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ANÁLISE FILME A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE-TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA

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ESUCRI - ESCOLA SUPERIOR DE ENSINO DE CRICIUMA
CURSO SUPERIOR DE PSICOLOGIA
			
SAMUEL ANDRADE DA SILVA
ANÁLISE FILME “A FANTÁSTICA FÁBRICA DE CHOCOLATE”
HIPÓTESE DIAGNÓSTICA PERSONAGEM WILLY WONKA
TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA
Orientadora da disciplina: Prof.ª Mara Elisa Matos Pereira
CRICIÚMA-SC
 2019
INTRODUÇÃO
A personalidade é caracterizada pela regularidade no pensamento, sentimento e comportamento da pessoa em seu cotidiano. Ela pode ser influenciada por fatores genéticos e ambientais, que interagem e relacionam-se em uma totalidade. Entre fatores ambientais, encontram-se: cultural, classe social e família. Em particular, na família, são os comportamentos parentais que afetam diretamente o desenvolvimento da personalidade da criança. Isto pode ocorrer através do próprio comportamento e dos modelos de identificação e recompensa.¹ 
Todos nós, em algum momento, nos sentimos e agimos de forma inflexível, passional, emotiva, altiva, incompetente, exploradora, submissa, etc. Tais comportamentos afetam não somente a nós, mas, também, aos que nos rodeiam no nosso dia-a-dia. Espera-se que esses comportamentos sejam breves e sem maiores prejuízos. Infelizmente, para aqueles que possuem um Transtorno de Personalidade, estes momentos não acontecem de maneira breve ou suave, alterando sua funcionalidade e podendo causar grande sofrimento para si e os que os rodeiam.
A seguir, caracterizaremos o Transtorno de Personalidade Esquizotípica (TPE), em uma análise do personagem Willy Wonka, a partir do filme A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005), de acordo com os critérios diagnósticos definidos pelo DSM V. 
1. Transtorno de personalidade 
Um Transtorno de Personalidade é um padrão persistente de experiência interna e comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou no início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo.³
1.1 Transtornos de Personalidade Esquizotípica (TPET)
Transtorno de Personalidade Esquizotípica é um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos.³
Caracteriza-se por um comportamento estranho, diferente, um pouco fora deste mundo, com pensamentos diferentes e emoções muitas vezes independentes ao ambiente.²
Tendo aparecido pela primeira vez no DSM III (1980), o TPET, anteriormente, era direta e intrinsecamente ligado à Esquizofrenia e não era considerado um diagnóstico diferente e tampouco um transtorno de personalidade. Por seu enfoque familiar, o TPET também foi relacionado ao borderline.
Tendo seu próprio mundo para habitar, os indivíduos esquizotípicos são excêntricos, tendendo a se isolar socialmente, já que se veem como incompreendidos ou até mesmo por suas paranoias. Sentem dificuldade de ter ligação afetiva prolongada, o que pode levá-los a instabilidade laboral ou casamentos curtos, por exemplo. Até mesmo a linguagem pode ser afetada. Não é incomum ver um esquizotípico rindo sozinho ou falando em uma linguagem própria. Tendem a buscar outros que pensem de maneira igual, que aceitem sua excentricidade, já que consideram que a sociedade os rejeita Podemos encontrar sujeitos extremamente agitados, tanto quanto podemos encontrar sujeitos frios e reservados.
Por seu pensamento desorganizado e sua incapacidade de interpretar as coisas como os outros indivíduos da sociedade, o esquizotípico necessita de uma lógica para organizar seus pensamentos, para que não dissociem ou despersonalizem em seus pensamentos “mágicos”.
Por possuírem um afeto deficiente, encontram dificuldade em se relacionarem com os demais e ficam ansiosos por suas dificuldades nas interações, levando-os ao isolamento. 
2. Estudo de caso: A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005)
O filme A Fantástica Fábrica de Chocolate foi baseado no livro homônimo de Roald Dahl, de 1964. Sua primeira adaptação para o cinema foi feita em 1971, cujo diretor foi Mel Stuart. Para essa análise, foi observada a segunda adaptação, de 2005, dirigida por Tim Burton e com roteiro de John August. É um filme do gênero Comédia/Fantasia/Musical, com duração de 106 minutos e traz o ator Johnny Depp no papel de Willy Wonka.
O filme conta a história do excêntrico Willy Wonka, dono da maior fábrica de doces do mundo, que decide que é hora de achar um herdeiro para sua fábrica, através de um concurso, onde cinco bilhetes dourados foram distribuídos ao redor do globo. Cinco crianças terão a oportunidade de visitar a sua fábrica e a vencedora levará o prêmio. Entre as crianças, encontram-se: Augustus Gloop, Violet Beauregarde, Veruca Salt, Mike Teevee, Charlie Bucket.
Willy Wonka é um gênio incomparável, criador de doces inimagináveis, como o sorvete que nunca derrete, os ovinhos que chocam na boca e surge um passarinho de chocolate, a goma que vale por refeições (essa última ainda em testes), o teletransporte de barras de chocolate para a televisão (e o consumidor pode pegar diretamente da tela), entre outras. Não se sabe ao certo sua idade, mas estima-se que tenha entre 40 e 50 anos de idade.
Filho de Wilbur Wonka, um dentista extremamente rigoroso, Willy Wonka viu-se, desde criança, encantado com o mundo dos doces. Em uma discussão com seu pai, após um halloween, Willy resolve fugir de casa e viajar o mundo. Pelo menos é o que sua imaginação acredita que fez, ao passear dentro de um museu local. Ao retornar para casa, descobre que ela não está mais ali. Os anos que se seguem não ficam muito claros durante o longa, mas sabe-se que no início de sua idade adulta, Willy tornara-se o dono da maior fábrica de doces do mundo e seu império era invejado.
Em uma crise de paranoia, Wonka acredita que funcionários seus são, na verdade, espiões tentando roubar sua fórmula secreta. Decide, então, demitir todos os funcionários e fechar a fábrica. Embora fechada, a fábrica continua em pleno funcionamento, graças aos Oompa-Loompas, pequenos Homens que Willy encontrou na floresta de Ompalândia, lugar visitado por Wonka em busca de sabores diferentes para suas receitas (insetos e plantas estavam no cardápio) e que contratou em troca de todo o cacau que quiserem consumir. 
Durante seu corte de cabelo ritual, Willy descobre um fio de cabelo branco e tem um lapso de consciência de sua finitude. Embora ainda seja novo, Willy percebe-se envelhecendo e sem um herdeiro para tudo o que construiu, já que se isolou de todos, anos atrás. Foi, então, que decidiu criar um concurso, onde cinco crianças que achassem os bilhetes dourados poderiam ter uma visita guiada em sua fábrica e o vencedor levaria um prêmio surpresa.
Logo quando a fábrica abre os portões, vemos a primeira apresentação de Willy para seu público. Em meio à cantoria bizarra dos bonecos, coisas começam a pegar fogo e um trono vazio encontra-se ao meio. Willy Wonka aparece ao lado de seus convidados, batendo palmas para o espetáculo. Ao ser questionado sobre o porquê de não estar no trono, Willy responde que não poderia ver o show lá de cima. Willy já aparece com seu chapéu desproporcional e suas roupas com cores contrastantes. A fábrica está aberta à visitação daquelas crianças e seus responsáveis. Willy demonstra grande desconforto na presença de seus visitantes e evita ao máximo contato físico e direto com qualquer um deles. Sua fala demonstra que não consegue estabelecer uma linha de comunicação clara com o mundo infantil e por muitas vezes, simplesmente ignora a presença de seus visitantes.
Durante a visitação, quatro, das cinco crianças, têm péssimos comportamentos e colocam suas vidas em risco em vários momentos, o que não preocupa Willy nem um pouco. Na verdade, podemos vê-lo encantado com algumas situações e o resultado delas, como se tudo fosse apenas fruto de sua própria imaginação. Em determinado momento, uma das criançasquestiona como os Oompa-Loompas sabiam o que ia acontecer, já que cantaram uma música com o nome da criança em perigo. Willy responde que foi tudo improvisação. Tenta fazer uma rima de improviso, que não faz sentido, mas afirma fazer, sim. 
No final, Willy acaba apenas com uma criança em sua fábrica, o Charlie Bucket. Charlie será seu novo herdeiro, mas com uma condição: terá de abandonar sua família e viver isolado na Fábrica com Willy. Charlie recusa o convite e Willy vai embora. 
Willy, depois de uma sessão de terapia, decide refazer o convite para Charlie, para que façam um acordo. Charlie sugere que Willy visite seu pai e ambos conseguem chegar até a casa do Sr. Wonka com o elevador de vidro que voa em todas as direções. Willy finalmente retoma o contato com seu pai e Charlie segue sendo seu herdeiro.
2.1 Willy Wonka e o Transtorno de Personalidade Esquizotípica
Neste filme, podemos identificar no personagem principal, Willy Wonka, o Transtorno de Personalidade Esquizotípica. Wonka apresenta padrão invasivo de déficits sociais e interpessoais, com inicio na vida adulta e pode ser observado em vários contextos.
O DSM V apresenta como critérios diagnósticos para o TPEZ a presença de ideias de referência (excluindo os delírios de referência); crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas subculturais; experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais; pensamento e discurso estranhos; desconfiança ou ideação paranoide; afeto inadequado ou constrito; comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou peculiar; ausência de amigos próximos ou confidentes que não sejam parentes de primeiro grau; ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a estar associada mais a temores paranoides do que a julgamentos negativos sobre si mesmo.
Durante o filme, Willy Wonka apresenta ideias de referência, como podemos ver na cena em que está no elevador com Mike, Charlie e seus pai e avô, respectivamente. Neste momento, Willy se lembra de um momento de sua infância, onde discute com seu pai e este diz que doces eram perda de tempo e Willy decide fugir de casa e ir visitar as capitais mundiais de chocolate. Ainda em sua lembrança, quando retorna para sua casa, Willy não mais a encontra naquele lugar e decide que viverá sozinho a partir dali.
Willy Wonka apresenta, também, crenças bizarras ou pensamentos mágicos. Essas crenças e pensamentos são inconsistentes com as normas da cultura na qual está inserido. Para esse segundo critério, podemos apontar a presença dos Oompa-Loompas, que assumem todos os papéis importantes dentro da fábrica, desde o que cuida do cabelo até os operários. Todos têm a mesma aparência e possuem um comportamento tão bizarro quanto o de Willy. Esses anões vieram de Ompalândia, segundo Wonka. Mas o pai de Mike, que é professor de geografia, diz que tal lugar não existe. Willy continua a afirmar que foi lá que encontrou seus funcionários e descreve o lugar com riqueza de detalhes, incluindo insetos gigantes e o culto ao cacau feito pelos anões.
O terceiro critério diagnóstico para TPEZ é a presença de experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões somáticas. Neste momento, podemos apontar o show inicial, quando Willy faz a introdução com o show de bonecos que pegam fogo. A cantoria, a disposição dos bonecos, sua aparência, tudo tenebroso e assustador para as crianças. Para Wonka, contudo, o show fora maravilhoso. É possível verificar essas experiências em vários momentos do filme, mas, principalmente, quando as crianças colocam suas vidas em risco, como quando Augustus cai no rio de chocolate; quando Violet come a goma de refeições e se transforma numa amora gigante; Veruca invade a sala dos esquilos e jogada no lixo (quase indo para o incinerador) e quando Mike se teletransporta para a televisão. Em todos esses momentos, Willy demonstra não entender essas situações como um risco para as crianças. Um outro momento, é quando o elevador de vidro atravessa o teto da fábrica e começa uma queda livre. Charlie e seu avô se mostram aterrorizados, enquanto Wonka apenas fica parado.
Willy apresenta pensamento e discurso bizarros, quarto critério, que podemos observar em todas as suas criações ao longo do filme. Tais comportamentos são de longa data, como podemos ver através dos relatos do avô de Charlie, da época que trabalhava para Willy Wonka.
Como quinto critério, temos a presença de desconfiança ou ideação paranoide. Willy Wonka nos mostra esse comportamento no momento que decide fechar a fábrica por medo de espiões estarem infiltrados, tentando roubar sua receita. Willy se isola da sociedade neste momento, pois acredita que não deve confiar nos outros. Essa paranoia persiste ao longo dos anos, como podemos ver na cena que o avô de Charlie se apresenta como um antigo funcionário e Willy questiona se ele era um dos espiões. 
Wonka apresenta afeto inadequado ou constrito, o sexto critério diagnóstico. Na cena de abertura da fábrica, as crianças tentam conquistar Willy abraçando-o e se aproximando rapidamente, o que o deixa extremamente desconfortável. Podemos observar que seu comportamento fica afetado quando este começa a gaguejar e precisa do apoio de cartões para seguir o roteiro, pois, aparentemente, não consegue formular uma conversa íntima com aqueles presentes. Seu afeto também se mostra afetado quando a mãe de Violet tenta flertar consigo e Wonka tem uma resposta de repulsa.
Seu comportamento e sua aparência excêntricos se encaixam no sétimo critério diagnóstico. Wonka demonstra não se importa com convenções sociais e veste-se de maneira desarmoniosa para a época e o ambiente, com seu casaco colorido, seus óculos gigantes e sua cartola desproporcional, sua pele extremamente pálida. Podemos observar que também seus funcionários se encaixam nesse padrão, com seus uniformes bizarros. 
No oitavo critério diagnóstico, o DSM V nos dá a ausência de amigos próximos ou confidentes. Vemos que Wonka se esquiva de qualquer contato íntimo, até mesmo com seus funcionários Oompa-Loompas, que vivem dentro da fábrica com ele há anos.
Por último, observamos que Willy Wonka apresenta ansiedade social excessiva. Podemos observar esse comportamento nos momentos que Willy se isola da sociedade e se fecha na fábrica, quando é incapaz de pronunciar a palavra “pais” (devido ao seu relacionamento conturbado com seu próprio pai) e quando necessita da ajuda de Charlie para poder voltar a falar o seu pai.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Enfim, a partir dessa análise, podemos caracterizar em Willy Wonka o Transtorno de Personalidade Esquizotípica, com a presença dos nove critérios diagnósticos, segundo o DSM V.
Podemos apontar a importância de sua relação parental para a construção de sua personalidade esquizotípica.
Vale ressaltar, neste ponto, a importância da abordagem de aceitação para o esquizotípico, para que o paciente encontre um ambiente seguro e confiável e, assim, possa alcançar sua melhora.
REFERÊNCIAS
1. Lawrence AP, Oliver PJ. Personalidade teoria e pesquisa. Porto Alegre. 2004.
2. Vicente EC. Manual de Transtornos de Personalidade. São Paulo. 2008.
3. DSM-V. Manual Diagnóstico e Estatísticos de Transtornos Mentais. Trad. Maria Inês Corrêa nascimento. Porto Alegre. 2014.

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