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Hipotireoidismo O hipotireoidismo é uma síndrome clínica resultante da deficiente produção ou ação dos hormônios tireoidianos, com consequente alentecimento generalizado dos processos metabólicos. Pode ser classificado em: - Primário: mau funcionamento da própria tireoide - Secundário: causa hipofisária, por deficiência de tireotrofia ou TSH - Terciário: deficiência hipotalâmica do hormônio liberador da tireotrofina ou TRH A terminologia hipotireoidismo central é preferível a hipotireoidismo secundário e terciário, uma vez que nem sempre é possível fazer a distinção entre causas hipofisárias e hipotalâmicas. - Idade > 60 anos - Sexo feminino - Bócio - Doença nodular tireoidiana - História familiar de doença tireoidiana - História de radioterapia para cabeça e pescoço - Doença autoimune tireoidiana e extratireoidiana - Fármacos (amiodarona, lítio, tionamidas, interferon-α etc. - Baixa ingestão de iodo, síndrome de Down, síndrome de Turner - Diminuição do tecido tireoidiano funcionante: Tireoidite de Hashimoto: doença autoimune, caracterizados por títulos elevados de anti-TPO Tireoidites subagudas (granulomatosa e linfocítica): transitório na grande maioria das vezes Tireoidite pós parto Tireoidite de Riedel: resultado da substituição do tecido tireoidiano por tecido fibroso Doença de Graves: estágio final, devido à agressão glandular pelo processo imune Tratamento do hipertireoidismo: mudanças no tipo predominante de anticorpos contra o receptor do TSH (de estimuladores para bloqueadores) Doenças infiltrativas (amiloidose, hemocromatose, cistinose, esclerose sistêmica progressiva, sarcoidose) Ageneseia e ectopia tireoidianas Radioterapia externa de cabeça e pescoço e de corpo inteiro - Defeitos funcionais na biossíntese e na liberação dos hormônios tireoidianos: Disormonogênese congênita Deficiência de iodo grave Fármacos (antitireoidianos de síntese, iodo, lítio, amiodarona, contrastes radiológicos, valproato de sódio, sunitinibe, fármacos bocígenos sintéticos ou naturais etc.) - Adquirido: pode se originar de qualquer processo neoplásico, inflamatório, infiltrativo, isquêmico ou traumático que comprometa a capacidade secretória da hipófise anterior e/ou do hipotálamo. Tumores (adenoma hipofisário, craniofaringioma, meningioma, disgerminoma, glioma, metástases etc) Trauma (cirurgia, radioterapia, traumatismo craniano) Vascular (síndrome de Sheehan, apoplexia hipofisária, secção da haste, aneurisma da carótida interna) Infecções (abscesso, tuberculose, sífilis, toxoplasmose) - Congênito: defeitos congênitos na estimulação ou na síntese do TSH, ou na estrutura desse hormônio Mutações nos genes do receptor do TSH e TRH, ou nos genes do TSH-β, POU1F1, PROP1 e HESX1 Fármacos: dopamina, dobutamina, glicocorticoides, bexaroteno; interrupção da terapia com L-tiroxina O hipotireoidismo tem como manifestações mais marcantes: astenia, sonolência, intolerância ao frio, pele seca e descamativa, voz arrastada, hiporreflexia profunda, edema facial, anemia e bradicardia. A expressão plena do hipotireoidismo é conhecida como mixedema. O tratamento do hipotireoidismo consiste em geral na administração de levotiroxina ou L-tiroxina (L-T4), em uma dose única diária. Os pacientes devem ser orientados a tomar a medicação em jejum (30 a 60 min antes do desjejum). A dose ideal de L-T4 varia de acordo com a idade e peso do paciente. As necessidades para crianças e adolescentes são relativamente maiores do que as de adultos. Em adultos jovens (16 a 65 anos), a dose diária ideal é de 1,6 a 1,8 μg/kg de peso ideal; na maioria dos casos, situa-se entre 100 e 150 μg/dia para mulheres e 125 a 200 μg/dia para homens. Em pacientes > 65 anos de idade, coronariopatas ou com hipotireoidismo grave de longa duração, deve-se iniciar a reposição da L-T4 com 12,5 a 25 μg/dia, reajustando-se a dose em 12,5 a 25 μg/dia, a intervalos de 15 a 30 dias. A resposta ao tratamento no hipotireoidismo primário (HTP) deve ser avaliada pela dosagem do TSH e FT4 após 6 semanas, tempo mínimo ideal para que se observe uma resposta plena do TSH ao tratamento. Caso o TSH persista elevado, aumenta-se a dose da L-T4. Um TSH suprimido indica dose excessiva e necessidade de que essa dose seja reduzida. No caso do hipotireoidismo central, o monitoramento e os ajustes das doses devem ser feitos de acordo com o quadro clínico e os níveis de T4 livre (nunca pelo TSH), que, de modo geral, devem ser mantidos no terço superior da faixa de normalidade. Os exames devem ser feitos a cada 6 a 8 semanas até se atingir a dose de manutenção, e, depois, semestral ou anualmente. As avaliações no HTP também devem ser também ocorrer a cada 6 a 12 meses A terapia com L-tiroxina é muito bem tolerada, desde que monitorada de modo adequado. Doses excessivas podem causar hipertireoidismo, enquanto o emprego a longo prazo de doses que suprimam o TSH para valores < 0,1 Mui/l é um fator de risco para fibrilação atrial (em idosos), elevação da pressão arterial, hipertrofia ventricular esquerda e doença miocárdica isquêmica (se a idade for < 65 anos).