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TUTORIA 5 – UC7 1. Identificar os fatores de risco (contaminação) e as causas (patógenos) da diarreia Fatores de risco para diarreia Os fatores de risco para adquirir diarreia aguda são: · Contato com pessoas com diarreia infecciosa; · Viver em condições de higiene precária, sem saneamento básico; · Perda precoce do leite materno, pois o aleitamento materno diminui a frequência de episódios de diarreia na vida da criança e, também está associado com evolução menos grave e menor necessidade de hospitalização; · Consumo de água e alimentos contaminados. Causas da diarreia As causas podem ser virais, bacterianas, fúngicas e parasitárias. O Rotavírus é o agente mais comum, sendo encontrado em qualquer idade, porém mais prevalente em menores de 5 anos, com maior frequência em crianças entre os 6 e os 24 meses. Sua transmissão ocorre predominantemente pelo contato pessoa a pessoa, mas também pode ocorrer por secreção respiratória e contatos com brinquedos ou superfícies contaminadas. Felizmente a vacina contra o Rotavírus nos bebês brasileiros, a partir de 2006, promoveu grande diminuição nos internamentos e mortes causadas por este vírus. 2. Compreender a fisiopatologia da diarreia (tipos de diarreia) Dentre as classificações da diarreia, temos: · Diarreia aguda: quadro de diarreia inferior a 14 dias. Na maioria das vezes de origem infecciosa, recebendo a denominação de diarreia infecciosa ou gastroenterite. · Diarreia persistente: se perpetua por 14 dias ou mais, até 4 semanas. · Diarreia crônica: se estende por um período acima de 30 dias, podendo ou não haver síndrome de má absorção associada. · Desinteria: é definida pela eliminação de fezes sanguinolentas e com muco, em pequena quantidade, associada com tenesmo (espasmo doloroso do esfíncter anal ou vesical com desejo urgente de defecar ou urinar, e com eliminação de quantidade mínima de fezes ou urina) e urgência para defecar. Em relação aos mecanismos da diarreia, temos: · Osmótica: caracterizada pelo acúmulo de líquidos no lúmen intestinal, devido à presença de solutos que carreiam água para dentro de si (princípio químico, água vai do meio menos para o mais concentrado). É comum a presença de gases pela fermentação do carboidrato não digerido. Aparentemente, melhora com o jejum. Essa diarreia, na maioria das vezes, é secundária a um processo infeccioso que lesa o enterócito (impedindo a absorção). EX: laxantes, deficiência de lactase. · Secretora: a diarreia secretora tem como característica o aumento da secreção intestinal de água e eletrólitos. Pode ser ocasionado por toxinas bacterianas ou pela ação direta de patógenos, que aumentam a concentração intracelular de cálcio e nucleotídeos cíclicos, promovendo a secreção ativa de água e eletrólitos. É o tipo caracterizado por maior volume fecal, com sódio fecal elevado. A desidratação ocorre rapidamente. EX: Ativação de AMPc (cólera, shigella, salmonella, campylobacter). · Invasiva: na diarreia invasiva (inflamatória) ocasionada por algumas bactérias (shigella, salmonella, campylobacter etc.) a lesão da célula epitelial do intestino impede a absorção de nutrientes. Pode haver um componente secretor, uma vez que nessa situação há a produção de mediadores químicos pela inflamação: histamina e bradicina, que estimulam a secreção de eletrólitos no lúmen. · Aumento da motilidade: há diminuição do tempo de trânsito intestinal por aceleração da peristalse. As fezes têm aspecto normal. EX: hipertireoidismo e síndrome do intestino irritável. · Diminuição da motilidade: há um defeito na unidade neuromuscular, com estase e supercrescimento bacteriano. Ex: pseudo-obstrução intestinal e síndrome da alça cega. · Diminuição da área de superfície: há diminuição da capacidade de absorção de água, eletrólitos e nutrientes. O aspecto das fezes é aquoso. EX: síndrome do intestino curto, doença celíaca e enterite por rotavírus. 3. Conhecer o manejo da desidratação segundo o MS (planos A, B e C) O Ministério da Saúde propõe a avaliação de alguns parâmetros clínicos para avaliar o estado de hidratação e o posterior tratamento deste. Paciente em estado A: · Estado geral: bem, alerta · Olhos: normais · Lágrimas: presentes · Sede: bebe normal, sem sede · Sinal da prega: desaparece rapidamente · Pulso: cheio SEM SINAIS DE DESIDRATAÇÃO, PLANO A Plano A: prevenção em domicílio Explique ao paciente ou acompanhante para fazer no domicílio: 1) OFERECER OU INGERIR MAIS LÍQUIDO QUE O HABITUAL PARA PREVENIR A DESIDRATAÇÃO: • O paciente deve tomar líquidos caseiros (água de arroz, soro caseiro, chá, suco e sopas) ou Solução de Reidratação Oral (SRO) após cada evacuação diarreica. • Não utilizar refrigerantes e não adoçar o chá ou suco. 2) MANTER A ALIMENTAÇÃO HABITUAL PARA PREVENIR A DESNUTRIÇÃO: • Continuar o aleitamento materno. • Manter a alimentação habitual para as crianças e os adultos. 3) SE O PACIENTE NÃO MELHORAR EM DOIS DIAS OU SE APRESENTAR QUALQUER UM DOS SINAIS ABAIXO, LEVÁ-LO IMEDIATAMENTE AO SERVIÇO DE SAÚDE: • Piora na diarreia • Recusa de alimentos • Vômitos repetidos • Sangue nas fezes • Muita sede • Diminuição da diurese 4) ORIENTAR O PACIENTE OU ACOMPANHANTE PARA: • Reconhecer os sinais de desidratação. • Preparar e administrar a Solução de Reidratação Oral. • Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e higienização dos alimentos). 5) ADMINISTRAR ZINCO UMA VEZ AO DIA, DURANTE 10 A 14 DIAS: • Até seis (6) meses de idade: 10mg/dia. • Maiores de seis (6) meses de idade: 20mg/dia. Quantidade de líquidos que devem ser administrados após evacuação diarreica: Menores de 1 ano 50-100ml; De 1 a 10 anos 100-200ml; Maiores de 10 anos Quantidade que o paciente aceitar. Paciente em estado B: · Estado geral: irritado, intranquilo · Olhos: fundos · Lágrimas: ausentes · Sede: sedento, bebe rápido, avidamente · Sinal da prega: desaparece lentamente · Pulso: rápido, fraco Apresentando dois ou mais sinais: DESIDRATAÇÃO PARTA PARA O PLANO B (PESE O PACIENTE) Plano B: tratamento por via oral na US 1) ADMINISTRAR SOLUÇÃO DE REIDRATAÇÃO ORAL: • A quantidade de solução ingerida dependerá da sede do paciente. • A SRO deverá ser administrada continuamente, até que desapareçam os sinais de desidratação. • Apenas como orientação inicial, o paciente deverá receber de 50 a 100ml/kg para ser administrado no período de 4-6 horas. 2) DURANTE A REIDRATAÇÃO REAVALIAR O PACIENTE SEGUINDO AS ETAPAS DO QUADRO “AVALIAÇÃO DO ESTADO DE HIDRATAÇÃO DO PACIENTE” • Se desaparecerem os sinais de desidratação, utilize o PLANO A. • Se continuar desidratado, indicar a sonda nasogástrica (gastróclise). • Se o paciente evoluir para desidratação grave, seguir o PLANO C. 3) DURANTE A PERMANÊNCIA DO PACIENTE OU ACOMPANHANTE NO SERVIÇO DE SAÚDE ORIENTAR A: • Reconhecer os sinais de desidratação. • Preparar e administrar a Solução de Reidratação Oral. • Praticar medidas de higiene pessoal e domiciliar (lavagem adequada das mãos, tratamento da água e higienização dos alimentos). O PLANO B DEVE SER REALIZADO NA UNIDADE DE SAÚDE. OS PACIENTES DEVERÃO PERMANECER NA UNIDADE DE SAÚDE ATÉ A REIDRATAÇÃO COMPLETA. Paciente em estado C: Unidade Hospitalar · Estado geral: comatoso, hipotônico*** · Olhos: muito fundos e secos · Lágrimas: ausentes · Sede: bebe mal ou não é capaz de beber*** · Sinal da prega: desaparece muito lento, mais de 2 segundos · Pulso: muito fraco ou ausente*** Se apresentar dois ou mais sinais, incluindo pelo menos um dos destacados com * DESIDRATAÇÃO GRAVE. Plano C: Unidade Hospitalar O PLANO C CONTEMPLA DUAS FASES PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS: A FASE RÁPIDA E A FASE DE MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO. Fase rápida: menores de 5 anos Solução Volume Tempo Soro Fisiológico a 0,9% Iniciar com 20ml/kg de peso. Repetir essa quantidade até que a criança esteja hidratada, reavaliando os sinais clínicos após cada fase de expansão administrada. Para recém-nascidos e cardiopatas graves começar com 10ml/kg de peso. 30 minutos Avaliar o paciente continuamenteFase rápida: maiores de 5 anos Solução Volume Tempo 1o Soro Fisiológico a 0,9% 2o Ringer Lactato ou Solução Polieletrolítica 30ml/kg 70ml/kg 30 minutos 2 horas e 30min FASE DE MANUTENÇÃO E REPOSIÇÃO PARA TODAS AS FAIXAS ETÁRIAS Solução Volume em 24 horas Soro glicosado a 5% + soro fisiológico a 0,9% na proporção 4:1 (manutenção) + Soro glicosado a 5% + soro fisiológico a 0,9% na proporção 1:1 (reposição) + KCl (cloreto de potássio) a 10% Até 10kg – 100ml/kg Peso de 10 a 20kg – 1L + 50ml/kg de peso que exceder 10kg acima de 20kg – 1.5L + 20ml de peso que exceder 20kg iniciar com 50ml/kg/dia. Reavaliar essa quantia de acordo com as perdas do paciente 2ml para cada 100ml de solução da fase de manutenção AVALIAR O PACIENTE CONTINUAMENTE. SE NÃO HOUVER MELHORA DA DESIDRATAÇÃO, AUMENTAR A VELOCIDADE DE INFUSÃO! • Quando o paciente puder beber, geralmente 2 a 3 horas após o início da reidratação venosa, iniciar a reidratação por via oral com SRO, mantendo a reidratação endovenosa. • Interromper a reidratação por via endovenosa somente quando o paciente puder ingerir SRO em quantidade suficiente para se manter hidratado. A quantidade de SRO necessária varia de um paciente para outro, dependendo do volume das evacuações. • Lembrar que a quantidade de SRO a ser ingerida deve ser maior nas primeiras 24 horas de tratamento. • Observar o paciente por pelo menos seis (6) horas. OS PACIENTES QUE ESTIVEREM SENDO REIDRATADOS POR VIA ENDOVENOSA DEVEM PERMANECER NA UNIDADE DE SAÚDE ATÉ QUE ESTEJAM HIDRATADOS E CONSEGUINDO MANTER A HIDRATAÇÃO POR VIA ORAL 4. Identificar os sinais comuns da diarreia e desidratação Principais sinais da diarreia: · Fezes líquidas · Cólicas abdominais · Dor abdominal · Febre · Sangue nas fezes · Inchaço · Flatulências constantes · Tenesmo · Alto número de ocorrências fecais Os sintomas mais comuns da desidratação são sede e boca seca, porém, apenas a sede não é parâmetro para medir a necessidade de água no corpo. A sede exagerada, associada a outros sintomas como baixa diurese ou urina escura, pode ser um forte fator indicativo. Alguns sinais de desidratação abaixo: · Boca e peles secas; · Olhos fundos; · Tontura; · Fraqueza; · Cansaço excessivo; · Diminuição da elasticidade da pele; · Dor de cabeça; · Diminuição ou ausência de lágrimas; · Queda da pressão arterial; · Aumento da frequência cardíaca; · Moleira afundada nos bebês. 5. Evidenciar os patógenos da diarreia (ênfase nos parasitas) ESTÁ NO MEDCURSO grifado
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