Buscar

Modulo de Direito Internacional Público

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 116 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 116 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 116 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURA EM: 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 
 
3º Ano 
Disciplina: DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO 
Código: ISCED31-CJURCFE033 
TOTAL HORAS/1o SEMSTRE: 125 
CRÉDITOS (SNATCA): 5 
Número de Temas: 8 
 
 
 
 
 
 
 
Direitos de autor (copyright) 
INSTITUTO SUPER 
 
 INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - ISCED 
 
 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e contém 
reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total deste manual, 
sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou 
outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto Superior de Ciências e Educação a 
Distância (ISCED). 
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais em 
vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
Direcção Académica 
Rua Dr. Lacerda de Almeida, nº 211, 1º Andar, 3º Bairro (Ponta-Gêa) 
Beira - Moçambique 
Telefone: +258 23323501 
Cel: +258 823055839 
Fax: +258 23324215 
E-mail: info@isced.ac.mz 
Website: http://www.isced.ac.mz 
 
i 
 
 
 
 
Agradecimentos 
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual 
agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste 
manual: 
Pela Coordenação 
Pelo design 
Direcção Académica do ISCED 
Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED 
Financiamento e Logística 
 
Pela Revisão 
Instituto Africano de Promoção da Educação 
a Distancia (IAPED) 
Alcides Malabone Alberto Nobela, Mestrado 
em Direito Comercial Internacional . 
 
Elaborado Por: MSc. Edmar Gerúsio Barreto Jorge – Mestre em Ciências Politicas e Relações 
Internacionais pelo ISCTAC, Licenciado em Direito pela UEM, Licenciado em Historia pela UP. 
 
 
 
 
ii 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, 
Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 
 
i 
 
Índice 
Visão geral 1 
 
Benvindo ao Módulo de Direito Internacional Publico ................................................... 1 
Objectivos do Módulo...................................................................................................... 1 
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................. 
1 
Como está estruturado este módulo ............................................................................... 2 
Ícones de actividade ........................................................................................................ 3 
Habilidades de estudo ..................................................................................................... 3 
Precisa de apoio? ............................................................................................................. 5 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ............................................................................... 6 
Avaliação .......................................................................................................................... 6 
Tema – I: Introdução ao Direito Internacional Publico 9 
 
UNIDADE Temática 1.1: Generalidades sobre DIPu .................................................................. 9 
Introdução ................................................................................................................................. 9 
 1.1.1. O conceito do Direito Internacional. ......................................... 9 
 1.1.2. Objecto do DIPu ....................................................................... 10 
1.1.4. Evolução Histórica do Direito Internacional Publico. .............. 16 
1.1.5. A relevância do Direito Internacional no Direito Interno: As 
concepções doutrinárias: dualista e Monista. ................................... 17 
Sumário ................................................................................................................................... 20 
Exercícios de Auto-Avaliação .................................................................................................. 20 
Exercícios ................................................................................................................................. 21 
TEMA – II: AS FONTES DO DIPu 22 
 
UNIDADE Temática 2.1. O contributo do art. 38 do Estatuto do Tribunal Internacional de 
Justica. ..................................................................................................................................... 22 
Introdução ............................................................................................................................... 22 
2.1.1. Os tratados Internacionais ...................................................... 23 
2.1.2. O Costume internacional ........................................................ 23 
2.1.3. Os princípios gerais do Direito ................................................ 25 
2.1.4. A Jurisprudência. ..................................................................... 26 
2.1.5. A doutrina. ................................................................................ 26 
 2.1.6. A equidade e analogia............................................................. 27 
 2.1.7. Actos Unilaterais ..................................................................... 28 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, 
Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 
 
ii 
 
 2.1.7.1. Actos Unilaterais dos Estados e sua classificação ............... 29 
Sumário .................................................................................................................................... 34 
Exercícios de Auto-Avaliação .................................................................................................. 34 
Exercícios ................................................................................................................................. 35 
UNIDADE Temática 2.2. Os Tratados Internacionacionais em especial ................................. 36 
Introdução ............................................................................................................................... 36 
2.2.2. O Procedimento geral de conclusão dos tratados 
internacionais……………………………………………………………………………...... 36 
2.2.1.1. As fases da conclusão dos tratados (negociação, adopção do 
texto, vinculação internacional entrada em vigor, registo e 
publicação).......................................................................................... 39 
2.2.1.1. As fases da conclusão dos tratados (negociação, adopção do 
texto, vinculação internacional entrada em vigor, registo e publicação) 
 ............................................................................................................ 40 
2.2.1.2. O regime das reservas em especial. ..................................... 49 
Sumário .................................................................................................................................... 50 
Exercícios de Auto-Avaliação .................................................................................................. 51 
Exercícios ................................................................................................................................. 51 
TEMA - III: Os Sujeitos Do Direito Internacional Publico 52 
 
UNIDADE Temática 3.1. Generalidades sobre os Sujeitos do DIPu ........................................ 52 
Introdução ...............................................................................................................................52 
3.1.1. O Estado .................................................................................... 53 
3.1.1.1. Surgimento e desaparecimento dos Estados. ....................... 54 
3.1.1.2. Reconhecimento dos Estados e dos Governos e sua 
importância. ....................................................................................... 55 
3.1.2. O indivíduo como Sujeito do DIPU ........................................... 57 
3.1.2.1. Situações jurídicas que contemplam o homem, indivíduo 
particular............................................................................................. 58 
Sumário .................................................................................................................................... 62 
Exercícios de Auto-Avaliação .................................................................................................. 63 
Exercícios ................................................................................................................................. 63 
TEMA - IV: As Organização Internacionais 64 
 
UNIDADE Temática 4.1. As Organizacoes internacionais enquanto Sujeitos do DIPu ........... 64 
Introdução ............................................................................................................................... 64 
4.1.1. Conceito e Classificação das Organizações Internacionais 
(OI)……………………………………………………………………………………………..….64 
4.1.1.2. Classificação das Organizações internacionais ..................... 65 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, 
Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 
 
iii 
 
4.1.2. ONU .......................................................................................... 67 
4.1.2.1. Organização ........................................................................... 68 
4.2.1.1. Objectivos da ONU ................................................................ 72 
4.2.1.2. Princípios gerais que regem a ONU ....................................... 72 
4.1.3. SADC ......................................................................................... 72 
Sumário .................................................................................................................................... 74 
Exercícios de Auto-Avaliação ................................................................................................... 74 
Exercícios ................................................................................................................................. 75 
TEMA - V: Os Espaços: Marítimo, Aéreo e Terrestre. 76 
 
UNIDADE Temática 5.1. O Direito do Mar. .............................................................................. 76 
Introdução ............................................................................................................................... 76 
 5.1.1. Generalidade sobre Direito do Mar ........................................ 77 
 5.1.2. Delimitação do território e soberania. ................................... 78 
 5.1.2.1. O mar territorial, ................................................................... 78 
5.1.2.2. Zona Contigua e Zona Económica Exclusiva ........................ 79 
5.1.2.3. Plataforma continental ......................................................... 80 
 5.1.2.4. Alto mar ............................................................................... 80 
Sumário .................................................................................................................................... 81 
Exercícios de Auto-Avaliação .................................................................................................. 82 
Exercícios ................................................................................................................................. 82 
TEMA - VI: Os conflitos Internacionais 84 
 
UNIDADE Temática 6.1. Métodos de Resolução dos conflitos Internacionais. ...................... 84 
Introdução ............................................................................................................................... 84 
 6.1.1. Conceito de métodos de Resolução, Pacifica de Conflitos. ...... 85 
 6.1.2. Métodos Diplomáticos ou não Judiciais: .................................. 85 
 6.1.3 Métodos Políticos ..................................................................... 88 
 6.1.4. Métodos Jurisdicionais ............................................................. 88 
Sumário .................................................................................................................................... 89 
Exercícios de Auto-Avaliação ................................................................................................... 89 
Exercícios ................................................................................................................................. 89 
TEMA - VII: Responsabilidade Internacional 90 
 
UNIDADE Temática 7.1Responsabilidade Internacional dos Estados. .................................... 90 
Introdução ............................................................................................................................... 90 
 7.1.1. Noções Históricas sobre a responsabilidade dos estados. 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, 
Disciplina/Modulo: Direito Internacional Público 
 
iv 
 
 ................................................................................................................................................. 91 
 7.1.2. Noções sobre responsabilidade Internacional......................... 94 
 7.1.3. Formas de Responsabilidades ................................................. 97 
Sumário .................................................................................................................................... 99 
Exercícios de Auto-Avaliação .................................................................................................. 99 
Exercícios ............................................................................................................................... 100 
TEMA - VIII: A Constituição da Republica de Moçambique de 2004 e o DIPu 100 
 
UNIDADE Temática 4.1. A CRM de 2004 e o Direito Internacional....................................... 100 
Introdução ............................................................................................................................. 100 
 8.1. A Constituição da República de Moçambique de 2004 e o Direito 
 Internacional .................................................................................. 102 
 8.1.1. Considerações Gerais ........................................................... 102 
 8.1.2. A incorporação das fontes de Direito Internacional na ordem 
 jurídica de Moçambique................................................................. 102 
 8.1.3. O procedimento de vinculação internacional do Estado 
 moçambicano ................................................................................. 102 
 8.1.4. Publicitação do Direito Internacional na ordem jurídicamoçambicana ................................................................................ 102 
Sumário .................................................................................................................................. 103 
Exercícios de Auto-Avaliação ................................................................................................ 103 
Exercícios ............................................................................................................................... 103 
Exercícios Finais ..................................................................................................................... 104 
 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: 
Direito Internacional Público 
1 
 
Visão geral 
 
Benvindo ao Módulo de Direito Internacional Publico 
Objectivos do Módulo 
Ao terminar o estudo deste módulo de Direito Internacional 
Publico (DIPu) deverás ser capaz de: conhecer aspectos gerais 
acerca da Comunidade Internacional, da origem e evolução do 
Direito Internacional, da relação entre o direito internacional e 
o direito interno, dos sujeitos de Direito Internacional, das 
principais temáticas que versam as normas internacionais, 
atendendo a que a evolução recente de intensificação da 
cooperação internacional tem conduzido à regulação 
internacional de novos domínios. 
 
 
 Definir Comunidade Internacional, 
 Identificar as Fontes do DIPu 
 Caracterizar os Sujeitos do DIPu 
Objectivos 
Específicos 
 Explicar os métodos de resolução pacífica de conflitos 
internacionais. 
 Caracterizar a comunidade internacional e sua 
organização jurídica. 
 
 
 
Quem deveria estudar este módulo 
Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de 
licenciatura em Direito do ISCED e outros como 3ºano de Ciência 
Politica e Relações Internacionais etc. Poderá ocorrer, contudo, 
que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus 
conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos, não 
sendo necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o 
manual. 
 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: 
Direito Internacional Público 
2 
 
Como está estruturado este módulo 
Este módulo de Direito Internacional Público, para estudantes do 
2º ano do curso de licenciatura em Direito e , à semelhança dos 
restantes como 3º ano de Ciência Politica e Relações Internacionais 
do ISCED, está estruturado como se segue: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo. 
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção 
com atenção antes de começar o seu estudo, como 
componente de habilidades de estudos. Conteúdo desta 
Disciplina / módulo 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas visualizadas por 
um sumário. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. No final de cada unidade 
temática ou do próprio tema, são incorporados antes exercícios de 
auto-avaliação, só depois é que aparecem os de avaliação. Os 
exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos, Problemas não resolvidos e actividades 
práticas algumas, incluindo estudo de casos. 
 
Outros recursos 
A equipa dos académica e pedagogos do ISCED pensando em si, 
num cantinho, mesmo o recóndido deste nosso vasto 
Moçambique e cheio de dúvidas e limitações no seu processo de 
aprendizagem, apresenta uma lista de recursos didácticos 
adicionais ao seu módulo para você explorar. Para tal o ISCED 
disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material 
de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou 
módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou 
electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a Plataforma 
digital moodle para alargar mais ainda as possibilidades dos seus 
estudos. 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos 
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características: 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: 
Direito Internacional Público 
3 
 
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de 
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de 
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame 
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os 
exercícios de avaliação é uma grande vantagem. Comentários e 
sugestões 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico 
Pedagógica, etc deveriam ser ou estar apresentadas. Pode ser que 
graças as suas observações, o próximo módulo venha a ser 
melhorado. 
 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas 
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar 
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar 
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, 
uma mudança de actividade, etc. 
 
Habilidades de estudo 
O principal objectivo deste capítulo é o de ensinar, aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para 
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará 
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons 
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e 
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando 
estudar. Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos 
que caro estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos 
estudos, procedendo como se segue: 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de 
leitura. 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: 
Direito Internacional Público 
4 
 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e 
assimilação crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou 
as de estudo de caso se existirem. 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando...estudar, como foi referido 
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de 
estudo reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: 
Estudo melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor 
à noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? 
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio 
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada 
hora, etc. 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido 
estudado durante um determinado período de tempo; Deve 
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao 
seguinte quando achar que já domina bem o anterior. 
Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler 
e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é 
juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos 
conteúdos de cada tema, no módulo. 
Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
tempo superiora uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso (chama-
se descanso à mudança de actividades). Ou seja que durante o 
intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos das 
actividades obrigatórias. 
Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual 
obrigatório pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento 
da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado 
volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, 
criando interferência entre os conhecimentos, perde sequência 
lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não aprende, cai 
em insegurança, depressão e desespero, por se achar injustamente 
incapaz! 
Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: 
Direito Internacional Público 
5 
 
de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, 
estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área 
em que está a se formar. 
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
resta, deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo 
quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será 
uma necessidade para o estudo das diversas matérias que 
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar 
a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as 
partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, 
vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a 
margem para colocar comentários seus relacionados com o que 
está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir 
à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; 
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado 
não conhece ou não lhe é familiar; 
 
Precisa de apoio? 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas 
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis 
erros ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, página 
trocada ou invertidas, etc). Nestes casos, contacte os serviços de 
atendimento e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), 
via telefone, sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta 
participando a preocupação. 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é a de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC se 
torna incontornável: entre estudantes, estudante – Tutor, 
estudante – CR, etc. 
As sessões presenciais são um momento em que você caro 
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff 
do seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED 
indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste 
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza 
pedagógica e/ou administrativa. 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: 
Direito Internacional Público 
6 
 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% 
do tempo de estudos a distância, é muita importância, na medida 
em que permite-lhe situar, em termos do grau de aprendizagem 
com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará a saber se 
precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. Desenvolver 
hábito de debater assuntos relacionados com os conteúdos 
programáticos, constantes nos diferentes temas e unidade 
temática, no módulo. 
 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
auto avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues 
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de 
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da 
disciplina/módulo. 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
O plágio1 é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es). Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do testo de um 
autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade, humildade 
científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a 
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
 
Avaliação 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/turor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja 
uma avaliação mais fiável e consistente. 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com 
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os 
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 
 
1
 Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, propriedade 
intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: 
Direito Internacional Público 
7 
 
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 
avaliação do estudante consta detalhada do regulamento da de 
avaliação. 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
Os exames são realizados no final da cadeira disciplina ou modulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da 
cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as 
recomendações, a identificação das referências bibliográficas 
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de 
Avaliação.
 
 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
9 
 
Tema – I: Introdução ao Direito Internacional Público 
Unidade Temática 1: Generalidades do direito Internacional Publico 
(DIPu) 
 
 
UNIDADE Temática 1.1: Generalidades sobre DIPu 
 
 
Introdução 
 
Nesta unidade pretendemos fazer o estudo de matérias introdutórias 
relativamente ao DIPu, pretendemos trazer a tona a noção, objecto de 
estudos, as características e abordando de forma geral as fontes do 
DIPu. Desta feita far-se-á o Estudo da relevância do DIPu e o seu 
relacionamento com o Direito interna. 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
• Definir o direito internacional público 
segundo os vários critérios. 
Objectivos Caracterizar o DIPu 
• Explicar as divisões do DIPu.• Descrever a evolução histórica do DIPu e seus períodos. 
• Descrever a relevância do DIPu no direito interno, com 
base nas teorias dualista e monista 
 
1.1.1. O conceito do Direito Internacional. 
 
O Direito Internacional Público – pode ser tratado, como o conjunto 
de princípios e normas, positivos e costumeiros, representativos dos 
direitos e deveres aplicáveis no âmbito da sociedade internacional. 
Denomina-se Direito Internacional o conjunto das normas 
internacionais que se perfazem por 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
10 
 
meio dos princípios e das regras, bem como pelos costumes 
internacionais. Será público, quando se referir aos direitos e deveres 
dos próprios Estados em suas relações; e privado, quando tratar da 
aplicação, a particulares sujeitos a um determinado Estado, de leis 
civis, comerciais ou penais emanadas de outro Estado. 
O Direito Internacional nasce para regular as relações entre os Estados 
– relações interestaduais. Esse é o conceito clássico. 
O Direito Internacional moderno surgiu após a Segunda Guerra 
Mundial – a partir de 1945. É a disciplina que regula as relações 
interestaduais, bem como as condutas das organizações 
internacionais, intergovernamentais e também dos indivíduos no 
plano internacional, ainda que a actuação destes seja um pouco mais 
limitada. 
Segundo Quadros e Pereira2 podemos definir o Direito Internacional 
segundo três critérios: o critério dos Sujeitos do Direito Internacional 
(DI), o do objecto da norma internacional e o critério da forma de 
produção da norma internacional. 
Segundo o o critério dos Sujeitos do DI, Direito internacional Publico é 
o conjunto de normas jurídicas reguladoras das relações entre os 
estados. Criticas se fazem a este critério, pois este exclui os outros 
sujeitos do DIPu. 
Para o critério objecto da norma internacional DIPu é o conjunto de 
normas jurídicas que regulam as matérias internacionais por natureza. 
Também é criticável no sentido de que o Direito internacional pode em 
princípio regular qualquer matéria e ser dirigida a qualquer entidade 
susceptível de personalidade jurídica. 
Finalmente o critério da forma de produção da norma internacional, 
que é a posição adoptada cã entre nos, este não atende nem os 
sujeitos do DI, nem o objecto da norma da norma internacional, mas 
sim exclusivamente a sua forma de produção. Nesta perspectiva o 
Direito internacional Publico será um conjunto de normas jurídicas 
criadas pelos processos de produção jurídica próprios da comunidade 
internacional, e que transcendem o âmbito estadual. 
 
1.1.2. Objecto do DIPu 
 
 
2
 QUADROS Faustos & PEREIRA Gonsalves Adré. Manual de Direito Internacional. 
Coimbra: Almedina, 1997. 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
11 
 
Num primeiro momento, o objecto do Direito Internacional são os 
Estados, regendo a actividade inter-Estatal. Com o fim da 2ª Guerra 
Mundial começam a surgir as Organizações Internacionais (ONU, OMC, 
FMI, etc.), e estas passaram a deter também personalidade Jurídica 
Internacional, atribuindo aos indivíduos capacidades postulatórias. 
Seitenfus e Ventura elucidam que há uma tríplice função do direito 
internacional público: 
(a) Repartição de competência entre os estados soberanos, cada qual 
com sua delimitação territorial, ao qual exerce sua jurisdição. 
(b) Fixa obrigações aos Estados soberanos, de modo que as suas 
liberdades de actuação são limitadas; 
(c) Rege as relações entre as organizações internacionais 
O Direito Internacional Público (DIP) é composto pelos sujeitos ou 
atores de direito internacional público5, que estão sujeitos às regras, 
princípios e costumes internacionais.6 Entretanto, não apenas de 
relações entre Estados cuida o DIP. Como ressalta Gustavo Bregalda, o 
Estados tem sua personalidade jurídica internacional reconhecida 
pelos outros Estados ou pelos organismos internacionais. 
 
Organismos internacionais são pessoas ou colectividades criadas pelos 
próprios sujeitos de direito internacional, reconhecendo-os como 
pessoas internacionais, com capacidade de ter direitos e assumir 
obrigações na ordem internacional. São exemplos a ONU, OEA. Podem 
ainda ser criados por particulares, como a Cruz Vermelha 
Internacional, a Ordem de Malta, por exemplo. 
 
Portanto, actualmente, o objeto moderno do Direito Internacional é 
os Estados, as Organizações Internacionais e os Indivíduos. Alguns 
doutrinários salientam que as empresas são atores actuantes nas 
relações internacionais, de modo que devem figurar como integrantes 
do Relacionamento internacional. Quanto ao indivíduo, este tem 
responsabilidade activa e passiva, podendo tanto postular quanto ser 
demandado internacionalmente. 
 
 1.1.3. Sociedade Internacional vs Comunidade Internacional 
 
A sociedade internacional é formada pelos Estados, pelos organismos 
internacionais e pelo homem, apresentando as características em 
relação às sociedades internas: 
 
(a) Isonomia: deve haver igualdade entre os sujeitos; 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
12 
 
(b) Descentralização: pois vários são os criadores e destinatários das 
normas de direito internacional. Ainda permanece, mas não como 
uma verdade absoluta, já que existem hoje órgãos completamente 
centralizados, como por exemplo, a União Europeia; 
(a) Universalidade: deve abranger o máximo possível de integrantes; 
(b) É Aberta: como corolário lógico da característica anterior, é aberta 
à novos integrantes. 
(c) Com direito originário: visam criar um âmbito normativo novo. 
 
Apresentando as seguintes características3: 
(a) Multiplicidade de Estados, dotados de soberania; 
(b) Relações comerciais internacionais 
(c) Princípios jurídicos em comum. 
 
São expressões que não se confundem, apesar de serem utilizados 
como sinónimos. A sociedade internacional é formada pelos sujeitos 
de direito internacional: Estados, Organizações Internacionais, 
Empresas e Indivíduos. A comunidade internacional, por seu turno, é 
marcada pela união natural (laço espontâneo), marcados por 
afinidades de cunho social, cultural, familiar, religioso.4Ao se falar em 
comunidade internacional, não há que se pensar em dominação de 
uns perante os outros. 
 
 
 1.1.1.1. Ordem Jurídica da Sociedade Internacional 
 
A ordem jurídica interna é centralizada e organizada verticalmente. No 
âmbito do Direito Internacional, a ordem jurídica é descentralizada, 
não existindo norma jurídica superior com capacidade para impor aos 
Estados o cumprimento de suas decisões. A Carta da ONU não é uma 
Constituição. O Direito Internacional ainda depende muito do 
voluntarismo, ou seja, da vontade de cada Estado. Salienta Rezek que 
“no plano internacional não existe autoridade superior nem milícia 
permanente. Os Estados se organizam horizontalmente, e 
prontificamos e a proceder de acordo com normas jurídicas na exacta 
 
3
 BREGALDA, Idem ibidem. Entretanto, há autores que não reconhecem o ser 
humano como componente da sociedade internacional, não sendo, portanto, sujeito de 
direito internacional. 
4
 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional..., p. 34. 
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Direito Internacional Público, p. 10. 
5
 REZEK, 
José Francisco. Direito internacional público: curso elementar – 9ª ed. – São 
Paulo: Saraiva, 2002, p. 1. 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: DireitoInternacional Público 
 
13 
 
medida em que estas tenham constituído objecto de seu 
consentimento. A criação de normas é, assim, obra directa de seus 
destinatários”.5 
 
 1.1.1.2. Fundamento do Direito Internacional 
 
Fundamento liga-se à obrigatoriedade da disciplina. Existem varias 
correntes: 
 
A tese Anarquista 
Anarquistas e Voluntaristas negam a existência do Direito 
Internacional Público. 
Os primeiros fazem-no frontalmente. Dos acordos, actos livremente 
revogáveis pelo Estado mais forte, não pode nascer Direito. Falar em 
segurança colectiva é insistir numa utopia. 
Embora frequentemente o panorama internacional se possa pintar 
com cores tão negras, há um aspecto essencial à questão que urge pôr 
em relevo: quando surge um litígio internacional, logo se tentam 
utilizar métodos e fórmulas jurídicas na sua resolução, citam-se 
precedentes judiciais, procura-se saber qual o sentido do Costume ou 
do Tratado aplicável ao caso, que se trata como jurídico, como 
relevante para uma certa ordem jurídica e que é exactamente a ordem 
jurídica internacional. Quer dizer, o exagero dos Anarquistas está em 
ligarem demasiado às violações espectaculares do Direito 
Internacional e não ao cumprimento de que muitíssimas vezes é 
objecto de uma forma espontânea. É certo que há violações 
constantes do Direito Internacional. Mas então a metodologia 
Anarquista peca pelo alvo que escolhe para sua crítica: o problema em 
causa é mais de imperfeição de grau, do que de inexistência. 
Corrigidas as proporções da Tese Anarquista, há todavia conceder o 
que se segue. Por um lado, os Estados só se submetem à jurisdição 
dum Tribunal Arbitral Internacional ou do Tribunal Internacional de 
Justiça se quiserem. 
Em segundo lugar, e embora o nascimento de normas jurídicas 
internacionais não constitua um problema real, dado o seu contínuo 
surgimento sobre tudo por meio de Tratados Bi e Multilaterais e para 
não falar em competência “legislativa” das organizações de carácter 
supranacional, é óbvio que a inexistência de 
 órgãos internacionalmente instituídos para a execução forçada de 
sanções leva cada Estado a munir-se individualmente de medidas de 
auto protecção que, para fazermos nossas as palavras de Truyul Y Serra, 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
14 
 
pecam por “dois grandes defeitos: por um lado, há frequentes 
desproporções entre o direito tutelado e a força que há-de aplicar-se 
para a sua satisfação; por outro lado, o êxito depende, em última 
análise, da distribuição de forças entre os respectivos Estados ou outros 
sujeitos internacionais, pelo que, de facto, a coacção será dificilmente 
operante contra grandes potências”. 
 
 As doutrinas Voluntaristas 
Também a Doutrina Voluntarista, em qualquer das suas variantes, 
acaba por negar o Direito Internacional Público. Mas fá-lo duma forma 
sub-reptícia. Afirmando o Estado como entidade soberana e 
omnipotente, conclui muito logicamente que a obrigação internacional 
só pode derivar da sua própria vontade. Ou seja, a vinculação depende 
da vontade obrigada. Melhor dizendo, não existe obrigação. 
As doutrinas de Auto limitação e do Direito Estadual Externo: 
O Estado, como poder independente e supremo, situa-se acima de 
todo e qualquer princípio ou norma jurídica. De forma que qualquer 
obrigação que surja só pode basear-se no seu consentimento, quer 
dizer, só pode ser uma auto-obrigação, já que nenhum órgão 
internacional nem nenhum outro Estado podem ditar leis que se 
imponham a um outro ente supremo que para tal não manifestou o 
seu consentimento; 
A doutrina do Tratado-lei ou da Vontade Colectiva (“Vereinbarung”): 
Quando se juntam duas ou mais vontades num acordo, pode ser para 
satisfazerem interesses antagónicos ou para prosseguirem finalidades 
comuns. Quando os Estados querem prosseguir um interesse comum, 
manifestam um único feixe de vontades no mesmo sentido, originando 
obrigações idênticas para todos, assim surge Verinbarung, acordo 
colectivo ou Tratado-lei. Nesta figura não se distinguem partes mas 
antes legisladores. 
A teoria Marxista-leninista: 
Para esta teoria, cada Estado é caracterizado por uma formação social, 
de cuja super estrutura também faz parte o Direito Internacional, 
condicionado e determinado pela infra-estrutura económica e 
influenciando ainda pelo Direito Constitucional, pela moral, pela 
filosofia, etc. O Direito Internacional não surge, portanto, dum vogo 
comunitarismo, mas é antes o resultado de um complexo processo em 
que actuam sistemas sociais opostos. De forma que, se são diferentes 
as vontades dos Estados, por representarem interesses de classes 
diferentes, o Direito Internacional deixa de ser um Direito Universal. 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
15 
 
Começa então a distinguir-se o Direito Internacional do Sistema 
Capitalista e o Direito Internacional do Sistema Socialista. 
Foi sobretudo a partir de 1958 que Tunkin, começou a desenvolver a 
ideia e os princípios do Direito Internacional Socialista. Os Estados 
Sociais estão ligados por relações diferentes das que os ligam os 
Estado Capitalistas. A base económica dessas relações é a propriedade 
social dos meios de produção; o regime político é dirigido pela classe 
trabalhadora; a ideologia é o Marxismo-leninismo; e o interesse da 
defesa das conquistas revolucionárias contra os ataques do 
Capitalismo é o comum dos indivíduos de todos os Estados Socialistas: 
o internacionalismo proletário torna-se o princípio fundamental do 
Direito Internacional Socialista. 
A teoria Marxista-leninista, leva a uma contradição no campo dos 
princípios e a outras consequências práticas que apenas podem ser 
justificadas pela legitimação do uso da força. 
 A teoria Objectivista de Kelsen 
Conclui-se pois, que a obrigatoriedade do Direito Internacional provém 
doutra fonte que não a vontade dos Estados. A vontade só produz 
efeitos jurídicos na medida em que uma norma anterior e superior a 
essa vontade determina qual o seu relevo jurídico. 
Para o internacionalista Vienense, a validade de uma norma não 
depende da vontade que a cria mas antes da norma que lhe é 
imediatamente superior. Num sistema jurídico, as normas escalonar-
se-iam de tal forma que cada uma encontraria o seu fundamento 
naquela de que procede e, no vértice da pirâmide, encontrar-se-ia a 
“Grundnorm”, a norma fundamental, de carácter hipotético, na qual o 
sistema encontraria a sua unidade 
O Neojusnatoralismo 
Fundamenta o Direito Internacional naquele conjunto de “normas que 
resultam da natureza racional e social do homem”, isto é, naqueles 
princípios objectivos que se sobrepõem à vontade humana e que são 
inerentes à comunidade político-social a que se destinam. 
 Posição Adoptada 
O fundamento do Direito Internacional Público não é diferente do 
Direito em geral. 
 Portanto, a diferença entre o Direito Internacional e o Direito Interno 
pode ser uma diferença de grau mas nunca de natureza. É que, tal 
como para regular as relações entre indivíduos no quadro estadual há 
normas de determinado conteúdo que se impõem naturalmente, 
também as exigências da consciência pública impõem regras 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
16 
 
adequadas, em cada época, à cooperação, ao progresso e ao 
desenvolvimento dos povos. 
Não há normas ou princípios necessários, a não ser os princípios 
constitucionais da comunidade internacional, mas há um certo 
conteúdo que é necessário em todas as normas e princípios. E só esse 
conteúdo de justiça evitará que tais normas e tais princípios pequem 
pela sua transitoriedade e sobretudo que sejam alvo de uma 
contestação prematura.1.1.4. Evolução Histórica do Direito Internacional Publico. 
Sobre a evolução histórica do DIPu traremos aqui os grandes períodos 
históricos e os principais acontecimentos em cada período por uma 
questão de gestão de tempo. 
 
1º Período: Pré-histórico 
Antiguidade Clássica (pouca contribuição para o DIP) 
• Influências Roma (Direito Romano) – Jus Civile (Direito Civil) e Jus 
Gentium (Direito das Gentes, para os outros, estrangeiro). 
 
 Idade Média (após queda de Roma) 
• Formação dos primeiros embriões dos Estados Europeus (os 1ºs 
actores) 
• Como os Estados eram fracos, surgiu o fenómeno do Feudalismo, 
impedindo o crescimento de Estados fortes. 
• Existência de poder do Papado / Imperador / Feudalismo. 
 
Idade Moderna 
• Conceito de Soberania (Jean Bodin); 
• Os Descobrimentos; 
• A Reforma (divisão religiosa); 
 
2º Período Clássico Idade Moderna 
• Paz de Westphalia (surgimento do DI). 
• Igualdade entre os Estados. 
 
Idade Contemporâneo (XIX) (Congresso de Berlim) 
• Restabelecimento de novas RI (ex. bilaterais e multilaterais); 
• Criação de normas Internacionais (ex. divisão dos rios e mares); 
• 1ºs Convenções humanitárias e novos actores (ex. Cruz Vermelha 
Internacional proteger feridos/prisioneiros de guerra, Convenção 
de Genebra) 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
17 
 
 
3º Período Moderno 
• Princípio da Solidariedade Internacional e justiça social entre os 
povos 
• Soberania vs Solidariedade Internacional 
 
 Surgimento das Org. Internacionais (início do Séc.XX) reflectem a 
própria sociedade. OI Inter-Governamentais – ONU, Conselho da EU OI 
Supra-nacional – UE (parlamento e comissão). 
 
Surgimento de novos Estados 
• Multiplicação de novos Estados, consequência das 
descolonizações; 
• Diferenças económicas entre Estados; 
• Princípios de cooperação entre Estados mais pobres. 
 
 Protecção dos Direitos do Homem (surgiu Séc. XX, pós 2ªGM) 
• Declaração Universal dos Direitos do Homem 
• Surge o Homem, o individuo como parte do Direito e actor das RI 
com uma série de Direitos face ao Estado, ultrapassando as 
fronteiras do Estado protegido de Direitos Universais. 
 
Proscrição / Proibição do uso da força 
 Através da Carta das NU. 
 
 Exploração de novos espaços internacionais. 
• Polo Sul – Antártida; 
• Lua; 
• Alto Mar (depois das 12 milhas aplica-se o DI); Espaço Aéreo 
Internacional 
 
1.1.5. A relevância do Direito Internacional no Direito Interno: As concepções 
doutrinárias: dualista e Monista. 
Uma questão tormentosa é a relação entre conflitos entre as normas 
de Direito Internacional e de Direito interno, “A questão em apreço é 
polémica, e seu tratamento reveste-se de grande importância, em 
função do relevo que o Direito Internacional vem adquirindo como 
marco que visa a disciplinar o actual dinamismo das relações 
internacionais, dentro de parâmetros que permitam que estas se 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
18 
 
desenvolvam num quadro de estabilidade e de obediência a valores 
aos quais a sociedade internacional atribui maior destaque”.5 
 
Para tanto, há duas teorias explicativas do impasse entre conflito entre 
direito internacional público e direito interno, quais sejam, as teorias 
Monista e dualista. 
 
a) Teoria dualista ou Dualismo: 
 
Salienta que direito internacional e direito interno são realidades 
distintas, ou seja, tem âmbito de incidência completamente diferente. 
O Direito internacional rege as relações exteriores entre os Estado ao 
passo que o Direito interno disciplina as relações internas do Estado. 
Tendo em vista esta perspectiva, não há que se falar, para esta teoria, 
em conflito de normas de direito interno e internacional, uma vez que 
a ordem internacional não pode regular questões internas. “Os 
tratados internacionais representam apenas compromissos exteriores, 
assumidos por Governos na sua representação, sem que isso possa 
influir no ordenamento interno desse Estado, gerando conflitos 
insolúveis dentro dele”.6 
 
aa) Teoria da incorporação, transformação ou mediatização Para 
esta teoria, como as normas tem incidência distinta, apenas no caso de 
o Estado incorporar internamente o preceito de direito internacional, 
por meio de alteração de suas leis internas, ou seja, “a norma 
internacional só vale quando recebida pelo direito interno”.7 
 
 ab) Dualismo moderado 
 
Para o dualismo moderado “não é necessário que o conteúdo das 
normas internacionais seja inserido em um projecto de lei interna, 
bastando apenas a ratificação dos tratados por meio de procedimento 
específico, que inclua a aprovação prévia do parlamento e a ratificação 
do chefe de Estado”.8 
 
 
5
 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional Público e Privado, p. 
51. 
6
 MAZZUOLI, Direito internacional. p. 72. 
7
 MAZZUOLI, op. Cit. 
8
 PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito internacional Público e Privado, p. 
53. 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
19 
 
b) Teoria Monista ou Monismo 
Para os autores que defendem a escola Monista – O direito é um só. É 
uma norma superior. Existe apenas uma ordem jurídica. Assim, um 
tratado internacional seria também uma manifestação do povo 
Moçambicano. O Tratado estaria dentro da pirâmide de hierarquia e 
conviveria a CRM com as leis ordinárias com actos etc. 
O direito é um só. O Estado possui o Direito e o respeita, adopta o 
direito internacional, porém não incorpora-o da forma como na teoria 
dualista, que, inclusive, adopta a teoria da “incorporação”. 
Existem duas formas de manifestação de Monismo: 
Monismo com Primazia do Direito Internacional = Defende que o 
tratado é compatível com a lei interna. Em caso de conflito haveria 
prevalência do Tratado com primazia do Direito Internacional, ou seja, 
primazia do direito internacional. 
A principal crítica dirigida à esta Teoria é que ela não corresponde à 
História, que nos ensina ser o Estado anterior ao DI. Os Monista 
respondem que sua teoria é "lógica" e não histórica. Realmente, negar 
a superioridade do DI é negar a sua existência, uma vez que os Estados 
seriam soberanos absolutos e não estariam subordinados a qualquer 
ordem jurídica que lhes fosse superior. 
Embora seja o Estado sujeito de Direito Interno e de DI, ele é a mesma 
pessoa e, assim, não se pode conceber que esteja submetido a duas 
ordens jurídicas em choque. O direito, na sua essência, é um só e a 
Ordem Internacional acarreta a responsabilidade do Estado, quando 
ele viola um dos seus princípios. E o Estado aceita esta 
responsabilidade. Por este motivo é que ocorre a primazia do DI sobre 
o Direito Interno. 
Monismo com primazia do Direito Interno = Defenda de que existe 
apenas uma ordem jurídica – interna e externa. Num eventual conflito, 
a prevalência seria da lei interna, do direito interno, ou seja, primazia 
do direito interno. 
Temos, pois, que: Teoria Monista, segundo a qual, o Direito 
Internacional e o Direito Interno são dois ramos de um mesmo 
sistema, emana de uma só fonte. Para os Monista, o Direito é um só, 
com diferentes primazias. 
São críticas levantadas a essa teoria: 
A 1ª e mais importante de todas é que ela nega a existência do próprio 
DI como um direito autónomo, independente. Ela o reduz a um 
simples direito estatal; 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
20 
 
- 2ª Crítica: alguns a classificam como pseudomonista, pois na verdade 
ela é pluralista, tendo em vista a existência de várias ordens internas;Finalmente, podemos apresentar uma 3ª crítica que é a de que se a 
validade dos Tratados Internacionais repousasse nas normas 
constitucionais que estabelecem o seu modo de conclusão, toda a 
modificação na ordem constitucional 
por um processo revolucionário deveria acarretar a caducidade de 
todos os Tratados concluídos na vigência do regime anterior. Mas isso 
não ocorre, porque em nome da continuidade e permanência do 
Estado ele é ainda obrigado a cumprir os Tratados concluídos no 
regime anterior. Assim é explicado porque um Tratado não pode ser 
inovado se o direito interno muda. O Tratado é feito pelo Estado e não 
pelo Governo, pois este muda. 
 
 
Sumário 
Nesta unidade abordamos a respeito das matérias introdutórias, 
donde começamos por conceptualizar o Dipu, segundo vários autores, 
mas que tomos como preferência as definições apresentadas pelo 
professor Fausto Quadro, donde elencou 3 critérios para a definição 
do Dipu, o critério dos Sujeitos do Direito Internacional (DI), o do 
objecto da norma internacional e o critério da forma de produção da 
norma internacional Dodos quais a nossa posição adoptada foi a do 
ultimo critério. No que diz respeito ao obejecto de estudo dissemos 
que actualmente o objecto de estudo do DIPu sao os sujeito do DI. De 
seguida vimos a dinâmica da comunidade internacional, por fim 
destacamos as teorias monistas e dualistas no que tange ao 
relacionamento entre o DIPu e o direito Interno. 
 
 
Exercícios de Auto-Avaliação 
1. Quais os critérios de definição do DIPu segundo Fausto 
Quadro? 
Resposta: o critério dos Sujeitos do Direito Internacional (DI), o do 
objecto da norma internacional e o critério da forma de produção 
da norma internacional Dods quais a nossa posição adoptada foi a 
do ultimo critério. 
2. Dos conceitos apresentados, qual a posição adoptada, 
enunciada. 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
21 
 
Resposta: o critério da forma de produção da norma internacional, 
que é a posição adoptada cã entre nos, este não atende nem os 
sujeitos do DI, nem o objecto da norma da norma internacional, 
mas sim exclusivamente a sua forma de produção. Nesta 
perspectiva o Direito internacional Publico será um conjunto de 
normas jurídicas criadas pelos processos de produção jurídica 
próprios da comunidade internacional, e que transcendem o 
âmbito estadual 
 
Exercícios 
1. Formule as definições de DIPu de acordo com os critérios por si 
estudados. 
2. O Monismo apresenta duas perspectivas, identifique-as 
estabelecendo a diferença entre si. 
3. Qual o objecto do DIPu? 
4. Apresente 4 característica da Comunidade internacional? 
5. Qual o fundamento do DIPu Segundo a teoria de Kelsen 
TEMA – II: As Fontes do DIPu 
Unidade Temática 2.1. O contributo do art.38 do Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça. 
Unidade Temática 2.2. Os Tratados Internacionais em Especial. 
 
UNIDADE Temática 2.1. O contributo do art. 38 do 
Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça. 
 
Introdução 
As fontes em Direito são as diversas maneiras de revelação do próprio 
direito. Nesta unidade iremos nos dedicar ao estudo das fontes do 
DIPu, começando por falar da importância do enunciado do art.º 38 do 
ETIJ. Dentro das fontes iremos destacar as fontes principais e fontes 
secundárias. 
Ao completar esta unidade, você será capaz de: 
 
 
 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
22 
 
• Conhecer as fontes do DIPu. 
• Caracterizar as fontes do DIPu, 
 
Objectivos Explicar a importância do ETIJ na determinação das fontes do DIPU. 
 
 
Vamos agora ocupar-nos dos processos de produção jurídica através 
dos quais surgem as normas do Direito internacional isto é suas fontes. 
Excluímos neste ponto as fontes materiais. É conhecida a distinção 
entre fontes materiais e fontes formais, bastando, em grandes linhas 
que as fontes materiais são as razoes pelas quais aparecem as normas 
e as formais o seu processo de revelação. 
A comunidade internacional não é um estado conforme dissemos, por 
conseguinte não existe uma constituição universal que determine 
quais as fontes do DIPu, mas existe e figura um texto com valor para 
universal, pela sua importância política e pelo número de Estados que 
a ele aderiram: è o Estatuto do Tribunal Internacional de Justiça 
(doravante designado por ETIJ). O art. 38 dispõe: 
1. O Tribunal, cuja função é decidir em conformidade com o direito 
internacional as controvérsias que lhe forem submetidas, aplicará: 
a. As convenções internacionais, quer gerais, quer especiais, que 
estabeleçam regras expressamente reconhecidas pelos Estados 
litigantes; 
b. O costume internacional, como prova de uma prática geral aceite 
como direito; 
c. Os princípios gerais de direito, reconhecidos pelas nações 
civilizadas; 
d. Com ressalva das disposições do artigo 59, as decisões judiciais e a 
doutrina dos publicistas mais qualificados das diferentes nações, como 
meio auxiliar para a determinação das regras de direito. 
2. A presente disposição não prejudicará a faculdade do Tribunal (*) de 
decidir uma questão ex aequo et bono, se as partes assim convierem. 
 
 
Este artigo é considerado unanimemente o rol mais concentrado das 
fontes do Direito Internacional Público. Não traz um rol exaustivo, mas 
sim exemplificativo. Existem outras fontes não elencadas nesse 
dispositivo, mas reconhecidas pela doutrina internacional, falamos por 
exemplo dos actos unilaterais, a equidade e analogia. 
 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
23 
 
 2.1.1. Os tratados Internacionais 
Tratados e Convenções Internacionais – são as principais fontes do 
Direito Internacional, por trazerem maior estabilidade, segurança e 
certeza às relações internacionais, quer gerais, quer especiais 
estabelecem regras expressamente reconhecidas pelos Estados. 
Tratando-se de uma das principais fontes do DIPu, reservamos para 
tratar da matéria dos Tratados internacionais no próximo ponto com 
maior profundidade. 
 2.1.2. O Costume internacional 
Segundo Prof. Castro Mendes Costume – é uma prática reiterada com 
convicção de obrigatoriedade. 
O Costume foi a principal fonte do DIP, em virtude de a sociedade 
internacional ser descentralizada. Actualmente, embora a sociedade 
internacional ainda permaneça descentralizada, o Costume começou a 
regredir, tendo em vista a sua lentidão e incerteza. 
Na sua origem, o Costume é uma regra de conduta observada 
espontaneamente e não em execução a uma lei posta por um político 
superior. Transforma-se em direito positivo quando é adoptado como 
tal pelos Tribunais de Justiça e quando as decisões judiciárias formadas 
com base nele são feitas valer através da força do poder do Estado. 
Antes disso, é apenas uma regra de moralidade positiva cuja força vem 
da reprovação geral que recai sobre aqueles que a transgridem. 
São dois os elementos do Costume: 
a. Elemento material ou objectivo: é o uso, a repetição social; 
b. Elemento subjectivo: é geralmente aceito como sendo exigível 
para o comportamento dos Estados. É ele que dá o carácter 
obrigatório ao Costume. 
O elemento material apresenta duas características: o tempo e o 
espaço. 
Quanto ao tempo, podemos dizer que não existe um prazo 
determinado para que surja um Costume internacional, sendo 
suficiente apenas provar que tal regra é reconhecida como sendo 
direito. 
Quanto ao espaço, é que o Costume seja seguido por uma parcela da 
sociedade internacional. 
O elemento subjectivo, por sua vez, tem a vantagem de distinguir o 
Costume do Uso e do Hábito. 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS;3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
24 
 
O hábito tem características individuais, o uso é mera prática social, 
não obrigatória. 
O Costume tem o elemento social, mas além disso é exigível 
juridicamente, além do uso, necessita do elemento subjectivo que 
forma o costume. Há a prática social e num determinado momento 
verifica-se que ela preenche a necessidade social e então passa a ser 
obrigatória no Direito. 
O fundamento do Costume é explicado por 3 teorias que podem ser 
reduzidas às duas concepções presentes em todo o DI: o voluntarismo 
e o objectivismo. 
TEORIA VOLUNTARISTA sustenta que o fundamento do Costume se 
encontra no consentimento tácito dos Estados. 
São críticas ao voluntarismo: 
• ele se esquece de que a vontade só produz efeitos jurídicos 
quando existe uma norma anterior a ela lhe dando esse poder; 
• não explica como um novo membro da sociedade internacional 
se encontra obrigado a um costume formado antes de seu 
ingresso nesta sociedade; 
• é insuficiente para explicar o estabelecido no art. 38 do 
Estatuto da CIJ, que manda este Tribunal aplicar um "costume 
geral", ou seja, uma norma costumeira geral, mas sem ser 
unânime e obrigatória para 
todos os membros da sociedade internacional. Mesmo que um 
Estado não a aceite, terá que cumpri-la. Então, como explicar 
que a obrigatoriedade do Costume se encontra no 
consentimento tácito? É o costume que dá ao DI a sua 
verdadeira base universal e se fosse reduzido ao 
consentimento, esta base acabaria por desaparecer; 
• esta Teoria descaracteriza o Costume como uma prática que se 
adapta espontaneamente às transformações sociais. 
TEORIA OBJETIVISTA é representada por duas teorias: a da consciência 
jurídica colectiva e a sociológica. 
A Teoria da Consciência Jurídica Colectiva, sustenta que o fundamento 
do Costume é a "consciência social do grupo", o que é na realidade 
uma noção vaga e imprecisa, parecendo-nos inaceitável. 
A Teoria Sociológica é a que melhor explica a obrigatoriedade do 
Costume. Aqui, o Costume é um produto da vida social, que visa a 
atender as necessidades sociais. Seu fundamento é exactamente as 
necessidades sociais. 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
25 
 
O Costume pode ser universal (geral) e particular (regional). O 
Costume geral é o que oferece o carácter de universalidade ao DI. Há 
necessidade de que esta prática seja aceita pelo Estado como Direito. 
Quando o Costume é formado por um Estado que tem liderança ele 
será obrigatório. Do contrário, não é aceito. No Costume regional, a 
vontade do Estado é fundamental. 
O art. 38 da CIJ elenca como fonte o Costume Internacional, como 
comprovação de uma prática geral aceita como sendo o Direito. 
Entretanto, isto não é correcto, por não ser o Costume Internacional a 
prova de uma prática, mas a própria prática geral. 
A prova do Costume é elemento externo do Costume, mas não se 
confunde com o próprio Costume. O Costume termina: 
• Por um Tratado mais recente que o codifica ou revoga; 
• Pelo desuso; 
• Pelo surgimento de um novo Costume. 
Repetimos: o Costume deve ter uma sanção jurídica, caso contrário 
tornar-se-á uma prática de uso. 
2.1.3. Os princípios gerais do Direito 
É diferente de Princípio Geral do Direito Internacional, Princípios 
Gerais de Direito Internacional são aqueles encontrados na legislação 
interna dos Estados e que passam a ser aplicados internacionalmente. 
Ex: Princípio da boa-fé objectiva. 
Princípios Gerais do Direito Internacional não existem no âmbito 
interno. Já nascem directamente no Direito Internacional. 
Para alguns juristas os “princípios gerais do direito” seriam aqueles 
aceitos pelos estados in foro doméstico. 
O juiz deve transpor as normas do direito interno para o direito 
internacional. Nesse sentido, as normas do direito civil se aplicam às 
normas do direito internacional ex.: princípio da boa-fé, existe, então a 
observância da ordem jurídica comum e não somente da ordem 
jurídica internacional. 
Há juristas que informam que os princípios gerais do direito são os 
costumes internacionais porque advêm da vontade e da manifestação 
de todos os Estados, ou melhor, do “do foro domestico.” (solução 
pacífica dos litígios, não-agressão, desarmamento, justa indemnização, 
boa-fé, pacta sunt servanda, lex posterior derogat priori, coexistência 
pacífica). 
 
 2.1.4. A Jurisprudência. 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
26 
 
Chama-se jurisprudência o conjunto de decisões do Poder Judiciário 
na mesma linha, julgamentos no mesmo sentido. 
a) Jurisprudência de tribunais internacionais e árbitros 
Como não há no Direito Internacional uma regra superior, existem 
muitas lacunas no ordenamento jurídico, devido ao fato de ser 
reduzida a quantidade de textos a tratar da matéria. Hoje, as decisões 
judiciais das cortes internacionais (jurisprudência), ao lado da 
doutrina, são fundamentais para suprimir tais lacunas. 
Entretanto, o texto do Estatuto da Corte Internacional de Justiça 
dispõe sobre essa fonte da seguinte maneira: “sob reserva da 
disposição do art. 59, as decisões judiciárias e a doutrina dos juristas 
mais qualificados das diferentes nações, como meio auxiliar para a 
determinação das regras de direito.” O referido art. 59 tem a seguinte 
redação: “A decisão da Corte só será obrigatória para as partes 
litigantes e a respeito do caso em questão.” 
Dessa forma, temos que essa fonte não é autónoma, tendo sua 
aplicabilidade em conjunto com as demais e não de forma isolada. 
Buscou-se evitar que a sentença de um tribunal superior fosse 
vinculante aos futuros litígios apresentados e aos demais tribunais, 
além de conferir um papel de importância relativa e de relativo 
equilíbrio em relação às outras fontes. 
 2.1.5. A doutrina. 
Como fonte do direito a doutrina. Pelo uso da doutrina, no que nos é 
colocado é que temos a capacidade de entender e estudar o Direito 
profundamente, ou seja, pelo esforço e concretos de grandiosos 
ensinadores podemos fazer novas e manter os antigos vocábulos e 
entendimentos na actualidade. 
A doutrina é a teoria desenvolvida pelos estudiosos do Direito, 
materializada em livros, artigos, pareceres, congressos etc. Assim, 
como a jurisprudência, a doutrina também é fonte secundária e 
influencia no surgimento de novas leis e na solução de dúvidas no 
cotidiano administrativo, além de complementar a legislação 
existente, que muitas vezes é falha e de difícil interpretação. 
a) Doutrina internacionalista 
É a doutrina notoriamente reconhecida internacionalmente, 
desenvolvida pelos publicistas, ou seja, a opinião dos juristas mais 
qualificados das diferentes nações. 
Ela deve ser considerada a partir de sua função de apresentação, 
esclarecimento ou interpretação da norma jurídica internacional. Sua 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
27 
 
eficácia advém da argumentação e poder de convencimento 
demonstrativa de uma tese, quando há necessidade de se resolver um 
conflito entre interpretações conflituantes. 
Há também a ideia de doutrina coletiva; trata-se de resoluções de 
caráter científico que são expedidas por organizações não 
governamentais (ONGs), existentes em vários setores sociais, com 
destaque para duas, que se dedicam ao estudo e desenvolvimento do 
Direito Internacional: Institut du Droit International e International Law 
Association. São formadas por professores, advogados e diplomatas de 
todo o mundo, tendo como principal atividade o estudo científico de 
grandes temas do Direito Internacional.2.1.6. A equidade e analogia 
Não são propriamente fontes, os elementos subsidiários que a Corte 
pode utilizar. Não constituem uma maneira pela qual se manifesta a 
norma jurídica internacional, são apenas meios auxiliares na 
constatação do Direito ou na sua interpretação, não sendo fontes do 
DI, também não serão obrigatórios para os sujeitos do DI. 
A Analogia não é uma fonte formal do DI, mas um meio de integração 
deste direito. É utilizada para preencher lacunas. 
Ela pode ser definida como a aplicação de uma norma já existente a 
uma situação nova, quando esta é semelhante à que é aplicável a 
norma já existente. Repousa na ideia de justiça de que casos iguais 
devem ser tratados igualmente. 
A Analogia se apresenta sob duas formas: 
a. Analogia "legis": quando o assunto já se encontra 
regulamentado, mas contém uma falha; 
b. Analogia "juris": quando o caso é inteiramente novo e não 
existe uma norma aplicável. ROUSSEAU assinala três funções: 
1. Confirmar as conclusões atingidas por outros métodos de 
interpretação; 
2. Como meio de esclarecer os textos obscuros; 
3. Como meio de suprir lacunas dos textos constitucionais. 
A Analogia ainda tem aplicação restrita no DI e não apresenta um 
papel decisivo. 
A Equidade (ex aequo et bono): segundo ROSSEAU, é "a aplicação dos 
princípios da Justiça a um determinado caso". Portanto, não constitui 
uma fonte formal do DI. 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
28 
 
O Juiz internacional somente poderá decidir com base na Equidade 
quando as partes litigantes assim o desejarem. Caso contrário, a 
sentença será nula. 
Nos dias de hoje, a equidade tem diminuído de importância na 
jurisprudência internacional, por duas razões: 
a) Das partes exige-se que tenham grande confiança no Juiz; 
b) O desenvolvimento do DI Positivo. 
A doutrina considera à equidade três funções: 
1. Corrigir o Direito Positivo; 
2. Suprir as lacunas do Direito Positivo; 3. 
Afastar o Direito Positivo. 
A Corte Internacional da Justiça nunca deu uma decisão baseada 
exclusivamente na Equidade. A Equidade apresenta o perigo de ser 
uma noção imprecisa, bem como conduzir à arbitrariedade. 
 
 2.1.7. Actos Unilaterais 
Actos unilaterais são manifestações ou declarações de vontade de um 
único sujeito de Direito Internacional, que têm o condão de gerar 
direitos e/ou deveres para si e para os outros. Ou seja, a manifestação 
de vontade de um único sujeito de direito é suficiente para que se 
produzam efeitos jurídicos. São obrigatórios para seu autor, e os 
Estados que confiaram nele têm o direito de exigir seu cumprimento. 
Segundo Von Liszt, trata-se de declaração de vontade, encaminhada a 
produzir um efeito internacional, sendo este a criação, modificação ou 
extinção de uma relação jurídica, devendo ser feita por um órgão 
estatal que tenha reconhecimento para tal acto, e declarado de 
maneira expressa ou tácita ou por meio de atos manifestos. 
De acordo com Virally, devem ser atos jurídicos que tenham 
significação internacional, ou seja, atos realizados com a intenção de 
afetar as relações jurídicas em âmbito internacional. 
São actos jurídicos que produzem consequências jurídicas e criam, 
eventualmente, obrigações. Entretanto, deve-se observar que isso não 
impede que haja concorrência de outra vontade, como, por exemplo, 
um protesto que não seja aceito; porém, isso não terá força para 
impedir a eficácia da vontade já manifestada. 
Os actos unilaterais têm seu fundamento no costume, surgindo nos 
espaços onde não há regulamentação do Direito. Os Estados podem 
regulamentar através deles situações, mesmo que localizadas no 
estrangeiro, mas que possam produzir efeitos no seu território, assim 
como podem regular matéria a respeito da qual ele tenha interesse 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
29 
 
especial, e que esse também exista para a sociedade internacional. 
Como exemplo desse caso, temos a lei canadense de 1970, que regula 
sobre a prevenção da poluição nas águas do Ártico até a distância de 
100 milhas da costa. 
Alguns doutrinadores de Direito Internacional não conferem aos atos 
unilaterais caráter de fonte de Direito, considerando-os como direito 
transitório surgido na ausência de tratado ou costume, com os Estados 
exercendo livremente sua soberania desde que não atinja a de outro 
Estado. Também entendem o ato unilateral como apenas um 
instrumento de execução. 
Contudo, não pode ser negado a tais atos o caráter de fonte do Direito 
Internacional, pois normas jurídicas pelas quais os Estados devem 
pautar a sua conduta, ou seja, são um dos modos pelo qual os Estados 
se autolimitam. 
Para que tenham eficácia, os atos unilaterais devem atender a duas 
condições: 
a) Deve ser público, ou seja, de conhecimento da comunidade 
internacional 
b) Deve haver intenção do Estado que o elabora de se obrigar, pois 
não é possível fazer um ato unilateral que obrigue outro Estado. 
 
 2.1.7.1. Actos Unilaterais dos Estados e sua classificação 
Os actos unilaterais dos Estados não são todos e quaisquer atos 
isolados imputáveis a um Estado que têm o poder de produzir efeitos 
jurídicos no Direito Internacional, mas unicamente aqueles que o 
Direito Internacional reconhece com tais faculdades e dentro das 
hipóteses que por este são previstas. 
 
Alguns atos, entretanto, podem ser considerados como sendo de pura 
cortesia internacional – sugestão a outro Estado de adotar ou não um 
comportamento, consultas recíprocas, convites para se iniciar uma 
negociação internacional. Porém, se tais atos estiverem revestidos de 
forma jurídica, ou seja, se têm previsão em tratados ou convenções 
multilaterais, sendo obrigações, serão atos jurídicos unilaterais dos 
Estados, com o reconhecimento do Direito Internacional dessa sua 
posição. 
Não existe um único critério para a classificação dos atos unilaterais, 
havendo divergência entre os doutrinadores. Uma das classificações 
mais aceitas é a formulada por Charles Rousseau: 
a) Tácitos: silêncio 
 ISCED CURSO: CIENCIA POLITICA E RELACOES INTERNACIONAIS; 3º ano, Disciplina/Modulo: Direito 
Internacional Público 
 
30 
 
b) Expressos: protesto, notificação, renúncia, reconhecimento 
e promessa. 
Além desses atos, existe uma série de outros, tais como autorização, 
advertência, oferta de bons ofícios, anexação, ruptura de relações 
diplomáticas, aquiescência (atitude puramente passiva de um Estado 
perante uma situação de fato determinada, em circunstâncias que 
exigiriam em geral uma reação de sua parte), entre outros. 
A principal característica dos atos unilaterais é sua atipicidade, e 
podemos acrescentar a existência de outros atos unilaterais, tomados 
no sentido amplo da expressão, como a adesão, as decisões das 
organizações internacionais, entre outros. 
Além da classificação entre tácitos e expressos, os atos unilaterais 
também podem ser classificados como escritos (forma mais utilizada) 
e orais (podem apresentar o problema de se verificar os termos em 
que foram feitos). 
 
a) Tácitos 
O silêncio é o ato unilateral tácito por excelência, sendo assimilado à 
aceitação. Ocorre quando um sujeito de Direito Internacional não se 
manifesta em relação a um determinado ato unilateral, dessa forma, 
acatando-o. 
Para que isso ocorra, o ato unilateral deve obedecer a três condições: 
• O Estado interessado (o que guarda o silêncio) deve conhecer o 
ato 
• O objeto do ato unilateral deve ser um interesse jurídico 
• Deve ser concedido um prazo razoável para que o Estado 
interessado tenha a possibilidade de se manifestar 
Aplica-se a norma “qui tacet consentire videtur” (quem cala,

Outros materiais