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Doenças Parasitárias: Ectoparasitas > Medicamentos / Sinais Clínicos / Diagósticos

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CARRAPATOS 
Rhipicephalus microplus 
● Monoxeno - não troca de hospedeiro durante seu desenvolvimento; 
● Apresenta duas fases em seu ciclo de vida: livre e parasitária; 
● A fase de vida livre sofre forte influência das condições climáticas (que podem favorecer 
ou dificultar), e que o parasita está fora do hospedeiro. Tem a fema que cai do bovino 
para fazer a ovopostura, presença dos ovos no ambiente e a eclosão das larvas; 
● Hematófago; 
● Transmissor de importantes hemoparasitas: ​Babesia sp​. e ​Anaplasma marginale​; 
 
Ciclo: fase de ovo (acontece no ambiente, em torno de 5 a 10 dias vai dar origem a larva) > 
larva (vai ter o comportamento de geotropismo negativo - tende a se afastar dos solos, subir 
nas partes mais altas das pastagens para alcançar o hospedeiro) > ninfa (no hospedeiro ja) > 
vai se transformar em macho ou fêmea. A reprodução sexuada ocorre no hospedeiro. Após o 
período de fecundação a fêmea vai se desprender do hospedeiro, vai cair no ambiente, vai 
terminar a maturação dos ovos e liberar eles. 
 
Epidemiologia: 
● Larva pode sobreviver até 80 dias no ambiente; 
● Variações climáticas permitem até 6 gerações por ano; 
● Região Norte mais úmida tem mais gerações; 
● No RS em anos típicos: 2 - 3 gerações 
○ Durante o inverno: as larvas que estão no ambiente movimentam-se menos no 
frio e desfavorecem a infestação. 
○ No início da primavera: tem a primeira geração das larvas subindo e infectando o 
hospedeiro; 
○ No verão: segunda geração do carrapato; 
○ Abril e Maio: maior quantidade de carrapato; 
● Maior número de carrapatos se encontra no ambiente (95%); 
● Ovo sensível à dessecação; 
● Raças zebuínas são mais resistentes; 
● Cor da pelagem: a escura é mais propensa, pois da radiação, eles tendem a se abriga 
na sombra, sendo bom pro carrapato. 
 
Controle 
● Ambiente: 
○ Pastagem mais baixa favorece a dessecação dos ovos*; 
○ Descanso para as pastagens (60 dias); 
○ Consórcio lavoura-pecuária; 
○ Integração com ovinocultura - são resistantes. 
 
Controle no animal 
● Imunidade: 
○ Nutrição, raças mais resistentes, descarte de mais suscetíveis; 
● Vacina: ​proteínas da membrana das células do intestino do carrapato (Bm86 e Bm91); 
○ No Brasil: ​GAVAC​ (importada de Cuba); 
○ Eficácia entre 60 a 80%; 
○ Necessidade de revacinação semestral; 
○ Alto custo; 
● Controle químico: 
○ Fármacos de contato ou sistêmicos que causem ​Knock-down (queda do 
carrapato) e morte. 
 
Controle químico: 
Organofosforados 
● Mecanismo de ação: ligação irreversível da acetilcolinesterase, levando a 
hiperatividade muscular, paralisia espástica e morte do carrapato. 
● Espectro de ação: inseticida e acaricida (ácaros, carrapatos, berne, miíases, piolhos, 
moscas e pulgas); 
● Farmacocinética: ​lipossolúvel (boa absorção na pele); 
● Efeitos adversos: ​efeitos parassimpáticos e neurológicos*; 
● Representantes: ​clorofenvinfós; cumafós; diazinona; diclorvós; fentiona; triclorfom. 
● *Atropina para tratamento sintomático e pralidoxima para reversão do mecanismo de 
ação. 
 
Piretróides 
● Originados de extrato de crisântemo; 
● Tipo I 
○ Mecanismo de ação: ​prolongam o influxo de Na e reduzem o efluxo de K, 
causando incoordenação e paralisia (morte*). 
○ Representantes: ​piretrinaI, aletrina, tetrametrina, permetrina, resmetrina e 
fenotrina; 
○ Espectro de ação:​ inseticidas de uso ambiental. 
● Tipo II 
○ Mecanismo de ação: atuam nos canais de Na induzindo despolarização em 
menor amplitude, levando a incoordenação e morte*. 
○ Representantes: ​cipermetrina, deltametrina, cifenotrina, fenvalerato, flumetrina 
e cialotrina; 
○ Espectro de ação: ​inseticida e acaricida (ácaros, carrapatos, piolhos, moscas e 
pulgas) para uso tópico; 
● Farmacocinética: 
○ Pouca absorção através da pele; 
○ Absorção via mucosas; 
○ Metabolização hepática; 
○ Pode haver resíduo após semanas no leite, pois ficam por um tempo no 
organismo do hospedeiro; 
○ Associação com butóxido de piperonila e organofosforados potencializam seu 
efeito; 
● Efeitos adversos: 
○ Tipo I: 
■ Hiperexcitação, agressividade, tremores, fraqueza e resposta de 
sobressalto; 
○ Tipo II: 
■ Salivação profunda, movimento de pedalar, convulsões clônicas, 
incoordenação e desorientação. 
 
Formamidinas 
● Representante: ​Amitraz; 
● Espectro de ação: acaricida, piolhicida e carrapaticida (bovinos, ovinos e suínos); 
acaricida e carrapaticida (cães); 
● Mecanismo de ação: ​age sobre vários mecanismos, levando a incoordenação, 
excitação e knock-dow; 
○ Inibição de monoaminoxidase; 
○ Age sobre canais de Na; 
○ Agonista alfa 2-adrenérgico. 
● Farmacocinética: 
○ Altamente lipossolúvel; 
○ Alta absorção em mucosas e lesões cutâneas; 
○ Alguns metabólitos podem causar hiperglicemia. 
● Efeitos adversos: 
○ Não deve ser usado em equinos: compactação intestinal; 
○ Contraindicado para diabéticos e cardiopatas; 
○ Sedação, hiporreflexia, incoordenação, vômito, hipotensão*; 
● *Ioimbina (antagonista alfa 2-adrenérgico) e banho. 
 
Fenilpirazóis 
● Mecanismo de ação: 
○ Inibição de receptores GABA, levando a hiperexcitação e morte; 
● Representante:​ fipronil; 
● Espectro de ação: ​carrapaticida, bernicida e mosquicida (bovinos); carrapaticida e 
antipulgas (cães e gatos); 
● Administração: ​via tópica 
● Efeitos adversos: ​extremamente seguro; 
● Ingestão: ataxia, hiperreatividade, tremores, contrações involuntárias súbitas de 
músculos, convulsões e marcha anormal; náuseas e vômitos. 
 
Inibidores de quitina 
● Mecanismo de ação: 
○ Inibem síntese de quitina, atuando sobre formas jovens; 
● Representantes:​ fluazuron (muito usado em bovinos) e lufenuron; 
● Espectro de ação: ​carrapatos (bovinos) e pulgas (cães e gatos); 
● Farmacocinética: ​lipossolúvel e altamente segura. 
 
Lactonas Macrocíclicas 
● Mecanismo de ação: 
○ Estimulam receptores GABA, levando a paralisia flácida; 
● Representante:​ ivermectina, moxidectina, doramectina, eprinomectina, selamectina; 
● Espectro de ação: ​atuam contra carrapatos, pulgas, piolhos, bernes, ácaros; 
 
Controle químico: 
● Aplicação tópica: 
○ Aspersão (alguns não funcionam); 
○ Imersão; 
○ Pour-on (todos podem ser); 
● Injetável. 
 
Aspersão : 
● Manual: 
○ Contenção; 
○ Diluição; 
○ Aplicação; 
○ Volume. 
● Mecânica: 
○ Diluição; 
○ Pressão; 
○ Manutenção; 
○ Reutilização do preparado; 
○ Velocidade e dimensionamento. 
 
Imersão: 
● Diluição; 
● Agitação da calda prévia (20 animais); 
● Volume adequado para imersão completa; 
● Dimensionamento correto para favorecer a imersão e a saída sem acidentes; 
● Controle de eficácia (matéria orgânica e água); 
○ Resíduos (>30%) deve-se trocar a carga inteira; 
○ Biocarrapaticidograma (<90%): troca ou ajuste de concentração; 
 
Métodos de tratamento químico: 
● Controle tradicional supressivo: ​6 a 24 tratamentos anuais; 
● Tratamento curativo:​ em animais altamente infestados; 
● Tratamento estratégico: ​leva em consideração as condições de desenvolvimento do 
carrapato; 
 
 
 
Controle estratégico: 
Fazer uma aplicação mais supressiva antes do início da primeira geração, e depois um 
tratamento no momento de pico da terceira geração. Aplicação de 5x do produto. Deve iniciar o 
protocolo de controle do carrapato antes de ter teleógina no hospedeiro, pq? Pq quando faço o 
controle antes de ter teleógina eu já reduzo a possibilidade da formação de uma segunda 
geração, aquelas larvas que estão subindo no bovino em outubro/novembro, quando faço o 
tratamento nessa época, já impeço que essa larva se desenvolva até uma teleógina 
reprodutiva. 
● Protocolo clássico: 
○ Três aplicações ao longo da primeira geração:Primeira aplicação em 
outubro, 21 dias depois uma segunda aplicação, 21 dias depois a terceira 
aplicação. Assim consigo consertar o ciclo da primeira geração, assim eu tenho 
uma segunda e terceira geração com amplitude bem menor. Esse protocolo 
pode ser adicionado de um tratamento em março/abril ou abril/maio visando 
reduzir a terceira geração. Porque fazendo o controle da primeira geração, é 
necessário fazer 1 ou 2 aplicações de acaricidas/endectocidas na terceira 
geração? Pois assim, quando reduzir a terceira geração, também reduz a 
proporção de larvas que vão estar sendo liberadas na pastagem, vão cruzar o 
inverno e gerar a primeira geração no próximo ano. 
 
Resistência: 
Relatado para praticamente todas as classes de carrapaticidas; 
Indicativo: presença de teleóginas sobre os bovinos 7-15 dias depois de tratados; 
Diagnóstico: biocarrapaticidograma. 
 
Introdução​: 
● Em medicina veterinária são responsáveis por grandes espoliação aos animais; 
● Em sistemas de produção desencadeiam perdas econômicas substanciais e custos 
elevados, mesmo em animais de companhia; 
● Potenciais transmissores de doenças; 
● As infestações por ectoparasitas são frequentemente relacionadas com as condições 
climáticas; 
● Entre os ectoparasitas de importância destacam-se: carrapatos, pulgas, sarnas, piolhos, 
moscas e mosquitos. 
 
Ectoparasitas de grandes animais: 
● Rhipicephalus microplus (bovinos) > principal carrapato de Bovino; 
● Dermacentor nitens > principal carrapato de equino; 
● Amblyomma sp. > carrapato em qualquer espécie; 
● Otobius sp. > carrapato com as forma jovens acometendo o hospedeiro, principalmente 
a forma de ninfa; 
● Stomoxys calcitrans; 
● Oestrus sp. (ovinos); 
● Dermatobia hominis; 
● Moscas causadoras de miíases; 
● Haematobia irritans (bovinos) > mosca do chifre; 
● Bovicola sp.; 
● Haematopinus sp.; 
● Linognathus sp; 
● Psoroptes sp.; 
● Chorioptes sp.; 
 
Ectoparasitas de cães e gatos: 
● Rhipicephalus sanguineus; 
● Amblyomma sp.; 
● Lutzomya sp.; 
● Moscas causadores de miíase; 
● Dermatobia hominis; 
● Tunga penetrans; 
● Ctenocephalides sp.; 
● Heterodoxus spiniger; 
● Felicola sp.; 
● Trichodectes canis; 
● Linoginathus setosus; 
● Sarcoptes sp.; 
● Notoedres sp.; 
● Demodex sp.; 
● Otodectes sp.; 
 
Rhipicephalus sanguineus 
● Parasitas caninos, canídeos silvestres e felinos; 
● Transmissão de protozoários e rickettsias; 
● Ciclo heteroxeno > troca de hospedeiro entre muda e fases; 
● Formas livres alojam-se no ambiente preferindo locais mais escondidos (frestas, 
buracos e tocas); 
● Desprendimento noturno: ovopostura; 
● Áreas do corpo: Cabeça, pescoço, dorso, espaço interdigital e orelhas. 
● Completa de 2 a 2,5 gerações/ano; 
 
 
Ciclo: ​fase de larva, ninfa e adulta. As fêmeas adultas são repletas de ovos. 
 
Amblyomma sp. 
● Vetor da Febre Maculosa para humanos. 
● Parasita vários animais, aves e o homem, vivem nas matas; 
● Realizam 1 geração/ano 
● Encontrado próximo a áreas de vegetação, onde tem os reservatórios que são animais 
silvestres. 
● Cães e Homem: Hospedeiros Acidentais 
● Áreas do corpo: cabeça e pescoço 
● Infestações maciças por formas imaturas (chamado de “micuins”) 
 
 
Epidemiologia dos carrapatos 
● Aumento das populações durante o verão; 
● Apresentam geotropismo negativo: sobem em regiões altas como paredes* dificil de 
observar; 
● Alta sobrevivência fora do hospedeiro: 
○ 95% estão no ambiente; 
● Alta infestação de áreas urbanas (​R. sanguineus​): praças, áreas de grama que o 
carrapato pode se manter. 
 
SARNAS 
● Ácaros que se mantém na pele; 
● Transmissão normalmente ocorre por contato ou através de fômites; 
● Localização no hospedeiro varia de acordo com a espécie de sarna; 
● Maior incidência no inverno. 
 
Ciclo: ​fase de ovo, larva e fases de ninfa (uma a duas fases) e adulto. Tende a ser 
monoxênica, fica somente num animal. Se ela vai para outro animal é por acidente. 
 
Sinais clínicos: 
● Prurido, vermelhidão; 
● Formação de crostas; 
● Alopecia; 
● Ocorrência de infecções secundárias; 
● Emagrecimento. 
 
Diagnósticos diferenciais 
● Dermatite, pediculose, dermatomicose, dermatite seborreica, atopia, piodermite, 
hipersensibilidade bacteriana, fotossensibilização (em bovino e ovino principalmente). 
 
Sarna demodécica 
● Comensal da pele (30 a 80%); 
● Ocorrência clínica associada à imunidade e infestação; 
● Fácil de confundir com lesões fúngicas; 
 
Sinais clínicos: 
● Alopecia; 
● Prurido de ocorrência variável; 
● Hiperqueratose; 
● Odor forte (rançoso); 
● Eczema; 
● Descamação; 
● Lesões localizadas ou generalizadas. 
 
Demodicose: 
● Fatores predisponentes: 
○ raça: Pit Bull, Doberman, Pinscher, Dálmatas, Dog Alemão, Bulldogs, Boston 
Terrier, Daschunds, Chiuauas, Shar Pei, Beagles e Pointers; 
○ hereditariedade; 
● Imunidade 
○ disfunções na resposta imune celular (linfócitos T), menor resposta celular (que 
deveria ser a principal resposta) e maior participação e desregulada de um 
resposta humoral; 
○ imunossupressão da resposta celular. 
 
Diagnóstico: 
● Raspado de pele: 
○ profundo 
○ até iniciar sangramento; 
○ Faz escarificação da pele com lâmina de bisturi com um óleo mineral ou de 
imersão principalmente ao redor da lesão e é colocado em uma lamina. 
● Fita adesiva: 
● Avaliação do cerúmen: 
○ Otodectes sp. 
 
PULGAS 
Ctenocephalides sp. 
● Pulga de cães e gatos; 
● Permanência curta no hospedeiro: temporários; 
○ 95% no ambiente; 
○ cama, sofá, tapetes, áreas de terra ou gramado; 
● Grande tempo de sobrevivência das formas jovens no ambiente (até 2 anos no total); 
● Maior atividade e ocorrência durante o verão; 
● Indução de processos alérgicos: ​DAPP ​(dermatite alérgica à picada de pulga) > alergia 
a saliva da pulga. 
● Produtos de contato são melhores que sistêmico, pois quando a pulga sobe ela entra 
em contato com o medicamento ela já cai, nos medicamentos sistêmicos, é necessário 
que a pulga ingira o sangue do cão ou gato. 
 
 
Ciclo: ​fase de ovo (tem superfície pegajosa e qualquer sujeira gruda nele, por isso as vezes é 
confundido com poeira), larva (mais sensível que o ovo e pupa), pupa e adulto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
MOSCAS 
 
Ciclo: ​ovo, tres fases de larva, pupa e adulta. 
 
● Maior atividade durante o verão; 
● Causadoras de miíases (fase da larva): 
○ Cochliomyia sp. (miíase primária); 
○ Chrysomya sp. 
○ Phaenicia sp.; 
○ Sarcophaga sp.; 
● Larvas nasais: ​Oestrus sp. (ovinos principalmente); 
● Larvas cutâneas: Dermatobia hominis (berne). Pode depositar em pele intacta 
também, não precisa necessariamente de ferida. 
 
Miíase primária:​ a larva chega na pele intacta e inicia uma lesão. 
Miíase secundária:​ a mosca só deposita o ovo na presença de alguma ferida. 
 
Remoção das larvas: 
Matar a larva no animal pode levar a formação de nódulos e até abcessos, melhor retirar elas 
vivas. É bom sufocar as larvas, como por exemplo, com uma gaze com álcool e assim elas 
param de se mexer e param de tentar se esconder.

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