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Diabetes mellitus - parte 01 Aula: 07 - Professora: Sâmia Definição Grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que apresentam em comum a hiperglicemia.A hiperglicemia é o resultado de defeitos na ação da insulina, na secreção de insulina ou em ambos. Quadro Clínico Sintomas decorrentes da Hiperglicemia: - Poliúria, polidipsia, polifagia ; - Emagrecimento (10 kg em 1 mês - paciente com metabolismo descompensado); - Fadiga = cansaço. Não existe o termo fadiga adrenal; - Turvação visual: glicose entra no humor aquoso – acima de 180 mg/dL. Exame para avaliar o olho: o paciente deve estar compensado. Existem pacientes que não fazem “pontinha de dedo” e a descompensação do DM é confundida com problemas visuais.; - Tendência a infecções ; - Candidíase vaginal / Balanopostite masculina; - Infecções cutâneas / dificuldade de cicatrização (pode ou não ter); - Cetoacidose diabética; - Síndrome hiperglicêmica-hiperosmolar: no tipo não cetótico, ainda há produção de insulina; - DM-2 : oligossintomático, geralmente sintomas mais arrastados; geralmente o DM-1 o paciente sofre mais. - Acantose nigricans; A maioria dos diagnósticos é dada sem que os pacientes apresentem qualquer sintoma da doença, pois em estágios iniciais ela tende a ser silenciosa. Quando mais avançada, no entanto, existem quatro sintomas clássicos que podem aparecer, que você se lembrará como os 4 Ps: Rastreamento de dm2: Ana Carolina Picanço Exame ideal de triagem é a glicemia de jejum (8h de jejum): glicose plasmática, no sangue, visto que “pontinha de dedo” não faz diagnóstico de DM. Cuidado com pacientes que fazem mais que 8h de jejum (ideal são 8, nem mais, nem menos), que beberam no intervalo de 48-24h, que fazem exercícios físicos intensos, pode falsear exame. Como a DM2 é mais comum em idades avançadas, devemos rastreá-la em todos os pacientes com mais de 45 anos. IMC Populações especiais Asiático: Para países da Ásia, os pontos de corte adotados são: menos do que 18,5 kg/m² para baixo peso, 18,5-22,9 para peso normal com risco aceitável, embora crescente; 23-27,5 para maior risco (o correspondente a sobrepeso); e >= 27,5 para alto risco. 27,5-30: obesidade grau I; 30-34,9: obesidade grau II. Asiático = Mãe e Pai asiáticos! Idoso: O Ministério da Saúde aceita que no idoso (definido no Brasil como com 60 anos ou mais), o IMC normal varia de >22 a <27 kg/m² pela diminuição de massa magra e maior risco de sarcopenia (diminuição da massa, força e desempenho muscular e de incapacidade física). Critérios diagnósticos *Se atentar nos sinal maior ou igual, e maior somente. São coisas diferentes. Positividade de qualquer dos parâmetros confirma diagnóstico de pré-diabetes. Positividade de qualquer dos parâmetros confirma diagnóstico de DM (exceto de dedo). Método de HbA1C deve ser o padronizado. IMPORTANTE Se o seu paciente é daqueles que apresentam os quatro sintomas clássicos (4PS), ele está no único grupo que pode ser diagnosticado através da Glicemia Casual (aquela colhida em qualquer momento através do glicosímetro), desde que apresente valores acima de 200mg/dl. Para os demais, podemos lançar mão de qualquer um dos três principais exames da Diabetes Mellitus: A Glicemia em Jejum, o Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) e a Hemoglobina Glicada (HbA1c). Para diagnosticarmos a Diabetes Mellitus sem os sintomas clássicos, são necessários 2 resultados diferentes de exames, podendo ser dois do mesmo ou um de cada tipo. Ana Carolina Picanço Caso o rastreio indique que o seu paciente não está diabético nem pré-diabético, basta repetí-los a cada três anos, ou menos em casos de risco elevado! Interferentes na dosagem de hemoglobina glicada HPLC: cromatografia líquida de alta frequência: PADRÃO OURO. Glicemia média estimada (gme) É a relação entre A1C e GME. Não serve para fechar diagnóstico, apenas para que o paciente veja sua média de hemoglobina. Não precisamos saber a fórmula. Serve para nada! Classificação do diabetes mellitus Classificamos o Diabetes Mellitus (DM) em quatro tipos principais. Ana Carolina Picanço Obs: Diabetes neonatal (fecha diagnóstico até os seis meses de vida, acima dos seis meses é DM tipo 1 autoimune). Diabetes mellitus do tipo 1 (DM1) *Hipotireoidismo é o mais frequente. PATOGÊNESE DO DM 1 Fases da evolução: 1. Pré-clínica, com suscetibilidade genética e autoimunidade contra a célula beta; 2. Início clínico do diabetes; 3. Remissão transitória (período de “lua de mel”); 4. Diabetes estabelecido associado a complicações agudas e crônicas. DM 1 : FISIOPATOLOGIA E ETIOLOGIA - Susceptibilidade genética Diversos genes contribuem com essa predisposição, a maioria relacionada ao complexo principal de histocompatibilidade (ex.: genes HLA-DR3 e HLA-DR4). - Fatores desencadeantes Dietéticos: leite de vaca, introdução precoce e de cereais/glúten, alimentos contendo nitrito, nitrato ou nitrosaminas: vegetais e produtos de carne (embutidos: salsicha e linguiça); Infecções virais: CMV (citomegalovírus), rubéola, proteína retroviral p73; Ana Carolina Picanço Drogas: composto nitroso e raticida (vacor). Autoimunidade ativa: estímulo leva ao aumento de auto-antígenos das ilhotas pancreáticas alvos das células-T e de auto-anticorpo. - Formação de autoanticorpos: As ilhotas de Langerhans são invadidas por linfócitos T citotóxicos (CD8+), que destroem seletivamente as células beta, deixando as demais células intactas. Neste processo, é comum surgirem autoanticorpos característicos, porém estes NÃO parecem diretamente patogênicos, sendo apenas marcadores de autoimunidade direcionados contra antígenos das células beta. Tais marcadores aparecem anos ANTES da expressão clínica da doença!! Anticorpo Anti-insulina (IAA): muito frequente em crianças pequenas acima dos 6 meses até os 5 anos; Anticorpo Anti-ilhotas de Langherans citoplasmático (ICA); Anti-enzima Descarboxilase do Ácido Glutâmico 65 (anti-GAD): costuma estar presente em idades maiores, em adolescentes e pode permanecer por mais tempo no organismo; Anti-tirosino-fosfatases (anti-IA2): menos frequente; Contra o Transportador de Zinco da Célula B (ZnT8): é o mais novo, mas no Brasil é muito prevalente. - Marcadores imunológicos ICAs (anticorpo anti-ilhotas) é o padrão de excelência (“Gold Standart”). -TTG venoso alterado, 50 % de chances de ICA positivo; -TTG venoso normal, 25 % de chances de ICA positivo; -Anti-GAD65 (descarboxilase do ácido glutâmico) alterado, 50 % de chances de ICA512 positivo. IAA (anticorpo anti-insulina) IAA (+) associado a ICA (+) (> 70 %); IAA (+) associado a ICA (-) (> 50 %). Anticorpos anti-GAD65 e anti-ZnT8 positivos são observados em 50 % e 48 % dos pacientes com DM1, respectivamente, na ocasião do diagnóstico no Brasil. Quanto mais anticorpos possuir, maiores chances de desenvolver o diabetes em idade precoce, mais grave e descontrole. Gera riscos de complicação para cetoacidose diabética. DM-1: POR QUE FAZEMOS ERRADO NO ADULTO? Critérios clínicos: - Guidelines imprecisos; - DM1 é doença do adulto jovem magro com apresentação e CAD; - Sem ponto de corte definido para deficiência absoluta de insulina; - Fracas evidências – apenas 10 estudos comparando desfechos características clínicas versus peptídeo C; - Idade menor que 35 anos é critério maior que IMC. Auto anticorpos: - Ensaios não padronizados, a maioria dos estudos prospectivos são realizados com crianças e não são rotineiramente medidos. O anti-GAD é o mais realizado quando em suspeita. Ana Carolina Picanço DM1 – ADULTO: DM1 adulto (EASD 2016): - antes dos 35 anos, pode ou não adentrar em Cetoacidose Diabética. Adulto que faz cetoacidose, idade é um marcador muito importante. Dosagem do anti-GAD: - Menor que 20 anos: 95% DM1; - VPP de 99,6%; - Alta especificidade, falso positivos são raros (0,4%). Vem positivo em sua maioria em criança. E abaixo de 35 anos é o mais frequente de se diagnosticar o DM1 no adulto. - Maior que 40 anos: 5% DM1; - VPP de 60%; - Não específicos, falsos positivos são comuns(40%). LADA (latent autoimmune diabetes of adults) - Forma mais comum de diabetes autoimune do adulto jovem que pode ser raro ou sub diagnosticado; - Com uma destruição das células beta pancreáticas mais lenta do que a observada no DM1; - Manifesta-se no geral entre 30 e 50 anos. - Possui uma prevalência entre pacientes classificados como DM2 de 4 a 14%, e essa diminui com o progredir da idade : - (34 a 44 anos - 14%; - 45 a 54 anos - 9%; - 55 a 65 anos - 7%). - Pacientes portadores de LADA compartilham aspectos genéticos do DM1 e DM2. - Seu principal diagnóstico diferencial é a DM2. - É distinta por possuir anti-GAD65 e ICA, além de valores baixos do peptídeo C. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DO LADA: - Idade no diagnóstico entre 25 e 65 anos. - Ausência de cetoacidose diabética (CAD) ou hiperglicemia acentuada sintomática no diagnóstico ou imediatamente após, sem necessidade de insulina por pelo menos 6-12 meses (diferenciando-se do DM-1 do adulto). - Existência de autoanticorpos, especialmente anti-GAD65, diferenciando-se de DM-2. Diabetes mellitus tipo 2 (dm2) Enquanto no DM tipo 1 o problema é a destruição das células beta (autoimune ou idiopática), levando ao hipoinsulinismo absoluto, no DM tipo 2 os fatores que justificam a hiperglicemia são: (1) resistência à insulina; e (2) déficit secretório das células beta. DM2: Um Problema Crescente Ana Carolina Picanço FATORES AMBIENTAIS ASSOCIADOS AO APARECIMENTO DO DM 2 Obesidade; Dieta; Sedentarismo; Aumento de gordura visceral; Tabagismo; Macrossomia (bebê que nasce acima de 4 quilos); PIG (pequeno para idade gestacional); Idade (envelhecimento); Drogas (ex: corticóides, beta-bloqueador, tiazídicos, inibidores de protease, anti-psicóticos atípicos...) OBS.: todo médico deve fazer em sua consulta a medida de circunferência abdominal do paciente. Circunferência abdominal aumentada (padrão da IDF federação internacional do diabetes): homem > 90 cm e mulher > 80 cm; pacientes com esses parâmetros têm maior risco de obesidade visceral , quanto maior pior. O Brasil é o quarto maior país do mundo em nível de diabetes (isso que ainda temos que pensar que é subdiagnosticado, acredita-se que é muito pior). VIAS DE SINALIZAÇÃO DA INSULINA São duas: Via Pi-3k e Via MAPk. A insulina se liga a esse receptor de insulina de membrana, quando ela se liga o receptor começa a ser fosforilado e ativado, e simultaneamente acontecem duas vias: a via PI-3k e a via MAPk . Uma é a via boa (a PI-3k), logo queremos que ela seja ativa, e a outra é a via ruim, a MAP quinase. Nos pacientes com DM2, a insulina não consegue se ligar aos receptores. Mas se produzir muita insulina, alguma acaba se ligando, porém acontece que nesse paciente a cascata é toda desviada para a via ruim, que é uma via inflamatória, mitogênica, que aumenta a replicação de células. E o que acontece com na via boa? Ela tem três produtos finais: ativação dos GLUTs , os transportadores de glicose (tem GLUT na membrana, tem GLUT que sai do interior da célula e vai para membrana achar glicose que é o GLUT4); aumento da produção de óxido nítrico sintetase, que faz uma vasodilatação benéfica para o organismo e ativa a lipase hepática (ela é benéfica, ajuda a tirar gordura do corpo). As duas principais vias de sinalização insulínica: - No fígado: aumento da produção hepática noturna de glicose, que é a gliconeogênese aumentada. - No músculo esquelético: múltiplos defeitos na ação muscular de insulina, disfunção no transporte de glicose e fosforilação, diminuição da síntese de glicogênio, diminuição da oxidação de glicose. Defeito na captação de glicose e translocação de GLUT 4. FUNÇÃO DA CÉLULA BETA NO DM2 - Déficit quantitativo e qualitativo na secreção de insulina; - Perda da primeira fase de secreção > Hiperglicemia pós prandial. - Aumento da secreção de pró-insulina (>40%). Ana Carolina Picanço Vamos pensar… todos nós temos glicose no corpo, quando a gente come, há liberação de insulina para que haja absorção da glicose, de maneira fisiológica. No paciente DM2, a primeira alteração que começa a ter no organismo não é da glicemia de jejum, é da glicemia depois que a gente come. No paciente DM2 quando come, a insulina não consegue fazer com que a glicose seja absorvida no tempo certo, ficando aumentada no sangue por mais tempo => PERDA DA PRIMEIRA FASE DA SECREÇÃO DA INSULINA PÓS PRANDIAL . O ideal de se iniciar o tratamento é nesse ponto, só que ainda não foi estabelecido para mudança de protocolo de diagnóstico. DISFUNÇÃO DAS CÉLULAS BETA PANCREÁTICAS A hiperinsulinemia aumenta em resposta a resistência insulínica, mas de forma insuficiente. Em um paciente DM2 quando chega ao ponto de se conseguir fazer o diagnóstico geralmente já teve perda de 50% de células beta. Como então podemos mudar esse cenário e não deixar que chegue a esse ponto? Diabetes é uma doença progressiva, antigamente com cerca de 7 anos de curso da doença o paciente já tinha necessidade de tomar insulina, atualmente com o desenvolvimento das medicações têm se conseguido aumentar esse tempo de evoluir para insulinização, mas a maioria vai chegar a esse ponto de grande destruição de células beta. MECANISMOS QUE CONTRIBUEM PARA A HIPERGLICEMIA IMPORTANTE: DM2 é uma doença multifatorial, não adianta focar só no controle da glicose, tem que tratar o paciente como um todo. Intestino: as incretinas (GLP-1, GIP) são hormônios que o intestino produz quando a gente come, é um sinal de saciedade emitido para o cérebro, por isso é importante comer devagar para dar tempo de chegar esse sinal, a meia vida dessas incretinas é curta. Inclusive existem medicações atualmente que atuam nesse mecanismo das incretinas, tem o análogo do GLP-1 que se liga ao receptor delas e estende o efeito dessa sinalização; também tem medicação que inibe a enzima que quebra as incretinas. Temos receptores de GLP-1 também nas células beta e nas células alfa, inclusive foi visto em camundongos (novidades da endocrino!) que o uso de análogos de GLP-1 fez renascer células beta. A microbiota intestinal no paciente interfere muito no controle de diabetes e obesidade. Um pouquinho de recordação da fisiopatologia adiante... Ana Carolina Picanço Resumidamente, o que temos no paciente diabético é: Aumento da secreção de Glucagon, pois o organismo interpreta um falso estado de Jejum. Diminuição posterior da secreção de insulina, pois à medida em que se estimula as células alfa, inibe-se as células beta. Aumento da geração de glicose hepática (Gliconeogênese), para compensar essa “hipoglicemia” percebida. Diminuição cada vez maior da captação de glicose circulante, levando a elevados níveis de glicemia. Diminuição do efeito Incretina, que consiste na secreção de insulina dependente da ingestão de glicose. Aumento da lipólise como fonte de energia, uma vez que a glicólise está prejudicada. Aumento da recaptação da glicose nos néfrons, também devido à falsa percepção de hipoglicemia. GENÉTICA E DM2: - 40% dos casos apresentam história familiar; - Em gêmeos monozigóticos, a concordância para DM 2 é de 90% ao longo da vida. - O risco de desenvolver DM2 40% se um dos pais for afetado e 70% se ambos têm a doença. - Prevalência varia em diferentes grupos étnicos que vivem em um mesmo ambiente, ou seja, negros, hispânicos (estes geralmente têm maior chance de desenvolver diabetes). Na maioria dos casos, DM2 é uma doença poligênica. Principais: TCF7L2 e FTO. Poligênica é quando temos várias mutações para ter a doença. a poligênica são mais comuns. DM2 – TRATO GASTROINTESTINAL: Efeito incretina: A glicose oral desempenha um maior efeito estimulador sobre a secreção de insulina do que a glicose venosa > polipeptídeos intestinais. GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon): Células L do int delgado. NÍVEIS REDUZIDOS NO DM2. - Estimula a liberação de insulina dependente de glicose e só vai agir no organismo se tiver glicose aumentada. - Retarda o esvaziamento gástrico; - Inibe a liberação inadequada de glucagon pós prandial, protegendoas células beta. - Inibe o apetite e induz a saciedade. Ana Carolina Picanço GIP (peptídeo inibidor gástrico ou peptídeo insulinotrópico dependente de glicose): Duodeno e Jejuno pelas células K (lipídeos). : tem ação insulinotrópica, aumenta a produção de insulina pelas células beta, inibe a reabsorção de água e eletrólitos no intestino delgado. *glp1 e gip tb são dependentes de glicose. As incretinas regulam a homeostase da glicose por meio de efeitos na função das células das ilhotas. Nós comemos, o alimento passa pelo TGI, que vai liberar o GIP e GLP-1, que vai inibir o apetite, aumentar a saciedade e retardar o esvaziamento gástrico (isso é o fisiológico!!!). A enzima DPP4 é a que quebra as incretinas para serem metabolizadas. É importante lembrar que as incretinas agem também em células beta e células alfa, protegendo-as. Algumas observações: - Insulina também tem ação anorexígena, saciedade da fome no cérebro. - GLP1 aumenta a proliferação de células beta. nos camundongos tivemos bons resultados, mas ainda é estudo. aumenta secreção de insulina e inibe glucagon pelas células alfa. ela tb aumenta a sensibilidade de insulina no músculo, etc… foi visto também que ela possui prevenção primária de doenças vasculares. além de ser ótima para controlar glicemia. DM2: RIM O rim filtra cerca de 162 g/dia de Glicose : 90% reabsorvido pelo SGLT2 no túbulo proximal e 10% pelo SGLT 1. São os receptores do rim que reabsorvem a glicose. Os inibidores do SGLT2 agem diminuindo essa reabsorção. Toda vez que a glicose é reabsorvida, o sódio também é, com isso, há um aumento da pressão. DM – Aumento na reabsorção tubular de glicose (up regulation SGLT2) e aumento na produção renal de Glicose por aumento na gliconeogênese. Se temos mais glicose no organismo, nosso rim irá aumentar SUA filtração de glicose, então esse glomérulo começa a cansar, morrer. No exame de urina começa a sair glicose também, "glicosúria". Ana Carolina Picanço DM 2 - SNC Obesidade e DM2 aumentam HIPERINSULINEMIA; Aumento da ingesta calórica pela disfunção dos neurotransmissores que regulam a fome e saciedade nesses pacientes; Resistência do SNC ao efeito anorético da insulina (corta a fome) e alteração na regulação do apetite. Quando ingerimos alimentos, a nossa glicose aumenta. Com isso, o corpo produz insulina que contribui para que o indivíduo não sinta fome. A insulina não é orexígeno, pois ela não induz a fome E SIM CORTA A FOME. Sem esse efeito o paciente irá engordar muito, pois irá comer muito na DM2! DM 2 – Microbiota intestinal e resistência insulínica Mecanismos: - Aumento da absorção de energia a partir da dieta; - Alteração do metabolismo e composição de ácidos graxos no tecido adiposo e no fígado; - Modulação da secreção do peptídeo YY intestinal e do GLP-1; - Lipopolissacarídeos (LPS) derivados da microbiota intestinal podem estimular Toll Like Receptors (TLR) e há evidências de que este processo possa ser um gatilho desencadeador da inflamação e consequente RI; - Modulação da integridade da barreira intestinal; - A dieta hiperlipídica é capaz de induzir mudanças na microbiota intestinal, o que pode aumentar a concentração de LPS e induzir maior ativação do sistema imune inato. Desenvolvimento e progressão do DM 2 e suas complicações O pct diagnosticado, em 7 anos de diabetes tipo 2 ele evolui para complicações. Tipos de Diabetes monogênico Alteração de um gene. Não é polimorfismo poligênico. Aqui não é mais diabetes tipo 1 e nem tipo 2. Diabetes tipo 1 autoimune (maioria das vezes). Diabetes tipo 2 (obeso, resistência insulina, poligênica - pequenas mutações). Na diabetes monogênicas somente um gem faz o paciente ter diabetes e tem baixa prevalência. O diabetes monogênico pode ocorrer por defeitos genéticos na célula beta, defeitos genéticos na ação da insulina e associados a síndromes genéticas. O MODY é um diabetes do adulto jovem geralmente. As principais mutações ocorrem no interior da célula que absorve a glicose. Ana Carolina Picanço O diabetes neonatal é raro e se desenvolve até os 6 meses de vida, se aparecer após esse período provavelmente é o Diabetes tipo 1. A maior frequência desse diabetes é transitório e o tratamento é com sulfoniluréia. Diabetes mitocondrial está na mitocôndria, é raro, histórico familiar importante, não necessariamente tem que insulinizar. Diabetes associados a síndromes genéticas: Síndrome de Wolfram, Síndrome de Wolcott-Rallison, Síndrome de Roger, Síndrome de Bardet-Biedl, Síndrome de Alstrom. Essas síndromes são muito raras. 1. Lipodistrofias As lipodistrofias que são alterações em depósitos de gordura no corpo, dependendo de onde vai estar a mutação. Ocorre uma perda ou ausência de gordura subcutânea parcial ou generalizada. Resistência insulínica alta nesses pacientes (gravíssima). Associados a uma ou mais das características abaixo: Esses 3 primeiros são os principais. ● Diabetes; ● Evidência grave de resistência insulínica; ● Hipertrigliceridemia : não consegue estocar a gordura (triglicerídeos e ácidos graxos) proveniente da alimentação que não é utilizado pelo músculo e nem pelo tecido adiposo, ele fica andando no sangue. Esses pacientes têm triglicérides 1000, 1500, 2000. ● Esteatose hepática ou esteatohepatite: a gordura não vai ser metabolizada, ela pode até entrar no fígado mas não vai ser consumida; ● Musculatura proeminente e flebomegalia; ● Hiperfagia; ● Hipogonadismo secundário em homens e amenorréia primária ou secundária em mulheres; ● Hirsutismo/SOP; ● Idade óssea avançada; ● História familiar de aparência física similar e/ou de perda de gordura. 2. MODY - Caracterização Atual ●O mais frequente do diabetes monogênico (1-2% dos casos de DM); ● Defeito genético na secreção de insulina; ● Herança autossômica dominante (passa de geração em geração); ● Hiperglicemia de início precoce (< 25 anos); ● Distúrbio com grande heterogeneidade clínica e genética: mutações em 13 diferentes genes. MODY: doença subdiagnosticada Diagnóstico incorreto do tipo de DM: ● DM 2: 2-5% dos pacientes classificados como portadores de DM2 na verdade tem MODY. Um estudo chamado UKPDS lançado sobre diabetes foi visto que 3% dos pacientes diabéticos tipo 2 possuem MODY 3. ● DM 1: 10% dos pacientes considerados DM1 são portadores de MODY. O MODY (Matury-Onset Diabetes of the Young) é um tipo específico de diabetes não dependente de insulina e tipicamente diagnosticado antes dos 25 anos de idade. É um distúrbio genético com alta penetrância e com padrão de transmissão autossômico dominante, causado por mutação heterozigota em diversos genes envolvidos no metabolismo da glicose. O MODY é dominante. Na história familiar, é muito importante perguntar se os pais possuem diabetes e quando iniciou. Isso nos auxilia bastante em diagnosticar o MODY. Os mais frequentes são: MODY 2 e MODY 3. Ana Carolina Picanço 3. MODY 2 O MODY2 é um dos 13 subtipos de MODY que está relacionado com mutações no gene que codifica a glicoquinase (GCK), primeira enzima da via glicolítica, promovendo alteração no equilíbrio glicêmico. Apesar de o paciente MODY2 apresentar-se clinicamente com hiperglicemia leve, ausência de obesidade, bom prognóstico e sem complicações secundárias, frequentemente ele é confundido com casos clássicos de DM, onerando o serviço público de saúde com exames e tratamentos inadequados e expondo o paciente a complicações futuras decorrentes de distúrbios metabólicos mal diagnosticados. Hiperglicemia leve, geralmente assintomática, presente ao nascimento, mas frequentemente detectada na infância ou no adulto jovem presente e estável. É um diabetes de mais leve controle, vc começa a suspeitar e através da história familiar indica diabetes tipo 1, jovem, não tem quadro grave, não faz cetoacidose, anticorpo negativo, paciente de fácil controle sem precisar altas doses de insulina. É preciso ficar atento. Diagnóstico: ● Incidental - na infância/juventude ou durante a gravidez (2 - 5% dos casos de DM Gestacional). Tratamento: ● Não requer ADOs / insulina- só dieta (exceção: gravidez); ● Na gestação, pode ser necessário o uso de elevadas doses de insulina. Complicações relacionadas ao diabetes: raras; Seguimento: HbA1c anual. 4. MODY 3 ● Mais de 400 mutações descritas; ● Subtipo mais frequente de MODY; ● Mutações no gene HNF-1A; ● Doença monogênica de alta penetrância: 96% dos carreadores da mutação terão DM até 55 anos de idade. Hiperglicemia: início adolescência / adulto jovem. Variável e progressiva. Laboratório: TTOG - incremento > 80 - 90 mg/dL. Baixo limiar renal de glicose. Tratamento: maior sensibilidade a sulfoniluréias. As sulfoniluréias se conectam ao receptor de insulina. Esse tipo de paciente não é aquele paciente obeso (até pode ser obeso), resistente a insulina. Trata-se de outro tipo de desenvolvimento de diabetes. Complicações: frequentes - como no DM 1 e DM 2. Diferenciação - Evolução clínica ● DM 2: início insidioso, boa resposta a antidiabéticos orais (ADO) no início do quadro. ● DM 1: início abrupto, em 25% dos casos com cetoacidose (CAD). Dependência de insulina para evitar descompensação metabólica. ● DM monogênico: MODY 2 (hiperglicemia leve com evolução não progressiva); MODY 3 (controle glicêmico com baixas doses de sulfoniluréias). Quando suspeitar de diabetes monogênico? Casos atípicos de DM 1: ● DM diagnosticado < 6m de idade; ● História familiar de DM em 2 ou 3 gerações, com 1 dos pais afetados; ● Não dependência de insulina ● Baixas doses de insulina; ● Anticorpos anti-célula β negativos; ● Peptídeo C mensurável na presença de hiperglicemia após “lua-de-mel”. Insulina e peptídeo c são lançadas juntas no sangue, mas a insulina é degradada mais rápido do que o pep c, sendo esse mais digno. Ana Carolina Picanço Casos atípicos de DM 2: ● Paciente não-obeso / familiares diabéticos com peso normal; ● Ausência de características de resistência insulínica; Fim. Ana Carolina Picanço
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