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Sistemas de obtenção de energia no esporte

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© Ao aluno é permitido fazer uma cópia do material didático disponibilizado para uso próprio. De acordo com a Lei 
no. 9.610 de 19/02/1998, que trata de direitos autorais, todo aluno fica proibido de propagar, distribuir e vender o 
material de qualquer forma, sob pena de responder civil e criminalmente por violação da propriedade material e 
intelectual. 
Curso: Nutrição no Esporte: da Teoria à Prática 
Versão 1.2 
 
Bioenergética 
Luís Fernando L. Barros 
 
Sistemas de obtenção de energia 
 O complexo mecanismo de contração muscular, que permite ao nosso organismo realizar 
diversos processos dependentes do movimento articular, necessita de grandes quantidades de 
energia para ocorrer e de eficientes processos de ressíntese para se manter. A estocagem e a 
rápida liberação desta energia são possíveis graças a uma molécula de alto valor energético, o 
trifosfato de adenosina (ATP) e a potencial hidrólise de sua ligação terminal do fosfato. E para 
que a contração muscular possa ocorrer, o fornecimento de energia e a ressíntese das moléculas 
de ATP devem ser mantidos por três mecanismos: 
 
1. Sistema ATP-CP 
 O sistema ATP-CP realiza a ressíntese do ATP através da energia gerada pela quebra da 
ligação fosfato-energética da creatina fosfato. Porém, os estoques intramusculares de ATP em 
repouso são de aproximadamente 6 mM/kg de músculo úmido, suficientes para manter a 
atividade contrátil por poucos segundos. Durante este período, o fornecimento de energia pela 
molécula de creatina-fosfato impede que a concentração de ATP tenha seus níveis diminuídos. 
Portanto, os exercícios em que este sistema é predominante são os caracterizados pela alta 
intensidade e a curta duração. 
 
 
 
 
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Curso: Nutrição no Esporte: da Teoria à Prática 
Versão 1.2 
 
 
2. Sistema Anaeróbico Láctico 
 No metabolismo anaeróbico, ocorrem várias reações químicas a partir da molécula de 
glicose proveniente do carboidrato, processo chamado de glicólise, resultando na produção de 
energia suficiente para ressintetizar duas moléculas de ATP. Ocorre a formação de duas 
moléculas de ácido pirúvico, que são convertidas em ácido láctico, já que não há utilização de 
oxigênio. Assim, podemos denominar este processo como anaeróbico láctico. Os exercícios que 
utilizam predominantemente esta via como forma de ressíntese de ATP são os de alta 
intensidade e duração moderada. 
 
3. Sistema Aeróbico 
 No metabolismo aeróbico, a presença de oxigênio permite a conversão do ácido pirúvico 
em ácido acético, ou Acetil-CoA, que é oxidado no Ciclo de Krebs e na cadeia respiratória. Este 
processo libera energia suficiente para ressintetizar 36 ATP por mol de glicose, tendo como 
produtos finais CO2 e H2O. Por ocorrer somente com a presença do oxigênio este processo foi 
denominado como metabolismo oxidativo ou aeróbico. Este é o mecanismo predominante nas 
atividades de longa duração e intensidade moderada. 
Os sistemas que não dependem do oxigênio predominam no início de uma atividade 
esportiva, fase em que ocorre um déficit de oxigênio. Inclusive nas atividades de baixa 
intensidade deve haver um aumento gradual do consumo de oxigênio até que uma fase estável 
 
 
 
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Curso: Nutrição no Esporte: da Teoria à Prática 
Versão 1.2 
 
seja atingida. Posteriormente, a predominância de cada sistema metabólico durante uma 
determinada atividade física dependerá principalmente da duração e da intensidade desta 
atividade. Na realidade, em qualquer atividade todos os sistemas metabólicos funcionam de 
forma concomitante, cada um com um grau de participação, sendo maior a influencia aeróbica à 
medida que o exercício se prolonga e uma intensidade moderada é mantida. 
 
Substratos Energéticos 
 Na produção de energia pela via aeróbica não só os carboidratos são utilizados. As 
gorduras representam o maior estoque energético do organismo, sendo o principal combustível 
durante o repouso e os exercícios de longa duração. A hidrólise dos triglicerídeos na lipólise libera 
glicerol e ácidos graxos, sendo os últimos transformados em Acetil-CoA na beta-oxidação. Este 
Acetil-CoA entra no Ciclo de Krebs e combina-se com o ácido oxalacético, que depende do ácido 
pirúvico para se formar. Assim, parece necessário um nível prévio e contínuo de catabolismo de 
glicose para que a desintegração dos ácidos graxos seja eficiente e não seja desviada para a 
formação de corpos cetônicos. 
 As proteínas só são efetivamente recrutadas como combustíveis quando os estoques de 
carboidratos foram depletados, como em exercícios físicos de longa duração ou em casos de 
jejum prolongado. Até mesmo o ácido láctico pode servir de substrato energético, desde que 
haja oxigênio suficiente para que ele seja convertido em ácido pirúvico e oxidado. 
 
 
 
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Curso: Nutrição no Esporte: da Teoria à Prática 
Versão 1.2 
 
 A utilização dos substratos energéticos advém de processos contínuos e de completa 
interação durante o esforço, sendo o aumento da contribuição relativa a cada processo 
dependente principalmente da intensidade e da duração do exercício. No início de qualquer 
atividade física ou nos exercícios de alta intensidade os carboidratos são o substrato energético 
predominante, no segundo caso pela inibição da lipólise pelo ácido láctico. Podendo o exercício 
ser prolongado pela manutenção de uma intensidade baixa ou moderada, o metabolismo passa 
a ser desviado para o aeróbico e a lipólise continuará sendo estimulada. 
 
Bibliografia: 
 
1. Kenney, W. Larry, Wilmore, Jack, Costill, David. Physiology of Sport and Exercise, 2015; 6°ed. 
2. Ghorayeb N, Dioguardi GS. Tratado de Cardiologia do Exercício e do Esporte. São Paulo, Ed 
Atheneu, 2007. 
3. Powers SK, Howley ET. Fisiologia do Exercício: teoria e aplicação ao condicionamento e ao 
desempenho. 3ª edição. São Paulo: Ed Manole LTDA, 2000. 
4. Ghorayeb N, Barros TL. O Exercício: preparação fisiológica, avaliação médica, aspectos 
especiais e preventivos. São Paulo, Ed Atheneu, 1999. 
5. McArdle WD, Katch FI, Katch VL. Exercice Physiology. Energy, nutrition and human 
performance. 3 ed. Philadelphia, London, Lea & Febiger, 1991.

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