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Questinário revisão N1 - Eduarda e Romulo

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Teorias Clássicas de Relações Internacionais (2020/2)
Curso de Graduação em Relações Internacionais
Disciplina: Teorias Clássicas de Relações Internacionais
 	Prof. João Gabriel B. da Costa
 
Aluno: Eduarda Martins e Romulo Gonçalves
 
Questionário de Revisão N1
 
 
1. 	Fale sobre a diferença das Relações Internacionais (com letras maiúsculas) e as relações internacionais com (letras minúsculas). Qual a importância desse debate para o papel das teorias de relações internacionais?
 
Relações Internacionais significa o curso em si, o conjunto das matérias estudadas. Já relações internacionais é um objeto de estudo sobre como o mundo funciona a partir das interações dos países. A importância desse debate serve para entender e analisar cada problema dentro dos Estados.
 
2. 	O que é uma teoria? As teorias clássicas de RI se enquadram em que tipo de teoria? Na sua opinião quais as principais limitações desse tipo de teoria em explicar a realidade?
Teorias são conjuntos de pensamentos que visam explicar a maneira de como e porque o ser humano vive. As teorias clássicas de RI se encaixam em quatro teorias baseadas em Hollis e Smith, Waltz, Wight e as teorias normativas. A maior limitação dentro de uma teoria realista seria o fato do ser humano ser invariável e seus pensamentos evoluem com o passar dos anos e com isso novas teorias são criadas.
 
3. 	Seguindo Sarfati, diferencie o paradigma pluralista e o realista no que diz respeito a natureza humana, as características e atores do Sistema Internacional.
O pluralismo explica que a natureza humana consiste na bondade do ser humano, ou seja, toda pessoa é naturalmente boa. Dentro do sistema internacional, o pluralismo acredita na importância de atores não-estatais, assim como defendem que os Estados não são atores unicamente importantes dentro do sistema. Já a teoria realista explica que o homem é visto como um ser humano mau. Dentro do sistema internacional, podemos dizer que o realismo afirma que apenas os Estados são importantes dentro do sistema.
 
 
 
4. 	Disserte sobre as bases do idealismo nas Relações Internacionais. Que tipo de conceitos essa corrente teórica destaca e quais as imposições normativas para a realidade internacional?
 
As bases do idealismo consistem em Idealismo Clássico e Idealismo Moderno. O primeiro consiste num pensamento criado antes das relações internacionais, mas foi combatido pela política externa. O idealismo moderno foi usado dentro das relações internacionais, uma vez que explicava como organizar o sistema internacional de forma diplomática.
Podemos dar exemplo de imposição normativa a proposta de Woodrow Wilson, baseada no idealismo moderno, sendo usado durante a IGM, ou seja, para a realidade internacional, o idealismo moderno seria uma forma de trazer menos conflitos para os Estados.
 
 
5. 	Trate sobre os pressupostos do realismo em teorias de RI. Qual a consideração dos realistas sobre o Estado, a soberania, a anarquia e a autoajuda.
Dentro das teorias de Relações Internacionais, o realismo acredita que apenas o Estado é capaz de ser considerado o único ator internacional. Não existe um soberano uma vez que a anarquia acaba com a falta de autoridade dentro do Estado. A autoajuda consiste na forma de sobrevivência do Estado para lutar a favor de seus interesses.
 
 
6. 	O que é balança de poder? Como esse conceito é trabalhado pelos realistas e que consequências isso tem na concepção sobre o poder dos Estados?
Podemos dizer que a balança de poder significa um equilíbrio no sistema internacional para explicar a relação dos atores internacionais e descrever situações políticas passadas e presentes. Essa balança é resumida em alianças, diplomacia, guerra, poder e puros interesses internacionais.
Esse conceito é trabalhado pelos realistas como seu principal dentro das relações internacionais, onde explica que justiça e legitimidade são menos importantes que a ordem e estabilidade dos Estados e a grande consequência desses fatos é uma possível guerra.
 
7. 	Disserte sobre o idealismo moderno de Woodrow Wilson e sobre o contexto das propostas desse autor. Qual o legado do idealismo para o início das Relações Internacionais enquanto disciplina acadêmica?
O idealismo moderno é manifestação das reflexões idealistas presentes no século XVIII e XIX, seu principal representante é Woodrow Wilson, que publicou seus 14 pontos após o fim da Primeira Guerra Mundial, visando evitar um novo conflito daquela magnitude. Foi a partir desses pontos que foi criada a Liga das Nações, cujo fracasso em evitar a Segunda Guerra Mundial causaria no surgimento do realismo moderno.
 
8. 	Fale sobre o contexto de surgimento da disciplina de Relações Internacionais, o primeiro Grande Debate teórico e a importância do trabalho de Edward Carr nesse processo.
Tanto a criação da disciplina de Relações Internacionais quanto o primeiro debate teórico ocorreram no contexto da Segunda Guerra Mundial, tanto durante e após os conflitos, buscando explicações para conflito e como devemos agir para evitá-lo. Edward Carr é um dos representantes do realismo moderno, afirmando que o Estado-nação é o único ator relevante nas relações internacionais e que nenhuma organização internacionais está acima dos países, como visto pelo fracasso da Liga das Nações, Carr também mantém seu foco no poder como o principal motivador das ações dos Estados. Carr e sua obra “Os 20 anos de crise” fizeram do debate entre realistas e idealistas, um marco na história da disciplina de Relações Internacionais.
 
 
9. 	Sobre a interpretação realista de Carr e suas considerações sobre o poder, em que sentido ele continua as investigações de autores clássicos como Tucídides e Maquiavel? Explique.
Carr continua as investigações dos autores clássicos por meio das categorias que visam o poder das ações dos Estados. Essas categorias eram separadas como: Poder Militar (high politics), ou seja, a guerra como última opção de sobrevivência para o Estado; Poder econômico (low politics), que visa sobre o poder político que está subordinado aos interesses dos Estados e o Poder de opinião que visa usar a diplomacia para promover os interesses desses Estados.
10. Explique as questões gerais do pensamento realista de Morgenthau, focando no contexto em que ele foi produzido. Por que essa vertente é chamada de Neoclássica?
Morgenthau fez reflexões sobre a realidade do período pós-Segunda Guerra Mundial, em um contexto de substituição do multipolarismo pelo bipolarismo entre EUA e URSS, de disputa ideológica entre capitalismo e socialismo e do desenvolvimento de armas nucleares que poderiam levar à extinção da humanidade, levando em conta esses dois fatores na sua análise, também dizendo que a paz mundial só pode surgir do equilíbrio de poder. 
Morgenthau criou seis princípios realistas: 1. A política obedece a leis objetivas que são fruto da natureza humana; 2. O interesse dos Estados é sempre definido em termos de poder, logo, os Estados seguem seus próprios interesses, não ligados a julgamentos morais, mas sim a cálculos racionais com foco na sobrevivência; 3. O conceito de interesse traduzido em poder é uma categoria objetiva de validade universal; 4. Os princípios morais universais não podem ser aplicados aos atos dos Estados.; 5. As aspirações morais de uma nação em particular não podem ser identificadas com os preceitos morais que governam o universo e, por fim, 6. A esfera política é autônoma, não é subordinada a nenhuma outra esfera.
Sua vertente é chamada de neoclássica pois pode ser considerado que ela é uma combinação entre o neorrealismo com o realismo clássico.
 
 
11. Morgenthau procura estabelecer um distanciamento entre a lógica moral e a lógica de poder, em uma análise voltada para o interesse nacional. Explique como isso é instrumentalizado nos diferentes tipos de Política Externa e diferentes tipos de poder?
Segundo Morgenthau, os princípios morais universais não podem ser aplicados aos atos dos Estados, levando em conta que os Estados agem segundo seus interesses, ligadoà cálculos com foco na sobrevivência, logo nenhum Estado pode definir o que é “certo” e “errado”, devido à anarquia. Isso é mostrado na sua divisão dos tipos de poder em utilizável, como o uso de força militar em uma guerra, e não-utilizável, que são as armas nucleares e em poder legítimo e ilegítimo, com o primeiro sendo moralmente justificado, como guerras de autodefesa ou com autorização internacional, e o segundo, sem respaldo moral ou legal como guerras de expansão, utilizando a lógica de poder que a guerra irá, eventualmente acontecer. Também é mostrado nos três tipos de política externa: a Política de defesa do status quo, que visa conservar o poder; a Política de imperialismo, orientada para aquisição de mais poder e a Política de prestígio, baseada em ritos e ostentação para manter ou aumentar o poder do Estado.
 
12. Disserte sobre as bases do Realismo Estrutural a partir das imagens do Sistema Internacional elaboradas por Waltz. Por que a terceira imagem é chamada de guerra?
Em sua obra “O Homem, o Estado e a Guerra”, Waltz aborda as estruturas da Política Internacional, baseada nas três imagens que dão título para a obra. O Homem, que é o tomador de decisões, normalmente o chefe de governo, é concluído que a definição mais adequado para a causa das guerras não pode estar nessa imagem, pois a guerra é muito complexa para ser explicada apenas pelo psicológico do tomador de decisões. O Estado também não pode ser utilizado para explicar as guerras, pois a organização interna dos estados é muito geral para explicar os conflitos.
E, por fim, a terceira imagem, chamado de guerra pois Waltz nega a ideia de uma solução final, afirmando que não existe estabilidade definitiva, é a análise do comportamento dos países entre eles, sujeito a anarquia, incerteza e desconfiança do sistema internacional, a imagem da guerra também pode ser representada pela competição internacional, concluindo a causa das guerras é, principalmente, encontrada no nível sistêmico, representado pela anarquia.
 
13. Quais são os elementos essenciais da estrutura de acordo com o neorrealismo de Waltz? Qual o papel de cada um deles?
Em sua obra de 1979, “Teoria da Política Internacional”, Waltz foca nas explicações estruturais do comportamento dos Estados, definindo estrutura como unidades justapostas e combinadas de forma diferente que produzem resultados diferentes. A estrutura possui três componentes: o princípio ordenador, que é a anarquia, condiciona o comportamento de autoajuda e a maximização da sobrevivência; o caráter das unidades, que, devido à anarquia, é baixa diferenciação de função com todos buscando garantir a sua sobrevivência, causando um baixo potencial de interdependência; por fim, a distribuição de capacidades, que demonstra posição relativa dos Estados, de acordo com sua distribuição de poder, não é um divisão hierárquica, mas é uma distinção das unidades baseada na capacidade de realizar tarefas parecidas.
 
 
14. O comportamento do Estado em um sistema internacional anárquico de acordo com o neorrealismo de Waltz, resume-se no conceito de balança de poder. Por quê? Que formas de balanceamento de poder o autor prevê em sua teoria?
O conceito de balança de poder se dá pelo comportamento dos Estados junto com a anarquia internacional e com isso o balanceamento de poder pode ser dividido em três categorias: interno, externo e Bandwagoning. Esse balanceamento interno serve para aumentar a capacidade de poder do Estado sob uma maneira autônoma, o externo serve para a formação de alianças entre os Estados e Bandwagoning serve para que siga o líder mesmo que seja por escolha ou apenas pressão de outros Estados.
 
15. O que é a corrente neoinstitucionalista de teoria de RI? Como ela se relaciona com as demais perspectivas liberais? Quais são os pontos de distanciamento do realismo?
Neoinstitucionalismo é uma perspectiva “híbrida”, que surge da reflexão e crítica do realismo nas Relações Internacionais, buscando entender as anomalias do realismo e explicar as instituições e regimes desenvolvidos após a Segunda Guerra Mundial. Se distancia do realismo pois, enquanto os realistas acreditam que Estados têm pouca informação e devem adotar o pior cenário, a guerra, para escolher suas estratégias, os neoinstitucionalistas creem que a informação pode ser aumentada pela ação humana e que os Estado deve dar informações sobre si mesmo para adquirir credibilidade e para esperar que os outros, por sua vez, também forneçam informação. Por fim, os neoinstitucionalistas acreditam que pode existir cooperação em meio a anarquia, ao contrário das crenças realistas.
 
 
16. Diferencie cooperação de harmonia. A partir disso, explique o papel das instituições e regimes internacionais na relação entre os Estados.
A diferença de cooperação e harmonia se dá porque uma cooperação precisa de um processo de negociação política, enquanto a harmonia é facilidade de os atores atingirem seus objetivos. Os regimes são criados a partir das relações diplomáticas com o principal objetivo de coordenar o comportamento dos Estados.
 
17. Fale sobre o impacto da institucionalização do sistema internacional na teoria de Keohane e Nye. Como esse fenômeno altera o papel do Estado nas RI?
Segundo Keohane, a institucionalização é definida como regras estabelecidas, normas, convenções, reconhecimento diplomático, governados por entendimentos formais ou não formais, também dizem que a anarquia não pode ser compreendida de forma isolado, pois o relacionamento entre países é, em grande parte, definida pela grau de institucionalização entre eles. Altera o papel do Estado nas relações internacionais pois ele passa a não ser o único ator relevante no sistema internacional, apesar de continuar sendo o mais importante.
 
18. Explique o fenômeno da interdependência complexa, a partir do papel das forças transnacionais e da interdependência assimétrica. Que impactos isso traz para o conceito de poder?
A interdependência complexa imagina uma realidade internacional em que os contatos entre os Estados se dão através de inúmeros canais, agentes e órgãos governamentais, federais ou estaduais, e também privados. Essa ideia é o oposto da visão realista que diz que os Estados representam entidades políticas unitárias, coerentes em suas ações e também mostra a importância de temas econômicos e sociais que não é mostrada no realismo. Possui três características: a existência de múltiplos canais que conectam as sociedades, como, por exemplo, organizações transnacionais; a definição que a agenda das relações internacionais não é definida por uma hierarquia clara de temas e o fato que o poder militar não seria um instrumento de política efetivo contra outros países que façam parte da mesma região de interdependência complexa. Essas características levam à conclusão que os Estados não são unidades coesas e que a segurança não é mais o objetivo principal. Afeta o conceito de poder pois o conceito tradicional de poder, baseado no poder militar, não é mais válido devido à interdependência complexa, o poder, então, é definido pela capacidade de influenciar o resultado de negociações.

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