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Fisiopato 1 – Jenifer – 02/03/21 1 Isabella Quintanilha Adaptações do crescimento e diferenciação celulares São RESPOSTAS estruturais e funcionais reversíveis às alterações fisiológicas ou patológicas. Permite a sobrevivência e atividade funcional da célula 1. Aumento do tamanho da célula e da atividade metabólica 2. Aumento do número de células 3. Redução do tamanho e da atividade metabólica 4. Mudança no fenótipo das células Presença de estímulo = ADAPTAÇÃO Eliminação do estímulo = RETORNO ao estado original sem danos Classificações 1. Alterações de Volume Celular Hipertrofia (célula recebe estímulo acima do normal aumentando a síntese de seus constituintes e seu volume) Hipotrofia ou atrofia (diminuição da nutrição, do metabolismo e síntese necessários a renovação de suas estruturas) 2. Alterações da Taxa de Divisão Celular Hiperplasia (aumento da taxa de divisão celular acompanhado de diferenciação normal) Hipoplasia (Diminuição da taxa de proliferação celular) 3. Alterações da Diferenciação Celular Metaplasia (diferenciação mas mantém a taxa de proliferação) - troca por um tecido da mesma origem embrionária, por conta da ação do ácido no esôfago, por ex. OBS: Na displasia altera a diferenciação e a taxa de proliferação – existem alterações no DNA, mas não foi suficiente para classificar como neoplasia – evolução quando já está ruim e não se adaptou /// Fisiopato 1 – Jenifer – 02/03/21 2 Isabella Quintanilha Hipertrofia Refere-se ao aumento do tamanho das células que resulta no aumento do tamanho do órgão afetado Hipertrofiado não possui novas células, apenas células maiores >> síntese e à incorporação de novos componentes estruturais intracelulares Etiologia ↑ Demanda funcional Fatores de crescimento Estimulação hormonal Fatores necessários Oferta de O2 e de nutrientes; Organelas e sistemas enzimáticos íntegros; Inervação estiver preservada em células que dependem desse estimulo. (Miocárdio desnervado, por exemplo, não se hipertrofia ou se hipertrofia pouco) Mecanismos bioquímicos de hipertrofia miocárdica Fisiológica Ocorre em certos órgãos e em determinadas fases da vida como fenômenos programados (p. ex., hipertrofia da musculatura uterina na gravidez). Aumento da atividade funcional Patológica Não é programada e surge por estímulos variados: (1) hipertrofia do miocárdio - quando há sobrecarga do coração por obstáculo ao fluxo sanguíneo (hipertensão arterial, estenose valvar) ou do volume de sangue (insuficiência valvar, shunt), a parede cardíaca sofre hipertrofia; Fisiopato 1 – Jenifer – 02/03/21 3 Isabella Quintanilha (2) hipertrofia da musculatura esquelética. Em atletas ou em trabalhadores que fazem grande esforço físico, os músculos esqueléticos entram em hipertrofia; (3) hipertrofia da musculatura lisa da parede de órgãos ocos, a montante de um obstáculo. É o que acontece na bexiga quando há obstrução urinária (p. ex., hiperplasia da próstata) ou com a parede intestinal em obstruções do trato digestivo (p. ex., inflamações, neoplasias etc.); (4) hipertrofia de neurônios - neurônios dos plexos mioentéricos a montante de estenose intestinal e em neurônios motores no hemisfério cerebral não lesado em caso de hemiplegia; (5) hipertrofia de hepatócitos. Após estimulação por barbitúricos, há hipertrofia de hepatócitos por aumento do retículo endoplasmático liso. OBS: Adaptação – tentando manter a função e se adaptar/ Lesão – morte celular/necrose A hipertrofia é também reversível; cessado o estímulo, a célula volta ao normal. Em órgão em que ocorreram hipertrofia e hiperplasia, apoptose de células em excesso reduz a população celular aos níveis normais. Após o parto o útero readquire suas dimensões normais por apoptose de leiomiócitos proliferados e por retorno ao volume normal dos que se hipertrofiaram. Na sobrecarga prolongada do miocárdio, as células hipertrofiadas sofrem apoptose, o que pode contribuir para insuficiência do órgão. Caso clínico Franklin Roosevelt foi acometido pela poliomielite muito antes de ele ser eleito presidente. Depois de ser acometido, ele descobriu que ele não seria mais capaz de andar, porque os músculos da sua perna não funcionavam. Como resultado, ele foi confinado a uma cadeira de rodas o resto de sua vida. Aqueles que o viram cruzar as suas pernas, relataram que só havia "pele e osso" e que "os músculos de sua pareciam ter desaparecido. A) Qual o processo patológico específico que acometeu os músculos das pernas de Roosevelt? Atrofia, por conta da poliomielite. B) Qual a sua etiologia? Comprometimento da medula espinal, e perda da inervação do músculo, degeneração dos neurônios. Hipotrofia ou Atrofia Alteração do volume celular Patogênese Diminuição do tamanho da célula e das organelas, o que reduz as necessidades metabólicas da célula o suficiente para permitir sua sobrevivência. Redução da síntese proteica e aumento da degradação das proteínas nas células (Via ubiquitina- proteossomo; autofagia) Fisiopato 1 – Jenifer – 02/03/21 4 Isabella Quintanilha Redução quantitativa dos componentes estruturais e das funções celulares, resultando em diminuição do volume das células e dos órgãos atingidos. Aumento da degradação de proteínas celulares (em lisossomos e pelo sistema ubiquitina- proteassomos) é o principal mecanismo de hipotrofia. Etiologia Redução da carga de trabalho (atrofia de desuso) Perda da inervação (atrofia por denervação) Diminuição do suprimento sanguíneo. Nutrição inadequada. Perda da estimulação endócrina. Compressão (tumores). Agressão a proteínas por radicais livres, já que proteínas modificadas são ubiquitinadas e dirigidas aos proteassomos, onde são degradadas. Fisiológica Ocorre na senilidade, quando todos os órgãos e sistemas do organismo reduzem as suas atividades metabólicas. Patológica (1) inanição - deficiência nutricional resulta em hipotrofia generalizada; (2) desuso - ocorre em órgãos ou tecidos que ficam sem uso por algum tempo, cujo exemplo clássico é o de músculos esqueléticos imobilizados; (3) compressão - resulta da pressão exercida por uma lesão expansiva, como tumores, cistos, aneurismas etc.; (4) obstrução vascular - diminuição do fornecimento de O2 e nutrientes causa hipotrofia: obstrução das artérias renais, por exemplo, leva a hipotrofia do rim; (5) substâncias tóxicas que bloqueiam sistemas enzimáticos e a produção de energia pelas células, como acontece nos músculos do antebraço na intoxicação pelo chumbo; (6) hormônios - redução de hormônios resulta em hipotrofia de células e órgãos-alvo. Deficiência dos hormônios somatotrófico ou tireoidianos causa hipotrofia generalizada; carência de hormônios com alvos específicos leva a hipotrofia localizada (como de gônadas na deficiência de gonadotrofinas); (7) inervação - perda de estimulação nervosa resulta em hipotrofia muscular. O exemplo mais conhecido é a hipotrofia dos músculos dos membros inferiores na poliomielite; (8) inflamações crônicas Consequências Dependem de sua intensidade Fisiopato 1 – Jenifer – 02/03/21 5 Isabella Quintanilha Na hipotrofia senil, como se trata de um fenômeno sistêmico, o organismo estabelece um novo estado de equilíbrio porque há redução das atividades metabólicas em todos os órgãos e sistemas. Na hipotrofia localizada, as consequências dependem da diminuição da atividade e da função do órgão acometido. Hiperplasia Alteração na proliferação celular Aumento no número celular de um órgão ou parte dele, por aumento da proliferação e/ou por diminuição na apoptose Só acontece em órgãos que contêm células com capacidade replicativa Aumento na síntese de fatoresde crescimento e de seus receptores, além de ativação de rotas intracelulares de estímulo para a divisão celular São necessárias as mesmas condições descritas para hipertrofia, como suprimento sanguíneo suficiente, integridade morfofuncional das células e inervação adequada. Desencadeada por agentes que estimulam funções celulares, sendo também uma forma adaptativa das células a sobrecarga de trabalho. A capacidade de hiperplasia tem limite; células hiperplásicas não se multiplicam indefinidamente e conservam os mecanismos de controle da divisão celular; também é reversível (causa é eliminada - população celular volta ao nível normal) Ciclo celular Mecanismos da hiperplasia A capacidade de hiperplasia tem limite. As células hiperplásicas não se multiplicam indefinidamente e conservam os mecanismos de controle da divisão celular. Fisiopato 1 – Jenifer – 02/03/21 6 Isabella Quintanilha Etiologia Fatores de crescimentos Estimulação hormonal Infecção viral (patológica) Fisiológica Compensatória Acontece no rim após nefrectomia ou lesões graves do outro rim. Nesse caso, o rim apresenta hiperplasia e hipertrofia de suas células e sofre aumento de peso e de volume. Na hiperplasia compensadora, geralmente coexiste hipertrofia celular. Hiperplasia compensadora é também uma forma de regeneração, que normalmente se faz dentro dos padrões e dos limites arquiteturais do órgão atingido. Hormonal Amamentação Patológica Causa mais conhecida é a hiperestimulação hormonal Hiperfunção da hipófise, todas as glândulas-alvo dos hormônios produzidos em excesso entram em hiperplasia Síndrome de Cushing (hiperplasia e hiperfunção da cortical da suprarrenal), é causada por adenomas ou hiperplasias funcionantes da adeno-hipófise. Produção excessiva de TSH provoca hiperplasia da tireoide - em mulheres, aumento de estrógenos resulta em hiperplasia das mamas ou do endométrio, que tem grande interesse prático por aumentar o risco de câncer nesses órgãos. Hiperplasias inflamatórias - em muitas inflamações, ocorrem regeneração de células epiteliais eventualmente destruídas e neoformação conjuntivovascular para reparar as perdas; há reprodução celular somente na quantidade necessária para recuperar as perdas. Em alguns casos, há liberação excessiva de fatores de Fisiopato 1 – Jenifer – 02/03/21 7 Isabella Quintanilha crescimento e proliferação celular exagerada, ocorrendo hiperplasia do epitélio ou do tecido conjuntivo (encontrado em algumas inflamações da pele ou de mucosas - podem resultar em lesões papilomatosas ou poliposas - hiperplasia pseudoepiteliomatosa). Por se acompanharem de aumento da reprodução celular, muitas hiperplasias patológicas são consideradas lesões potencialmente neoplásicas, já que nelas o risco de surgir um tumor é maior do que em tecidos normais. Caso clínico O Sr. Andrade, um homem de 54 anos de idade, tabagista há 30 anos e etilista social procurou o serviço médico queixando-se de pirose, dor retro- esternal, rouquidão e tosse intermitentes há 2 anos. Foi iniciado tratamento com inibidores da bomba de prótons para controlar sintomas e esofagite sem resposta completa ao tratamento. Foi encaminhado para endoscopia digestiva alta e pHmetria esofágica. As imagens da endoscopia e biópsia do esôfago estão abaixo A) Identifique a alteração morfológica macroscópica encontrada pela endoscopia digestiva alta (EDA) presente no órgão . B) Descreva a fisiopatologia do processo de adaptação presente no órgão (correlacione com o órgão normal). Metaplasia Alteração na diferenciação celular Tipo celular adulto é substituído por outro de uma mesma linhagem germinativa, que possa suportar o ambiente hostil ou estimulo agressor Reprogramação das células pluripotenciais Alterações de Sinais (sinais e fatores de crescimento) Resulta da inativação de alguns genes (cuja expressão define a diferenciação do tecido que sofre metaplasia) e desrepressão de outros (que condicionam o novo tipo de diferenciação). Em alguns processos de reparo e regeneração, células epiteliais podem diferenciar-se em fibroblastos (transdiferenciação) Fumantes: Epitélio respiratório: epitélio pseudoestratificado colunar ciliado >>> epitélio estratificado pavimentoso - há prejuízo na síntese de muco e desaparecimento dos cílios, ambos importantes como defesa do organismo contra infecções Esôfago de barrett - causado pela exposição crônica ao ácido estomacal no refluxo gástrico crônico Epitélio pavimentoso estratificado >>> epitélio colular gástrico ou intestinal Epitélio mucossecretor em epitélio estratificado pavimentoso, com ou sem ceratinização - no epitélio endocervical (mucíparo), que se transforma em epitélio escamoso do tipo ectocervical; Epitélio glandular seroso em epitélio mucíparo, como acontece na metaplasia intestinal da mucosa gástrica; Tecido conjuntivo em tecido cartilaginoso ou ósseo; Fisiopato 1 – Jenifer – 02/03/21 8 Isabella Quintanilha Tecido cartilaginoso em tecido ósseo. Metaplasia é também um processo adaptativo que surge em resposta a várias agressões -o tecido metaplásico é mais resistente a agressões. Resulta de irritação persistente que leva ao surgimento de um tecido mais resistente. No entanto, o tecido metaplásico pode resultar em menor proteção ao indivíduo. Os exemplos de metaplasia mais comuns são: (1) agressões mecânicas repetidas, como as provocadas por próteses dentárias mal ajustadas no epitélio da gengiva ou da bochecha; (2) irritação por calor prolongado, como a causada no epitélio oral e do esôfago por alimentos quentes, ou a provocada no lábio pela haste de cachimbo; (3) irritação química persistente, como acontece com a fumaça do cigarro na mucosa respiratória; (4) inflamações crônicas, como nas mucosas brônquica e gástrica ou no colo uterino. Metaplasia é REVERSÍVEL.
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