Buscar

DECLARAÇÃO DE ÓBITO


Prévia do material em texto

DECLARAÇÃO DE ÓBITO 
Medicina Legal - 2021.1 
 
INTRODUÇÃO 
DEFINIÇÕES 
● Declaração de Óbito: é o documento Legal com os dados e as causas do óbito 
● Atestado de Óbito: é a parte do documento onde constam as causas do óbito 
● Certidão de Óbito: é a declaração de óbito ao passar pelo cartório - é o que permite 
a enumação (enterro). 
 
DECLARAÇÃO DE ÓBITO 
É um ato médico. Então o médico responde por isso. 
Finalidade: confirmar a morte, determinar a causa da morte, satisfazer interesses de 
ordem civil, estatístico-demográfico e político sanitário. 
● Peças anatômicas - descoberta de ossadas e partes de cadáver - IML 
● Peças retiradas por atos cirúrgicos - incineradas ou encaminhadas para inumação. 
 
MORTE 
Definição de Morte: 
● Morte Jurídica​: desaparecimento de todo sinal de vida, em um momento qualquer 
depois do nascimento. 
● Morte Médico Legal (OMS): desaparecimento de todos os sinais de vida ou 
cessação das funções vitais, sem a possibilidade de ressuscitar. 
● A morte é um processo: cessação do metabolismo de todas as células do 
organismo com sua consequente lise. 
Morte Encefálica: 
● A morte encefálica será caracterizada através da realização de exames clínicos e 
complementares durante intervalos de tempo variáveis, próprios para determinadas 
faixas etárias. 
● Processo irreversível e de causa conhecida - não pode ser aplicado protocolo de 
morte encefálica se a causa da morte não for conhecida. 
● Parâmetros Clínicos: coma aperceptivo com ausência de atividade motora 
supra-espinal e apnéia ​!!! 
● Exames Complementares: os exames complementares a serem observados para 
constatação de morte encefálica deverão demonstrar de inequívoca 
○ a) ausência de atividade elétrica cerebral; ou 
○ b) ausência de atividade metabólica cerebral; ou 
○ c) ausência de perfusão sanguínea cerebral. 
● Exclui-se coma por hipotermia ou por depressores do SNC e crianças menores de 
07 dias e prematuros. 
Circunstâncias da Morte: 
● Morte Violenta:​ homicídio, suicídio ou acidente 
○ O corpo é encaminhado para o IML. 
○ Pertence ao Estado até que se confirmem as ocasiões e causas da morte. 
● Morte Natural: 
○ Sem Assistência Médica: SVO ou serviço público de saúde em cidades sem 
SVO 
■ Nas cidades sem SVO, médico designado pelo serviço público 
precisa examinar o corpo despido, verificar se há sinais de violência. 
● Ao mínimo sinal de violência, precisa solicitar encaminhamento 
para o IML. Na ausência de sinais, deve ser preenchido como 
“causa da morte desconhecida, sem sinais de violência” 
○ Com Assistência Médica​: médico assistente, hospitalar-assistente ou 
substituto. 
■ Se o médico assistente não está disponível, quem for preencher a DO 
também precisa verificar o corpo buscando sinais de violência, além 
de pesquisar as causas da morte em prontuário. 
■ Na dúvida: encaminhar para o SVO. 
Morte Fetal: é considerada morte fetal o feto com no mínimo 20 semanas ou no mínimo 
500 gramas ou no mínimo 25 cm. 
 
IML X SVO: 
● Que corpos vão para o SVO e quais vão para o IML? 
● Quem decide se o corpo irá para o SVO ou para o IML? 
● Como se faz em locais em que não existe o SVO? O corpo vai para o IML? 
● Posso fornecer a DO para paciente que sofreu acidente ou outra violência e morreu 
meses depois em decorrência de complicações? 
○ A causa da morte é a que levou o paciente às complicações, então se ele 
teve complicações pelo acidente, a causa principal da morte é o acidente, 
logo trata-se de uma morte violenta e o paciente deve ser encaminhado ao 
IML. 
○ E se for ao contrário? Ex: o paciente entra no hospital por uma pneumonia e 
é encontrado em óbito, caído no chão do quarto, levantando a hipótese de 
morte violenta, o que fazer? Encaminha para o IML. A partir do momento 
que existe a possibilidade de morte violenta, quem vai verificar é o IML. 
● Quem fornece a DO de paciente internado, desconhecido, que morreu por causas 
naturais? R: é o IML! Pois é o único órgão que faz a identificação do falecido 
 
NOÇÕES BÁSICAS 
1) Médico do serviço público emite DO para paciente que morreu sem 
assistência médica. Posteriormente, por denúncia, surge suspeita de que se 
tratava de envenenamento. Quais as consequências legais e éticas para esse 
médico? 
R: Ao constatar o óbito e emitir a DO, o médico deve proceder a um cuidadoso 
exame externo do cadáver, a fim de afastar qualquer possibilidade de causa 
externa. Como o médico não acompanhou o paciente e não recebeu informações 
sobre esta suspeita, não tendo, portanto, certeza da causa básica do óbito, deverá 
anotar, na variável causa, "óbito sem assistência médica". Mesmo se houver 
exumação e a denúncia de envenenamento vier a ser comprovada, o médico 
estará isento de responsabilidade perante a justiça se tiver anotado, na DO, no 
campo apropriado, "não há sinais externos de violência" (campo 59 da Declaração 
de Óbito vigente). 
2) Paciente chega ao pronto-socorro (PS) e, em seguida, tem parada cardíaca. 
Iniciadas manobras de ressuscitação, estas não tiveram sucesso. O médico é 
obrigado a fornecer DO? Como proceder com relação á causa da morte? 
R: Primeiro, deve-se verificar se a causa da morte é natural ou externa. Se a causa 
for externa, o corpo deverá ser encaminhadoao IML. Se for morte natural, o médico 
deve esgotar todas as possibilidades para formular a hipótese diagnóstica, 
inclusive com anamnese e história colhida com familiares. Caso persista dúvida e 
na localidade exista SVO, o corpo deverá ser encaminhado para esse serviço. 
Caso contrário, o médico deverá emitir a DO esclarecendo que a causa é 
desconhecida. 
3) Feto, natimorto ou RN - em que casos NÃO é obrigatório o fornecimento da 
DO a fetos? 
R: não é obrigatório o fornecimento da DO para fetos com menos de 20 semanas, 
menor do que 25cm e com menos de 500g. 
 
 NASCIDOS VIVOS 
Sinais de vida: 
● Movimentos respiratórios presentes 
● Movimentos musculares voluntários 
● Batimentos cardíacos presentes 
● Pulsação de cordão umbilical 
Questão: ​para recém-nascido com 450g que morreu minutos após o nascimento, deve-se 
ou não emitir a DO? Considera-se óbito fetal? 
● O conceito de nascido vivo depende, exclusivamente, da presença de sinal de vida, 
ainda que essa dure poucos instantes. Se esses sinais cessaram, significa que a 
criança morreu e a DO deve ser fornecida pelo médico do hospital. Não se trata de 
óbito fetal, dado que existiu vida extra-uterina. 
● O hospital deve providenciar também a emissão da Declaração de Nascido Vivo, 
para que a família promova o registro civil do nascimento e do óbito. 
 
ATESTADO DE ÓBITO 
● É um documento médico-legal 
Definição:​ é a simples afirmação, por escrito, de um fato médico e suas consequências 
Finalidades Legais: 
● Comprovação da extinção da pessoa natural 
● Término da pessoa civil (cessação dos direitos e deveres civis) 
Finalidades Médicas: 
● Sanitárias: inumação do cadáver 
● Vigilância Epidemiológica: bioestatística. 
Estrutura: 
 
 
DECLARAÇÃO DE ÓBITO 
Fornecimento da DO: 
● Em todo os óbitos (natural ou violento) 
● Criança nascida viva que morre logo após o nascimento, independente da duração 
da gestação, do peso do RN e do tempo que tenha permanecida viva. 
● Óbito fetal, com gestação igual ou superior a 20 semanas, ou o feto com peso igual 
ou superior a 500 gramas, ou estaturaigual ou superior a 25 centímetros. 
Preenchimento Incorreto da DO: se, por acaso, o médico preencher erroneamente a 
DO, seja qual for o campo, deverá inutilizá-la, preenchendo outra corretamente. Porém, 
se a Declaração já tiver sido registrada em Cartório de Registro Civil, a retificação será 
feita mediante pedido judicial por advogado, junto à Vara de Registros Públicos ou similar. 
Nunca rasgar a DO. O médico deverá escrever “anulada” na DO e devolvê-la à Secretaria 
de Saúde para cancelamento no sistema de informação. 
Honorários: ​Não. O ato médico de examinar e constatar o óbito, sim, poderá ser 
cobrado, desde que se trate de paciente particular, a quem o médico não vinha prestando 
assistência. Entenda-se que o diagnóstico da morte exige cuidadosa análise das 
atividades vitais, pesquisa de reflexos e registro de alguns fenômenos abióticos, como 
perda da consciência, perda da sensibilidade, abolição da motilidade e do tônus muscular. 
(Parecer nº 17/1988- CFM). 
 
ASPECTOS LEGAIS DOS DOCUMENTOS RELACIONADOS AO ÓBITO 
 
CÓDIGO DE ÉTICA MÉDICA 
É vedado ao Médico: 
● Art. 8º ​Afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem 
deixar outro médico encarregado do atendimento de seus pacientes internados ou 
em estado grave 
● Art. 11. Receitar, atestar ou emitir laudos de forma secreta ou ilegível, sem a 
devida identificação de seu número de registro no Conselho Regional de Medicina 
da sua jurisdição, bem como assinar em branco folhas de receituários, atestados, 
laudos ou quaisquer outros documentos médicos. 
● Art. 80​. Expedir documento médico sem ter praticado ato profissional que o 
justifique, que seja tendencioso ou que não corresponda à verdade. 
● Art. 81.​ Atestar como forma de obter vantagens. 
● Art. 91. Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando 
solicitado pelo paciente ou por seu representante legal. 
● Art. 43​. Participar do processo de diagnóstico da morte ou da decisão de 
suspender meios artificiais para prolongar a vida do possível doador, quando 
pertencente à equipe de transplante. 
● Art. 77. Prestar informações a empresas seguradoras sobre as circunstâncias da 
morte do paciente sob seus cuidados, além das contidas na declaração de óbito, 
salvo por expresso consentimento do seu representante legal. 
● Art. 83. Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou quando não 
tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como 
plantonista, médico substituto ou em caso de necropsia e verificação médico-legal. 
● Art. 84​. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, 
exceto quando houver indícios de morte violenta 
 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Falsidade ideológica: 
● Artigo 299 – Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia 
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser 
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre 
fato juridicamente relevante: 
 
○ Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o documento é 
público, e reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é 
particular. 
○ Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime 
prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é de 
assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. 
Falsidade de atestado médico: 
● Art. 302 ​- Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso: 
○ Pena - detenção, de um mês a um ano. 
○ Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se 
também multa 
 
APLICAÇÃO NA PRÁTICA

Continue navegando