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Doenças Cardiovasculares Monique Ramalho Marinho CESMAC 2019 O que são as doenças cardiovasculares? As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo: mais pessoas morrem anualmente por essas enfermidades do que por qualquer outra causa. Estima-se que 17,7 milhões de pessoas morreram por doenças cardiovasculares em 2015, representando 31% de todas as mortes em nível global. Desses óbitos, estima-se que 7,4 milhões ocorrem devido às doenças cardiovasculares e 6,7 milhões devido a acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Mais de três quartos das mortes por doenças cardiovasculares ocorrem em países de baixa e média renda. Das 17 milhões de mortes prematuras (pessoas com menos de 70 anos) por doenças crônicas não transmissíveis, 82% acontecem em países de baixa e média renda e 37% são causadas por doenças cardiovasculares. A maioria das doenças cardiovasculares pode ser prevenida por meio da abordagem de fatores comportamentais de risco – como o uso de tabaco, dietas não saudáveis e obesidade, falta de atividade física e uso nocivo do álcool –, utilizando estratégias para a população em geral. Para as pessoas com doenças cardiovasculares ou com alto risco cardiovascular (devido à presença de um ou mais fatores de risco como hipertensão, diabetes, hiperlipidemia ou doença já estabelecida) é fundamental o diagnóstico e tratamento precoce, por meio de serviços de aconselhamento ou manejo adequado de medicamentos. 2 Epidemiologia Matam 2x mais que todas as neoplasias 2,5x mais que acidentes e mortes por violência 6x mais que infecções PRINCIPAL causa de morte no mundo! Brasil: 30% 2015: 17,7 milhões de óbitos (31%) 7,4 milhões DCV 6,7 milhões DCbV > ¾ em países de baixa e média renda Organização Pan-Americana de Saúde. OMS, 2017 As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte no mundo: mais pessoas morrem anualmente por essas enfermidades do que por qualquer outra causa. Estima-se que 17,7 milhões de pessoas morreram por doenças cardiovasculares em 2015, representando 31% de todas as mortes em nível global. Desses óbitos, estima-se que 7,4 milhões ocorrem devido às doenças cardiovasculares e 6,7 milhões devido a acidentes vasculares cerebrais (AVCs). Mais de três quartos das mortes por doenças cardiovasculares ocorrem em países de baixa e média renda. Das 17 milhões de mortes prematuras (pessoas com menos de 70 anos) por doenças crônicas não transmissíveis, 82% acontecem em países de baixa e média renda e 37% são causadas por doenças cardiovasculares. A maioria das doenças cardiovasculares pode ser prevenida por meio da abordagem de fatores comportamentais de risco – como o uso de tabaco, dietas não saudáveis e obesidade, falta de atividade física e uso nocivo do álcool –, utilizando estratégias para a população em geral. Para as pessoas com doenças cardiovasculares ou com alto risco cardiovascular (devido à presença de um ou mais fatores de risco como hipertensão, diabetes, hiperlipidemia ou doença já estabelecida) é fundamental o diagnóstico e tratamento precoce, por meio de serviços de aconselhamento ou manejo adequado de medicamentos. 3 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. 2016 Epidemiologia Cardiometro: indicador do nro de mortes por doenças cardiovasculares no país. 5 Principais doenças cardiovasculares Doença coronariana: Infarto Agudo do Miocárdio e Angina Doença cerebrovascular: AVCi ou AVCh / AIT Doença reumáticas: febre reumátiaca; arterite de Takayasu Cardiopatias congênitas Insuficiência cardíaca / Valvopatias Doença arterial periférica: claudicação intermitente Arritmias / Morte súbita Doenças da aorta (aneurisma; dissecção) Organização Pan-Americana de Saúde. OMS, 2017 Fatores de risco Hipertensão Arterial Multifatorial Níveis elevados e sustentados de pressão arterial: faixa etária e condição clínica Hipertensão arterial PRIMÁRIA x SECUNDÁRIA Doença silenciosa! Alterações funcionais e/ou estruturais de órgãos alvo e alterações metabólicas. Principal causa da aterogênese 36 milhões de brasileiros Fatores de risco MODIFICÁVEIS: sal, álcool, sedentarismo, obesidade, estresse, tabagismo Fatores de risco NÃO MODIFICÁVEIS: fatores genéticos, idade, gênero, etnia DIAGNÓSTICO – SEMIOLOGIA ANAMNESE: Identificação: Idade, sexo, condições socioeconômicas, raça Queixas: ASSINTOMÁTICOS SINTOMAS: cefaleia pulsátil occipital dispneia e edema – disfunção renal e cardíaca zumbido, perda de acuidade visual, noctúria História Pregressa / Antecedentes pessoais Antecedentes familiares: recorrência de HA, comorbidades, mortes prematura e súbita História psicossocial: estresse, ansiedade, pânico, dieta hiperlipídica e rica em sódio, obesidade, sedentarismo, tabagismo e etilismo, uso de medicamentos DIAGNÓSTICO – SEMIOLOGIA EXAME FÍSICO Ectoscopia e inspeção: Palidez de pele e mucosas, fácies cushingóide e edema. Determinação do IMC, FC, FR, PA Palpação: Palpar ictus cordis Palpar pulsos arteriais Ausculta: Avaliar ritmo e fonese das bulhas, presença de sopros. Alterações em pulmões, abdome e olhos devem ser pesquisadas pela alta prevalência de lesões. Medida da pressão arterial Esfigmomanômetros: manuais, semi-automáticos ou automáticos. A PA deve ser medida no braço, devendo-se utilizar manguito adequado à sua circunferência. Fator de risco independente para TODAS as manifestações clínicas da aterosclerose. Esses equipamentos devem ser validados e sua calibração deve ser verificada anualmente, de acordo com as orientações do INMETRO (Quadro 1). 12 Etapas para a realização da medição Determinar a CIRCUNFERÊNCIA DO BRAÇO no ponto médio entre acrômio e olécrano; Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço Colocar o manguito, sem deixar folgas, 2 a 3 cm acima da fossa cubital Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial ESTIMAR O NÍVEL DA PAS PELA PALPAÇÃO DO PULSO RADIAL PALPAR A ARTÉRIA BRAQUIAL NA FOSSA CUBITAL e colocar a campânula ou o diafragma do estetoscópio sem compressão excessiva* Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da PAS obtido pela palpação; Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 mmHg por segundo) Determinar a PAS PELA AUSCULTA DO PRIMEIRO SOM (FASE I DE KOROTKOFF) e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação DETERMINAR A PAD NO DESAPARECIMENTO DOS SONS (FASE V DE KOROTKOFF) Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa*; Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a PAD no abafamento dos sons (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da PAS/PAD/zero; Realizar pelo menos duas medições, com intervalo em torno de um minuto. Medições adicionais deverão ser realizadas se as duas primeiras forem muito diferentes. Caso julgue adequado, considere a média das medidas; MEDIR A PRESSÃO EM AMBOS OS BRAÇOS NA PRIMEIRA CONSULTA E USAR O VALOR DO BRAÇO ONDE FOI OBTIDA A MAIOR PRESSÃO COMO REFERÊNCIA; Informar o valor de PA obtido para o paciente; e Anotar os valores exatos sem “arredondamentos” e o braço em que a PA foi medida. Síndrome Coronariana Aguda Diagnóstico diferencial de dor torácica 15 a 20% das dores torácicas em emergência Desproporção entre oferta e consumo de oxigênio Aterosclerose/ trombose Vasoespasmo Arterites Hipotensão Anemia OFERTA CONSUMO O2 Contratilidade FC Pré-carga Pós-carga Fatores de Risco para SCA Idade avançada Sexo masculino História familiar de doença coronária Diabetes Hiperlipidemia Hipertensão arterial Tabagismo Insuficiência renal crônica Infarto prévio Doença aterosclerótica carotídea ou periférica Manifestações da cardiopatia isquêmica Isquemia Silenciosa Assintomáticos + ECG alterado Angina Estável Dor torácica típica / 30 segundos a 15 minutos Angina Instável Dor torácica típica/ < 30 minutos ECG com infradesnivelamento segmento ST ou inversão onda T ou normal Aliviada com repouso ou nitrato Sem alteração nos últimos 2 meses Angina Variante ou de Prinzmetal Causada por espasmos da artéria coronariana. Melhoram rapidamente após o uso de nitrato sublingual Simula angina instável Infarto Agudo do Miocárdio: Área de necrose consequente a isquemia intensa -> oclusão súbita Dor torácica típica / duração > 30 minutos Elevação do segmento ST no ECG Sem elevação de ST + alteração dos marcadores de necrose miocárdia Manifestações da cardiopatia isquêmica DIAGNÓSTICO – SEMIOLOGIA Caracterizar a dor: Sede / irradiação: mandíbula, pescoço, fúrcula, esterno, face anterior do tórax, ombro(s), face interna do(s) membro(s) superior(es), dorso, e epigástrio; Intensidade: dependente limiar de sensibilidade; Duração: minutos na angina, horas no IAM; Caráter: constritiva, peso, aperto, ardor, caráter indefinido, “mal estar”; Fatores desencadeantes / agravantes: esforço, emoção e equivalentes na angina estável ou progressiva e em repouso nas síndromes instáveis; Fatores de alívio: cessar o fator desencadeante, resposta ao nitrato sublingual (exceto no IAM); Sintomas associados: sudorese, náusea, vômito, tonturas/lipotimia, dispneia, palpitações, sensação de morte iminente. SINAL DE LEVINE DIAGNÓSTICO – SEMIOLOGIA EXAME FÍSICO Ectoscopia e inspeção: Palidez de pele e mucosas, sudorese, fácies álgica Determinação da FC, FR, PA Impulsões anormais Exame do precórdio: Palpar ictus cordis Dor à palpação do precórdio Ausculta: Avaliar ritmo e fonese das bulhas e sopros. Alterações em pulmões, abdome e olhos devem ser pesquisadas pela alta prevalência de lesões. Exame do aparelho respiratório e abdome Exame vascular: extensão da aterosclerose DIAGNÓSTICO – SEMIOLOGIA EXAME FÍSICO 23 Diagnóstico diferencial Dissecção aórtica – início súbito de máxima intensidade. TEP – dispnéia além da dor, perfil de risco, HAP. Pericardite – comportamento pleurítico, irradiação trapézio, relação com torção do tórax e deglutição, piora decúbito supino. Pneumotórax – dispnéia intensa/ insuficiência respiratória Patologias digestivas altas – dor epigástrica, pirose, exame do abdome nítido. Dores musculoesqueléticas – dor à palpação local e à movimentação (ombro, cefalo-cervical, etc.), costocondrite, síndrome de Tietze Insuficiência Cardíaca Síndrome clínica complexa que resulta de dano funcional ou estrutural e impede o ventrículo de manter débito cardíaco adequado às necessidades metabólicas. Caracteriza-se por uma congestão venosa pulmonar e/ou sistêmica Fisiopatologia : Aumento pressão venosa sistêmica Ativação neuro-hormonal Diminuição da drenagem linfática Diminuição da pressão oncótica ( albumina) Alteração da permeabilidade capilar 25 Fatores de Risco para IC Hipertrofia ventricular esquerda Idade avançada Hipertensão arterial Diabetes Obesidade Tabagismo Doença de Chagas Doença coronária Etilismo Doença valvar Miocardites DIAGNÓSTICO – SEMIOLOGIA ANAMNESE: Identificação: Idade, sexo, profissão, naturalidade Queixas: SINTOMAS: dispneia – caracterizar edema – caracterizar tosse, hemoptise palpitações, síncope História Pregressa / Antecedentes pessoais: uso de medicações, passado de neoplasia (QT), comorbidades (diabetes, hipertensão), internamentos por IC, infecções virais, doenças valvares, doenças de depósito. Antecedentes familiares: IC, comorbidades, mortes prematura e súbita, doenças na família História psicossocial: dieta rica em sódio e água, obesidade, sedentarismo, tabagismo e etilismo, uso de medicamentos, casa onde mora (zona endemica para doenças). DIAGNÓSTICO – SEMIOLOGIA anamnese DISPNEIA Aos esforços (grandes, moderados ou pequenos); repouso Paroxística noturna / ortopneia Tosse Hemoptise Respiração tipo Cheynes-Stokes edema Inicia simetricamente membros inferiores, vespertino Ascende podendo levar a anasarca (ascite e derrames cavitários) Sintomas cardiorespiratórios da cardiopatia Antecedentes de cardiopatia DIAGNÓSTICO – SEMIOLOGIA EXAME FÍSICO Ectoscopia e inspeção: Palidez de pele e mucosas, sudorese, taqui/dispneia Determinação da FC, FR, PA Impulsões anormais do precordio Grau nutricional Turgência jugular Exame do precórdio: Palpar ictus cordis Frêmitos Palpar pulsos Ausculta: Avaliar ritmo e fonese das bulhas e sopros. Alterações em pulmões, abdome e olhos devem ser pesquisadas pela alta prevalência de lesões. Exame do aparelho respiratório: ortopneia, sinais de congestão pulmonar Abdome: palpação de vísceras, ascite, refluxo hepato-jugular Extremidades: edema, perfusão periférica Insuficiência Cardíaca Direita Queixas: dispneia, dor em hipocôndrio direito e edema de membros inferiores Exame físico: Cianose Turgência jugular Refluxo hepato jugular Hepatomegalia Edema periférico, ascite Insuficiência Cardíaca Esquerda Queixas: dispneia de esforço, ortopneia, dispneia paroxística noturna Exame físico: Respiração Cheynes-Stokes Estertores crepitantes Macicez à percussão pulmonar Pulso alternante Complicações: Edema agudo pulmonar Acidente Vascular Cerebral Surgimento de um déficit neurológico súbito causado por um problema nos vasos sanguíneos do sistema nervoso central. Classicamente o AVC é dividido em 2 subtipos: -AVC isquêmico: ocorre pela obstrução ou redução brusca do fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral causando falta de circulação no seu território vascular. Ele é responsável por 85% dos casos de AVC. -AVC hemorrágico: o acidente vascular cerebral hemorrágico é causado pela ruptura espontânea (não traumática) de um vaso, com extravazamento de sangue para o interior do cérebro (hemorragia intracerebral), para o sistema ventricular (hemorragia intraventricular) e/ou espaço subaracnóideo (hemorragia subaracnóide). 34 Fatores de risco IDADE E SEXO: Pessoas do sexo masculino e a raça negra exibem maior tendência ao desenvolvimento de AVC. HISTÓRIA DE DOENÇA VASCULAR PRÉVIA: AVC, AIT, DAC, DAOP DOENÇAS DO CORAÇÃO: Arritmias (fibrilação atrial), IAM, valvulopatias, cardiopatia chagásica TABAGISMO HIPERTENSÃO ARTERIAL DIABETES SEDENTARISMO DIETA HIPERLIPIDICA ETILISMO DROGAS ANTICONCEPCIONAL 35 Sinais de alerta... Início súbito de qualquer dos sintomas abaixo: Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo Confusão, alteração da fala ou compreensão Alteração na visão (em um ou ambos os olhos) Alteração do equilíbrio, coordenação , tontura ou alteração no andar Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente DIAGNÓSTICO – SEMIOLOGIA ANAMNESE DIRIGIDA: Identifique a hora dos inícios do sintomas ou o momento em que o doente foi visto normal pela última vez. Se houve rebaixamento do nível de consciência e convulsão, liberação esfincteriana, vômitos precedendo, cefaleia. Antecedentes: AVC prévio, doença prévia, história de Trauma Crânio Encefálico (TCE), história de hemorragia ou procedimento cirúrgico. Uso de medicações (anticoagulantes e anticonvulsivantes) DIAGNÓSTICO – SEMIOLOGIA EXAME FÍSICO: Determine o nível de consciência e a Escala de Glasgow Observar sinais de trauma Sinais vitais / Glicemia capilar Ausculta Cardiopulmonar e carótidas Exame neurológico que inclua: Força, Sensibilidade, Pares Cranianos, Sinais Meningeos
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