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Dos novos desafios da responsabilidade civil nas relações familiares - Matheus Wolowski

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Prévia do material em texto

MATHEUS RIBEIRO DE OLIVE IRA WOLOWSKI 
Dr. José Sebastião de Oliveira
Dra. Valéria Silva Galdino Cardin
Da família na Pós-Modernidade e seus reflexos no
ordenamento jurídico brasileiro
Dos novos desafios 
da responsabilidade
civil nas relações
familiares
PROGRAMA DE DOUTORADO - UNICESUMAR
• Na história da humanidade, a família é
considerada a base da sociedade por ser
um núcleo de poderes: religioso, político e
econômico. (CARDIN, 2012, p. 65)
• O conceito de família tem sofrido
variações por conta da influência religiosa
e o desenvolvimento social e econômico,
modificando-se a estrutura familiar.
Da resposabilidade
civil nas relações
familiares
NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Na Roma antiga, a expressão ”família” já
designava um grupo de pessoas agregadas e
submetido ao poder do pater familia (chefe
com poderes irrestritos sobre a mulher, os filhos 
 e as demais pessoas economicamente
vinculadas, podendo inclusive dispor sobre a
vida de cada uma delas). (CARDIN, 2012, p. 66)
Os historiadores do direito romano, relatam que
nem o nascimento nem o afeto foram alicerces
da família romana, jugaram que tal fundamento
deveria residir no poder paterno ou do marido.
(COULANGES, 2002, p.45)
PATER FAMILIA
PODER PATERNO
• Após um processo de desenvolvimento da
sociedade conjugal, e pela influência do
cristianismo, que enalteceu a figura feminina
através da Virgem Maria, surgiram novos
elementos socioculturais, resultantes de
adaptações e modificações contínuas e
progressivas. (CARDIN, 2012, p.67)
SOCIEDADE CONJUGAL 
BRASIL
• Contudo, as Ordenações Afonsinas, Manuelinas
e Filipinas aplicadas ao Brasil, continuavam
arraigadas aos princípios do direito romano.
Código Civil de 1916
PREVALECE O SISTEMA PATRIARCAL 
• Cabia ao marido sustentar a família e à mulher,
velar pela direção da casa, afazeres domésticos e
educação dos filhos.
• A mulher, sem o consentimento marital, não
podia exercer nenhuma atividade lucrativa.
Estatuto da Mulher Casada (Lei n. 4.121/62) e da
Lei do Divórcio (Lei n. 6515/77)
A mulher casada passou a
ter efetivamente direitos e
deveres, emancipando-se
dentro de seu lar.
 O art. 50, § 5º da Lei n.
6.515/77, a mulher, com as
núpcias, passou a ter
condição de companheira,
consorte e colaboradora do
esposo, não estando mais
sob a autoridade marital.
A subordinação foi
substituída pela
colaboração. 
(CARDIN, 2012, p.68)
• Equiparou homem e mulher em direitos e obrigações,
conferindo à mulher o exercício da chefia da sociedade
conjugal em igualdade de condições com o marido.
•Ampliou-se o significado da expressão “família”,
passando a abranger a toda comunidade formada por
qualquer um dos pais e seus descendentes (art. 226, §§ 3º
e 4º, da Constituição Federal) 
•Como consequência dessa nova mentalidade
sociocultural, passou-se a dar importância aos aspectos
afetivos da convivência familiar. 
(CARDIN, 2012, p.68)
Constituição federal de 1988
A lesão produzida por um
membro da família a outro é
gravame maior do que o
provocado por terceiro estranho
à relação familiar, ante a
situação privilegiada que aquele
desfruta em relação a este, o que
justifica a aplicabilidade da
teoria geral da responsabilidade
civil . (CARDIN, 2012, p. 69)
• No Direito de Família abundam danos imateriais
indenizáveis. 
É terreno fértil da violência familiar, que por sua
força e insuportabilidade já não mais permanece
oculta aos olhos dos outros. 
Com frequência exsurgem lesões graves dessa
área do Direito. 
São prejuízos morais resultantes de
vulneração de virtudes da personalidade, dos
atributos mais valiosos da pessoa, de sua riqueza
interior. [...] 
A ofensa a esses bens superiores gera o dano
moral ressarcível. (MARMITT, 1999, p.113)
Dano moral ressarcível 
• Quando se produz um dano de um membro de
família a uma outra ocorrem, o fato injusto
demonstra que a harmonia não existe, de que há
negação, provavelmente acelerando o processo
de desintegração familiar. (BÍSCARO, 1999, p.
436)
• Em qualquer entidade familiar deve prevalecer
o princípio da dignidade da pessoa humana e
o dever de solidariedade.
DESINTEGRAÇÃO FAMILIAR 
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA
ART . 1 .566 E 1 .724 DO CÓDIGO CIVIL
Direitos e deveres dos cônjuges e companheiros.
• Art. 1.566. São deveres de ambos os
cônjuges: I - fidelidade recíproca; 
II - vida em comum, no domicílio conjugal; 
III - mútua assistência; 
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos. 
• Art. 1.724. As relações pessoais entre os
companheiros obedecerão aos deveres de
lealdade, respeito e assistência, e de guarda,
sustento e educação dos filhos.
• A indenização não restitui ou assegura
o afeto, mas por meio dela os danos
podem ser minorados por tratamentos
psicológicos. 
• Quanto ao ressarcimento por falta de
assistência material e intelectual aos
filhos, o valor pago a este título serviria
para que a pessoa pudesse alcançar
uma melhor condição socioeconômica.
(CARDIN, 2012, p. 71)
INDENIZAÇÃO
Direito ao planejamento
familiar
(ART. 226, § 7º DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL)
• Constitui obrigação que os pais têm de
prover assistência afetiva, moral, material
e intelectual aos filhos.
• Portanto, as pessoas têm a liberdade de
escolher se querem ou não conceber e, a
partir do momento em que ocorrer
deverão assumir sua responsabilidade
enquanto genitores.
• Função da Responsabilidade Civil: Para
PierGiuseppe Monateri, membro da Escola de
Torino – Itália, a Responsabilidade Civil tem
muitas funções, sendo certo que “nenhuma pode,
por si só, explicar a complexa estrutura das regras
jurisprudenciais sobre o ilícito civil”.
• Destacam-se, três na realidade italiana, quais
sejam a função: compensatória, a sancionatória
e a preventiva.
Dos pressupostos da
responsabilidade civil
no âmbito familiar 
CONDUTA, DANO, NEXO DE
CAUSALIDADE E CULPA
Responsabilidade Civil - tripla função
Com a clássica visão
de transferência dos
danos do patrimônio
de uma parte para
outra.
REPARATÓRIA
E não tão somente
sancionatória –, uma
vez que a
responsabilidade civil
funciona como uma
pena civil ao ofensor,
como desestímulo de
comportamentos não
admitidos pelo Direito.
PUNITIVA
Com o objetivo de
evitar ou inibir novas
práticas danosas..
PRECAUCIONAL
Presenta
communic
PEO
ENHANC
QUALI
LI
ROSENVALD, 2017, p .95-96
Ato Próprio
• Negligência
• Imprudência
• Imperícia
Culposa
AÇÃO OU
OMISSÃO
CULPA DANO
NEXO DE
CAUSALIDADE
Dolosa
Ato de Outrem
• In Vigilando
• In Eligendo
Pessoal/Corporal/
Estética
Material
Imaterial
Relação de
Causalidade
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência, ou imprudência, violar direito, ou
causar prejuízo a outrem, fica obrigado a
reparar o dano.
A verificação da culpa e a avaliação da
responsabilidade regulam-se pelo disposto
neste Código, arts. 1.521 a 1.532 e 1.542 a 1.553.”
ART. 159 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916
“Aquele que, por ação ou omissão voluntária,
negligência ou imprudência, violar direito e
causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.”
ART. 186 DO CÓDIGO CIVIL DE 2002
• ”A conduta humana pode ser causada
por uma ação – conduta positiva –, ou
omissão – conduta negativa –, seja ela
voluntária, ou por negligência,
imprudência ou imperícia, modelos
jurídicos que caracterizam o dolo e a
culpa, respectivamente.”(TARTUCE, 2018,
p. 171)
CONDUTA
CONDUTA
• A ação, fato gerador da responsabilidade
civil, poderá ser ilícita ou lícita.
•A responsabilidade civil decorrente do ato
ilícito baseia-se na ideia de culpa, e a
responsabilidade em culpa funda-se no risco,
que vem impondo na atualidade,
principalmente ante a insuficiência da culpa
para solucionar todos os danos.
•O comportamento do agente poderá ser
uma comissão ou uma omissão.
•A comissão vem a ser a prática de um ato
que não se deveria efetivar. (DINIZ, 2013, p.56)
• Para Giorgi Giorgio, a culpa, em sentido
geral, significa qualquer violação a um
dever jurídico, o que inclui a violação dolosa.
• No sentido mais restrito,afirma, a culpa
exclui o dolo, querendo dizer a voluntária
omissão de um dever de diligência, para o
qual o agente não previa as consequências.
(GIORGIO, 1930, p.33-34)
• Jorge Mosset Iturraspe conceitua culpa
como a omissão da diligência exigível do
agente ou a conduta contrária ao dever de
prevenir as consequências previsíveis do
próprio ato. (ITURRASPE, 1971, p.120)
CULPA
• Relação de causa e efeito existente entre a
conduta do agente e o dano causado.
(TARTUCE, 2018, p. 212)
• Como esclarece Caio Mário da Silva Pereira,
“para que se concretize a responsabilidade é
indispensável se estabeleça uma
interligação entre a ofensa à norma e o
prejuízo sofrido, de tal modo que se possa
afirmar ter havido o dano ‘porque’ o agente
procedeu contra o direito”. (PEREIRA, 2018,
p.75)
NEXO DE CAUSALIDADE
• Em sentido comum, dano significa o mal ou
ofensa pessoal; prejuízo moral; prejuízo
material causado a alguém pela deterioração
ou inutilização de bens seus; estrago,
deterioração, danificação.”(CARDIN, 2012, p.17)
• No âmbito jurídico o termo tem origem do
latim damnum, consiste em lesão,
diminuição ou destruição que, devido a certo
evento, sofre uma pessoa, contra sua vontade,
em qualquer bem ou interesse jurídico,
patrimonial ou moral. (DINIZ, 2005, p.3)
DANO
Do dano moral como lesão à
dignidade da pessoa humana
Ingo Wolfgang Sarlet que compreende, por dignidade da pessoa humana a
qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz
merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da
comunidade, implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres
fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de
cunho degradante e desumano, como venham a lhe garantir as condições
existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover
sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e
da vida em comunhão com os demais seres humanos, mediante o devido
respeito aos demais seres que integram a rede da vida. (SARLET, 2009, p. 67)
DIGNIDADE DA
PESSOA HUMANA
No art. 1º como princípio
constitucionalmente
conformador (Canotilho); no
art. 170, caput, como
princípio constitucional
impositivo(Canotilho) ou
diretriz (Dworkin) – ou,
ainda, direi eu, como
norma-objetivo. (GRAU,
2014, p. 194)
CONSTITUIÇÃO DE
1988
• Mesmo antes da promulgação da atual Constituição
Federal, já se permitia deduzir, com base nos arts. 75, 76,
159, 1.547, 1.548, 1.549, 1.550 e 1.553 do Código Civil de 1916
que, além dos danos materiais, os morais também
deveriam ser ressarcidos, por se referirem à honra, a
liberdade, ao estado de pessoa e à profissão do
lesado.
DANOS MORAIS
ART . 5º , V E X DA CONSTITUIÇÃO
FEDERAL
• Dano moral como lesão à dignidade humana.
•A reparação por danos morais no âmbito
familiar fundamenta-se na teoria da
responsabilidade civil extracontratual por ato
ilícito, prevista no art. 186 do Código Civil.
(CARDIN, 2015, p. 1695)
Da
responsabilidade
civil na ruptura de
noivado e das
relações maritais
ESPONSAIS
Esse instituto pode ser conceituado
como a promessa recíproca, realizada
através de um noivado ou não, em que
um homem e uma mulher assumem o
compromisso de contrair núpcias no
futuro. (CARDIN, 2015, p. 1677)
Da
responsabilidade
civil na ruptura de
noivado e das
relações maritais
O Código Civil não faz nenhuma
referência aos esponsais, contudo, não
excluiu a possibilidade de uma
indenização a partir do prejuízo
suportado pelos danos morais e
materiais, incluindo os lucros cessantes,
com base nos arts. 186, 389 e 402 do
Código Civil.
Os requisitos indispensáveis
para a configuração da
promessa de casamento são:
A ) CAPACIDADE DO AGENTE ,
B ) MANIFESTAÇÃO LIVRE E ESPONTÂNEA DO
CONSENTIMENTO DE AMBOS OS NUBENTES , E
C ) RECIPROSIDADE 
• A prova desse instituto deve ater-se à
comprovação do cumprimento da palavra
empenhada e da l iberdade incondicional
no consentimento da realização do
matrimônio . 
• Ressalte-se que a qualquer instante o (a )
noivo (a ) arrependido (a ) poderá proceder à
ruptura ou o desfazimento da promessa ,
uma vez que ninguém está obrigado a se
casar .
Presunção legal de que todas as despesas realizadas para os preparativos
do casamento decorreram do esforço comum das partes. Art. 5º da Lei n°
9.278/96. Competência do juízo cível. Matéria estritamente patrimonial.
Inexistência de discussões acerca da união estável, situação jurídica já
sacramentada. Precedentes desta Corte Estadual. Ajuste no valor devido à
autora a título de danos materiais. Dano moral. Inocorrência. Inexistência
de ato ilícito. Inexistência de repercussões maiores do que as esperadas
para qualquer hipótese semelhante de rompimento dos esponsais.
Frustrações e dores derivadas de rompimentos de enlaces amorosos a que
estão sujeitos todos os integrantes da vida adulta. RECURSOS
CONHECIDOS. PARCIAL PROVIMENTO AO APELO DA AUTORA.
DESPROVIDO O RECURSO DO RÉU. (TJ-RJ - 0015674-38.2013.8.19.0202 -
APELAÇÃO Des(a). MURILO ANDRÉ KIELING CARDONA PEREIRA -
Julgamento: 14/11/2018 - VIGÉSIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL)
EMENTA. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO REPARATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
ROMPIMENTO DE NOIVADO. Sentença que condena o Réu ao ressarcimento de metade do valor
dispendido para os preparativos do casamento. Improcedido o pedido de compensação por
danos morais. Irresignação de ambas as partes. Dano material. Ocorrência. Partes que estavam
na constância de união estável reconhecida perante cartório extrajudicial em todo o período de
aquisição de bens móveis para os preparativos do casamento. 
Fato das partes estarem residindo juntas antes da data marcada para o
casamento que não afasta a responsabilidade pela frustração da
expectativa gerada com a promessa do casamento, talvez até a aumente -
Valor indenizatório (R$ 5.000,00) que atende ao caráter reparatório e
pedagógico do instituto – Recurso provido. 
• (TJSP; Apelação Cível 0050451-33.2012.8.26.0576; Relator (a): Miguel
Brandi; Órgão Julgador: 7ª Câmara de Direito Privado; Foro de São José do
Rio Preto - 1ª Vara de Família e Sucessões; Data do Julgamento:
20/08/2015; Data de Registro: 20/08/2015)
RESPONSABILIDADE CIVIL - Danos morais – Promessa de casamento - Ruptura do compromisso
minutos antes da realização da cerimônia civil, e cerca de 20 dias antes da celebração festiva e
religiosa – Preparativos para cerimônia em estágio avançado – Responsabilidade civil
configurada – Assegurada a liberdade de qualquer das partes de se arrepender da escolha feita,
não se pode perder de vista a responsabilidade para com o sentimento de afeição construído
no caminho percorrido juntos –
• Portanto , o nubente que,
sem justo motivo ,
abandonar o outro poderá ,
também , ser
responsabil izado por
danos materiais e morais .
• Poder-se- ia indicar como
motivo justo : enfermidade
contagiosa ou não que
impossibil ite a vida em
comum , infidelidade , a
uti l ização de
entorpecentes , a prática
de crime , a mudança de
religião , desonestidade ,
insolvência civi l , dentre
outros motivos que
tornem insuportável a
vida em comum .
• A ausência de justo motivo ,
poderá o nubente abandonado ,
bem como seus famil iares – os
genitores - , pleitear em juízo o
ressarcimento pelos danos
materiais decorrentes das
despesas do casamento e
morais resultantes da situação
vexatória pela qual todos
passaram em razão da ruptura
injustif icada , ainda que haja
uma lacuna em nosso
ordenamento jurídico .
• O fundamento para o pleito da indenização por
danos materiais e morais está no art. 5º , incisos
V e X da Constituição Federal e no art. 186 do
Código Civil.)
• 1) que a promessa de matrimônio tenha sido
manifestada pelo próprio noivo arrependido;
• 2) que este não tenha motivo justo para a
ruptura; e, por fim, 
• 3) que tenha havido dano.
DANOS MATERIAIS E MORAIS 
AÇÃO DE RESPONSABILIZAÇÃO
•As relações maritais podem cessarem consenso
das partes, através do divórcio.
DIVÓRCIO
POSSIBILIDADE DE SE DISCUTIR A
CULPA - CASO DE INFRAÇÃO DOS
DEVERES CONJUGAIS PREVISTOS NO
ART . 1 .566 DO CÓDIGO CIVIL
• A insuportabilidade da vida em comum,
• Adultério,
• A tentativa de morte, 
• A sevícia ou injúria grave, 
• O abandono do lar conjugal, durante um ano
contínuo, 
• A condenação por crime infamante, 
• A conduta desonrosa ou
• Qualquer outro fato que torne insuportável a
vida em comum de acordo com o art. 1.573 do
Código Civil.
• A comunhão de vida não elimina a
personalidade de cada cônjuge. 
• O dever de respeito e consideração
mútuos abrange a inviolabilidade da
vida, da liberdade, da integridade física
e psíquica, da honra, do nome, da
imagem, da privacidade do outro
cônjuge. 
• Mas não é só um dever de abstenção
negativo, porque impõe prestações
positivas de defesa de valores comuns,
tais como a honra solidária, o bom
nome familiar, o patrimônio moral
comum. (LOBO, 2008, p.121) 
• É inquestionável o ressarcimento
por danos morais na união estável,
quando um dos companheiros praticar
uma conduta em relação ao outro, que
acarrete transtornos de ordem
sentimental e psíquica neste.
• Logo, não é necessária a criação de
uma nova modalidade de reparação
civil, pois é possível a aplicação da
teoria da responsabilidade civil
extracontratual por ato ilícito
preceituada no art. 186 do Código
Civil, quando um dos companheiros
causar prejuízo de ordem material ou
moral ao outro.
• Inexiste na legislação atual, dispositivo específico
que trate do assunto, aplicando-se a teoria geral da
responsabilidade civil.
• Os danos que os pais podem ocasionar aos filhos
ocorrem em decorrência do abandono afetivo,
moral, intelectual e material, bem como da prática
de alienação parental.
Do abandono afetivo e da
negligência na educação e na
formação educacional dos filhos
• O que mais ocorre é o abandono material, em
que aquele que não detém a guarda não paga
os alimentos no intuito de se vingar do outro
genitor ou acha que o detentor da guarda
usufrui da pensão e não a utiliza em prol da
criança.
• Os alimentos não têm caráter
indenizatório. 
Contudo, a indenização em decorrência da
conduta humana culposa por omissão é
devida e tem caráter pedagógico e pode ser
utilizado como fundamento o disposto no art.
186 do Código Civil.
ABANDONO MATERIAL
• Em relação ao abandono intelectual, os pais
estão contribuindo para que o filho não tenha
condições de no futuro ser um cidadão
provedor do seu próprio sustento.
• Os filhos, quando maiores, em caso de
necessidade dos pais têm o dever de prover a
subsistência deles, amparando-os no que for
preciso, sob pena de responder por crime
previsto no Estatuto do Idoso (Lei n. 10.741/2003).
• Os idosos teriam também direito a pensão e
indenização por danos morais?
ABANDONO INTELECTUAL
• Alienação Parental: Consiste em um processo no qual
um dos pais programa o(s) filho(s) para que odeie aquele
que não detém a guarda, provocandouma síndrome em
que o menor passa a ter um vínculo de dependência e
estabelece um pacto de lealdade inconsciente com o
alienador, desvinculando-se afetivamente do genitor
alienado e confundindo as noções de realidade e
fantasia.
• Numa interpretação teleológica do art. 1.637, IV do art.
1.638 do Código Civil, em cotejo com os incisos VIII e X do
art. 129 da Lei n. 8.069/90, há possibilidade de inúmeras
sanções, reconhecidas, inclusive na Lei n. 12.318/10.
Do dano moral advindo da
alienação parental
• Art. 6º - Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que
dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou
incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente
responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais
aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: 
• I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; 
• II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
• III - estipular multa ao alienador;
• IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
• V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; 
• VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; 
• VII - declarar a suspensão da autoridade parental. 
Parágrafo único. Caracterizado mudança abusiva de endereço, inviabilização ou
obstrução à convivência familiar, o juiz também poderá inverter a obrigação de
levar para ou retirar a criança ou adolescente da residência do genitor, por ocasião
das alternâncias dos períodos de convivência familiar.
• É possível a reparação do dano moral sofrido
pelo não guardião, bem como cumulação de
dano material e moral, quando advindo do
mesmo fato (Súmula n. 37 do STJ)
• Quanto à responsabilidade civil, o alienado,
enquanto representante legal do menor,
poderá promover ação de reparação de danos
desde logo, ou aquele quando atingir a
maioridade.
• O prazo para ajuizar a ação é de três (3) anos,
conforme art. 206, §3º, V do Código Civil.
• Perda de uma chance por alienação parental
• Após o término da relação afetiva, os ex-
companheiros cultivam pelo menos uma conexão: 
 o descendente havido na constância da união.
• Se a alienação parental se estabelecer no início do
relacionamento entre o genitor e o filho, impedindo
que haja qualquer surgimento de relacionamento 
 afetivo, serão ambos prejudicados pela perda de
oportunidade de desenvolvimento do convívio
paterno-filial, o que pode ensejar dano moral pela
perda de uma chance.
Do dano moral pela perda de
uma chance
• Considera-se a plausibilidade de se atribuir 
 a certa pessoa, causadora da morte de
outra, o dever de indenizar os familiares da
vítima pela perda da chance de angariar
alimentos no futuro.
• Trata-se aqui de espécie de dano indireto,
ou dano por ricochete, uma vez que se
estende a terceiros, quais sejam, a família.
(BURGOS, 2012, p.241)
PERDA DE UMA CHANCE DE OBTER
ALIMENTOS FUTUROS
• Há um prejuízo concreto de uma possibilidade
séria e real de convívio familiar e, também, de
apropriado desenvolvimento psicológico e de
inclusão social, em virtude de negligência 
 parental, que enseja uma responsabilização 
 também educativa. (CARDIN, 2012, p. 239)
• Por isso, é possível aplicar a teoria da perda de
uma chance ao filho desprezado pela omissão
parental, tendo em vista que a criança 
 perdeu a chance de convívio familiar por 
 uma atitude do seu genitor.
PERDA DE UMA CHANCE POR
ABANDONO AFETIVO 
Da responsabilização civil advinda
das técnicas de reprodução
humana assistida
•Trata-se de ser humano que já foi concebido e se
encontra no ventre materno, em desenvolvimento,
cujos direitos a lei resguarda, desde que haja o
nascimento com vida.
•Teoria Natalista
•Teoria Concepcionista
• O início da personalidade civil ocorre com o
nascimento com vida da pessoa, tendo assim, desde
a concepção direitos resguardados, como os
alimentos gravídicos e o direito a indenização pelos
danos sofridos durante o seu desenvolvimento, bem
como aqueles advindos após o nascimento. (CARDIN,
2015, p. 1708)
NASCITURO 
PLANEJAMENTO FAMILIAR 
• Conforme o § 7º do art. 226, a Lei n.
9.263/1996 e os artigos 1.565 e 1.597 do
Código Civil que tratam do planeja-
mento familiar, é possível depreender
que qualquer cidadão poderá
recorrer à reprodução humana
assistida para concretizar o projeto
de parentalidade.
• Em decorrência da vulnerabilidade do
embrião, da autonomia dos pais quanto às
técnicas de reprodução assistida e da falta de
legislação específica para o assunto, já que a Lei
de Biossegurança contém apenas um único
dispositivo (art.5º) para tratar dos embriões,
podem ocorrer inúmeras situações adversas
que refletirão por toda a vida deles, enquanto
crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos,
acarretando assim, danos de ordem moral e
material.• Poderia o embrião ajuizar uma ação contra os
pais em caso de danos decorrentes da
manipulação genética realizada à pedido de
seus pais?
• Os danos podem advir da criopreservação
por um longo lapso temporal, da maternidade
de substituição, do diagnóstico pré-
implantatório, da eugenia, da redução
embrionária, dos embriões excedentários da
inseminação post mortem, dentre outros.
• Acrescenta-se ainda os danos oriundos pela
falta de cuidados da mãe durante a gestação
com o nascituro.
•Este embrião que nasceu portador de doença
em decorrência da manipulação realizada a
pedido de seus pais poderá ingressar com uma
ação de reparação de danos morais, porque as
técnicas de reprodução assistida devem ser
utilizadas para o bem estar do ser humano.
(CARDIN, 2015, p. 1709).
• Acrescente-se outra situação que é a do bebê
medicamento, selecionado através de
manipulação genética, visando que este seja
doador compatível para um irmão mais velho e
doente, tratando-se de uma forma de eugenia,
pois há instrumentalização dos embriões. 
• E se houver prejuízo a saúde física e mental
deste bebê em decorrência dos procedimentos
adotados para salvar o outro, haverá também a
possibilidade de indenização.
• 
• Outras situações também podem
acarretar sequelas irreversíveis a criança e
permitem a ressarcibilidade, como o
comportamento negligente ou
imprudente da mãe, que realiza parto em
lugar ermo, submetendo a criança a riscos
se houver complicações, pratica atividades
que expõe a integridade física e mental do
feto, fuma, bebe, se droga, dentre outras.
• Se não houver proteção para o
nascituro durante a vida intra-uterina,
os pais devem ser responsabilizados
pelos danos causados, tanto material
quanto moralmente.
• O Conselho Federal de Medicina, por meio da
Resolução no 1.957/2010, regulamentou a utilização
das técnicas de reprodução assistida, contudo se
aplica apenas aos profissionais da saúde e não há
normas coercitivas em nosso ordenamento jurídico
que responsabilizem os detentores do projeto
parental acerca da criação, manipulação, destino dos
embriões e negligência ou imprudência da mãe ou
dos pais durante a gestação que acarrete prejuízos a
criança em sua formação.
Da responsabilização civil da 
 clínica de reprodução humana
assistida
• Não há qualquer
previsão de
responsabilidade penal
do profissional que
realizar a eugenia,
mesmo porque não há
crime sem lei anterior que
o defina e caso um
profissional desrespeite a
Resolução n. 1.957/2010 do
Conselho Federal de
Medicina que dispõe
acerca das técnicas de
reprodução assistida,
receberá apenas sanções
administrativas.
• Aplicação do CDC? 
• Clínica: Responsabilidade Objetiva – Art. 14 do
CDC• Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem
como por informações insuficientes ou inadequadas
sobre sua fruição e riscos.
•Médico: Responsabilidade Subjetiva – Art. 14, §4º do
CDC• § 4° A responsabilidade pessoal dos
profissionais liberais será apurada mediante a
verificação de culpa.
Da responsabilidade civil
do médico 
• Pelas mesma razões que as casas de saúde, ou hospitais,
são responsáveis pelos médicos, enfermeiras, auxiliares e 
 demais funcionários que neles trabalham, os bancos de 
 sêmen são responsáveis pelos danos ocorridos a 
 seus pacientes, em decorrência de conduta dolosa ou
culposa de todos os responsáveis pelas procriações artificiais.
(LEITE, 1995, p.244)
• Trata-se da culpa in eligendo ou in vigilando aplicável
extensivamente aos Bancos de Sêmen. Desta forma, na 
 hipótese de erro laboratorial (imperícia ou negligencia 
 da pessoa que manipula o material), onde o esperma de um
doador se misturar ao de outros, não podendo mais se 
 saber quem doou; ou ainda, se a identidade do doador, 
por imprudência da clínica ou do banco de sêmen, for 
 revelada, cabe a exigência de reparação dos danos
sofridos. (FERNANDES, 2005, p.141)
Da responsabilidade civil
do banco de sêmen
• Na maioria dos casos os 
 Bancos de Sêmen responderão 
objetivamente pelas condutas 
 praticadas por seus médicos e
funcionários excetuada a hipótese 
destes não possuírem vínculo
algum com o Banco, como é o caso
do médico que apenas utiliza o
estabelecimento para atender seus
pacientes particulares. (BERTOLINI;
CARDIN, 2010, p.3)
Do dano moral pela violação da
parentalidade responsável a
partir do discurso de ódio
homofóbico
• O direito ao planejamento familiar também deve ser
conferido aos homossexuais por meio da reprodução
assistida ou da adoção, desde que preencham os
requisitos exigidos pelo ordenamento jurídico,
observando-se, sempre o princípio da dignidade da
pessoa humana e o exercício da paternidade
responsável.
FILHOS
• Os filhos poderão ser registrados
ainda que conste o nome de duas
pessoas do mesmo sexo. 
Recomenda-se a utilização da expressão
”filho de Fulano e de Beltrano”,
aplicando-se assim o princípio da
proteção integral e do melhor
interesse da criança.
• Quanto aos danos decorrentes dos cônjuges ao
menor, ou entre si, bem como de terceiros que
se pautam em discursos de ódio homofóbico,
tem-se o entendimento de que não se é
necessária a criação de uma nova modalidade
de reparação civil.
• Aplica-se, a teoria da responsabilidade civil
extracontratual por ilícito previsto no art. 186
do Código Civil, sob pena de se amparar a
impunidade.
DANOS
ART . 186 DO CÓDIGO CIVIL
• A wrongful life, também conhecida como vida injusta
surgiu a partir do reconhecimento pela Corte Francesa
acerca do direito de não nascer, através da
possibilidade de propositura da ação por vida injusta,
ou wrongful life (COSTA, 2012, p. 22).
• No caso citado, datado da década de 90 os responsáveis
por uma criança nascida com sérios problemas de saúde
intentaram em seu nome uma ação judicial visando à
obtenção de indenização em virtude de seus pais não
terem sido informados acerca de suas enfermidades não
o abortando.
Da responsabilização civil e o
direito de não nascer
•No Brasil é possível o ajuizamento pelo nascituro
de ação de investigação de paternidade, ação de
responsabilidade civil advinda de direito de
personalidade ou ação de alimentos (alimentos
gravídicos), mas não uma ação por vida injusta.
•As wrongful life actions surgem quando uma
criança nasce mal-formada e pretende reagir
contra quem deu azo ao nascimento, ainda que
não tenha provocado diretamente a malformação
(RAPOSO, 2010, p. 61-62)
• Wrongful birth actions ou nascimento
injusto é um tipo de ação que deve ser
proposta pelos pais em virtude de não
terem sido informados acerca de
doenças graves que o feto possuía,
sendo privados do direito de abortar ou
mesmo de terem uma criança saudável,
enquanto que a wrongful life é proposta no
nome do menor, privado de uma vida
saudável, fadado a conviver com doenças e
limitações (RAPOSO, 2010, p. 63-64).
• A questão é bastante divergente,
principalmente pelo fato de que poderia
ocorrer uma banalização do termo “vida
injusta”, que poderia ser alegado, por
exemplo, em casos de pobreza.
• Entende-se que, no Brasil, o direito de
não nascer ainda não possui respaldo
legal, já que para exercer o direito de ação
é necessário que se tenha vida, bem como
se respeite a vontade do infante quando
esse atingir a maioridade.
MATHEUSWOLOWSKI@HOTMAIL .COM
MUITO OBRIGADO
PELA ATENÇÃO!

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