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MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM: ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 3º Ano Disciplina: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO Código: ISCED31-CJURCFE033 TOTAL HORAS/1o SEMSTRE: 125 CRÉDITOS (SNATCA): 5 Número de Temas: 8 Direitos de autor (copyright) INSTITUTO SUPER INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em vigor no País. Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) Direcção Académica Rua Dr. Lacerda de Almeida, nº 211, 1º Andar, 3º Bairro (Ponta-Gêa) Beira - Moçambique Telefone: +258 23323501 Cel: +258 823055839 Fax: +258 23324215 E-mail: info@isced.ac.mz Website: http://www.isced.ac.mz i Agradecimentos O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: Pela Coordenação Pelo design Direcção Académica do ISCED Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED Financiamento e Logística Pela Revisão Instituto Africano de Promoção da Educação a Distancia (IAPED) Alcides Malabone Alberto Nobela, Mestrado em Direito Comercial Internacional . Elaborado Por: MSc. Edmar Gerúsio Barreto Jorge – Mestre em Ciências Politicas e Relações Internacionais pelo ISCTAC, Licenciado em Direito pela UEM, Licenciado em Historia pela UP. ii ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público i Índice Visão geral 1 Benvindo ao Módulo de Direito Internacional Publico ................................................... 1 Objectivos do Módulo...................................................................................................... 1 Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 1 Como está estruturado este módulo ............................................................................... 2 Ícones de actividade ........................................................................................................ 3 Habilidades de estudo ..................................................................................................... 3 Precisa de apoio? ............................................................................................................. 5 Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ............................................................................... 6 Avaliação .......................................................................................................................... 6 Tema – I: Introdução ao Direito Internacional Publico 9 UNIDADE Temática 1.1: Generalidades sobre DIPu .................................................................. 9 Introdução ................................................................................................................................. 9 1.1.1. O conceito do Direito Internacional. ......................................... 9 1.1.2. Objecto do DIPu ....................................................................... 10 1.1.4. Evolução Histórica do Direito Internacional Publico. .............. 16 1.1.5. A relevância do Direito Internacional no Direito Interno: As concepções doutrinárias: dualista e Monista. ................................... 17 Sumário ................................................................................................................................... 20 Exercícios de Auto-Avaliação .................................................................................................. 20 Exercícios ................................................................................................................................. 21 TEMA – II: AS FONTES DO DIPu 22 UNIDADE Temática 2.1. O contributo do art. 38 do Estatuto do Tribunal Internacional de Justica. ..................................................................................................................................... 22 Introdução ............................................................................................................................... 22 2.1.1. Os tratados Internacionais ...................................................... 23 2.1.2. O Costume internacional ........................................................ 23 2.1.3. Os princípios gerais do Direito ................................................ 25 2.1.4. A Jurisprudência. ..................................................................... 26 2.1.5. A doutrina. ................................................................................ 26 2.1.6. A equidade e analogia............................................................. 27 2.1.7. Actos Unilaterais ..................................................................... 28 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público ii 2.1.7.1. Actos Unilaterais dos Estados e sua classificação ............... 29 Sumário .................................................................................................................................... 34 Exercícios de Auto-Avaliação .................................................................................................. 34 Exercícios ................................................................................................................................. 35 UNIDADE Temática 2.2. Os Tratados Internacionacionais em especial ................................. 36 Introdução ............................................................................................................................... 36 2.2.2. O Procedimento geral de conclusão dos tratados internacionais……………………………………………………………………………...... 36 2.2.1.1. As fases da conclusão dos tratados (negociação, adopção do texto, vinculação internacional entrada em vigor, registo e publicação).......................................................................................... 39 2.2.1.1. As fases da conclusão dos tratados (negociação, adopção do texto, vinculação internacional entrada em vigor, registo e publicação) ............................................................................................................ 40 2.2.1.2. O regime das reservas em especial. ..................................... 49 Sumário .................................................................................................................................... 50 Exercícios de Auto-Avaliação .................................................................................................. 51 Exercícios ................................................................................................................................. 51 TEMA - III: Os Sujeitos Do Direito Internacional Publico 52 UNIDADE Temática 3.1. Generalidades sobre os Sujeitos do DIPu ........................................ 52 Introdução ...............................................................................................................................52 3.1.1. O Estado .................................................................................... 53 3.1.1.1. Surgimento e desaparecimento dos Estados. ....................... 54 3.1.1.2. Reconhecimento dos Estados e dos Governos e sua importância. ....................................................................................... 55 3.1.2. O indivíduo como Sujeito do DIPU ........................................... 57 3.1.2.1. Situações jurídicas que contemplam o homem, indivíduo particular............................................................................................. 58 Sumário .................................................................................................................................... 62 Exercícios de Auto-Avaliação .................................................................................................. 63 Exercícios ................................................................................................................................. 63 TEMA - IV: As Organização Internacionais 64 UNIDADE Temática 4.1. As Organizacoes internacionais enquanto Sujeitos do DIPu ........... 64 Introdução ............................................................................................................................... 64 4.1.1. Conceito e Classificação das Organizações Internacionais (OI)……………………………………………………………………………………………..….64 4.1.1.2. Classificação das Organizações internacionais ..................... 65 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público iii 4.1.2. ONU .......................................................................................... 67 4.1.2.1. Organização ........................................................................... 68 4.2.1.1. Objectivos da ONU ................................................................ 72 4.2.1.2. Princípios gerais que regem a ONU ....................................... 72 4.1.3. SADC ......................................................................................... 72 Sumário .................................................................................................................................... 74 Exercícios de Auto-Avaliação ................................................................................................... 74 Exercícios ................................................................................................................................. 75 TEMA - V: Os Espaços: Marítimo, Aéreo e Terrestre. 76 UNIDADE Temática 5.1. O Direito do Mar. .............................................................................. 76 Introdução ............................................................................................................................... 76 5.1.1. Generalidade sobre Direito do Mar ........................................ 77 5.1.2. Delimitação do território e soberania. ................................... 78 5.1.2.1. O mar territorial, ................................................................... 78 5.1.2.2. Zona Contigua e Zona Económica Exclusiva ........................ 79 5.1.2.3. Plataforma continental ......................................................... 80 5.1.2.4. Alto mar ............................................................................... 80 Sumário .................................................................................................................................... 81 Exercícios de Auto-Avaliação .................................................................................................. 82 Exercícios ................................................................................................................................. 82 TEMA - VI: Os conflitos Internacionais 84 UNIDADE Temática 6.1. Métodos de Resolução dos conflitos Internacionais. ...................... 84 Introdução ............................................................................................................................... 84 6.1.1. Conceito de métodos de Resolução, Pacifica de Conflitos. ...... 85 6.1.2. Métodos Diplomáticos ou não Judiciais: .................................. 85 6.1.3 Métodos Políticos ..................................................................... 88 6.1.4. Métodos Jurisdicionais ............................................................. 88 Sumário .................................................................................................................................... 89 Exercícios de Auto-Avaliação ................................................................................................... 89 Exercícios ................................................................................................................................. 89 TEMA - VII: Responsabilidade Internacional 90 UNIDADE Temática 7.1Responsabilidade Internacional dos Estados. .................................... 90 Introdução ............................................................................................................................... 90 7.1.1. Noções Históricas sobre a responsabilidade dos estados. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público iv ................................................................................................................................................. 91 7.1.2. Noções sobre responsabilidade Internacional......................... 94 7.1.3. Formas de Responsabilidades ................................................. 97 Sumário .................................................................................................................................... 99 Exercícios de Auto-Avaliação .................................................................................................. 99 Exercícios ............................................................................................................................... 100 TEMA - VIII: A Constituição da Republica de Moçambique de 2004 e o DIPu 100 UNIDADE Temática 4.1. A CRM de 2004 e o Direito Internacional....................................... 100 Introdução ............................................................................................................................. 100 8.1. A Constituição da República de Moçambique de 2004 e o Direito Internacional .................................................................................. 102 8.1.1. Considerações Gerais ........................................................... 102 8.1.2. A incorporação das fontes de Direito Internacional na ordem jurídica de Moçambique................................................................. 102 8.1.3. O procedimento de vinculação internacional do Estado moçambicano ................................................................................. 102 8.1.4. Publicitação do Direito Internacional na ordem jurídicamoçambicana ................................................................................ 102 Sumário .................................................................................................................................. 103 Exercícios de Auto-Avaliação ................................................................................................ 103 Exercícios ............................................................................................................................... 103 Exercícios Finais ..................................................................................................................... 104 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 1 Visão geral Benvindo ao Módulo de Direito Internacional Publico Objectivos do Módulo Ao terminar o estudo deste módulo de Direito Internacional Publico (DIPu) deverás ser capaz de: conhecer aspectos gerais acerca da Comunidade Internacional, da origem e evolução do Direito Internacional, da relação entre o direito internacional e o direito interno, dos sujeitos de Direito Internacional, das principais temáticas que versam as normas internacionais, atendendo a que a evolução recente de intensificação da cooperação internacional tem conduzido à regulação internacional de novos domínios. Definir Comunidade Internacional, Identificar as Fontes do DIPu Caracterizar os Sujeitos do DIPu Objectivos Específicos Explicar os métodos de resolução pacífica de conflitos internacionais. Caracterizar a comunidade internacional e sua organização jurídica. Quem deveria estudar este módulo Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Direito do ISCED e outros como 3ºano de Ciência Politica e Relações Internacionais etc. Poderá ocorrer, contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 2 Como está estruturado este módulo Este módulo de Direito Internacional Público, para estudantes do 2º ano do curso de licenciatura em Direito e , à semelhança dos restantes como 3º ano de Ciência Politica e Relações Internacionais do ISCED, está estruturado como se segue: Páginas introdutórias Um índice completo. Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de começar o seu estudo, como componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta Disciplina / módulo Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez comporta certo número de unidades temáticas visualizadas por um sumário. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são incorporados antes exercícios de auto-avaliação, só depois é que aparecem os de avaliação. Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros exercícios teóricos, Problemas não resolvidos e actividades práticas algumas, incluindo estudo de casos. Outros recursos A equipa dos académica e pedagogos do ISCED pensando em si, num cantinho, mesmo o recóndido deste nosso vasto Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos. Auto-avaliação e Tarefas de avaliação Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 3 primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, exercícios que mostram apenas respostas. Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e sugestões Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico Pedagógica, etc deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que graças as suas observações, o próximo módulo venha a ser melhorado. Ícones de actividade Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. Habilidades de estudo O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar, aprender a aprender. Aprender aprende-se. Durante a formação e desenvolvimento de competências, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, procedendo como se segue: 1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de leitura. 2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 4 3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as de estudo de caso se existirem. IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada hora, etc. É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já domina bem o anterior. Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos conteúdos de cada tema, no módulo. Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por tempo superiora uma hora. Estudar por tempo de uma hora intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama- se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das actividades obrigatórias. Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente incapaz! Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 5 de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área em que está a se formar. Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado não conhece ou não lhe é familiar; Precisa de apoio? Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página trocada ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando a preocupação. Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes (Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, estudante – CR, etc. As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza pedagógica e/ou administrativa. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 6 O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade temática, no módulo. Tarefas (avaliação e auto-avaliação) O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e auto avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da disciplina/módulo. Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do autor. O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). Avaliação Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, estando eles fisicamente separados e muito distantes do docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma avaliação mais fiável e consistente. Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 1 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 7 conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do estudante consta detalhada do regulamento da de avaliação. Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de frequência para ir aos exames. Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) trabalhos e 1 (um) (exame). Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como ferramentas de avaliação formativa. Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de Avaliação. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 9 Tema – I: Introdução ao Direito Internacional Público Unidade Temática 1: Generalidades do direito Internacional Publico (DIPu) UNIDADE Temática 1.1: Generalidades sobre DIPu Introdução Nesta unidade pretendemos fazer o estudo de matérias introdutórias relativamente ao DIPu, pretendemos trazer a tona a noção, objecto de estudos, as características e abordando de forma geral as fontes do DIPu. Desta feita far-se-á o Estudo da relevância do DIPu e o seu relacionamento com o Direito interna. Ao completar esta unidade, você será capaz de: • Definir o direito internacional público segundo os vários critérios. Objectivos Caracterizar o DIPu • Explicar as divisões do DIPu.• Descrever a evolução histórica do DIPu e seus períodos. • Descrever a relevância do DIPu no direito interno, com base nas teorias dualista e monista 1.1.1. O conceito do Direito Internacional. O Direito Internacional Público – pode ser tratado, como o conjunto de princípios e normas, positivos e costumeiros, representativos dos direitos e deveres aplicáveis no âmbito da sociedade internacional. Denomina-se Direito Internacional o conjunto das normas internacionais que se perfazem por ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 10 meio dos princípios e das regras, bem como pelos costumes internacionais. Será público, quando se referir aos direitos e deveres dos próprios Estados em suas relações; e privado, quando tratar da aplicação, a particulares sujeitos a um determinado Estado, de leis civis, comerciais ou penais emanadas de outro Estado. O Direito Internacional nasce para regular as relações entre os Estados – relações interestaduais. Esse é o conceito clássico. O Direito Internacional moderno surgiu após a Segunda Guerra Mundial – a partir de 1945. É a disciplina que regula as relações interestaduais, bem como as condutas das organizações internacionais, intergovernamentais e também dos indivíduos no plano internacional, ainda que a actuação destes seja um pouco mais limitada. Segundo Quadros e Pereira2 podemos definir o Direito Internacional segundo três critérios: o critério dos Sujeitos do Direito Internacional (DI), o do objecto da norma internacional e o critério da forma de produção da norma internacional. Segundo o o critério dos Sujeitos do DI, Direito internacional Publico é o conjunto de normas jurídicas reguladoras das relações entre os estados. Criticas se fazem a este critério, pois este exclui os outros sujeitos do DIPu. Para o critério objecto da norma internacional DIPu é o conjunto de normas jurídicas que regulam as matérias internacionais por natureza. Também é criticável no sentido de que o Direito internacional pode em princípio regular qualquer matéria e ser dirigida a qualquer entidade susceptível de personalidade jurídica. Finalmente o critério da forma de produção da norma internacional, que é a posição adoptada cã entre nos, este não atende nem os sujeitos do DI, nem o objecto da norma da norma internacional, mas sim exclusivamente a sua forma de produção. Nesta perspectiva o Direito internacional Publico será um conjunto de normas jurídicas criadas pelos processos de produção jurídica próprios da comunidade internacional, e que transcendem o âmbito estadual. 1.1.2. Objecto do DIPu 2 QUADROS Faustos & PEREIRA Gonsalves Adré. Manual de Direito Internacional. Coimbra: Almedina, 1997. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 11 Num primeiro momento, o objecto do Direito Internacional são os Estados, regendo a actividade inter-Estatal. Com o fim da 2ª Guerra Mundial começam a surgir as Organizações Internacionais (ONU, OMC, FMI, etc.), e estas passaram a deter também personalidade Jurídica Internacional, atribuindo aos indivíduos capacidades postulatórias. Seitenfus e Ventura elucidam que há uma tríplice função do direito internacional público: (a) Repartição de competência entre os estados soberanos, cada qual com sua delimitação territorial, ao qual exerce sua jurisdição. (b) Fixa obrigações aos Estados soberanos, de modo que as suas liberdades de actuação são limitadas; (c) Rege as relações entre as organizações internacionais O Direito Internacional Público (DIP) é composto pelos sujeitos ou atores de direito internacional público5, que estão sujeitos às regras, princípios e costumes internacionais.6 Entretanto, não apenas de relações entre Estados cuida o DIP. Como ressalta Gustavo Bregalda, o Estados tem sua personalidade jurídica internacional reconhecida pelos outros Estados ou pelos organismos internacionais. Organismos internacionais são pessoas ou colectividades criadas pelos próprios sujeitos de direito internacional, reconhecendo-os como pessoas internacionais, com capacidade de ter direitos e assumir obrigações na ordem internacional. São exemplos a ONU, OEA. Podem ainda ser criados por particulares, como a Cruz Vermelha Internacional, a Ordem de Malta, por exemplo. Portanto, actualmente, o objeto moderno do Direito Internacional é os Estados, as Organizações Internacionais e os Indivíduos. Alguns doutrinários salientam que as empresas são atores actuantes nas relações internacionais, de modo que devem figurar como integrantes do Relacionamento internacional. Quanto ao indivíduo, este tem responsabilidade activa e passiva, podendo tanto postular quanto ser demandado internacionalmente. 1.1.3. Sociedade Internacional vs Comunidade Internacional A sociedade internacional é formada pelos Estados, pelos organismos internacionais e pelo homem, apresentando as características em relação às sociedades internas: (a) Isonomia: deve haver igualdade entre os sujeitos; ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 12 (b) Descentralização: pois vários são os criadores e destinatários das normas de direito internacional. Ainda permanece, mas não como uma verdade absoluta, já que existem hoje órgãos completamente centralizados, como por exemplo, a União Europeia; (a) Universalidade: deve abranger o máximo possível de integrantes; (b) É Aberta: como corolário lógico da característica anterior, é aberta à novos integrantes. (c) Com direito originário: visam criar um âmbito normativo novo. Apresentando as seguintes características3: (a) Multiplicidade de Estados, dotados de soberania; (b) Relações comerciais internacionais (c) Princípios jurídicos em comum. São expressões que não se confundem, apesar de serem utilizados como sinónimos. A sociedade internacional é formada pelos sujeitos de direito internacional: Estados, Organizações Internacionais, Empresas e Indivíduos. A comunidade internacional, por seu turno, é marcada pela união natural (laço espontâneo), marcados por afinidades de cunho social, cultural, familiar, religioso.4Ao se falar em comunidade internacional, não há que se pensar em dominação de uns perante os outros. 1.1.1.1. Ordem Jurídica da Sociedade Internacional A ordem jurídica interna é centralizada e organizada verticalmente. No âmbito do Direito Internacional, a ordem jurídica é descentralizada, não existindo norma jurídica superior com capacidade para impor aos Estados o cumprimento de suas decisões. A Carta da ONU não é uma Constituição. O Direito Internacional ainda depende muito do voluntarismo, ou seja, da vontade de cada Estado. Salienta Rezek que “no plano internacional não existe autoridade superior nem milícia permanente. Os Estados se organizam horizontalmente, e prontificamos e a proceder de acordo com normas jurídicas na exacta 3 BREGALDA, Idem ibidem. Entretanto, há autores que não reconhecem o ser humano como componente da sociedade internacional, não sendo, portanto, sujeito de direito internacional. 4 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional..., p. 34. MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional Público, p. 10. 5 REZEK, José Francisco. Direito internacional público: curso elementar – 9ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002, p. 1. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: DireitoInternacional Público 13 medida em que estas tenham constituído objecto de seu consentimento. A criação de normas é, assim, obra directa de seus destinatários”.5 1.1.1.2. Fundamento do Direito Internacional Fundamento liga-se à obrigatoriedade da disciplina. Existem varias correntes: A tese Anarquista Anarquistas e Voluntaristas negam a existência do Direito Internacional Público. Os primeiros fazem-no frontalmente. Dos acordos, actos livremente revogáveis pelo Estado mais forte, não pode nascer Direito. Falar em segurança colectiva é insistir numa utopia. Embora frequentemente o panorama internacional se possa pintar com cores tão negras, há um aspecto essencial à questão que urge pôr em relevo: quando surge um litígio internacional, logo se tentam utilizar métodos e fórmulas jurídicas na sua resolução, citam-se precedentes judiciais, procura-se saber qual o sentido do Costume ou do Tratado aplicável ao caso, que se trata como jurídico, como relevante para uma certa ordem jurídica e que é exactamente a ordem jurídica internacional. Quer dizer, o exagero dos Anarquistas está em ligarem demasiado às violações espectaculares do Direito Internacional e não ao cumprimento de que muitíssimas vezes é objecto de uma forma espontânea. É certo que há violações constantes do Direito Internacional. Mas então a metodologia Anarquista peca pelo alvo que escolhe para sua crítica: o problema em causa é mais de imperfeição de grau, do que de inexistência. Corrigidas as proporções da Tese Anarquista, há todavia conceder o que se segue. Por um lado, os Estados só se submetem à jurisdição dum Tribunal Arbitral Internacional ou do Tribunal Internacional de Justiça se quiserem. Em segundo lugar, e embora o nascimento de normas jurídicas internacionais não constitua um problema real, dado o seu contínuo surgimento sobre tudo por meio de Tratados Bi e Multilaterais e para não falar em competência “legislativa” das organizações de carácter supranacional, é óbvio que a inexistência de órgãos internacionalmente instituídos para a execução forçada de sanções leva cada Estado a munir-se individualmente de medidas de auto protecção que, para fazermos nossas as palavras de Truyul Y Serra, ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 14 pecam por “dois grandes defeitos: por um lado, há frequentes desproporções entre o direito tutelado e a força que há-de aplicar-se para a sua satisfação; por outro lado, o êxito depende, em última análise, da distribuição de forças entre os respectivos Estados ou outros sujeitos internacionais, pelo que, de facto, a coacção será dificilmente operante contra grandes potências”. As doutrinas Voluntaristas Também a Doutrina Voluntarista, em qualquer das suas variantes, acaba por negar o Direito Internacional Público. Mas fá-lo duma forma sub-reptícia. Afirmando o Estado como entidade soberana e omnipotente, conclui muito logicamente que a obrigação internacional só pode derivar da sua própria vontade. Ou seja, a vinculação depende da vontade obrigada. Melhor dizendo, não existe obrigação. As doutrinas de Auto limitação e do Direito Estadual Externo: O Estado, como poder independente e supremo, situa-se acima de todo e qualquer princípio ou norma jurídica. De forma que qualquer obrigação que surja só pode basear-se no seu consentimento, quer dizer, só pode ser uma auto-obrigação, já que nenhum órgão internacional nem nenhum outro Estado podem ditar leis que se imponham a um outro ente supremo que para tal não manifestou o seu consentimento; A doutrina do Tratado-lei ou da Vontade Colectiva (“Vereinbarung”): Quando se juntam duas ou mais vontades num acordo, pode ser para satisfazerem interesses antagónicos ou para prosseguirem finalidades comuns. Quando os Estados querem prosseguir um interesse comum, manifestam um único feixe de vontades no mesmo sentido, originando obrigações idênticas para todos, assim surge Verinbarung, acordo colectivo ou Tratado-lei. Nesta figura não se distinguem partes mas antes legisladores. A teoria Marxista-leninista: Para esta teoria, cada Estado é caracterizado por uma formação social, de cuja super estrutura também faz parte o Direito Internacional, condicionado e determinado pela infra-estrutura económica e influenciando ainda pelo Direito Constitucional, pela moral, pela filosofia, etc. O Direito Internacional não surge, portanto, dum vogo comunitarismo, mas é antes o resultado de um complexo processo em que actuam sistemas sociais opostos. De forma que, se são diferentes as vontades dos Estados, por representarem interesses de classes diferentes, o Direito Internacional deixa de ser um Direito Universal. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 15 Começa então a distinguir-se o Direito Internacional do Sistema Capitalista e o Direito Internacional do Sistema Socialista. Foi sobretudo a partir de 1958 que Tunkin, começou a desenvolver a ideia e os princípios do Direito Internacional Socialista. Os Estados Sociais estão ligados por relações diferentes das que os ligam os Estado Capitalistas. A base económica dessas relações é a propriedade social dos meios de produção; o regime político é dirigido pela classe trabalhadora; a ideologia é o Marxismo-leninismo; e o interesse da defesa das conquistas revolucionárias contra os ataques do Capitalismo é o comum dos indivíduos de todos os Estados Socialistas: o internacionalismo proletário torna-se o princípio fundamental do Direito Internacional Socialista. A teoria Marxista-leninista, leva a uma contradição no campo dos princípios e a outras consequências práticas que apenas podem ser justificadas pela legitimação do uso da força. A teoria Objectivista de Kelsen Conclui-se pois, que a obrigatoriedade do Direito Internacional provém doutra fonte que não a vontade dos Estados. A vontade só produz efeitos jurídicos na medida em que uma norma anterior e superior a essa vontade determina qual o seu relevo jurídico. Para o internacionalista Vienense, a validade de uma norma não depende da vontade que a cria mas antes da norma que lhe é imediatamente superior. Num sistema jurídico, as normas escalonar- se-iam de tal forma que cada uma encontraria o seu fundamento naquela de que procede e, no vértice da pirâmide, encontrar-se-ia a “Grundnorm”, a norma fundamental, de carácter hipotético, na qual o sistema encontraria a sua unidade O Neojusnatoralismo Fundamenta o Direito Internacional naquele conjunto de “normas que resultam da natureza racional e social do homem”, isto é, naqueles princípios objectivos que se sobrepõem à vontade humana e que são inerentes à comunidade político-social a que se destinam. Posição Adoptada O fundamento do Direito Internacional Público não é diferente do Direito em geral. Portanto, a diferença entre o Direito Internacional e o Direito Interno pode ser uma diferença de grau mas nunca de natureza. É que, tal como para regular as relações entre indivíduos no quadro estadual há normas de determinado conteúdo que se impõem naturalmente, também as exigências da consciência pública impõem regras ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 16 adequadas, em cada época, à cooperação, ao progresso e ao desenvolvimento dos povos. Não há normas ou princípios necessários, a não ser os princípios constitucionais da comunidade internacional, mas há um certo conteúdo que é necessário em todas as normas e princípios. E só esse conteúdo de justiça evitará que tais normas e tais princípios pequem pela sua transitoriedade e sobretudo que sejam alvo de uma contestação prematura.1.1.4. Evolução Histórica do Direito Internacional Publico. Sobre a evolução histórica do DIPu traremos aqui os grandes períodos históricos e os principais acontecimentos em cada período por uma questão de gestão de tempo. 1º Período: Pré-histórico Antiguidade Clássica (pouca contribuição para o DIP) • Influências Roma (Direito Romano) – Jus Civile (Direito Civil) e Jus Gentium (Direito das Gentes, para os outros, estrangeiro). Idade Média (após queda de Roma) • Formação dos primeiros embriões dos Estados Europeus (os 1ºs actores) • Como os Estados eram fracos, surgiu o fenómeno do Feudalismo, impedindo o crescimento de Estados fortes. • Existência de poder do Papado / Imperador / Feudalismo. Idade Moderna • Conceito de Soberania (Jean Bodin); • Os Descobrimentos; • A Reforma (divisão religiosa); 2º Período Clássico Idade Moderna • Paz de Westphalia (surgimento do DI). • Igualdade entre os Estados. Idade Contemporâneo (XIX) (Congresso de Berlim) • Restabelecimento de novas RI (ex. bilaterais e multilaterais); • Criação de normas Internacionais (ex. divisão dos rios e mares); • 1ºs Convenções humanitárias e novos actores (ex. Cruz Vermelha Internacional proteger feridos/prisioneiros de guerra, Convenção de Genebra) ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 17 3º Período Moderno • Princípio da Solidariedade Internacional e justiça social entre os povos • Soberania vs Solidariedade Internacional Surgimento das Org. Internacionais (início do Séc.XX) reflectem a própria sociedade. OI Inter-Governamentais – ONU, Conselho da EU OI Supra-nacional – UE (parlamento e comissão). Surgimento de novos Estados • Multiplicação de novos Estados, consequência das descolonizações; • Diferenças económicas entre Estados; • Princípios de cooperação entre Estados mais pobres. Protecção dos Direitos do Homem (surgiu Séc. XX, pós 2ªGM) • Declaração Universal dos Direitos do Homem • Surge o Homem, o individuo como parte do Direito e actor das RI com uma série de Direitos face ao Estado, ultrapassando as fronteiras do Estado protegido de Direitos Universais. Proscrição / Proibição do uso da força Através da Carta das NU. Exploração de novos espaços internacionais. • Polo Sul – Antártida; • Lua; • Alto Mar (depois das 12 milhas aplica-se o DI); Espaço Aéreo Internacional 1.1.5. A relevância do Direito Internacional no Direito Interno: As concepções doutrinárias: dualista e Monista. Uma questão tormentosa é a relação entre conflitos entre as normas de Direito Internacional e de Direito interno, “A questão em apreço é polémica, e seu tratamento reveste-se de grande importância, em função do relevo que o Direito Internacional vem adquirindo como marco que visa a disciplinar o actual dinamismo das relações internacionais, dentro de parâmetros que permitam que estas se ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 18 desenvolvam num quadro de estabilidade e de obediência a valores aos quais a sociedade internacional atribui maior destaque”.5 Para tanto, há duas teorias explicativas do impasse entre conflito entre direito internacional público e direito interno, quais sejam, as teorias Monista e dualista. a) Teoria dualista ou Dualismo: Salienta que direito internacional e direito interno são realidades distintas, ou seja, tem âmbito de incidência completamente diferente. O Direito internacional rege as relações exteriores entre os Estado ao passo que o Direito interno disciplina as relações internas do Estado. Tendo em vista esta perspectiva, não há que se falar, para esta teoria, em conflito de normas de direito interno e internacional, uma vez que a ordem internacional não pode regular questões internas. “Os tratados internacionais representam apenas compromissos exteriores, assumidos por Governos na sua representação, sem que isso possa influir no ordenamento interno desse Estado, gerando conflitos insolúveis dentro dele”.6 aa) Teoria da incorporação, transformação ou mediatização Para esta teoria, como as normas tem incidência distinta, apenas no caso de o Estado incorporar internamente o preceito de direito internacional, por meio de alteração de suas leis internas, ou seja, “a norma internacional só vale quando recebida pelo direito interno”.7 ab) Dualismo moderado Para o dualismo moderado “não é necessário que o conteúdo das normas internacionais seja inserido em um projecto de lei interna, bastando apenas a ratificação dos tratados por meio de procedimento específico, que inclua a aprovação prévia do parlamento e a ratificação do chefe de Estado”.8 5 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional Público e Privado, p. 51. 6 MAZZUOLI, Direito internacional. p. 72. 7 MAZZUOLI, op. Cit. 8 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional Público e Privado, p. 53. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 19 b) Teoria Monista ou Monismo Para os autores que defendem a escola Monista – O direito é um só. É uma norma superior. Existe apenas uma ordem jurídica. Assim, um tratado internacional seria também uma manifestação do povo Moçambicano. O Tratado estaria dentro da pirâmide de hierarquia e conviveria a CRM com as leis ordinárias com actos etc. O direito é um só. O Estado possui o Direito e o respeita, adopta o direito internacional, porém não incorpora-o da forma como na teoria dualista, que, inclusive, adopta a teoria da “incorporação”. Existem duas formas de manifestação de Monismo: Monismo com Primazia do Direito Internacional = Defende que o tratado é compatível com a lei interna. Em caso de conflito haveria prevalência do Tratado com primazia do Direito Internacional, ou seja, primazia do direito internacional. A principal crítica dirigida à esta Teoria é que ela não corresponde à História, que nos ensina ser o Estado anterior ao DI. Os Monista respondem que sua teoria é "lógica" e não histórica. Realmente, negar a superioridade do DI é negar a sua existência, uma vez que os Estados seriam soberanos absolutos e não estariam subordinados a qualquer ordem jurídica que lhes fosse superior. Embora seja o Estado sujeito de Direito Interno e de DI, ele é a mesma pessoa e, assim, não se pode conceber que esteja submetido a duas ordens jurídicas em choque. O direito, na sua essência, é um só e a Ordem Internacional acarreta a responsabilidade do Estado, quando ele viola um dos seus princípios. E o Estado aceita esta responsabilidade. Por este motivo é que ocorre a primazia do DI sobre o Direito Interno. Monismo com primazia do Direito Interno = Defenda de que existe apenas uma ordem jurídica – interna e externa. Num eventual conflito, a prevalência seria da lei interna, do direito interno, ou seja, primazia do direito interno. Temos, pois, que: Teoria Monista, segundo a qual, o Direito Internacional e o Direito Interno são dois ramos de um mesmo sistema, emana de uma só fonte. Para os Monista, o Direito é um só, com diferentes primazias. São críticas levantadas a essa teoria: A 1ª e mais importante de todas é que ela nega a existência do próprio DI como um direito autónomo, independente. Ela o reduz a um simples direito estatal; ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 20 - 2ª Crítica: alguns a classificam como pseudomonista, pois na verdade ela é pluralista, tendo em vista a existência de várias ordens internas;Finalmente, podemos apresentar uma 3ª crítica que é a de que se a validade dos Tratados Internacionais repousasse nas normas constitucionais que estabelecem o seu modo de conclusão, toda a modificação na ordem constitucional por um processo revolucionário deveria acarretar a caducidade de todos os Tratados concluídos na vigência do regime anterior. Mas isso não ocorre, porque em nome da continuidade e permanência do Estado ele é ainda obrigado a cumprir os Tratados concluídos no regime anterior. Assim é explicado porque um Tratado não pode ser inovado se o direito interno muda. O Tratado é feito pelo Estado e não pelo Governo, pois este muda. Sumário Nesta unidade abordamos a respeito das matérias introdutórias, donde começamos por conceptualizar o Dipu, segundo vários autores, mas que tomos como preferência as definições apresentadas pelo professor Fausto Quadro, donde elencou 3 critérios para a definição do Dipu, o critério dos Sujeitos do Direito Internacional (DI), o do objecto da norma internacional e o critério da forma de produção da norma internacional Dodos quais a nossa posição adoptada foi a do ultimo critério. No que diz respeito ao obejecto de estudo dissemos que actualmente o objecto de estudo do DIPu sao os sujeito do DI. De seguida vimos a dinâmica da comunidade internacional, por fim destacamos as teorias monistas e dualistas no que tange ao relacionamento entre o DIPu e o direito Interno. Exercícios de Auto-Avaliação 1. Quais os critérios de definição do DIPu segundo Fausto Quadro? Resposta: o critério dos Sujeitos do Direito Internacional (DI), o do objecto da norma internacional e o critério da forma de produção da norma internacional Dods quais a nossa posição adoptada foi a do ultimo critério. 2. Dos conceitos apresentados, qual a posição adoptada, enunciada. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 21 Resposta: o critério da forma de produção da norma internacional, que é a posição adoptada cã entre nos, este não atende nem os sujeitos do DI, nem o objecto da norma da norma internacional, mas sim exclusivamente a sua forma de produção. Nesta perspectiva o Direito internacional Publico será um conjunto de normas jurídicas criadas pelos processos de produção jurídica próprios da comunidade internacional, e que transcendem o âmbito estadual Exercícios 1. Formule as definições de DIPu de acordo com os critérios por si estudados. 2. O Monismo apresenta duas perspectivas, identifique-as estabelecendo a diferença entre si. 3. Qual o objecto do DIPu? 4. Apresente 4 característica da Comunidade internacional? 5. Qual o fundamento do DIPu Segundo a teoria de Kelsen TEMA – II: As Fontes do DIPu Unidade Temática 2.1. O contributo do art.38 do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça. Unidade Temática 2.2. Os Tratados Internacionais em Especial. UNIDADE Temática 2.1. O contributo do art. 38 do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça. Introdução As fontes em Direito são as diversas maneiras de revelação do próprio direito. Nesta unidade iremos nos dedicar ao estudo das fontes do DIPu, começando por falar da importância do enunciado do art.º 38 do ETIJ. Dentro das fontes iremos destacar as fontes principais e fontes secundárias. Ao completar esta unidade, você será capaz de: ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 22 • Conhecer as fontes do DIPu. • Caracterizar as fontes do DIPu, Objectivos Explicar a importância do ETIJ na determinação das fontes do DIPU. Vamos agora ocupar-nos dos processos de produção jurídica através dos quais surgem as normas do Direito internacional isto é suas fontes. Excluímos neste ponto as fontes materiais. É conhecida a distinção entre fontes materiais e fontes formais, bastando, em grandes linhas que as fontes materiais são as razoes pelas quais aparecem as normas e as formais o seu processo de revelação. A comunidade internacional não é um estado conforme dissemos, por conseguinte não existe uma constituição universal que determine quais as fontes do DIPu, mas existe e figura um texto com valor para universal, pela sua importância política e pelo número de Estados que a ele aderiram: è o Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça (doravante designado por ETIJ). O art. 38 dispõe: 1. O Tribunal, cuja função é decidir em conformidade com o direito internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: a. As convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados litigantes; b. O costume internacional, como prova de uma prática geral aceite como direito; c. Os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações civilizadas; d. Com ressalva das disposições do artigo 59, as decisões judiciais e a doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito. 2. A presente disposição não prejudicará a faculdade do Tribunal (*) de decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes assim convierem. Este artigo é considerado unanimemente o rol mais concentrado das fontes do Direito Internacional Público. Não traz um rol exaustivo, mas sim exemplificativo. Existem outras fontes não elencadas nesse dispositivo, mas reconhecidas pela doutrina internacional, falamos por exemplo dos actos unilaterais, a equidade e analogia. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 23 2.1.1. Os tratados Internacionais Tratados e Convenções Internacionais – são as principais fontes do Direito Internacional, por trazerem maior estabilidade, segurança e certeza às relações internacionais, quer gerais, quer especiais estabelecem regras expressamente reconhecidas pelos Estados. Tratando-se de uma das principais fontes do DIPu, reservamos para tratar da matéria dos Tratados internacionais no próximo ponto com maior profundidade. 2.1.2. O Costume internacional Segundo Prof. Castro Mendes Costume – é uma prática reiterada com convicção de obrigatoriedade. O Costume foi a principal fonte do DIP, em virtude de a sociedade internacional ser descentralizada. Actualmente, embora a sociedade internacional ainda permaneça descentralizada, o Costume começou a regredir, tendo em vista a sua lentidão e incerteza. Na sua origem, o Costume é uma regra de conduta observada espontaneamente e não em execução a uma lei posta por um político superior. Transforma-se em direito positivo quando é adoptado como tal pelos Tribunais de Justiça e quando as decisões judiciárias formadas com base nele são feitas valer através da força do poder do Estado. Antes disso, é apenas uma regra de moralidade positiva cuja força vem da reprovação geral que recai sobre aqueles que a transgridem. São dois os elementos do Costume: a. Elemento material ou objectivo: é o uso, a repetição social; b. Elemento subjectivo: é geralmente aceito como sendo exigível para o comportamento dos Estados. É ele que dá o carácter obrigatório ao Costume. O elemento material apresenta duas características: o tempo e o espaço. Quanto ao tempo, podemos dizer que não existe um prazo determinado para que surja um Costume internacional, sendo suficiente apenas provar que tal regra é reconhecida como sendo direito. Quanto ao espaço, é que o Costume seja seguido por uma parcela da sociedade internacional. O elemento subjectivo, por sua vez, tem a vantagem de distinguir o Costume do Uso e do Hábito. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS;3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 24 O hábito tem características individuais, o uso é mera prática social, não obrigatória. O Costume tem o elemento social, mas além disso é exigível juridicamente, além do uso, necessita do elemento subjectivo que forma o costume. Há a prática social e num determinado momento verifica-se que ela preenche a necessidade social e então passa a ser obrigatória no Direito. O fundamento do Costume é explicado por 3 teorias que podem ser reduzidas às duas concepções presentes em todo o DI: o voluntarismo e o objectivismo. TEORIA VOLUNTARISTA sustenta que o fundamento do Costume se encontra no consentimento tácito dos Estados. São críticas ao voluntarismo: • ele se esquece de que a vontade só produz efeitos jurídicos quando existe uma norma anterior a ela lhe dando esse poder; • não explica como um novo membro da sociedade internacional se encontra obrigado a um costume formado antes de seu ingresso nesta sociedade; • é insuficiente para explicar o estabelecido no art. 38 do Estatuto da CIJ, que manda este Tribunal aplicar um "costume geral", ou seja, uma norma costumeira geral, mas sem ser unânime e obrigatória para todos os membros da sociedade internacional. Mesmo que um Estado não a aceite, terá que cumpri-la. Então, como explicar que a obrigatoriedade do Costume se encontra no consentimento tácito? É o costume que dá ao DI a sua verdadeira base universal e se fosse reduzido ao consentimento, esta base acabaria por desaparecer; • esta Teoria descaracteriza o Costume como uma prática que se adapta espontaneamente às transformações sociais. TEORIA OBJETIVISTA é representada por duas teorias: a da consciência jurídica colectiva e a sociológica. A Teoria da Consciência Jurídica Colectiva, sustenta que o fundamento do Costume é a "consciência social do grupo", o que é na realidade uma noção vaga e imprecisa, parecendo-nos inaceitável. A Teoria Sociológica é a que melhor explica a obrigatoriedade do Costume. Aqui, o Costume é um produto da vida social, que visa a atender as necessidades sociais. Seu fundamento é exactamente as necessidades sociais. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 25 O Costume pode ser universal (geral) e particular (regional). O Costume geral é o que oferece o carácter de universalidade ao DI. Há necessidade de que esta prática seja aceita pelo Estado como Direito. Quando o Costume é formado por um Estado que tem liderança ele será obrigatório. Do contrário, não é aceito. No Costume regional, a vontade do Estado é fundamental. O art. 38 da CIJ elenca como fonte o Costume Internacional, como comprovação de uma prática geral aceita como sendo o Direito. Entretanto, isto não é correcto, por não ser o Costume Internacional a prova de uma prática, mas a própria prática geral. A prova do Costume é elemento externo do Costume, mas não se confunde com o próprio Costume. O Costume termina: • Por um Tratado mais recente que o codifica ou revoga; • Pelo desuso; • Pelo surgimento de um novo Costume. Repetimos: o Costume deve ter uma sanção jurídica, caso contrário tornar-se-á uma prática de uso. 2.1.3. Os princípios gerais do Direito É diferente de Princípio Geral do Direito Internacional, Princípios Gerais de Direito Internacional são aqueles encontrados na legislação interna dos Estados e que passam a ser aplicados internacionalmente. Ex: Princípio da boa-fé objectiva. Princípios Gerais do Direito Internacional não existem no âmbito interno. Já nascem directamente no Direito Internacional. Para alguns juristas os “princípios gerais do direito” seriam aqueles aceitos pelos estados in foro doméstico. O juiz deve transpor as normas do direito interno para o direito internacional. Nesse sentido, as normas do direito civil se aplicam às normas do direito internacional ex.: princípio da boa-fé, existe, então a observância da ordem jurídica comum e não somente da ordem jurídica internacional. Há juristas que informam que os princípios gerais do direito são os costumes internacionais porque advêm da vontade e da manifestação de todos os Estados, ou melhor, do “do foro domestico.” (solução pacífica dos litígios, não-agressão, desarmamento, justa indemnização, boa-fé, pacta sunt servanda, lex posterior derogat priori, coexistência pacífica). 2.1.4. A Jurisprudência. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 26 Chama-se jurisprudência o conjunto de decisões do Poder Judiciário na mesma linha, julgamentos no mesmo sentido. a) Jurisprudência de tribunais internacionais e árbitros Como não há no Direito Internacional uma regra superior, existem muitas lacunas no ordenamento jurídico, devido ao fato de ser reduzida a quantidade de textos a tratar da matéria. Hoje, as decisões judiciais das cortes internacionais (jurisprudência), ao lado da doutrina, são fundamentais para suprimir tais lacunas. Entretanto, o texto do Estatuto da Corte Internacional de Justiça dispõe sobre essa fonte da seguinte maneira: “sob reserva da disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a determinação das regras de direito.” O referido art. 59 tem a seguinte redação: “A decisão da Corte só será obrigatória para as partes litigantes e a respeito do caso em questão.” Dessa forma, temos que essa fonte não é autónoma, tendo sua aplicabilidade em conjunto com as demais e não de forma isolada. Buscou-se evitar que a sentença de um tribunal superior fosse vinculante aos futuros litígios apresentados e aos demais tribunais, além de conferir um papel de importância relativa e de relativo equilíbrio em relação às outras fontes. 2.1.5. A doutrina. Como fonte do direito a doutrina. Pelo uso da doutrina, no que nos é colocado é que temos a capacidade de entender e estudar o Direito profundamente, ou seja, pelo esforço e concretos de grandiosos ensinadores podemos fazer novas e manter os antigos vocábulos e entendimentos na actualidade. A doutrina é a teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, materializada em livros, artigos, pareceres, congressos etc. Assim, como a jurisprudência, a doutrina também é fonte secundária e influencia no surgimento de novas leis e na solução de dúvidas no cotidiano administrativo, além de complementar a legislação existente, que muitas vezes é falha e de difícil interpretação. a) Doutrina internacionalista É a doutrina notoriamente reconhecida internacionalmente, desenvolvida pelos publicistas, ou seja, a opinião dos juristas mais qualificados das diferentes nações. Ela deve ser considerada a partir de sua função de apresentação, esclarecimento ou interpretação da norma jurídica internacional. Sua ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 27 eficácia advém da argumentação e poder de convencimento demonstrativa de uma tese, quando há necessidade de se resolver um conflito entre interpretações conflituantes. Há também a ideia de doutrina coletiva; trata-se de resoluções de caráter científico que são expedidas por organizações não governamentais (ONGs), existentes em vários setores sociais, com destaque para duas, que se dedicam ao estudo e desenvolvimento do Direito Internacional: Institut du Droit International e International Law Association. São formadas por professores, advogados e diplomatas de todo o mundo, tendo como principal atividade o estudo científico de grandes temas do Direito Internacional.2.1.6. A equidade e analogia Não são propriamente fontes, os elementos subsidiários que a Corte pode utilizar. Não constituem uma maneira pela qual se manifesta a norma jurídica internacional, são apenas meios auxiliares na constatação do Direito ou na sua interpretação, não sendo fontes do DI, também não serão obrigatórios para os sujeitos do DI. A Analogia não é uma fonte formal do DI, mas um meio de integração deste direito. É utilizada para preencher lacunas. Ela pode ser definida como a aplicação de uma norma já existente a uma situação nova, quando esta é semelhante à que é aplicável a norma já existente. Repousa na ideia de justiça de que casos iguais devem ser tratados igualmente. A Analogia se apresenta sob duas formas: a. Analogia "legis": quando o assunto já se encontra regulamentado, mas contém uma falha; b. Analogia "juris": quando o caso é inteiramente novo e não existe uma norma aplicável. ROUSSEAU assinala três funções: 1. Confirmar as conclusões atingidas por outros métodos de interpretação; 2. Como meio de esclarecer os textos obscuros; 3. Como meio de suprir lacunas dos textos constitucionais. A Analogia ainda tem aplicação restrita no DI e não apresenta um papel decisivo. A Equidade (ex aequo et bono): segundo ROSSEAU, é "a aplicação dos princípios da Justiça a um determinado caso". Portanto, não constitui uma fonte formal do DI. ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 28 O Juiz internacional somente poderá decidir com base na Equidade quando as partes litigantes assim o desejarem. Caso contrário, a sentença será nula. Nos dias de hoje, a equidade tem diminuído de importância na jurisprudência internacional, por duas razões: a) Das partes exige-se que tenham grande confiança no Juiz; b) O desenvolvimento do DI Positivo. A doutrina considera à equidade três funções: 1. Corrigir o Direito Positivo; 2. Suprir as lacunas do Direito Positivo; 3. Afastar o Direito Positivo. A Corte Internacional da Justiça nunca deu uma decisão baseada exclusivamente na Equidade. A Equidade apresenta o perigo de ser uma noção imprecisa, bem como conduzir à arbitrariedade. 2.1.7. Actos Unilaterais Actos unilaterais são manifestações ou declarações de vontade de um único sujeito de Direito Internacional, que têm o condão de gerar direitos e/ou deveres para si e para os outros. Ou seja, a manifestação de vontade de um único sujeito de direito é suficiente para que se produzam efeitos jurídicos. São obrigatórios para seu autor, e os Estados que confiaram nele têm o direito de exigir seu cumprimento. Segundo Von Liszt, trata-se de declaração de vontade, encaminhada a produzir um efeito internacional, sendo este a criação, modificação ou extinção de uma relação jurídica, devendo ser feita por um órgão estatal que tenha reconhecimento para tal acto, e declarado de maneira expressa ou tácita ou por meio de atos manifestos. De acordo com Virally, devem ser atos jurídicos que tenham significação internacional, ou seja, atos realizados com a intenção de afetar as relações jurídicas em âmbito internacional. São actos jurídicos que produzem consequências jurídicas e criam, eventualmente, obrigações. Entretanto, deve-se observar que isso não impede que haja concorrência de outra vontade, como, por exemplo, um protesto que não seja aceito; porém, isso não terá força para impedir a eficácia da vontade já manifestada. Os actos unilaterais têm seu fundamento no costume, surgindo nos espaços onde não há regulamentação do Direito. Os Estados podem regulamentar através deles situações, mesmo que localizadas no estrangeiro, mas que possam produzir efeitos no seu território, assim como podem regular matéria a respeito da qual ele tenha interesse ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 29 especial, e que esse também exista para a sociedade internacional. Como exemplo desse caso, temos a lei canadense de 1970, que regula sobre a prevenção da poluição nas águas do Ártico até a distância de 100 milhas da costa. Alguns doutrinadores de Direito Internacional não conferem aos atos unilaterais caráter de fonte de Direito, considerando-os como direito transitório surgido na ausência de tratado ou costume, com os Estados exercendo livremente sua soberania desde que não atinja a de outro Estado. Também entendem o ato unilateral como apenas um instrumento de execução. Contudo, não pode ser negado a tais atos o caráter de fonte do Direito Internacional, pois normas jurídicas pelas quais os Estados devem pautar a sua conduta, ou seja, são um dos modos pelo qual os Estados se autolimitam. Para que tenham eficácia, os atos unilaterais devem atender a duas condições: a) Deve ser público, ou seja, de conhecimento da comunidade internacional b) Deve haver intenção do Estado que o elabora de se obrigar, pois não é possível fazer um ato unilateral que obrigue outro Estado. 2.1.7.1. Actos Unilaterais dos Estados e sua classificação Os actos unilaterais dos Estados não são todos e quaisquer atos isolados imputáveis a um Estado que têm o poder de produzir efeitos jurídicos no Direito Internacional, mas unicamente aqueles que o Direito Internacional reconhece com tais faculdades e dentro das hipóteses que por este são previstas. Alguns atos, entretanto, podem ser considerados como sendo de pura cortesia internacional – sugestão a outro Estado de adotar ou não um comportamento, consultas recíprocas, convites para se iniciar uma negociação internacional. Porém, se tais atos estiverem revestidos de forma jurídica, ou seja, se têm previsão em tratados ou convenções multilaterais, sendo obrigações, serão atos jurídicos unilaterais dos Estados, com o reconhecimento do Direito Internacional dessa sua posição. Não existe um único critério para a classificação dos atos unilaterais, havendo divergência entre os doutrinadores. Uma das classificações mais aceitas é a formulada por Charles Rousseau: a) Tácitos: silêncio ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 30 b) Expressos: protesto, notificação, renúncia, reconhecimento e promessa. Além desses atos, existe uma série de outros, tais como autorização, advertência, oferta de bons ofícios, anexação, ruptura de relações diplomáticas, aquiescência (atitude puramente passiva de um Estado perante uma situação de fato determinada, em circunstâncias que exigiriam em geral uma reação de sua parte), entre outros. A principal característica dos atos unilaterais é sua atipicidade, e podemos acrescentar a existência de outros atos unilaterais, tomados no sentido amplo da expressão, como a adesão, as decisões das organizações internacionais, entre outros. Além da classificação entre tácitos e expressos, os atos unilaterais também podem ser classificados como escritos (forma mais utilizada) e orais (podem apresentar o problema de se verificar os termos em que foram feitos). a) Tácitos O silêncio é o ato unilateral tácito por excelência, sendo assimilado à aceitação. Ocorre quando um sujeito de Direito Internacional não se manifesta em relação a um determinado ato unilateral, dessa forma, acatando-o. Para que isso ocorra, o ato unilateral deve obedecer a três condições: • O Estado interessado (o que guarda o silêncio) deve conhecer o ato • O objeto do ato unilateral deve ser um interesse jurídico • Deve ser concedido um prazo razoável para que o Estado interessado tenha a possibilidade de se manifestar Aplica-se a norma “qui tacet consentire videtur” (quem cala,
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