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1 CAMILLY EÇA DE BRITO// 3° SEMESTRE// TUTORA ALINE GALY ACL, sexo masculino, 9 anos, residente na região metropolitana do Recife, foi admitido no Serviço de Pediatria Clínica, com queixas de cansaço aos esforços físicos maiores há três meses, e episódio recente de síncope após corrida, quando foi feito o diagnóstico de cardiopatia, em unidade de urgência. A mãe informava que o paciente tinha amidalites frequentes, mas negava a ocorrência de febre ou Artropatia anterior no menor. Tinha peso de 22,7kg e altura de 121,5cm, com pressão arterial de 110x60mmHg e freqüência cardíaca de 100bpm. Mostrava-se pálido e permanentemente taquipnéico, com discreto edema de face, que inexistia em membros inferiores, sendo os pulsos periféricos regulares e simétricos. O precórdio era abaulado e impulsivo, com frêmito sistólico discreto na área mitral. Ouviam-se estalido de ejeção na área pulmonar (+++/4) e hiperfonese acentuada do componente pulmonar da 2a bulha, bem como sopro holossistólico na área mitral (++/4), irradiado à axila esquerda, seguido de ruflar diastólico discreto. Na área tricúspide, ouvia-se também sopro holossistólico, acentuado com a inspiração. O fígado era palpável a 3cm abaixo da reborda costal direita e os pulmões mostravam murmúrio vesicular rude. Achados laboratoriais relevantes foram: hemoglobina 12,8g/dl, leucócitos 14.500/mm 3 títulos de antiestreptolisina O (AEO) 833 u Todd, mucoproteínas 5,3mg/dl, proteína C reativa negativa, albumina sérica 3,68g/dl, α2-globulinas 1,04 g/dl e β-globulinas 1,75g/dl, uréia e creatinina normais. O eletrocardiograma, com ritmo sinusal, foi compatível com sobrecarga das quatro câmaras cardíacas, e o estudo radiológico do tórax detectou sinais de HAP. O índice cardiotorácico era de 0,62. O ecodopplercardiograma mostrou IM importante e estenose mitral moderada, com espessamento das lacíneas e aspecto em domo, quando da excursão valvar, compatível com etiologia reumática 1 . O QUE É ICC ( INS UF IC IÊ N C IA CAR D ÍACA CON GE ST IVA) ? Síndrome clínica complexa, que resulta de alterações estruturais e funcionais cardíaca, que comprometem o enchimento e/ou a ejeção ventricular deste. Em outras palavras: Insuficiência cardíaca é um distúrbio em que o coração não consegue suprir as necessidades do corpo, causando redução do fluxo sanguíneo, refluxo (congestão) de sangue nas veias e nos pulmões e/ou outras alterações que podem debilitar ou enrijecer ainda mais o coração. Essa diferenciação é importante porque os diferentes tipos de Insuficiência cardíaca têm grau de gravidade diferente, tratamento diferente e prognóstico diferente. O seu principal sintoma é a DISPNEIA: sintoma limitante, gera uma qualidade de vida insatisfatória. A maioria das pessoas não apresenta sintomas inicialmente e a falta de ar e a fadiga se agravam gradualmente ao longo de dias e meses. Normalmente, os médicos suspeitam de insuficiência cardíaca com base nos sintomas, porém, normalmente são feitos exames, como ecocardiograma (ultrassom do coração), para avaliar a função cardíaca. OBS: A insuficiência cardíaca pode surgir em qualquer idade, mesmo em crianças pequenas (sobretudo nas nascidas com algum defeito cardíaco congênito). Ela é bem mais comum entre pessoas idosas, pois elas têm mais chances de terem distúrbios que predispõem à insuficiência cardíaca. As alterações no coração relacionadas à idade também tendem a fazer com que o coração funcione com menos eficácia. Na insuficiência cardíaca, o coração não consegue manter o esforço necessário para bombear adequadamente o sangue para todas as partes do corpo (sua carga de trabalho). A insuficiência cardíaca é extremamente complexa e nenhuma definição simples consegue abranger suas diversas causas, aspectos, formas e consequências. 2 . T IP OS DE ICC . Podemos classificar como: AGUDA (injúria que se instala de forma abrupta) X CRÔNICA (decorrente de uma condição mais prolongada que dura mais de 6 meses) CONGESTÃO SISTÊMICA (ventrículo direito) X CONGESTÃO PULMONAR (ventrículo esquerdo) BAIXO DÉBITO CARDÍACO X ALTO DÉBITO CARDÍACO (relacionado ao aumento intenso) FRAÇÃO DE EJEÇÃO, TAMANHO DO CORAÇÃO, BULHAS A insuficiência cardíaca se desenvolve quando a ação de contração ou a ação de relaxamento do coração é inadequada, normalmente devido à fraqueza ou rigidez do músculo cardíaco (ou ambos). OBS; A fração de ejeção é a porcentagem de sangue bombeada para fora pelo coração a cada batimento e é uma medida de quão bem o coração está bombeando. Um ventrículo esquerdo normal ejeta cerca de 55 a 60% do sangue de seu interior IC com fração de ejeção reduzida: Eco mostrou uma função de ejeção menor que 40% → - às vezes chamada de insuficiência cardíaca sistólica): O coração se contrai com menos força e bombeia para fora uma porcentagem menor do sangue do que retorna a ele. Como resultado, mais sangue permanece no coração. O sangue, então, acumula-se nos pulmões, veias ou ambos IC com fração de ejeção preservada, que apresenta sintomas: mas a fração de ejeção está acima de 40% → às vezes chamada de insuficiência cardíaca diastólica): O coração torna-se enrijecido e não relaxa normalmente após sua contração, o que prejudica sua capacidade de se encher de sangue. O coração se contrai normalmente, então é capaz de bombear uma quantia normal de sangue para fora dos ventrículos. Algumas vezes, o coração rígido compensa seu preenchimento inadequado bombeando uma quantidade de sangue ainda maior do que normalmente faz. 2 CAMILLY EÇA DE BRITO// 3° SEMESTRE// TUTORA ALINE GALY PERFIL HEMODINÂMICO: o paciente pode ser congesto ou não, e com boa ou má perfusão EXISTEM TAMBÉM ESTÁGIOS DE INSUFICÊNCIA CARDÍACA: Estágio A: portador de cardiopatia, mas está sem sintomas Estágio B: paciente apresenta dispneia aos grandes esforços (subir ladeira) Estágio C: dispneia aos pequenos esforços (caminhar no plano, tomar banho) Estágio D: dispneia aos esforços desprezíveis (conversar); ortopneia. 3 . P AT OGÊN ES E E F IS IOP ATOLOG IA . A insuficiência cardíaca pode ser dividida em esquerda e direita: Quando se trata de insuficiência cardíaca esquerda, há falência das câmaras esquerdas com consequente congestionamento de sangue na circulação pulmonar. Esta condição instalada leva ao sintoma de dispneia. A dispneia, quando devido a insuficiência cardíaca, geralmente apresenta uma evolução de progressão de sua intensidade com os esforços, conforme a enfermidade se torna mais grave. Juntamente a este sintoma, são frequentes o sinal de taquicardia (Mecanismo de compensação de falência do órgão) e a presença de uma terceira bulha (B3). A insuficiência cardíaca direita pode surgir como consequência da congestão pulmonar, decorrente do comprometimento inicial das câmaras esquerda (insuficiência cardíaca congestiva). Outra possibilidade fisiopatológica é a de que a insuficiência cardíaca direita ocorra devido a de doença pulmonar previamente instalados. Os achados clínicos desta, ocorrem devido à falência da Câmara direita, o que provoca congestão sanguínea, ao nível da veia cava superior inferior, podendo levar a: ingurgitamento jugular, hepatomegalia, ascite, edema de membros inferiores com cacifo, edema generalizado. PATOGÊNESE: • Qualquer distúrbio que afete diretamente o coração pode levar à insuficiência cardíaca, como alguns distúrbios que afetam indiretamente o coração. • Alguns distúrbios podem causar insuficiência cardíaca subitamente. • Outros distúrbios podem levar anos para causar insuficiência cardíaca. • Alguns distúrbios causam insuficiência cardíaca sistólica, outros causam insuficiência cardíaca diastólica e alguns distúrbios, como hipertensão arterial e algumas valvulopatias, podem causarambos os tipos de disfunção Uma combinação de fatores resulta em insuficiência cardíaca CAUSA COMUM: Doença arterial coronariana: A doença arterial coronariana pode afetar zonas extensas do músculo cardíaco, pois ela reduz o fluxo sanguíneo rico em oxigênio para o miocárdio, o qual necessita de oxigênio para poder se contrair normalmente; A obstrução de uma artéria coronária pode causar um infarto do miocárdio que destrói uma área do músculo cardíaco; consequentemente, essa área perde a capacidade de se contrair normalmente. OUTRAS CAUSAS: Miocardite (inflamação do músculo cardíaco): causada por uma infecção bacteriana, viral ou de outro tipo pode lesionar o músculo cardíaco total ou parcialmente, diminuindo sua capacidade de bombear sangue. Alguns medicamentos (por exemplo, alguns medicamentos para quimioterapia) Algumas toxinas (por exemplo, álcool) Valvulopatias: estreitamento (estenose) de uma válvula, o que impede o fluxo de sangue através do coração ou causa o refluxo do sangue através de uma válvula (regurgitação) – podem causar insuficiência cardíaca. Tanto a estenose quanto a regurgitação de uma válvula podem submeter o coração a um grande esforço, de modo que, ao longo do tempo, o coração cresce e deixa de bombear corretamente Uma conexão anormal entre as câmaras cardíacas (por exemplo, defeito do septo ventricular): A existência de uma comunicação anormal entre as câmaras do coração pode permitir a recirculação de sangue dentro do coração, o que aumenta sua carga de trabalho e, portanto, pode causar insuficiência cardíaca. Distúrbios que afetam o sistema de condução elétrica do coração e causam um ritmo cardíaco anormal: Distúrbios que afetam o sistema de condução elétrica do coração e causam alterações prolongadas nos ritmos cardíacos (particularmente se estes forem rápidos ou irregulares) podem causar insuficiência cardíaca. Quando o coração bate de forma anormal, ele perde sua capacidade de bombear o sangue corretamente. Alguns distúrbios genéticos: distúrbios genéticos podem afetar o coração e causar insuficiência cardíaca. Distúrbios que enrijecem o coração: A insuficiência cardíaca pode resultar de determinadas doenças que causam o enrijecimento das paredes cardíacas, como infiltrações e infecções. No caso da pericardite constritiva, ocorre enrijecimento da membrana que envolve o coração (pericárdio), fazendo com que mesmo um coração saudável bombeie e receba sangue de maneira insuficiente. CAUSAS NÃO CARDÍACAS: O tratamento inadequado da hipertensão arterial • A hipertensão arterial submete o coração a maiores esforços, pois é exigida maior força do coração para bombear o sangue para as artérias contra uma pressão arterial maior. • Com o tempo, as paredes cardíacas tornam-se mais espessas (hipertrofia) e/ou mais rígidas. • O coração rígido é incapaz de se encher de sangue com o volume e rapidez adequados, então, a cada contração, o coração bombeia um volume menor de sangue do que o normal. • O diabetes e a obesidade também causam alterações responsáveis pelo enrijecimento das paredes ventriculares. • Com o envelhecimento, as paredes cardíacas tendem ao enrijecimento. • A combinação de hipertensão arterial, obesidade e diabetes, frequente entre idosos, e o enrijecimento do coração relacionado ao envelhecimento tornam a insuficiência cardíaca particularmente frequente entre idosos. Hipertensão arterial nas artérias dos pulmões (hipertensão pulmonar, embolia pulmonar): Alguns distúrbios pulmonares, como hipertensão pulmonar, podem alterar ou causar lesões nos vasos sanguíneos dos pulmões (artérias pulmonares). Em consequência, o lado direito do coração precisa trabalhar mais para bombear 3 CAMILLY EÇA DE BRITO// 3° SEMESTRE// TUTORA ALINE GALY sangue para os pulmões. A pessoa pode então desenvolver cor pulmonale, um quadro clínico que provoca a dilatação do ventrículo direito e insuficiência cardíaca direita. A obstrução súbita e muitas vezes total de uma artéria pulmonar por um ou mais coágulos sanguíneos (embolia pulmonar) também dificulta o bombeamento do sangue para as artérias pulmonares e pode causar insuficiência cardíaca direita. Anemia: Anemia é uma deficiência grave de glóbulos vermelhos (número baixo de células sanguíneas). Os glóbulos vermelhos transportam oxigênio dos pulmões para os tecidos do corpo. A anemia diminui a quantidade de oxigênio que o sangue transporta, de modo que o coração precisa trabalhar mais para garantir a mesma quantidade de oxigênio aos tecidos. Distúrbios da tireoide: A hiperatividade da glândula tireoide (hipertireoidismo) estimula o coração excessivamente, aumentando a velocidade dos batimentos cardíacos e impedindo que o coração se esvazie normalmente durante cada batimento. Quando a glândula tireoide está hipoativa (hipotireodismo), todos os músculos, incluindo o coração, tornam-se debilitados, pois os hormônios tireoidianos são essenciais para seu funcionamento normal. Insuficiência renal: A insuficiência renal submete o coração a maiores esforços, pois, quando os rins tornam- se incapazes de eliminar o excesso de líquido da corrente sanguínea, isso aumenta o volume de sangue a ser bombeado pelo coração. Alguns medicamentos: Alguns medicamentos, como anti- inflamatórios não esteroides, podem causar retenção de líquido, o que aumenta a carga de trabalho do coração e pode levar à insuficiência cardíaca. FIS IOPATOLOGIA Todos os órgãos do nosso corpo precisam de energia para funcionar, que é proveniente de glicose, açúcar e oxigênio, e precisa também de um local para “jogar fora” o que é lixo, como por exemplo o dióxido de carbono. O nosso sistema circulatório transporta do sangue através do corpo. Esse sangue fornece energia às células, este é bombeado para todo o corpo por um trabalho realizado pelo coração, que bombeia o sangue “fresco” (rico em oxigênio) para as artérias. A primeira a receber é a aorta (maior artéria do corpo), depois suas ramificações. E finalmente através dos capilares (pequenos vasos), o sangue chega até as células. Depois disso o sangue rico em CO2 retorna ao coração para ser excretado pelos pulmões. Como base da fisiopatologia podemos ter dois eventos: Comprometimento miocárdio primário: pode ser por doença aterosclerótica coronariana, por cardiomiopatia isquêmica e miocardites. Sobrecarga excessiva: pode ser causada por pressão (o coração hipertrofia), pode ser também uma sobrecarga de volume que gera uma dilatação. Para falarmos sobre fisiopatologia existem alguns fatores determinantes para um bom desempenho cardíaco: Mecanismos de contração cardíaca (força e velocidade da contração), desempenho ventricular e demanda de oxigênio miocárdico por Pré-carga→ determinada pela quantidade se sangue que chega no ventrículo. Relacionada a questão do estiramento das fibras miocárdicas e ao volume diastólico final. RETORNO VENOSO, relacionado ao Princípio de Frank-Starling: existe um comprimento ideal para que ocorra a contração, se ocorre alguma alteração de diminuição ou aumento da contração, consequentemente pode gerar um efeito negativo no bombeamento do sangue e na função cardíaca. Pós-carga→ relacionada à dificuldade imposta para ejeção ventricular. Então se esta se altera, o coração vai ter uma sobrecarga e pode acabar evoluindo para uma IC. Contratilidade: propriedade intrínseca do coração, está relacionada com a interação da actina e miosina do musculo cardíaco. Frequência e ritmo cardíacos: fator importante relacionado ao débito cardíaco. O débito cardíaco é igual ao volume de ejeção multiplicado pela frequência cardíaca, mas também é influenciado por retorno venoso, tônus vascular periférico e fatores neuro-humorais. Quando temos uma sobrecarga excessiva docoração, ocorre uma disfunção ventricular e o volume sistólico cai. Com essa queda, são ativados mecanismos compensatórios que vão agir na tentativa de manter a pressão de perfusão periférica e o débito cardíaco, conseguindo manter isso até certo ponto. O coração com insuficiência cardíaca possui 3 mecanismos compensatórios: Taquicardia: DC= FC x VlSistólico; então se há uma queda do volume sistólico pra tentar manter o Débito cardíaco, provavelmente o organismo vai gerar taquicardia para aumentar essa frequência cardíaca e manter o DC Mecanismo de frank-starling: mecanismo que é uma condição intrínseco ao músculo que gera um estiramento na fibra, então quando maior esse estiramento, maior a força de contração= aumento na pressão de enchimento, aumento da pré-carga que gera aumento no estiramento e aumento na força de contração conseguindo manter a perfusão e o débito cardíaco. Hipertrofia cardíaca: de certa forma, o coração está trabalhando mais por conta desses mecanismos que estão sendo ativados, o músculo que trabalha, é musculo que fica maior e fica hipertrofiado. Se o coração é lesado gravemente ele tem sua capacidade de bombeamento diminuída imediatamente. Isso vai gerar dois efeitos principais: 1- Redução do débito cardíaco 2- Acúmulo de sangue nas veias que gera um aumento da pressão venosa e consequentemente um aumento do retorno venoso e pressão arterial. O baixo débito cardíaco pode manter a vida por algumas horas, mas pode causar síncopes. Mas o sistema nervoso simpático possui reflexos, compensando grande parte do coração lesado conseguindo manter mais a vida. Além disso, pelo mecanismo de frank-staling, há aumento do volume de enchimento diastólica final, dilatando o coração e alongando as fibras musculares. Quando essas fibras se alongam elas se contraem mais vigorosamente, aumentando o débito cardíaco. Se, quando o ventrículo dilata, ele consegue manter o débito, o paciente terá insuficiência cardíaca compensada. Mas, comprometido e aí com passar do tempo, o músculo vai entrar em falência e não consegue mas é ejetar sangue suficiente para atender às demandas do corpo. Reflexo do sistema nervoso simpático: Assim que o débito cardíaco diminui, muitos dos reflexos simpáticos são ativados. A sua ativação resulta 4 CAMILLY EÇA DE BRITO// 3° SEMESTRE// TUTORA ALINE GALY provavelmente, das pressões de pulso reduzidas, que vão estimular os barroreceptores arteriais e da hipoperfuração renal. Independente do reflexo que aconteça, o sistema nervoso simpático é ativado em poucos segundos, inibindo de forma recíproca em simultâneo os sinais parasimpáticos que vão para o coração. A estimulação simpática atua tanto sobre o próprio coração quanto pela vasculatura periférica. • Se o músculo ventricular estiver prejudicado, mas ainda estiver funcional, a estimulação simpática fortalecerá a musculatura danificada. • Se alguma parte do músculo não estiver funcionando direito e a outra estiver normal, a normal é estimulada de forma muito intensa pelo simpático, compensando um pouco a parte que não está funcionando Então de um jeito ou de outro, o coração ele vira uma bomba muito forte com a estimulação simpática. Outra coisa que ele faz é aumentar o retorno venoso porque o sistema simpático aumenta o Tônus da maior parte dos vasos sanguíneos da circulação, aumentando a pressão média do enchimento sistêmica então a pressão sobe de 12 mmHg para 14 mmHg. Com esse aumento da pressão o sangue adquire a tendência de fluir das veias de volta para o coração e aí o coração lesionado passar receber mais sangue do que o normal e a pressão atrial continua aumentando ajudando o coração é bombear mais sangue ainda. Os reflexos simpáticos eles ficam desenvolvidos em seu máximo dentro de cerca 30 segundos. Então, se uma pessoa tem ataque súbito moderado, ele pode ter apenas dor cardíaca desmaio, mas, com os reflexos simpáticos, o débito cardíaco pode retornar a nível adequado para manter a pessoa se ela ficar quieta, ainda que a dor possa persistir. O que acontece então é que há uma grande liberação de norepinefrina. Mas a medida que a função cardíaca vai se deteriorando, a resposta da norepinefrina diminui, porque os barorreceptores vão ficando dessensibilizados. E aí essa dessensibilização pode estimular ainda mais as respostas simpáticas. Resumindo sobre o que acontece com a estimulação simpática: a norepinefrina produz a vasoconstrição, estimulando a frequência cardíaca e a contratilidade miocárdica. Todas essas ações vão gerar uma diminuição do débito cardíaco e da pressão arterial. Segundo Cecil, níveis elevados de norepinefrina significam um pior prognóstico, mas não é definido se isso é uma relação de causa e efeito (faz um pouco de sentido porque o coração vai piorando sua função e vai aumentando a dessensibilização isso precisa cada vez mais de norepinefrina). Sistema Renina- angiotensina-aldosterona: Elementos do sistema são ativados em um momento relativamente precoce na insuficiência cardíaca. Quais são os mecanismos que induzem esse sistema? Hipoperfusão renal, estimulação do sistema beta adrenérgicos e hiponatremia. O que a aldosterona faz? Causa a retenção de sódio, o que vai estabelecer o débito cardíaco normal pelo aumento do volume intravascular. Mas, essas adaptações são perigosas, uma vez que, por exemplo a vaso constrição excessiva pode deprime a função ventricular esquerda e a retenção de sódio piora as pressões de enchimento no ventrículo esquerdo, já elevadas. Geralmente o débito urinário permanece baixo até que o débito cardíaco e a pressão arterial aumentam de volta aos níveis normais ou quase normais. Esse baixo débito é visto por muitos cardiologistas como efeito prejudicial à insuficiência cardíaca, mas, atualmente se sabe que o aumento moderado dos líquidos corporais e do volume sanguíneo é um fator importante para ajudar a compensação na diminuição da capacidade de bombeamento do coração pelo aumento do retorno venoso. Como o aumento do volume de sangue aumenta o retorno venoso? 1. Aumenta a pressão média de enchimento sistêmico, aumentando o gradiente de pressão responsável pelo fluxo venoso de sangue do coração. 2. Distende as veias, diminuindo a resistência venosa, permitindo até mesmo o fluxo sanguíneo mais fácil para o coração. Se o coração tiver uma parte funcionante ainda, o aumento do retorno venoso e até as vezes a diminuição da capacidade de bombeamento. Quando bombeamento tiver a capacidade ainda mais reduzida, o fluxo sanguíneo para os rins fica muito baixo, até um ponto de gerar uma excreção renal de sal e água equivalente a ingestão. Então, irá acontecer a retenção de líquido. Mas, como o coração já vai estar bombeando com a sua capacidade máxima, o excesso de líquido não vai ter mais efeitos benéficos sobre a circulação, aumentando a carga de trabalho sobre O coração que já está danificado, gerando é de uma intenso por todo corpo. Quais são as principais complicações? • Aumento da carga sobre o coração danificado • Distensão excessiva do coração, enfraquecendo o coração ainda mais • Filtração do líquido pelos pulmões, causando edema pulmonar e desoxigenação do sangue, consequentemente • É de uma extensão na maior parte do corpo Peptídeo natriurético renal: Ela é um hormônio liberado pelas paredes atriais do coração quando são distendidas, retardando o início da descompensação cardíaca. A insuficiência cardíaca sempre aumentar as pressões atriais direita e esquerda, distendendo as paredes e liberando o PNA. Qual é feito e dele? Ele age sobre os rins, aumentando muito a excreção de sal e de água→ ele ajuda prevenido os sintomas congestivos extremos da insuficiência cardíaca. Ou seja, ele pode contra-balancear as ações vasoconstritoras e retentoresde sódio do sistema RAA e do sistema nervoso simpático. Outras substâncias: Os níveis circulantes de muitas citocinas pró inflamatórias estão elevados em pacientes com insuficiência cardíaca grave. Remodelamento: Além desses mecanismos supracitados, ocorrem alterações na estrutura do miocárdio, incluindo o aumento da massa muscular. • Os miócitos não conseguem se proliferar, mas quando a carga muda, eles se adaptam ao seu aumento, aumentando o número de sarcômeros- miócitos hipertrofiam • Quando a sobrecarga de pressão, como na hipertensão arterial sistêmica, os novos sarcômeros tendem a ser adicionados em paralelo ao eixo maior dos miócitos -o diâmetro cresce, levando a uma hipertrofia concêntrica (aumenta a espessura das paredes sem aumentar o tamanho da câmara). • Quando a sobrecarga de volume, como na regurgitação valvar ou shunts, os novos sarcômeros 5 CAMILLY EÇA DE BRITO// 3° SEMESTRE// TUTORA ALINE GALY são adicionados em série, aumentando o comprimento da fibra muscular-ventrículos dilatam e a espessura da parede pode estar normal, aumentada ou diminuída. A hipertrofia compensatória ocorre às custas dos miócitos. Quando as células aumentam o seu tamanho (hipertrofiam), aumenta a necessidade de oxigênio. Mas, acontece que os capilares não conseguem se expandir no mesmo ritmo que as demandas de O2 das células do miocárdio, e aí o músculo se torna vulnerável a lesão isquêmica. • Geralmente a hipertrofia está associada a expressão de genes, os quais contribuem para as mudanças nos miócitos, aumentando a frequência de contractilidade cardíaca, melhorando o débito cardíaco, mas aumentando o consumo de O2 pelo coração. F EB RE R E UMÁT ICA. A febre reumática aguda embora ocorra mais em crianças, sua prevalência atingiu pico na idade adulta alta, então na grande maioria das vezes vamos ter repercussões da doença do coração entre 25 a 45 anos, quando os pacientes evoluem para um quadro de insuficiência cardíaca com fenômenos tromboembolicos e é diagnosticado a cardiopatia de base. Resulta de uma resposta auto imune a infecção pelos estreptococos do grupo a estreptococos pyogenes. Caracteriza-se por vários graus de inflamação das articulações e do coração, manifestando-se como poli artrite e regurgitação válvula (com o tempo pode levar a uma estenose valvar). A febre reumática aguda é uma inflamação anormal que pode atingir articulações, coração, pele, e sistema nervoso central. Existe um componente genético e uma virulência da cepa infectantes, ou seja, predisposição genética a desenvolver febre romântica por infecção por estreptococos. Os antígenos os estreptococos ativam as vias imunológicas humorais e mediadas por células, levando a produção de anticorpos contra os componentes dos estreptococos que reagem da maneira cruzada com proteínas humanas= inflamação e lesão mediada por sistema imunológico. No coração: resposta cruzada do mimetismo entre a proteína M da membrana dos estreptococos e essas células humanas do coração, depositando e correndo sobre as válvulas, promove inflamação das válvulas, como pode provocar também miocardite. As apresentações clínicas são: • Sintomas comuns: febre (não é uma febre alta, ocorre no fim do dia entre 37,6 e 37,8 °C chegando no máximo 38. • Artrite: manifestação mais comum, ocorre entre 75% dos casos, início de uma a três semanas após infecção estreptocócica: impotência funcional em grandes articulações, dor desproporcional aos achados de inflamação, boa resposta anti inflamatórios, poliartrite aguda, assimétrica imigratória. • Cardio: segunda manifestação mais comum (ocorre entre 40% a 70% no primeiro surto): pancreatite: valvulite, miocardite, pancreatite. Ou seja, compromete todo o coração. Mas é mais comum comprometer somente as válvulas; acomete principalmente a valva mitral, depois a mitral e aórtica, seguida da ótica isoladamente; Manifestação mais comum na fase aguda insuficiência mitral., Cardiopatia reumática crônica: mais característico e a estenose mitral deteriorando com o passar dos anos. Formas de cardite: • Subclínica: não é uma clínica que chame atenção, os exames cardiovasculares como raio X de tórax e e o eletrocardiograma são normais. O dado mais precoce é o aumento elevado no ECG. O ECO pode até mostrar uma regurgitação mitral aórtica leve (sem repercussão hemodinâmica). • Leve: Encontramos taquicardia desproporcional a febre, podemos encontrar o abafamento da primeira bulha, um sopro que ocorre na sístole do foco mitral (insuficiência mitral), raio X de tórax, palpação e ECG normais • Moderada: taquicardia persistente (90-100 batimentos por minuto), sofro de insuficiência mitral (regurgitação mitral) e mais intenso sem frêmito (não encontramos modificações apalpação) • Grave: Sinais e sintomas de insuficiência cardíaca como dispneia desde os pequenos esforços, limitação física, é de uma em membros inferiores, estás em jogo lá patológica, alteração no ritmo do coração, sopro de insuficiência mitral e ou a ótica são mais frequentes de serem encontrados e pericardite é menos comum. 4 . S INT OMAT OLOG IA E COMP L ICAÇÕES . Sintomas principais: dispneia aos esforços, progressiva, cansaço; dispneia paroxística noturna, ortopneia, tosse seca, edema; congestão sistêmica: dor abdominal, hiporexia, náuseas, vômitos. Os sintomas da insuficiência cardíaca podem surgir subitamente, sobretudo quando causados por um ataque cardíaco. A maioria das pessoas não apresenta qualquer sintoma quando o coração começa a desenvolver problemas. Os sintomas surgem gradualmente e podem levar dias a meses ou anos. A insuficiência cardíaca pode estabilizar durante determinados períodos, mas geralmente progride de forma lenta e insidiosa. Alguns sintomas são: • Falta de ar • Fadiga • Acúmulo de líquidos nas pernas • Incapacidade de realizar exercícios ou outras atividades que exijam esforço ✓ Em idosos, a insuficiência cardíaca também pode causar sintomas indefinidos como sonolência, confusão e desorientação. ✓ A gravidade da insuficiência cardíaca é normalmente classificada com base em quão bem a pessoa é capaz de realizar atividades cotidianas. ✓ Os sintomas da insuficiência cardíaca direita são diferentes dos da insuficiência cardíaca esquerda. Sintomas da insuficiência cardíaca direita • Acúmulo de líquidos que causa inchaço (edema) nos pés, tornozelos, pernas, região lombar, fígado e abdômen. Os locais onde o líquido se acumula dependem da quantidade de líquido excedente e dos efeitos da gravidade. Quando a pessoa está em pé, o líquido se acumula nas pernas e nos pés. Quando a pessoa está deitada, o líquido acumula-se, geralmente, na região lombar. Se a quantidade de líquido excedente for grande, ele também se acumula no abdômen. O acúmulo de líquido no fígado ou no estômago pode provocar náuseas e perda de apetite. • A insuficiência cardíaca direita grave pode resultar em perda de peso e de massa muscular. Esse quadro clínico é denominado caquexia cardíaca. Sintomas de insuficiência cardíaca esquerda 6 CAMILLY EÇA DE BRITO// 3° SEMESTRE// TUTORA ALINE GALY • Acúmulo de líquido nos pulmões e, consequentemente, falta de ar. • A falta de ar só ocorre durante o esforço, mas, à medida que a insuficiência cardíaca avança, a falta de ar passa a ocorrer com menor esforço e, por fim, até mesmo em repouso. • Pessoas com insuficiência cardíaca esquerda grave podem sentir falta de ar quando deitadas (um quadro clínico chamado ortopneia), uma vez que a gravidade faz com que mais líquido entre nos pulmões. Essas pessoas muitas vezes acordam ofegantes ou com chiado ao respirar (um quadro clínico chamada dispneia paroxística noturna). Quando se sentam, parte do líquido é drenada para a parte inferiordos pulmões, o que facilita a respiração. • Pessoas com insuficiência cardíaca esquerda sentem-se cansadas e debilitadas durante atividades físicas porque seus músculos não estão recebendo sangue suficiente. R E LAC ION AR A S ÍN COP E COM O ICC . Síncope é a perda de consciência (PC) súbita e breve com perda do tônus postural seguida de restabelecimento espontâneo. O paciente fica imóvel e flácido e geralmente com membros frios, pulso fraco e respiração superficial. Às vezes ocorrem movimentos musculares abruptos involuntários breves, que lembram uma convulsão. Quase síncope é a tontura e a sensação de desmaio iminente, sem perda da consciência. Geralmente é classificada e discutida com a síncope, pois as causas são as mesmas. SINAIS DE ALERTA Certos achados sugerem uma etiologia mais grave: • Síncope aos esforços • Múltiplas recidivas em curto período de tempo • Sopro cardíaco ou outros achados que sugiram cardiopatia estrutural (p. ex., dor torácica) • Idade avançada • Lesão significativa durante a síncope • História familiar de morte súbita e inesperada, síncope por esforço, ou síncope recorrente inexplicada ou convulsões A maioria das síncopes resulta de fluxo cerebral insuficiente. Alguns casos envolvem fluxo adequado, porém substratos cerebrais (oxigênio, glicose ou ambos) insuficientes. FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL INSUFICIENTE A maioria das deficiências do fluxo de sangue cerebral resulta de redução do débito cardíaco. A diminuição do débito cardíaco pode ser causada por • Doenças cardíacas que obstruem o fluxo de saída • Doenças cardíacas com disfunção sistólica • Doenças cardíacas com disfunção diastólica • Arritmias (muito rápidas ou muito lentas) • Condições que diminuem o retorno venoso A obstrução ao fluxo de saída pode ser exacerbada por exercício, vasodilatação e hipovolemia (particularmente na estenose aórtica e na miocardiopatia hipertrófica), que podem precipitar a síncope. Arritmias causam síncope quando a frequência cardíaca é rápida demais para permitir o enchimento ventricular adequado (p. ex., > 150 ou 180 bpm) ou muito lenta para propiciar débito adequado (p. ex., < 30 ou 35 bpm). O retorno venoso pode ser reduzido por hemorragia, aumento de pressão intratorácica, de tônus vagal (que também pode diminuir a frequência cardíaca) e perda do tônus simpático (p. ex., por fármacos, pressão no seio carotídeo e disfunção autonômica). A síncope que envolve esses mecanismos (exceto por hemorragia), em geral, é denominada vasovagal ou neurocardiogênica, sendo comum e benigna. 5 . F AT ORE S D E R IS CO. Um fator de risco único pode ser suficiente para causar insuficiência cardíaca, mas uma combinação de fatores, de acordo com médicos, também pode aumentar o risco da doença: • Pressão arterial elevada • Doença arterial coronariana • Ataque cardíaco • Diabetes e alguns medicamentos para tratar a doença • Apneia do sono • Cardiopatias congênitas • Infecção por vírus • Consumo de álcool • Batimentos cardíacos irregulares, a exemplo de arritmia. 6 . SE MIOLOG IA CAR D ÍACA (AUS CULT A) . INSPEÇÃO E PALPAÇÃO Os seguintes parâmetros devem ser analisados durante a inspeção e palpação: • Abaulamento: Deve-se investigar com o paciente despido, de modo que o examinador faça a inspeção em região precordial em 2 incidências (tangencial e frontal). • Ictus cordis: O ictus cordis é a pulsação do ápice do coração. Deve-se investigar localização, extensão, mobilidade, intensidade e tipo de impulsão, ritmo e frequência. A sua localização pode variar de acordo com o biotipo do paciente: ✓ Mediolíneos: cruzamento da linha hemiclavicular esquerda com o 5º espaço intercostal. ✓ Brevelíneos: desloca-se cerca de 2 cm para fora e para cima, no 4º espaço intercostal. ✓ Longilíneos: 6º espaço intercostal, 1 a 2 cm para dentro da linha hemclavicular. • Batimentos ou movimentos: Ainda na inspeção e palpação é possível avaliar áreas que possam apresentar batimentos visíveis ou palpáveis (retração sistólica, levantamento de massa em precórdio, pulsação epigástrica ou supresternal) • Frêmito cardiovascular É caracterizado como a sensação tátil determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos. Em caso de presença de frêmito, deve-e investigar localização, situação do ciclo cardíaco e intensidade (avaliado em cruzes ++++/IV). Estão associados aos sopros. https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/doen%C3%A7as-cardiovasculares/arritmias-e-doen%C3%A7as-de-condu%C3%A7%C3%A3o/vis%C3%A3o-geral-das-arritmias https://www.minhavida.com.br/saude/temas/diabetes https://www.minhavida.com.br/saude/temas/apneia-do-sono https://www.minhavida.com.br/saude/temas/arritmia 7 CAMILLY EÇA DE BRITO// 3° SEMESTRE// TUTORA ALINE GALY AUSCULTA • Foco mitral: situa-se no 5º espaço intercostal (EIC) esquerdo na linha hemiclavicular e corresponde ao ictus cordis. • Foco pulmonar: situa-se no 2º EIC esquerdo, junto ao esterno. Nesse espaço podemos avaliar desdobramentos da 2ª bulha cardíaca. • Foco aórtico: 2º EIC direito, justaesternal. Porém, algumas vezes, o melhor local para auscultar alterações de origem aórtica é a área entre o 3º e 4º EIC esquerdo, onde fica localizado o foco aórtico acessório. • Foco tricúspide: situa-se na base do apêndice xifóide ligeiramente para a esquerda. Os fenômenos acústicos originados na valva tricúspide (sopro sistólico) costumam ser mais percebidos na área mitral. Ao auscultar o coração, os seguintes aspectos devem ser avaliados: bulhas cardíacas, ritmo e frequência cardíaca, ritmos tríplices, cliques ou estalidos, ruídos, atritos ou sopros. BULHAS CARDÍACAS: • Primeira bulha (B1): fechamento da valva mitral e tricúspide, o componente mitral antecedendo o tricúspide. Coincide com o ictus cordis e o pulso carotídeo. É mais grave e tem duração um pouco maior que a 2ª bulha. O som pode ser representado por “TUM”. • Segunda bulha (B2): é constituído por 4 grupos de vibrações, porém só são audíveis as originadas pelo fechamento das valvas aórtica e pulmonar. Ouve-se o componente aórtico em toda região precordial (principalmente foco aórtico), enquanto o ruído da pulmonar é auscultado em uma área limitada (foco pulmonar). Durante a expiração as duas valvas fecham dando origem ao som representado por “TA”. Na inspiração, devido ao prolongamento da sístole ventricular (maior afluxo de sangue), o componente pulmonar sofre um retardamento, sendo possível perceber os 2 componentes. Esse fenômeno é chamado de desdobramento fisiológico da 2ª bulha que pode ser auscultado como “TLA”. • Terceira bulha (B3): é um ruído protodiastólico de baixa frequencia que se origina da vibração da parede ventricular distendida pela corrente sanguínea que penetra na cavidade durante o enchimento ventricular rápido. É mais audível na área mitral com o paciente em decúbito lateral esquerdo. Pode ser representada por “TU”. • Quarta bulha (B4): ruído débil que ocorre no fim da diástole ou pré-sístole e pode ser ouvida mais raramente em crianças e adultos jovens normais. Sua gênese não está completamente esclarecida, mas acredita-se que seja originada pela brusca desaceleração do fluxo sanguíneo na contração atrial em encontro com o sangue no interior do ventrículo, no final da diástole. RITMO E FREQUÊNCIA CARDÍACA Após reconhecer B1 e B2, o passo seguinte é determinar a o ritmo do coração e a frequência cardíaca (batimentos por minutos). Havendo apenas 2 bulhas, trata-se de ritmo binário ou em dois tempos. Quando se torna audível um terceiro ruído, passa a ser ritmo tríplice ou em três tempos. Frequência: conta-se os batimentos em um minuto. Em adultos, < 60: bradicardia, > 100: taquicardia. OBS: ritmo cardíaco pode apresentar arritmias, sendo a principal encontrada na ausculta o ritmo de galope(PA-TA- TA), em que o ritmo cardíaco imita o som semelhante ao galopar de um cavalo devido a B3 patológica. CLIQUES E ESTALIDOS • Estalidos diastólicos: podem ocorrer nas estenoses das valvas mitral (ruído seco, agudo e de curta duração, representado por um “TEP”, audível no 3º ou 4º EIC e no foco mitral) e tricúspide. • Estalidos protossistólicos: ruídos de ejeção, de alta frequência, agudos e intensos, produzidos na artéria pulmonar e na aorta. O estalido protossistólico pulmonar (presente na estenose pulmonar, hipertensão pulmonar grave) é mais audível no foco pulmonar e na borda esternal esquerda, diferenciando- se de B1 pelo timbre mais agudo. O protossistólico aórtico (presente na dilatação ou aneurismas de aorta, tetralogia de Fallot) é mais audível do 4º EIC esquerdo, borda esternal até a área mitral. SOPROS Produzidos por vibrações decorrentes de alterações do fluxo sanguíneo, que em condições patológicas adota um caráter turbilhonar, deixando de ser laminar, surgindo ruídos denominados sopros. Os sopros podem surgir dos seguintes mecanismos: • aumento da velocidade da corrente sanguínea (exercício físico, hipertireoidismo, febre); • diminuição da viscosidade sanguínea (anemia); • passagem do sangue por uma passagem estreita (estenoses); • passagem do sangue por zona dilatada (aneurismas). Os seguintes aspectos do sopro devem ser avaliados: • Situação do sopro no ciclo cardíaco: sistólico, diastólico, sistodiastólicos ou contínuos; • Localização: qual foco de ausculta o sopro é mais audível • Irradiação: deslocar o estetoscópio em várias direções para identificar irradiação. • Intensidade: avaliação subjetiva, feita em graduação (+ a ++++) • Timbre e tonalidade: “qualidade do sopro”; pode ser suave, rude, musical, em jato, piante, ruflar. 8 CAMILLY EÇA DE BRITO// 3° SEMESTRE// TUTORA ALINE GALY Uma das mais importantes aplicações da avaliação dos sopros cardíacos é na suspeita diagnóstica de acometimento valvar (estenose mitral ou aórtica, insuficiência mitral ou aórtica). Na tabela abaixo estão descritas as características dos sopros encontrados em cada condição: Insuficiência aórtica Sopro diastólico; melhor audível no foco aórtico acessório Estenose aórtica Sopro sistólico de ejeção; localizado no foco aórtico Insuficiência mitral Sopro sistólico de regurgitação no foco mitral Estenose mitral Sopro diastólico com estalido, melhor audível em decúbito lateral esquerdo RUÍDO DE PERICARDITE CONSTRIT IVA Origina-se na distensão do pericárdio endurecido. É audível quando há comprometimento do pericárdio ao nível da região apical na face anterior. É mais precoce que B3, audível em foco mitral e tricúspide. ATRITO PE RICÁRDICO Origina-se do roçar de folhetos pericárdicos. Em geral é um ruído perceptível na sístole e na diástole, sem relação constante e fixa com as bulhas cardíacas. É mais audível entre o ictus e a borda esternal esquerda. Segue abaixo um resumo de como descrever o exame do aparelho cardiovascular: 1º Inspeção: abaulamentos, retrações, deformidades, pulsações, ictus cordis; 2º Palpação: ictus cordis – descrever localização e intensidade (polpas digitais); presença de frêmitos na região precordial; 3º Ausculta: descrever ritmicidade (ritmo regular, ritmo de galope, ritmo irregular); frequência cardíaca (auscultar por 1 minuto); intensidade das bulhas cardíacas (normo, hipo ou hiperfonéticas); desdobramentos ou presença de 3ª ou 4ª bulha; presença de sopros (se presente, localizar qual foco é mais audível e em seguida se é sistólico ou diastólico). 7 . D IAGN ÓS T ICO . Por ser uma síndrome, não existe apenas 1 exame que dá o diagnóstico. Durante o exame físico: ✓ Aparência geral: o paciente pode estar normal, ou com uma palidez decorrente de uma vasoconstrição periférica; a pele pode estar mais fria e pegajosa dependendo do débito cardíaco. ✓ Pressão arterial: pode estar normal ou pode haver uma tendência a uma pressão mais convergente (porque a pressão sistólica pode estar diminuída por conta da progressão da doença e a diastólica pode estar mais elevado por conta da vasoconstrição periférica); ✓ Frequência cardíaca: informação importante!! Pois pode estar elevada devido à descompensação, podendo ser precocemente aparente. ✓ Inspecionar o pulso venoso jugular: pois quando elevado favorece o diagnóstico de aumento da pressão do lado direito do coração; ✓ No precórdio: é muito importante palpar o íctus cordis porque um desvio lateral do íctus pode ser considerado como um aumento do lado esquerdo ✓ Na ausculta cardíaca: a presenta de uma terceira bulha, traduz uma disfunção sistólica ✓ Hepatomegalia se for dolorosa ✓ Crepitações menor valor EXAMES • Ecocardiograma de 12 derivações: possibilita a identificação de alterações de sobrecarga ou dilatação do músculo cardíaco e a presença de arritmias • Raio-X de tórax: avalia o tamanho do coração, presença de líquido nos pulmões e presença de infecções associadas • Ecocardiograma bidimensional: avalia o músculo cardíaco, a função do coração e as válvulas cardíacas • Angiotomografia coronariana: identifica a presença de placas de gordura e variações anatômicas • Ressonância cardíaca: calcula a função do coração, o tamanho das câmaras cardíacas, a presença de infartos e fibrose no músculo e ajuda no diagnóstico das causas da patologia • Cineangiocoronariografia: identifica a presença de placas de gordura, e possibilita o tratamento seja de valvulopatias ou obstruções coronarianas • Função hepática (diagnostico diferencial) • Glicemia e perfil lipídico • Ferritina R E LAC ION AR ALT ER AÇÕES N OS EXAME S. Achados laboratoriais relevantes foram: hemoglobina 12,8g/dl leucócitos 14.500/mm 3 títulos de antiestreptolisina O (AEO) 833 u Todd, mucoproteínas 5,3mg/dl, proteína C reativa negativa, albumina sérica 3,68g/dl, α2-globulinas 1,04 g/dl β-globulinas 1,75g/dl, uréia e creatinina normais. O eletrocardiograma, com ritmo sinusal, foi compatível com sobrecarga das quatro câmaras cardíacas, e o estudo radiológico do tórax detectou sinais de HAP. O índice cardiotorácico era de 0,62. O ecodopplercardiograma mostrou IM importante e estenose mitral moderada, com espessamento das lacíneas e aspecto em domo, quando da excursão valvar, compatível com etiologia reumática 8 . T R AT AMEN T O (AÇÃO MED ICAMEN T OS A) E PR OF ILAX IA . O tratamento da ICC pode ser desde: ✓ Dieta e mudança no estilo de vida ✓ Medicamentos ✓ Transplante cardíaco 9 CAMILLY EÇA DE BRITO// 3° SEMESTRE// TUTORA ALINE GALY O tratamento da insuficiência cardíaca exige diversas medidas gerais, além do tratamento dos distúrbios que possam causá-la, alterações no estilo de vida e o uso de medicamentos para insuficiência cardíaca. Tratamento da Causa: Se a causa da insuficiência cardíaca for uma válvula cardíaca estreitada ou com vazamento, ou uma conexão anormal entre as câmaras cardíacas, uma cirurgia frequentemente pode corrigir o problema. O bloqueio de uma artéria coronariana pode exigir tratamento medicamentoso, cirurgia ou angioplastia com um stent coronariano. Medicamentos anti-hipertensivos podem diminuir e controlar a hipertensão arterial. Antibióticos podem eliminar algumas infecções. O tratamento medicamentoso de insuficiência cardíaca envolve: • Medicamentos para ajudar a aliviar os sintomas: diuréticos, nitratos ou digoxina • Medicamentos para ajudar a melhorar a sobrevida: inibidores da enzima de conversão da angiotensina (ECA), betabloqueadores, antagonistas da aldosterona, bloqueadores dos receptores da angiotensina II (BRAs) ou inibidores da neprilisina e dos receptores da angiotensina (INRAs) • O tipo de medicamento usado depende do tipo de insuficiênciacardíaca. • Na insuficiência cardíaca sistólica (ICFER), todas as classes de medicamentos são úteis. • Na insuficiência cardíaca diastólica (ICFEP), apenas inibidores da ECA, BRAs, antagonistas da aldosterona e betabloqueadores são normalmente usados. Prevenir a insuficiência cardíaca envolve tratar distúrbios que podem causar insuficiência cardíaca antes que eles o façam. Na maioria dos casos, a insuficiência cardíaca é causada por doenças preveníveis. Deve-se procurar manter um estilo de vida saudável, com alimentação adequada, atividade física regular, não fumar e evitar o stress. Deve-se procurar um cardiologista com regularidade para que se possa avaliar a pressão arterial e identificar a presença de condições que poderão no futuro levar ao desenvolvimento da doença. Os distúrbios que podem ser tratados incluem: ✓ Hipertensão arterial ✓ Obesidade ✓ Obstrução de uma artéria coronária ✓ Valvulopatias ✓ Alguns ritmos cardíacos anormais ✓ Alcoolismo ✓ Anemia ✓ Distúrbios da tireoide
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