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Estafilocócicas Aula: 02 - Professora: Renata Características Gerais - Cocos Gram positivos; - Parecidos com cachos de uva; - Catalase positivos (coloca-se peróxido de hidrogênio na cultura – uma gotinha - que esta crescendo, se a mesma apresentar bolhas, é um estafilococo. Normalmente quando a cultura não cria bolhas é um estreptococo); - São imóveis; - Anaeróbios facultativos; - Crescem em uma temperatura que varia entre 18-40ºC (ótimo: 35 – 40ºC); - Em meios de cultura sólidos, apresentam colônias redondas, lisas, elevadas e cremosas; - Colonizam a pele e mucosas de animais (no leite da vaca, no ovo da galinha – pensar que eles podem ocasionar infecção alimentar), seres humanos (tratos respiratório, urogenital, gastrointestinal) e objetos (conseguem sobreviver na superfície até 3 semanas). ASSOCIADOS A DOENÇAS (Há 35 espécies de estafilococos, no entanto vamos no ater as principais) - Staphylococcus aureus: (O nome “aureus” significa “dourado” em latim, qualidade atribuída ao pigmento amarelo característico produzido pela bactéria, quando a cultura é incubada em temperatura ambiente por 72h). É um dos mais virulentos!! - Staphylococcus epidermidis: Pele - Staphylococcus haemolyticus: Urinárias - Staphylococcus lugdunensis - Staphylococcus warneri - Staphylococcus saprophyticus PRINCIPAL RESERVATÓRIO A grande problemática envolvendo a contaminação das mãos envolve a transmissão para o paciente (na hora do toque, abraço, carinho) que na maioria das vezes está no hospital, imunodeprimido, utilizando diversos antimicrobianos e dessa forma poderá ficar resistente ao S. aureus. Assim é notório que para a nossa proteção, bem como a do paciente, a lavagem das mãos é uma das medidas mais importantes que devemos ter em rede hospitalar a fim de evitar surtos de estafilococos. Também axilas, virilhas. - Então, normalmente irá ser encontrado nas narinas anteriores. É comum a colonização persistente ou por curto período de tempo (2 a 3 meses) de S. aureus em 20-40% de adultos (importante no ambiente hospitalar e em manipuladores de alimentos). - Por que o estafilococo consegue “produzir” tanta doença? Porque ele tem inúmeras formas de se fixar ao nosso epitélio e disseminar doenças. São elas: Ana Carolina Picanço - Proteínas de superfície - colonização: Fímbrias (chegam à mucosa nasal e se prendem – levantam acampamento), além disso conseguem passar seu material genético para outra bactéria; - Invasinas - disseminação; - Resistência a fagocitose: O macrófago fagocita o estafilococos, levando ele ao sistema linfático mais próximo da nasofaringe. Dessa forma, é muito mais fácil ele provocar infecções sistêmicas mais graves; - Sobrevivência em fagócitos; - Evasão do sistema imune; - Toxinas citolíticas - Outras exotoxinas; - Resistência aos antimicrobianos: A resistência é ocasionada pelo plasmídeo. Exemplo de resistente são os MRSA. - São capazes de infectar superfícies secas! ENZIMAS - Tem a capacidade de formar um coágulo envolta dele através da coagulase! - Coagulase: é um marcador de estafilococcia, caso ele for positivo trata-se de S. aureus. Como isso acontece? Sabe-se que a coagulase é semelhante ao fibrinogênio, assim irá agir no plasma e formará coágulos. Se formar coágulos na cultura, tem-se a comprovação que é um S. aureus. – IMPORTANTE PARA PROVA!!! - As lipases também tem sua importância devido à sobrevivência de estafilos nas áreas sebáceas do corpo: axilas, virilha e perianal. Inclusive são os lugares que mais temos infecções de pele. - As nucleases também são um marcador de S. aureus (como já aparece na tabela). INFECÇÕES ESTAFILOCÓCCICAS As estafilococcias podem invadir o tecido de maneiras diferentes, são elas: - Invasão direta e destruição tecidual: O estafilococo coloniza o paciente, o mesmo coça ou um mosquito pica, assim abre caminho e o estafilococo entrar. Temos: infecções cutâneas, endocardite e pneumonias (PNM). - Mediadas por toxinas: Um exemplo é uma foliculite que tem início no pé e por meio de toxinas liberadas poderá causar uma doença sistêmica grave. Temos: Síndrome da pele escaldada, intoxicação alimentar e síndrome do choque tóxico. Doenças inflamatórias PELE - Foliculite: Infecção simples dos folículos pilosos. Caracteriza-se por lesões avermelhadas e dolorosas, como por exemplo, o terçol. Os locais mais acometidos são coxas, tórax e braço. A infecção provoca pápulas eritematosas evoluindo para pústulas e por fim crostas. Ana Carolina Picanço - Furúnculo: Extensão da foliculite. É uma infecção folicular mais extensa que acomete também a glândula sebácea. Apresentam nódulos elevados, postulosos, grandes, doloridos, quentes, inchados, que evolui para necrose e fistulações. Necessita drenar espontaneamente ou após a incisão cirúrgica. Normalmente é encontrado nas áreas mais sebáceas e de atrito (axilas, virilha e nádegas). Recidivas: furunculose ou concomitância de vários furúnculos. - Carbúnculo/Antraz: Furúnculos coalescentes que se estendem para o tecido subcutâneo mais profundo. Apresentam múltiplos pontos de drenagem. Localizam-se na nuca ou costas. É caracterizado pela pele espessa e inelástica, lesões grandes, endurecida, dolorosa com área úlcero necrótica no centro, formando área cicatricial dura e hipertrófica de coloração violácea. Os pacientes de risco são os imunodeprimidos, portadores de insuficiência renal crônica – que são submetidos a hemodiálise – e idosos. - Infecções de feridas: O S. aureus pode causar infecções em feridas cirúrgicas (retiradas de pintas, lesões, procedimentos cirúrgicos com pontos, etc). Caso ocorra essa cirurgia e o indivíduo não tenha sido desinfetado de maneira correta, essas infecções de feridas são muito comuns. Esses microorganismos que colonizam a pele são introduzidos na ferida e as infecções são caracterizadas por edema, eritema, dor e acúmulo de secreções e material purulento. Cuidar que: infecções de feridas tem grande probabilidade de ser MRSA, em decorrência de o ambiente hospitalar. - Impetigo bolhoso: Infecção superficial da pele com formação vesiculopostulos. Começa com mácula e evolui para vesículas. Sofrem rupturas e formam crostas. Atinge somente a epiderme, então não é uma lesão que causará cicatriz. Acomete preferencialmente crianças com poder aquisitivo menor. São aquelas que fazem feridinhas na pele e não limpam nem cuidam adequadamente e assim evolui para o impetigo bolhoso. - OBS: O impetigo bolhoso pode ocorrer tanto por estafilococo quanto por estreptococo. Para diferenciar cadaum deles, observa-se a umidade do local. Uma infecção “feia” com pus, odor ruim e molhada é comumente desencadeada por estafilococo. Já por estreptococo é mais sequinha. A partir do momento que o estafilococo ganha a corrente sanguínea, podem ocasionar outras patologias. Então findamos a parte referente à pele e partimos para a corrente sanguínea. Abaixo tem um quadro explicando a sequência de eventos nas infecções por estafilococos. SANGUE - Bacteremia: Ocorre geralmente a partir de uma infecção localizada em outro sítio. Também pode ocorrer por acesso direto da bactéria na corrente sanguínea através de cateteres ou de outros dispositivos. Em geral, os pacientes apresentam sintomas sistêmicos. Os ECN (S. EPIDERMIDIS, S. HAEMOLYTICUS, S.HOMINIS, S. CAPITIS e S. WARNERI) são os mais comuns nas bacteremias hospitalares. Mais comum em extremos de idade e imunodepressão, quando o paciente é submetido há vários antimicrobianos e internação prolongada Ana Carolina Picanço em CTI. Atenção com a contaminação da HMCT. OBS: Como esses estafilococos são comensais da pele, deve-se ter CERTEZA de que são eles que estão causando a bacteremia. O correto é colher 3 culturas e não pode ser colhida durante a febre, pois no exame virá muitas outras coisas que poderão dificultar. PROVA!!! - Endocardite: Os ECN são os mais comuns. Ocorre geralmente a partir de uma infecção localizada em outro sítio. Mais comum em pacientes com prolapso de válvula mitral, válvula protética ou alguma alteração congênita de válvulas. Então o sangue irá fazer um turbilhamento que machucará a parede cardíaca e assim o estafilococo se fixa nessa parede e causará a vegetação que em decorrência da pressão que o sangue passa, poderá levar êmbolos para o corpo todo. Então além de causar endocardite, pode levar a osteomielite. - Osteomielite: O S. aureus é a causa mais comum, tanto aguda quanto crônica. O modo primário de disseminação é hematogênica (febre alta, dor intensa, calor, eritema e edema na pele subjacente), osteomielite por contiguidade (abcesso ou processo inflamatório tecidual) e osteomielite por trauma ou procedimentos cirúrgicos (evolução lenta, fistulização). - Pneumonia e Empiema: Pode ocorrer por uma furunculose que ganha a corrente sanguínea e chega ao pulmão. O S. aureus é uma causa incomum de PNM, normalmente o germe principal é o pneumococo. Então para pensar em pneumonia por S. aureus, tem que saber se o paciente teve algum foco infeccioso e for imunodeprimido. Pode ocorrer por aspiração de secreções orais, secundária a intubação e VM (ventilação mecânica), disseminação hematogênica (complicação de endocardite), bacteremias (formação de abscessos nos pulmões e empiema pleural) e pneumonia necrotizante com alta taxa de mortalidade = cepas CA-MRSA (comunidade). OBS: Os achados radiológicos principais mostram lesões com níveis hidroaéreos decorrentes de necrose, que são chamadas de PNEUMATOCELES e condensação. PROVA!!! TOXINAS - Síndrome da pele escaldada: Caracterizada pelo aparecimento abrupto de um eritema perioral, que cobre o corpo em dois dias. Uma leve pressão desloca a pele (sinal de Nikolsy – patognomônico) e há o aparecimento de bolhas ou vesículas cutâneas, seguidas da descamação das camadas superficiais da pele. Habitualmente observada em recém-nascidos ou lactentes. Toxinas esfoliatinas (separação das ligações celulares no estrato granuloso). - Síndrome do Choque tóxico: Inicialmente foi observada em mulheres menstruadas e em uso e tampões hiper-absorvíveis Ana Carolina Picanço (OB). Posteriormente, observada em mulheres e homens, como complicação de abscessos, osteomelite, infecções de feridas cirúrgicas e pneumonia secundária a gripe. É multissistêmica: febre, hipotensão, tontura, descamação cutânea, eritrodermia, e acometimento de pelo menos três sítios orgânicos (pode ser fatal). - Infecção Alimentar: Normalmente é um quadro muito abrupto. Resulta da ingestão de alimento contaminado com cepas produtoras de enterotoxinas termoestáveis. Alimentos mais comumente contaminados são: carnes processadas, bolos recheados com creme, produtos de padaria, salada de batata e sorvete. Os alimentos podem ser contaminados através de pessoas com colonização nasal. Após 2-6 horas da ingestão de alimentos contaminados, surgem os sintomas: dores abdominais ou náuseas, diarreia intensa, vômitos. Podem ocorrer suores e dores de cabeça, mas não febre e em 24 horas não há mais sintomas. Staphylococcus epidermidis Segunda espécie mais importante do gênero Staphylococcus, perde apenas para S. aureus. Faz parte da flora normal da pele e da mucosa de seres humanos (todo mundo tem). Não produzem coagulase (quem tem a coagulase positiva é o S. aureus). Possuem resistência a antimicrobianos. Apresentam muitos fatores de adesão, sendo importantes patógenos hospitalares podendo causar infecções especialmente em pacientes que fazem uso de dispositivos plásticos (cateter, próteses). Além disso, podem ocasionar outras infecções: bacteremia (cateteres infectados), infecções cutâneas, oculares (pós-cirúrgcas), peritonite, etc. Staphylococcus saprophyticus Causa importante de infecção do trato urinário (aparece no EAS), especialmente em mulheres jovens e sexualmente ativas, podendo causar cistite, uretrite e pielonefrite e, raramente, bacteremia. Coagulase negativo. Pode ser encontrado colonizando trato urogenital e o reto (principal reservatório). Alguns deles são resistentes à novobiocina (S. cohnii subsp. cohnii, S. cohnii subsp. Urealyticus, S. sciuri e S. xylosus). Diversas vezes podem aparecer no exame de EAS, no entanto se o pct não tiver clínica, não é tratado. (deixa-o quietinho ali). Diagnóstico Laboratorial Microscopia: Os estafilococos apresentam-se em espécimes clínicos como células isoladas ou em grupos – Cocos Gram positivos. - Não é recomendada a microscopia em materiais como: O pus aspirado (basicamente formado de células necróticas, com poucos microorganismos) e sangue de pacientes com bacteremia (o sangue deve ser cultivado menos de 1 microrganismo/ml de sangue). - Não é recomendado nenhum tipo de exame laboratorial em pacientes com intoxicação alimentar. O diagnóstico é feito pela clínica e um histórico de ingestão alimentar. (A cultura fica pronta em 3 dias, o pct melhora em 24h, sendo assim não há necessidade de exame). Cultura: Em 24 horas, há aparecimento decolônias grandes, lisas, cremosas, pigmentadas, com bordas arredondadas e convexas. Quase todas as amostras de estafilococos produzem hemólise no ágar sangue (hemolisinas). É Ana Carolina Picanço necessário fazer cultura principalmente naqueles pacientes que tem repetição (ex: furunculose) a fim de saber se é um MRSA. Microrganismos Resistentes É um problema mundial, envolvido em infecções graves em pacientes hospitalizados. Possuem resistência a múltiplos agentes antimicrobianos. Atualmente, 50% dos S. aureus que encontramos no dia a dia são resistentes. Mais recente na comunidade. Tratamento, Prevenção e Controle Para contornar o problema de resistência às penicilinas foram criadas penicilinas semi-sintéticas resistentes à hidrólise pelas β–lactamases (meticilina – não tem no Brasil - e oxacilina, entre outros). Atualmente 30-50% das cepas de S. aureus e 50% de estafilococos coagulase negativos são resistentes a estas penicilinas semi-sintéticas, sendo conhecidas como “MRSA”. Até há pouco tempo, cepas de MRSA estavam restritas no ambiente hospitalar, mas surtos na comunidade (CA-MRSA) têm sido relatados e estão associados ao desenvolvimento de doenças graves. É necessário ensinar as mães, pais, cuidadores o modo como fazer a limpeza apropriada da ferida e aplicação de um desinfetante adequado (sabonete germicida, solução de iodo, hexaclorofeno). Além disso, a completa lavagem das mãos e cobertura da pele exposta auxilia, o pessoal médico evitar infecções ou disseminá-la para outros pacientes. É difícil controlar a disseminação dos microorganismos resistentes à meticilina (MRSA). Área em branco! ● Os antibióticos utilizados são: Oxacilina – excelente medicamento, no entanto há necessidade de o paciente estar internado. Cefalotina – nas infecções leves é utilizada, assim como pode ser utilizada também a oxacilina. Cefalexina – uso oral, se ela não responder até 48h, deve-se pensar em uma cepa resistente, troca então para clindamicina. Cefipime – paciente que já teve infecção, já foi internado há menos de 3 meses, abre-se o espectro do medicamento. Ceftaroline – idem acima. Clindamicina Vancomicina / Teicoplanina – utilizados para MRSA. Daptomicina Linezolida - utilizado para MRSA. Tigeciclina - utilizado para MRSA. Sulfametoxazol + Trimetoprim Fim. Ana Carolina Picanço
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