindo a energia necessária para a realização do esporte. A 
lipólise predomina principalmente em exercícios de intensidade baixa e moderada, em 
circunstâncias de estresse causado por mudanças climáticas, especificamente em 
 
24 
 
condições de tempo frio e de exercício prolongado, capazes de exaurir as reservas 
corporais de glicogênio. 
As proteínas são os nutrientes que fornecem menos substrato para se 
converter em energia utilizável, sendo responsáveis por apenas de 5% a 10% da 
energia utilizável para manter os exercícios por um tempo prolongado, sendo utilizada 
apenas sua unidade mais básica, os aminoácidos. Para que isso ocorra, é necessário 
que as proteínas sejam convertidas em glicose, e somente em condições severas e 
de depleção dos demaissubstratos. 
Apesar de os alimentos fornecerem energia na forma de substratos constituídos 
por elementos químicos que atuam na produção de energia para a realização dos 
movimentos, seu fornecimento não ocorre diretamente para a atuação nos processos 
celulares, eles são convertidos em um composto altamente energético, conhecido 
como adenosina trifosfato (ATP). 
4.4 Produção de energia pela atividade celular 
A adenosina trifosfato é uma molécula de alta energia produzida pelo 
organismo, presente em todas as células, que consiste em uma molécula de 
adenosina unida a uma molécula de nucleosídeo (ribose) e a três radicais fosfato, 
conectados em cadeia, onde a energia é armazenada nas ligações entre os fosfatos. 
A quebra de uma molécula do grupo fosfato libera uma grande quantidade de 
energia, reduzindo o ATP a uma molécula de adenosina difosfato (ADP) e uma 
molécula de fosfato inorgânico (Pi), devido a adenosina trifosfatase (ATPase). A 
reação das diferentes enzimas ocorre com liberação de energia durante o processo 
de quebra da molécula original e a energia livre liberada nessas reações é responsável 
pelos processos de contração muscular e pelos estímulos elétricos neurais que 
controlam os movimentos corporais e a regulação hormonal. Portanto, quando se 
pensa em qualquer atividade que utilize movimentos ou mesmo o repouso, é possível 
compreender que se está liberando energia pela quebra de moléculas de ATP, que 
estão sendo utilizadas para a realização de tal atividade. 
Esses fenômenos são conhecidos, respectivamente, como reações 
endergônicas e exergônicas que produzem um mecanismo sensível de manutenção 
e de regulação do metabolismo energético estimulando a decomposição dos 
 
25 
 
nutrientes armazenados para fornecer energia para a ressíntese de ATP 
(anabolismo), aumentando a velocidade do metabolismo energético nos estágios 
iniciais dos exercícios de alto desempenho ou apenas para suprir as demandas das 
atividades da vida diária, em esforços de mais longa duração e de baixa intensidade. 
Esse ciclo ATP-ADP é a forma fundamental de troca de energia em sistemas 
biológicos. Nos músculos ativos, essa energia ativa liberada pela quebra da ATP em 
ADP, sobre os elementos contráteis, induz o ciclo alongamento-encurtamento das 
fibras musculares, que é responsável pela potência muscular em atividades que 
requerem contração extremamente rápida. É necessário que ocorra a liberação de 
energia para que tais ações sejam mantidas em funcionamento para formar 
reservatório de energia sendo utilizado na contração muscular. A energia da Proteína 
C reativa (PCr) é transferida rapidamente de volta à ATP, e para os sistemas 
funcionais das células. 
Considerando que a PCr não pode atuar da mesma forma que o ATP, como 
elemento de ligação na transferência de energia dos alimentos para os sistemas 
funcionais das células na manutenção da capacidade vital e do exercício, esse 
substrato pode transferir energia na conversão do ATP, sendo importante ressaltar 
que, o maior nível energético da ligação do fosfato de alta energia faz com que a 
reação entre a PCr e o ATP atinja um estado estável favorável à produção de ATP. 
Apenas uma pequena parte dessa energia é utilizada no deslizamento dos 
miofilamentos, uma vez que a maior parte se dissipa na forma de calor. Cerca de 35% 
da energia total produzida no corpo humano é liberada sob a forma de calor, esse 
aparente desperdício é fundamental para um organismo homeotérmico de modo a 
permitir seu funcionamento 24 horas por dia, considerando esse funcionamento 
dependente da temperatura corporal. 
A maneira como a ressíntese ocorre depende da intensidade e da duração total 
do exercício, podendo ela ser proveniente de fontes anaeróbias e aeróbia. 
4.5 Metabolismo Anaeróbio Lático: Sistema Glicolítico 
O processo de glicólise anaeróbia envolve a degradação incompleta de uma 
das substâncias alimentares mais presentes nesse processo, os carboidratos, com a 
sua transformação em compostos de açúcares simples (glicose), para atuar na 
 
26 
 
ressíntese de ATP, produzindo energia livre para a contração muscular e, 
consequentemente, os movimentos. A glicose representa aproximadamente 99% de 
todos os açúcares circulantes no sangue, sendo originária da digestão e da síntese 
dos carboidratos, que também podem ser convertidos na forma de moléculas de 
glicogênio e armazenados no fígado e nos músculos. 
O glicogênio armazenado no fígado é produto da glicose a partir da 
glicogênese, sendo que o catabolismo desse glicogênio para a glicogenólise. A 
glicogenólise necessita de três enzimas, a fosforilase, enzima desramificante e 
fosfoglicomutase, para a realização de sua função, sendo a principal delas a 
fosforilase, responsável pela liberação da glicose a partir do glicogênio. 
O processo de glicólise anaeróbia é mais complexo do que a formação de ATP 
do sistema do fosfagênio, ele é composto por 12 reações enzimáticas que contribuem 
para a formação do ácido lático e posteriormente, para a produção do subproduto 
lactato, contribuindo ainda para a formação do ácido pirúvico, que, associado a uma 
molécula de coenzima-A (Co-A), terá atuação no sistema aeróbio. 
A glicólise anaeróbia representa também um dos principais fornecedores de 
ATP durante atividades de alta intensidade e de curta duração, denominadas 
atividades anaeróbias. 
Na glicólise aeróbia, o piruvato adentra a mitocôndria por meio dos 
transportadores monocarboxílicos (MCT), ao passo que, na glicólise anaeróbia, o 
piruvato é convertido em ácido lático pela ação da enzima lactato desidrogenase 
(LDH). 
A mitocôndria é responsável por, aproximadamente, 90% da produção de 
energia celular, a qual ocorre por meio do processo de fosforilação oxidativa. 
Esta organela também é responsável pela maior parte da produção endógena 
de espécies reativas ao oxigênio como biometabólitos, sendo considerada a 
reguladora central de apoptose celular. O conjunto de ações da mitocôndria 
é comandado por aproximadamente 1000 genes, distribuídos em dois 
sistemas completamente diferentes presentes nas células dos mamíferos: o 
genoma nuclear e o mitocondrial. (COPELAND, 2002, apud CÂMARA 2008, 
p.93). 
4.6 Produção de Ácido Lático e de Lactato 
Primeiramente, deve-se esclarecer as definições de ácido lático e lactato. A 
diferença entre o lactato e o ácido lático está na presença de um átomo de hidrogênio 
(H+) a mais na estrutura desse último. O fato de o hidrogênio se ligar ou não à 
 
27 
 
estrutura da molécula depende do pH em que ele se encontra. Nesse caso, para que 
a molécula de ácido lático se forme, a musculatura humana teria que apresentar um 
pH igual a 3,2, ou seja, muito ácido. Isso se torna praticamente impossível, pois as 
proteínas contidas nos músculos e nas enzimas existem apenas no pH igual a 7,4. 
Por esse motivo, a musculatura produz lactato como produto final, e não ácido lático, 
como é apresentado em diferentes situações. 
No caso de exercícios de baixa intensidade, há o aumento da necessidade de 
energia, incrementando, assim, a velocidade da glicólise anaeróbia, logo, é formada 
grande quantidade de piruvato como produto final, e a necessidade de energia para a 
realização da contração muscular é determinada pela demanda energética do 
exercício. 
A metabolização de uma molécula de glicose pela via da glicólise anaeróbia 
produz duas moléculas de piruvato, causando, simultaneamente, a redução de duas 
moléculas de NAD+27 para NADH+. Por outro lado, para que a glicólise possa 
prosseguir de forma que o sistema aeróbio seja ativado, é necessário que o NADH+ 
seja novamente oxidado em NAD+ por efeito da bomba de prótons no nível da 
membrana da mitocôndria, ou seja, pelo FAD intramitocondrial, que atua como agente 
oxidante dessa molécula no nível citoplasmático. O FAD mitocondrial é, assim, 
reduzido a FADH2. Dependendo da capacidade mitocondrial para sustentar a 
demandaexigida, o piruvato segue para a mitocôndria, onde é oxidado e transforma-
se em energia pela via aeróbica. 
O piruvato produzido nessa via pode prosseguir para o ciclo de Krebs, enquanto 
o oxigênio funciona como aceitador final dos íons de H+ provenientes da cadeia de 
transporte de elétrons. Essa via de regeneração do NAD+ citoplasmático mantém em 
equilíbrio o estado da célula e permite a continuação da glicólise. 
Nessas condições, o piruvato passa também a atuar como agente oxidante, 
regenerando o NADH+ para NAD+, e sendo, por sua vez, reduzido para lactato. 
Ambas as vias de regeneração do NAD+ coexistem dentro da célula, mas à medida 
que a intensidade do esforço aumenta, a glicólise anaeróbia tende a contribuir com 
uma proporção crescente. Portanto, essa via alternativa de regeneração do NAD+ 
acaba por resultar no acúmulo de lactato. 
Diante desses fatos, o ácido lático é um ácido significativamente mais forte do 
que o piruvato, e causa influência direta no estado redox da célula, enquanto o 
 
28 
 
acúmulo de lactato altera o equilíbrio ácido-base da célula, atuando diretamente na 
redução do pH intracelular e diminuindo, assim, a produção da ATP. 
Considerando as características morfológicas relacionadas a predominância do 
tipo de fibras musculares que são peculiares aos indivíduos praticantes de 
determinadas modalidades, como é o caso do predomínio de fibras de contração lenta 
em fundistas de fibras de contração rápida em velocistas, em relação a essa alta 
produção de ácido lático e lactato, a musculatura apresenta alta atividade glicolítica 
de acordo com a distância praticada em cada prova, por apresentar uma elevada 
porcentagem de fibras tipo II a e II b, bem como elevadas concentrações de lactato, 
sendo a glicólise a principal fonte energética nas fibras tipo II durante o exercício 
intenso. No entanto, as quantidades significativas de ácido lático e de lactato que se 
acumulam nos músculos durante o exercício intenso provocam uma acidose intensa 
pela liberação dos íons H+, o que pode estar relacionado à indução da fadiga. 
Esse último fenômeno resulta de alterações do ambiente físico-químico dentro 
das fibras musculares, com a redução do pH intramuscular. Isso produz uma maior 
concentração de H+ e, por consequência, um aumento na ventilação alveolar e pode 
causar a interrupção do exercício, caso seja continuado em intensidades similares à 
inicial e pela própria dificuldade de produção, síntese e ressíntese de ATP nas fibras 
musculares esqueléticas. 
4.7 Metabolismo Aeróbio: Sistema Oxidativo 
É o sistema de produção de energia mais complexo dentre os apresentados. 
Primeiramente, é preciso dizer que esse sistema é o único que usa o oxigênio como 
principal elemento para o catabolismo dos substratos envolvidos no processo de 
degradação, até a formação de moléculas de energia que atuam diretamente nos 
exercícios ou na própria ressíntese de novas dessas moléculas, a respiração celular. 
Do ponto de vista energético os esforços contínuos situados entre 60 e 180 
segundos são assegurados pela atuação dos sistemas glicolítico e oxidativo de forma 
concomitante, o que significa que cerca da metade do ATP será produzida fora das 
mitocôndrias, e o restante em seu interior. 
No entanto, nos esforços de duração superior a 180 segundos, a produção de 
ATP é assegurada pelas mitocôndrias, que garantem o efeito do metabolismo 
 
29 
 
oxidativo ou, simplesmente, sistema aeróbio. Desse modo, as atividades esportivas 
com duração superior a 180 segundos dependem da presença e da utilização do 
oxigênio nos músculos ativos e em sua fase de recuperação após esse exercício, uma 
vez que 75% do lactato obtido pela ausência de oxigênio na via, produzido durante os 
exercícios de alta intensidade, é removido pela oxidação, enquanto os 25% restantes 
desse subproduto são convertidos pelo processo de gliconeogênese, denominado 
ciclo de Cori, voltando a formar glicose e a atuar no processo de produção de novas 
moléculas de ATP. 
Devido à necessidade de se compreender o funcionamento de cada um desses 
sistemas de maneira particular, é necessário que se faça uma breve explicação sobre 
o funcionamento integrado dos sistemas energéticos, para se compreender as 
diferentes solicitações e os períodos de uso de cada sistema na produção conjunta 
de energia. 
O metabolismo energético é composto pelos processos de armazenamento e 
de liberação de energia dos nutrientes, por meio de diferentes reações químicas. A 
energia necessária para a contração muscular, durante a realização de exercícios 
físicos, é proveniente da hidrólise de ATP. No entanto, sua concentração 
intramuscular é extremamente baixa, sendo suficiente para fornecer energia por 
somente alguns segundos. Com isso, conforme se prolonga o período da atividade 
física, maior será a necessidade da ressíntese de ATP. Sendo assim, o 
estabelecimento do sistema predominante de ressíntese da ATP depende da 
intensidade e da duração total do exercício. 
Na realidade, a ação desses sistemas ocorre simultaneamente, embora sempre 
exista a predominância de um determinado sistema sobre o outro, dependendo de 
fatores como a intensidade e a duração do exercício, a quantidade de reservas 
disponíveis em cada sistema para produção ou utilização imediata, a predominância 
e as proporções entre os tipos de fibras musculares e a presença das enzimas 
específicas que atuam em cada um dos sistemas. 
4.8 Adaptações neuromusculares e exercício 
O movimento do corpo humano é controlado e regulado pelo sistema nervoso 
central (SNC). A reação do processo de contração das fibras musculares ocorre pela 
 
30 
 
combinação de impulsos neurais inibitórios e excitatórios, que transmitem estímulos 
continuamente aos neurônios e determinam seu potencial de ação para a excitação, 
dando início à contração e estimulando o recrutamento de unidades motoras. 
Geralmente, o recrutamento das unidades motoras é determinado pelo 
tamanho do motoneurônio, que se destaca por agrupar e estimular as fibras 
musculares de acordo com características para a realização da contração. 
As informações sensoriais e motoras viajam pelo encéfalo, medula espinhal 
ou nervos periféricos através de mecanismos eletroquímicos. A transmissão 
dessas informações por longos trajetos é realizada através dos axônios, que 
crescem a partir de um corpo celular neural, podendo atingir até um metro de 
comprimento. Na membrana celular dos neurônios é observada uma 
diferença de potencial de aproximadamente –90 mV, decorrente da diferença 
da concentração iônica intra e extracelular (meio intracelular mais negativo). 
Esta diferença de potencial é denominada potencial de membrana ou de 
repouso. (GUYTON 1988 apud ROSA 2005, p.6). 
 Assim, a contração e o relaxamento muscular dependem do somatório dos 
impulsos nervosos recebidos pelas unidades motoras, com origem no estímulo 
externo. Quanto maior for o impulso nervoso produzido por esses estímulos, maior 
será a quantidade de unidades motoras solicitadas para a contração muscular, de 
acordo com o tipo de fibras. 
O sistema neuromuscular, quando estimulado corretamente, pode ser utilizado 
e desenvolvido para alcançar melhores adaptações aos exercícios físicos e ao 
treinamento, objetivando um melhor desempenho motor para a tarefa a ser realizada, 
de forma que as demandas metabólicas e neuromotora atuem da melhor forma não 
apenas para se obter o aumento da força, mas também para a hipertrofia e hiperplasia. 
Para se compreender melhor as adaptações do sistema neuromuscular, é 
necessário abordar a relação entre os mecanismos da contração muscular durante o 
movimento, a participação dos mecanismos neurais, com destaque para o órgão 
tendinoso de Golgi (OTG) e para os fusos musculares, com o objetivo de compreender 
o comportamento muscular. 
O OTG localiza-se na junção entre os tendões e as fibras musculares, e 
consiste em terminaçõesnervosas livres e entrelaçadas entre fibras de colágeno que 
respondem rapidamente a estímulos de variação do comprimento muscular e ao 
aumento de tensão, principalmente provocando um relaxamento reflexo e efeito 
inibitório nos motoneurônios, aliviando assim a tensão excessiva, inibindo a ação 
muscular, limitando a contração. 
 
31 
 
Os fusos musculares são os receptores de flexibilidade tonicamente ativos. Sua 
resposta é traduzida em excitação tônica das fibras musculares extrafusais pelos 
neurônios motores alfa ou tipo alfa. Essa atividade tônica é que permite que um 
músculo em repouso permaneça com certo nível de tensão, o que é conhecido como 
tônus muscular, que também recebe a influência de outro neurônio originário da ponta 
anterior da medula: o neurônio motor gama ou tipo gama. Seu axônio acompanha o 
axônio do neurônio motor alfa e chega até o músculo esquelético, onde faz sinapse 
com a fibra do fuso muscular, contraindo as suas extremidades. Isso provoca a 
distensão da região central do fuso, estimulando o reflexo monossináptico e, assim, 
aumentando a tensão muscular. 
As fibras eferentes motoras tipo Gama têm a função de inervar as extremidades 
contráteis das fibras intrafusais, permitindo o monitoramento do comprimento do 
músculo, independentemente dele estar alongado ou encurtado. O encurtamento 
ocorre somente nas suas extremidades, onde estão presentes os filamentos de actina 
e de miosina que, por sua vez, são responsáveis pela ação de encurtamento ou 
aproximação durante a contração. 
Os neurônios sensitivos se entrelaçam entre as fibras intrafusais e se projetam 
para a medula espinhal, sendo acionados toda vez que as fibras intrafusais são 
estiradas. 
A ativação das fibras aferentes transmite informações para a medula, 
desencadeando uma ação reflexa dos motoneurônios, que conduz à contração com 
maior força, reduzindo o estímulo de distensão. Essa contração tem o objetivo de 
impedir danos causados pelo superestiramento. Essa via é conhecida como reflexo 
do estiramento, ou seja, quando um músculo se contrai, a coativação dos 
motoneurônios alfa-gama assegura que o fuso muscular permaneça ativo. 
4.9 Ações musculares 
A resistência externa oferecida aos músculos durante o exercício impõe que 
eles demandem informações ao cérebro e recrutem as unidades motoras para 
produzir tensão muscular de acordo com a atividade. A consequência diante de tais 
resistências externas é a produção de um torque (força muscular) sobre as 
articulações, que leva à realização ou não de um movimento para suportar a 
 
32 
 
sobrecarga. Assim, as ações musculares dependem do grau de estimulação e da 
força desenvolvida pelo músculo diante da resistência externa a ele imposta. 
Com relação aos estímulos externos, ou mesmo em ações isoladas que não 
requerem movimentos durante o exercício, as ações musculares podem ser divididas 
em três tipos: 
Ações musculares concêntricas: Ocorrem quando o músculo produz um 
torque maior do que o da resistência externa, levando ao seu encurtamento formando 
pontes cruzadas e deslizamento das moléculas de actina sobre as de miosina, que 
ocorrem em direção à linha M, podendo haver o estreitamento ou até o 
desaparecimento da zona H48, variando de acordo com a magnitude do encurtamento 
dos sarcômeros. 
Ações musculares excêntricas: Denominadas também como alongamento 
ativo, ocorrem quando o torque produzido pelo músculo é menor do que o da 
resistência externa, levando ao seu alongamento. Observa-se a formação de pontes 
cruzadas e o deslizamento das moléculas de actina sobre as de miosina que ocorre 
no sentido do alongamento do sarcômero variando sua magnitude. 
Ações musculares isométricas: Ou estáticas ocorrem quando o torque 
produzido pelo músculo é igual ao da resistência externa, produzindo com isso uma 
tensão sem que ocorra o deslocamento angular das articulações. Nas ações 
isométricas, observa-se a formação de pontes cruzadas, mas não o deslizamento das 
moléculas de actina sobre as de miosina, ocorre a tensão, mas não o movimento, 
sendo a tensão que causa o movimento dividida em duas fases: contraindo o músculo 
e alongando-o. 
Hipertrofia e hiperplasia 
A hipertrofia muscular conduz ao aumento da capacidade máxima de produzir 
força, em função do aumento das dimensões das fibras musculares existentes, ou do 
aumento do número de células musculares, denominado hiperplasia. 
A hipertrofia das fibras é causada provavelmente pelo aumento do número de 
miofibrilas e filamentos de actina e miosina, que fornecem mais pontes cruzadas para 
a produção de força durante a contração máxima do músculo. Pode ainda ser 
resultante de um aumento da síntese de proteínas musculares, quando o conteúdo 
proteico no músculo encontra-se em um estado de fluxo contínuo e as proteínas estão 
 
33 
 
sendo continuamente sintetizadas e degradadas, o que varia de acordo com as 
demandas impostas ao corpo para a realização do exercício ou do esporte. 
Acredita-se que o significado funcional das alterações morfológicas ocorridas 
no músculo que sofreu hipertrofia traduz-se essencialmente em uma maior 
capacidade de gerar força e potência. 
Apesar dos fatores responsáveis pela provável ocorrência do aumento do 
número de fibras musculares ainda permanecem obscuros, sobrecargas 
crônicas, impostas ao músculo esquelético de várias espécies animais, 
parece estimular o surgimento de novas fibras através de dois mecanismos: 
A partir das células satélites e por meio da cisão longitudinal da fibra 
muscular. As células satélites são estruturas de reserva não funcionais e 
especializadas, também conhecidas por células tronco miogênicas. Estas 
células ficam localizadas na periferia da fibra muscular, mais especificamente 
entre a lâmina basal e a membrana plasmática, também conhecida por 
plasmalema. Estas células são mioblastos que se encontram normalmente 
em estado quiescente. Sabe-se que as CS exercem um papel primário no 
processo regenerativo do tecido muscular esquelético lesionado, e em 
resposta aos possíveis processos adaptativos estimulados pelo treinamento 
de força. (PUTMAN 1999, apud MELONI 2005, p.60). 
4.10 Adaptações neuromusculares e efeitos do treinamento 
Por meio do treinamento, adquire-se a capacidade de acionar e contrair, 
simultaneamente e em maior número, as unidades motoras de um músculo 
ocasionando melhoria da coordenação muscular. 
O treinamento esportivo consiste em um conjunto de processos adaptativos 
relacionados aos mecanismos de produção de energia e síntese proteica que 
provocam a síntese de substratos para a liberação de ATP, por meio das vias aeróbias 
e anaeróbias, até a consequente realização da contração muscular. Assim, a melhora 
das capacidades físicas força e potência, dependem de alterações na quantidade das 
atividades de determinadas proteínas com funções estruturais específicas, cujo 
incremento é resultante das repetidas sessões de treino. 
Em exercícios musculares que visam à melhora da força pura ou da potência 
muscular ocorrem alterações na expressão gênica da ATPase, em componentes 
estruturais das moléculas de miosina e na função contrátil da miosina em fibras 
musculares específicas. Essas alterações resultam na alteração da função contrátil 
(velocidade da contração), o que favorece a demanda específica para cada 
modalidade ou estímulo externo, não se alterando, contudo, a proporção básica de 
requerimento de fibras musculares rápidas. 
 
34 
 
Em exercícios de resistência muscular, ocorre o aumento do número de vasos 
capilares por área de secção transversa do músculo, o que aumenta a densidade 
capilar ao redor das fibras oxidativas. 
5 BIOMECÂNICA E MOVIMENTO (SINESIOLOGIA) 
 
Fonte: posunifae.com.br 
5.1 Histórico da Cinesiologia 
O termo Cinesiologia é uma combinação de dois verbos gregos, kinein, que 
significa mover, e logos, estudar. Aristóteles, foi o primeiro a estudar e demonstraro 
processo de deambulação, processo esse que mostra que o movimento de rotação 
pode se transformar em um meio de translação, com ideais semelhantes às três leis 
de Newton, mostrando a importância do centro de gravidade, das leis, do movimento 
e alavanca. 
Arquimedes, em sua época apresentou estudos a respeito dos princípios 
hidrostáticos que até hoje são aplicados na Cinesiologia, na natação, bem como 
também ajuda parcialmente com a possibilidade de viagens espaciais, já que são 
usadas por astronautas. O catálogo de estudos feitos por Arquimedes é bastante 
amplo, com indagações a respeito de leis de alavanca, relacionando-as a 
determinação de centro de gravidade, esse seu estudo é chamado de fundação da 
mecânica teórica e é usado em Anatomia e Cinesiologia. 
 
35 
 
A partir das descobertas feitas sobre o funcionamento dos músculos e dos 
pontos reflexos procurou-se trabalhar o sistema integrado pelos músculos 
com a finalidade de desativar dores e outros processos físicos rebalanceando 
a estrutura muscular das pessoas. (GUYTON 1976 apud VALLE 2002, p. 31). 
Galeno, romano também, grande estudioso da Cinesiologia, acumulou diversos 
estudos sobre o movimento do corpo humano, tendo como objeto de estudo de atletas, 
e que por isso é conhecido até os dias de hoje como o primeiro médico de equipe da 
história. No estudo feito por Galeno de nome Motu Musculorum, ele diferencia nervos 
motores de nervos sensitivos assim como também músculos agonistas e músculos 
antagonistas, dentre outras observações encontradas na sua obra, é importante falar 
sobre os termos diartrose e sinartrose que são usados até hoje na termologia da 
artrologia. 
 Relatos afirmam que a ideia de que os músculos se contraem é originado de 
Galeno, o estudioso afirmava que o motivo da contração muscular acontecer era algo 
denominado por ele como espíritos animais do cérebro, usava o mecanismo dos 
nervos para chegar aos músculos e os induzia a contração. Principalmente por esses 
motivos, Galeno é considerado o pai da medicina desportiva e através do seu estudo, 
o primeiro manual de Cinesiologia. 
Depois das colaborações de Galeno, estudos sobre Cinesiologia permane-
ceram parados por cerca de 1.000 anos, tendo como próximo colaborador dessa 
ciência o artista, engenheiro e cientista, Leonardo da Vinci. Da Vinci interessava-se 
pela estrutura do corpo humano principalmente no que diz respeito ao desempenho e 
relação entre centro de gravidade, o equilíbrio e o centro de resistência, tendo sido 
segundo registros o primeiro a descrever de forma científica a marcha humana e 
registrar esse trabalho. 
O intuito de Da Vinci em estudar a marcha humana era de demonstrar a diver-
sidade de músculos que são usados neste exercício, bem como mostrar os músculos 
no seu movimento, e para isso ele utilizou de cordas amarradas em esqueletos em 
pontos específicos de origem e inserção de cada músculo em estudo, e depois disso 
realizou o movimento de marcha para que fosse demonstrado o músculo sendo 
aproveitado. Uma curiosidade a respeito dos registros de Da Vince, é que apesar de 
ser um escritor de textos de fácil compreensão, seus estudos foram registrados em 
uma linguagem difícil para leigos, e por esse motivo seus relatos só foram utilizados 
 
36 
 
de forma mais ampla 300 anos após sua morte, tendo sido reconhecido em vida 
apenas por um pequeno grupo de conhecidos. 
Galileu Galilei formado na Universidade de Pisa também fundamentou estudos 
nesse sentido, porem seguia a filosofia de que a natureza está escrita em símbolos 
matemáticos, então por esse motivo tomou a matemática como aliada para a 
explicação de fenômenos físicos. As demonstrações de Galileu a respeito da acele-
ração de um corpo em queda livre asseguram que a principal característica da velo-
cidade desse movimento não é o peso do corpo, mas sim as relações entre espaço e 
tempo. A partir dessas verificações, se deu início a mecânica clássica e é conhecida 
como introdução da metodologia experimental na ciência. Seu trabalho utilizando 
termos matemáticos nos movimentos do corpo humano, como explicação para o 
acontecimento destes eventos, deu ímpeto para a consagração da Cinesiologia como 
uma ciência. 
Seguindo Galileu, Alfonso Borelli, foi mais um a utilizar a matemática como 
ferramenta de explicação de fenômenos físicos humanos. Em um tratado elaborado 
por Borelli de nome De Motu Animalium publicado entre 1630 e 1631 afirmou que o 
corpo humano tem aspectos idênticos aos de máquinas, como quantidade de força 
exercida por vários músculos, assim como a perda da força por algum movimento 
desfavorável, resistência do ar e resistência da água estavam entre os que Borelli 
estudava. É atribuída aos estudos de Borelli a teoria que os ossos servem como 
alavanca e que os músculos auxiliam o movimento seguindo princípios matemáticos. 
Para que os músculos se contraíssem, Borelli reconhecia que era preciso al-
guns eventos químicos, porém, dizia de forma fantasiosa que os nervos são tubos 
preenchidos com um tipo de material esponjoso que contém em sua matéria, algo 
chamado por ele como gás dos nervos. Segundo ele, o funcionamento desse material 
era agitado das periferias para o cérebro e produzido uma sensação, e o contrário 
causa a produção, preenchimento e crescimento das porosidades dos músculos, com 
resultante turgescência. A reação dessa substância nos músculos com uma contração 
seguinte resulta em um tipo de fermentação. 
Assim como os demais, Borelli tem participação relevante na história da Cine-
siologia por uma consagração ou motivo específico, motivo esse que elege Borelli 
como fundador e desenvolvimentista daquela área da fisiologia que relaciona os 
movimentos musculares a princípios mecânicos. A teoria da contração muscular de 
 
37 
 
Borelli sustentou-se por pouco tempo, foi atacada logo após a sua apresentação. 
Dentre os críticos estava Francis Glisson, que afirmava que as fibras musculares se 
contraem ao invés de expandirem no ato de flexão, afirmação que é demostrada por 
Glisson em experiências pletismográficas. Esse conceito de Glisson foi 
posteriormente melhor elaborado pelo eminente fisiologista Albrecht Von Haller, que 
dizia que a contratilidade muscular é uma função do músculo que independe da função 
neural para existir. 
James Keill, um cientista importante na história da Cinesiologia, foi o primeiro 
a ter a preocupação de contar a quantidade de fibras musculares de alguns músculos, 
e também assumir que na contração muscular cada fibra torna-se esférica e é 
responsável pelo levantamento ou impulsão de um determinado peso. 
Charles Darwin defendeu teses hoje clássicas no meio científico, no que diz 
respeito ao conhecimento histórico do corpo humano. Em sua tese Darwin diz que o 
homem que se conhece hoje é descendente de alguma forma de outro ser, esse 
conceito de Darwin é conhecido atualmente como teoria da evolução, e essa 
esclareceu tanto quando foi apresentada como várias questões relativas à 
Cinesiologia, trazendo para a pesquisa vários antropólogos que agregaram ainda mais 
conhecimentos à Cinesiologia. 
Ainda no século XIX, Angelo Mosso contribuiu com a Cinesiologia por meio da 
invenção do ergógrafo no ano de 1884 e que até hoje é utilizado de várias formas em 
pesquisas e trabalho de Cinesiologia principalmente em estudos da função muscular 
no corpo humano. 
5.2 Estudo da Cinesiologia 
Enfoca os movimentos do Corpo Humano sob o ponto de vista físico, pela ação 
muscular, através do estudo cinesiológico com atuação de forças sobre o corpo 
abrangendo tanto a estrutura esquelética quanto muscular, uma vez que os ossos 
possuem diferentes tamanhos e formas, principalmente nas articulações, favorecendo 
ou limitando o movimento. Os músculos variam em tamanho, forma e estrutura de 
uma parte do corpo para outra, encontrados mais de 600 músculos em todo o corpo 
humano. 
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