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GESTÃO ESCOLAR E COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS ALGUMAS REFLEXÕES


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GESTÃO ESCOLAR E COMPETÊNCIAS SOCIOEMOCIONAIS: ALGUMAS 
REFLEXÕES 
 
 
 
Ana Paula Fernandes1 
Sabrina Silva Valle Meotti2 
 
 
 
Resumo 
O presente artigo busca a compreensão da mobilização das competências socioemocionais pelos 
gestores escolares das instituições de ensino revisando os conceitos e suas relações com a 
prática cotidiana gerencial. Apresenta, ainda, as primeiras discussões a respeito da concepção de 
gestão escolar e competências socioemocionais e um panorama geral dos artigos sobre gestão 
escolar publicados no primeiro quindênio do século 21 (2001-2015) mapeando a forma como se 
construiu a temática a partir do início do século. Para isso, os dados foram organizados e 
descritos a partir de coletas nas bibliotecas eletrônicas do Portal de Periódicos Capes/MEC e da 
Scielo, com revisão pelo Google Scholar. Os resultados apontaram o constante crescimento do 
número de pesquisas com o tema gestão escolar; assim como os termos mais frequentes. 
Contudo não encontrou-se produções com relação a gestão escolar e competências 
socioemocionais, apontando a necessidade de ampliar as pesquisas na área. 
 
 
Palavras-chave: Gestão Escolar; Competências Socioemocionais; Pesquisa; Referencial 
Teórico. 
 
 
 
SCHOOL MANAGEMENT AND SOCIO-EMOTIONAL SKILLS: SOME REFLECTIONS 
 
 
Abstract 
The present study seeks the understanding of the mobilization of socio-emotional skills by school 
managers at educational institutions reviewing concepts and their relationship with everyday 
managerial practice. It also presents the early discussions about the concept of school 
management and socio-emotional skills and provides an overview of the articles dealing with 
school management published in the quindenium of the 21st century (2001-2015) mapping the way 
the theme was built since the beginning of this time. For this reason, the data were organized and 
described from collections in electronic libraries of CAPES journals and Scielo, reviewed by 
Google Scholar. The results revealed the constant growth in the number of researches on the 
school management topic, as well as the most common terms. However, haven’t been found 
productions about school management and socio-emotional skills, mentioning the need to expand 
the researches in this field. 
 
Keywords: School Management; Socio-emotional skills; Research; Theoretical Framework. 
 
 
1 Colégio Estadual Antonio Martins de Mello – EFM, Brasil. E-mail: educacaoanapaula@bol.com.br 
2 CEEBJA – Profº Francisco Benedetti - EFM, Brasil. E-mail: sabvalle@hotmail.com 
mailto:sabvalle@hotmail.com
mailto:sabvalle@hotmail.com
2 
Introdução 
 
 
O debate sobre competências tem contribuído para a adaptação das organizações 
às diversas mudanças na configuração da sociedade e das relações de trabalho. O tema 
ganhou espaço como fator de análise para um desempenho superior das pessoas quanto 
das instituições. 
Dentro do contexto das competências, tem-se desenvolvido estudos nos últimos 
anos com a finalidade de analisar como as questões emocionais e sociais das pessoas 
podem influenciar seu desempenho nas organizações, visto que além das competências 
profissionais, as questões que envolvem o saber lidar com as próprias emoções e as 
emoções dos outros são fundamentais para os relacionamentos interpessoais. 
Surge então o conceito de competências socioemocionais que envolve uma junção 
de aspectos cognitivos, emocionais, sociais e comportamentais, desenvolvidos nos 
diferentes estágios da vida. Deriva da capacidade fundamental de ter consciência, 
entender, controlar e expressar as emoções de maneira eficaz, envolvendo uma 
variedade de habilidades sociais, pessoais e emocionais inter-relacionadas que 
influenciam o modo de lidar com as demandas e as pressões da vida cotidiana (BAR-ON, 
2002). 
As pessoas envolvidas com atividades educacionais são submetidas com 
frequência a situações de conflitos em que são exigidas competências socioemocionais 
para resolução dos problemas e manutenção de um bom clima organizacional assim 
como a criação e manutenção de boas relações entre pessoas. A competência 
socioemocional é a habilidade de entender, gerir e expressar aspectos sociais e 
emocionais na própria vida de forma a garantir sucesso na gestão de tarefas da vida, 
como aprendizagem, formação de relacionamentos, solução de problemas diários e 
adaptação a demandas complexas de crescimento e desenvolvimento. (ELIAS et al., 
1997). 
Nesse contexto, os gestores escolares são submetidos com regularidade a 
situações-problema em que as competências socioemocionais são importantes para o 
atendimento de tais demandas. Por este motivo, analisar de que modos os gestores 
mobilizam competências socioemocionais no ambiente de trabalho, de forma a 
administrar conflitos interpessoais e contribuir para o alcance de metas coletivas com 
sucesso, tem grande relevância para o nosso tempo. 
3 
Apesar do advento da gestão democrática nas escolas, estas passam por diversos 
conflitos nos seus processos decisórios, devido a interesses e jogos de poder a partir de 
bases centralizadoras que levam a escola a vivenciar um verdadeiro paradoxo 
(JUNQUILHO; ALMEIDA; SILVA, 2012). Nesse cenário, se insere ainda a dificuldade dos 
gestores escolares de lidar com atividades gerenciais, especialmente no tocante à gestão 
de pessoas. 
Na prática, a escola enquanto organização é composta por pessoas que a mantêm 
viva e em funcionamento. Reproduz-se, regularmente, a expressão e organização escolar 
num conceito complexo, em que os diversos atores interagem entre si. O verdadeiro 
entendimento desta organização exige um conhecimento e constante análise do órgão 
que a coordena. Na complexa cultura organizacional educativa, todos os integrantes 
(professores, agentes educacionais, alunos) solicitam que seja realizada uma constante 
análise sobre quem lidera a escola, como a lidera, qual o modelo organizacional ideal, 
quem participa/colabora, como participar, entre outras questões. 
Neste sentido, a gestão educativa, cuja tónica está colocada na liderança de 
pessoas, terá de ser marcada pelo envolvimento de todos, com as suas especificidades e 
particularidades, no sentido de um trabalho colaborativo. Para obter, o potencial máximo 
da equipe de trabalho de modo a potencializar o desempenho é necessário que os 
sujeitos se sintam, pois só assim as organizações conseguirão obter notáveis níveis de 
desempenho. O sucesso da organização dependerá, inevitavelmente, do empenho de 
todos, cabendo ao diretor, como líder, liderar todo este processo de forma eficiente. 
O gestor de escola pública atua em um ambiente sensível ao contexto social e 
rígido no contexto estrutural, situando-se em um complexo processo de equilíbrio entre as 
partes, no qual lhe são atribuídas tarefas diversas que exigem uma postura multifuncional. 
O dia-a-dia escolar exige contínuo exercício de habilidades e atitudes emocionais, 
tendo em vista a constante interação com alunos, professores, pais e funcionários não 
docentes. A escola como um espaço de convivência de diferentes atores tem o papel de 
coesão é local de encontro e desencontros, tornando-se um espaço propicio à discussão 
e resolução de problemas ou dificuldades relacionadas ao convívio e uma série de 
desafios de demandas na gestão de resultados e na gestão financeira. Para Elias et al. 
(1997, p.3) “As competências socioemocionais são a chave para o sucesso na escola e 
na vida”. 
4 
Sabemos que o conceito de mediação nem sempre é aplicado de forma adequada 
no ambiente escolar, segundo Lopes (2006) mediação é o inter-relacionamento entre o 
gestor, professor, os alunos e o que se pretende ensinar através da linguagem, da ação e 
dos recursos didáticos disponíveis. Nem sempre há uma reflexão sobre as causas e 
consequências dessas situações e a mediação é feita de forma superficial o quenão 
contribui para o crescimento pessoal e profissional dos envolvidos. É imprescindível que 
estes desenvolvam competências socioemocionais para que desta forma aconteça 
melhorias no clima organizacional, pois além de aprender a lidar com suas emoções, os 
gestores precisam lidar com as emoções do outro. Quanto mais desenvolvida forem as 
competências socioemocionais do gestor melhor será o clima no ambiente de trabalho e 
melhores serão as relações entre as equipes. 
Desse modo, questiona-se: como gerir as competências socioemocionais no 
trabalho da gestão escolar? Tem-se em vista as diversas pressões do ambiente escolar 
sobre estes profissionais que se relacionam direta ou indiretamente com um grande e 
diversificado número de pessoas, entre colegas de trabalho, agentes políticos, 
subordinados e estudantes, e no contexto público, compreende ainda uma série de 
desafios do setor governamental. Como o gestor escolar, mobiliza as competências 
socioemocionais em seu ambiente de trabalho com uma análise criteriosa do seu contexto 
socioemocional e da relação dele com seu o desempenho pessoal e o seu bem-estar. 
 
 
Gestão escolar e competências socioemocionais, breve revisão literária 
 
 
Os trabalhos que surgiram no final dos anos 70 e início dos 80, inauguraram uma 
perspectiva crítica na análise da gestão escolar, baseados em grande parte de Maurício 
Tragtemberg (1974) que apresenta no país possivelmente uma das primeiras críticas ao 
papel ideológico da teoria geral da administração, o foco central desses estudos críticos 
na área da educação se localizava no fato de os trabalhos anteriores apresentarem 
concepções por demais técnicas da gestão escolar. 
Arroyo (1979) se preocupa com o papel do dirigente escolar e educacional, trata- 
se de período em que ao administrador é requerido amplo conhecimento sobre as 
técnicas de gestão e organização, mesmo que com conhecimentos superficiais sobre o 
real objeto com o qual deveria lidar: a educação escolar e o processo educativo. 
5 
Arroyo sugere que os cursos de formação se pautem pela formação do 
“educador – docente, administrador, orientador [...] capaz de um fazer pensado, crítico, 
atento ao modelo de um homem a ser educado e às relações entre a escola e a 
sociedade”, levando a administração da educação “a recuperar seu sentido social” 
(Arroyo, 1979, p. 46). 
Com a pressão exercida pelas demais pessoas que trabalham ou estudam na 
escola, de uma parte, e com a pressão exercida pelo poder público centralizado, de outra, 
em uma luta, por diversas vezes, de interesses bem diversos de parte a parte: 
 
“A maneira como o diretor consegue lidar com esse conflito tem 
consequências na própria imagem que dele fazem os demais agentes 
direta ou indiretamente envolvidos no processo pedagógico escolar” 
(PARO, 1988, p. 134). 
 
As práticas da gestão escolar têm mudado, os modelos de gestão empregados 
introduziram aspectos gerenciais e tecnológicos que acompanham objetivos dos setores 
na busca por eficiência, produtividade e economia de recursos e desenvolvimento de 
lideranças. 
Dessa forma, com base na característica multifuncional do gestor e das exigências 
do ambiente escolar público, cada vez mais direcionadas a um serviço de melhor 
qualidade, faz-se necessário repensar a prática de que os gestores somente aprendam no 
dia a dia em serviço, por tentativa e erro, a resolver conflitos e ter atitudes apropriadas 
diante de situações de pressão nos processos internos ou da integração escola-
comunidade (LÜCK, 2009). 
Há autores que refletiram sobre as emoções e explorado mais profundamente o 
conceito de Inteligência Emocional. Howard Gardner (1983), revolucionou o conceito de 
inteligência ao dedicar-se aos estudos das múltiplas inteligências, o qual introduziu a 
teoria, na qual descreveu que habilidades interpessoais e intrapessoais são necessárias 
para a interação social, para o conhecimento das próprias emoções e das emoções dos 
outros. 
Thorndike (1920) afirmou que a inteligência social era distinta e mais relevante do 
que a inteligência cognitiva, mais virada para as capacidades académicas, no sentido de 
constituir uma parte crucial daquilo que faz com que as pessoas tenham mais êxito na 
prática da vida: 
 
6 
Desde E. L. Thorndike, pesquisadores vêm propondo a existência da 
habilidade social como um componente da inteligência (…). Nestes 
novos modelos encaixam-se, por exemplo, as chamadas inteligências 
não cognitivas que abrangem conceitos como inteligências Social, 
Emocional e Prática. (JUNIOR e NORONHA, 2007, p. 481). 
 
O conceito de Inteligência Emocional surgiu com os pesquisadores Peter Salovey e 
John Mayer, que se dedicaram ao estudo deste conceito. Os autores reconheceram, 
durante a sua investigação, a importância da Inteligência Emocional como fundamental 
para a adaptação e êxito nas vidas das pessoas: 
 
A inteligência emocional envolve a capacidade de perceber 
acuradamente, de avaliar e de expressar emoções; a capacidade de 
perceber e/ou gerar sentimentos quando eles facilitam o pensamento; 
a capacidade de compreender a emoção e o conhecimento 
emocional; e a capacidade de controlar emoções para promover o 
crescimento emocional e intelectual. (MAYER & SALOVEY, 1997, p. 
15). 
 
Pela sua ampla perspectiva, o conceito de Inteligência Emocional (IE) ficou 
mundialmente conhecido após a publicação do livro Inteligência Emocional de Daniel 
Goleman (1995). O autor descreveu o conceito da IE como a habilidade de se conseguir 
controlar a si próprio e de gerir adequadamente as suas relações com os outros. 
Relacionando-o com a capacidade de sentir, compreender, controlar e modificar o próprio 
estado emocional ou de outras pessoas. Remetido, também, para a liderança e para os 
efeitos positivos que os líderes eficazes têm nas condutas dos que são liderados. 
Devido a difusão dos testes de quociente de inteligência, testes de QI, 
pesquisadores perceberam que inteligência cognitiva é importante, mas, sozinha, não 
pode predizer o comportamento e o sucesso dos seres humanos na vida e no trabalho 
(GOLEMAN, 1995; SALOVEY; MAYER, 1990). Por sua vez, Thorndike e Gardner 
defendiam que habilidades sociais e emocionais são indispensáveis para que um 
indivíduo seja considerado inteligente. 
Outro modelo de inteligência emocional que surge no início dos anos 1990 foi 
proposto por Bar-On (1997). Para ele a inteligência socioemocional são habilidades 
pessoais, emocionais e sociais que influenciam a capacidade do indivíduo lidar com 
desafios e pressões diárias da vida, também defende que estas habilidades podem ser 
ensinadas e aprendidas. 
7 
As Competências Socioemocionais têm ocupado um lugar central nos modelos de 
Inteligência Emocional que a conceituam como capacidade, como proposto por Salovey e 
Mayer (1990). Bar-On (2000) reconhece os conceitos quase como sinônimos, defendendo 
que as competências socioemocionais são a capacidade de uma pessoa atuar de um 
modo social e emocionalmente inteligente. 
O conceito de Competência Socioemocional envolve ação, prática, evento, 
interação entre as pessoas consequentemente, está ligado a aprendizagem e ao 
desenvolvimento por meio da experiência de vida. 
No uso das competências socioemocionais, espera-se do gestor escolar a 
capacidade de mobilizar suas equipes de trabalho para a execução de tarefas, projetos, 
processos e planejamentos, favorecendo um ambiente de convivência saudável no dia a 
dia escolar. O trabalho em equipe é considerado por Elias et al. (1997) como um dos 
principais componentes para explicar as competências socioemocionais. 
Espera-se do gestor escolar atitudes assertivas, pois além de possuir 
conhecimentos pedagógicos e administrativos ele deve ser potencialmente mediador de 
conflitos, tanto entre os membros das equipes de trabalho da escola quanto quando da 
existência de problemas relacionais entre estas e o ambientesocial que envolve a escola. 
Para tais situações a assertividade é imprescindível. 
A ação dos gestores públicos resulta em um grande impacto na eficiência dos 
serviços desenvolvidos pelo Estado. Analisar a influência de aspectos socioemocionais, 
que podem agir de modo a facilitar as relações interpessoais e o desenvolvimento de 
outras competências torna-se relevante neste sentindo, contudo não encontrou-se autores 
que referenciassem o uso dos verbetes gestão escolar e competências socioemocionais. 
 
 
Sistematização das ideias de produções de artigos de gestão escolar pulicados no 
priemiro quindênio do século (20001-2015) 
 
 
Os gestores possuem um papel relevante nos processos que envolvem a 
conquista dos objetivos, configurando-se como fator de grande relevância para o 
processo de desenvolvimento de competências individuais para competências 
8 
organizacionais, que contribuem para a realização das atribuições que são cada vez mais 
complexas e exigem maior eficiência por parte do governo. 
Dessa forma, faz-se necessário que o gestor escolar, acompanhe esse 
processo por meio de formação e do desenvolvimento de competências para gerir o 
ambiente escolar. O gestor, na escola, é responsável pela organização e funcionamento 
do trabalho, bem como pela articulação dos processos de formação da escola em acordo 
com a realidade social, configurando-se como um profissional que além de domínios 
técnicos na área administrativa, mantenha a capacidade de diálogo com os pares e uma 
compreensão clara do contexto social e das inovações exigidas pela escola (OGAWA; 
FILIPAK, 2013). 
Neste cenário, o desenvolvimento de Competências Socioemocionais assume 
papel de extrema importância e “a aprendizagem socioemocional é um esforço 
permanente ao longo da vida” (Perez-escoda, 2015). Recentemente foi realizada uma 
pesquisa pelas autoras, onde apresentam um panorama geral dos artigos, sobre Gestão 
Escolar, publicados no primeiro quindênio do século XXI (2001-2015), mapeando a forma 
como se construiu a temática, os dados foram organizados e descritos a partir de coletas 
nas bibliotecas eletrônicas do Portal de Periódicos CAPES/MEC e da SCIELO, com 
revisão pelo GOOGLE SCHOLAR. 
O tema gestão escolar requer mais pesquisas no Brasil, quando comparados aos 
outros temas da pesquisa em educação. Medimos esta proporção com o resultado de 
buscas no Portal de Periódicos Capes, nas quais relacionamos educação com os 
seguintes temas: ensino (49,6%) - formação de professores (28,8%) - aprendizagem 
(12,2%) - política (8,7%) - gestão escolar (0,7%). Embora no quadro comparativo a 
temática tenha menor incidência, isso não significa que hajam poucos estudos. Há uma 
diversidade de pesquisas sobre gestão escolar que merecem ser descritas 
conjuntamente, como procuramos fazer neste artigo. 
Como protocolo de busca utilizamos a seguinte sintaxe: título = "gestão escolar" OR 
"gestão educacional". A partir dos artigos deduzimos outra sintaxe: título = “administração 
escolar” OR “administração educacional”. Fechamos as buscas no título compreendendo 
a importância do mesmo para a identificação do artigo, sendo esse uma síntese do 
objetivo que circunscreve o objeto. 
Sobre os critérios para se incluir artigos definimos cinco: 1) artigo publicado em 
periódicos; 2) idioma português; 3) autor brasileiro; 4) campo de pesquisa brasileiro; 5) 
artigos na faixa temporal entre os anos de 2001 a 2015. Deste modo excluímos os demais 
9 
textos que fossem: livros; publicações em eventos; teses e dissertações; trabalhos de 
conclusão de curso e textos de repositórios. 
 
Gráfico 1 - A frequência das publicações de artigos sobre gestão escolar 
 
Fonte: 1 Acervo da autora. 
 
Nesse sentido, empregando o acervo de dados da autora, apresenta também a 
Tabela 1, das palavras chave composta a partir dos artigos pesquisados, assim que os 
verbetes listados compõem o sentido do que contém o artigo, pelos significantes e as 
demais descrições é possível deduzir conteúdos. Desta maneira, nota-se a necessidade 
de ampliar as pesquisas na área visto que é um campo pobremente investigado. 
 
Tabela 1 – Palavras-chave dos artigos 
Palavras-Chave Quantidade % 
 
Palavras-Chave Quantidade % 
Autonomia 10 0,93 
 
Políticas 15 1,39 
Formação 
Continuada 10 0,93 
 
Participação 17 1,58 
Administração 11 1,02 
 
Administração 
Escolar 18 1,67 
Democratização 11 1,02 
 
Política Educacional 38 3,53 
Trabalho 11 1,02 
 
Gestão Democrática 46 4,27 
10 
Ensino 12 1,11 
 
Gestão Educacional 50 4,64 
Avaliação 14 1,30 
 
Educação 62 5,75 
Descentralização 15 1,39 
 
Gestão Escolar 109 10,11 
Formação 15 1,39 
 
Outros 614 56,96 
 TOTAL 1078 
Fonte: 1 Acervo da Autora. 
 
De acordo com Elias et al. (1997), competência socioemocional é a habilidade de 
entender, gerir e expressar aspectos sociais e emocionais na própria vida de forma a 
garantir sucesso na gestão de tarefas da vida, como aprendizagem, formação de 
relacionamentos, solução de problemas diários e adaptação a demandas complexas de 
crescimento e desenvolvimento. Assim, direcionar a pesquisa em relação a gestão 
escolar e a mobilização das competências socioemocionais pelo gestor escolar é 
relevante, pois assume um papel de extrema importância ao considerar que “a 
aprendizagem socioemocional é um esforço permanente ao longo da vida” (PEREZ-
ESCOLA, 2015) e a vida tem máxima atenção no meio escolar. 
O resultado da pesquisa apresentado vem confirmar a relevância do 
aprofundamento do campo das pesquisas na área da gestão escolar e a mobilização das 
competências pelo gestor escolar visando apresentar trabalhos que promovam a 
potencialização da capacidade deste no ambiente da escolar. 
 
Considerações finais 
 
A partir das buscas realizadas nas plataformas digitais e pelos contextos nos quais 
os artigos estão incluídos, se pode perceber que: lidar com questões administrativas e 
conflitos interpessoais faz parte da rotina do gestor escolar. Os conflitos acontecem em 
todos os tipos de organização e não seria diferente no ambiente escolar. Não obstante, é 
provável a convivência entre pessoas, a partir de duas, sem que haja divergência de 
opiniões, ideias, objetivos, apenas para apontar alguns fatores. Lima (2003), observa que 
a ação cotidiana dos diretores escolares é construída com a participação de outros 
sujeitos que compõem os espaços da comunidade escolar – alunos, pais, professores, 
funcionários técnico-administrativos, fornecedores, dentre outros. 
11 
De acordo com Tragtenberg o gestor escolar “funciona como mediador entre o 
poder burocrático da secretaria e a escola.” Ele sofre cobrança pressão dos professores a 
fim de que defenda seus interesses, dos alunos com suas reclamações, dos pais que 
cobram ações da escola e da secretária de educação por resultados. Desta forma o 
gestor escolar precisa reunir qualidades de negociador, noções de administração e 
grande habilidade para lidar com pessoas e gerenciar conflitos interpessoais. O presente 
trabalho constatou-se a necessidade da mobilização das competências socioemocionais 
pelo gestor escolar visto o papel que desempenha frente as instituições de ensino. 
Através do aprendizado e desenvolvimento das Competências Socioemocionais, 
os gestores poderão identificar os conflitos produtivos e não produtivos e gerenciá-los, de 
maneira que haja crescimento profissional, qualidade no ensino, e harmonia no ambiente 
de trabalho, pois de acordo com Scott et al. (2010) e Nascimento (2006), a capacidade de 
gerir conflitos de forma construtiva resulta como prevenção de doenças físicas, psíquicas 
e morais, além de promover melhorias nos relacionamentos interpessoais. 
 A partir do estudo apresentado, conclui-se que é de grande relevância 
que o gestor escolar desenvolva as competências socioemocionais, pois estas são 
ferramentas indispensáveis para a rotina de trabalho.Desta forma embora exista um 
crescimento de pesquisa na área de gestão escolar, não encontrou-se produções com 
relação a gestão escolar e mobilização das competências socioemocionais, direcionando 
a possibilidade de desenvolver pesquisas na área visto que é um campo que deve ser 
amplamente estudado. 
 
 
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