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Iury Magalhães Semiologia nefrológica e urológica Introdução Parte dos pacientes com lesão renal apresenta queixas que não se relacionam diretamente com os rins, surgindo manifestações como astenia, náuseas, vômitos, anorexia, anemia e irritabilidade neuromuscular. Há também casos que não possui lesão renal, mas os pacientes referem sintomas renais como dor lombar (alteração da coluna), poliúria (hiperglicemia) e hematúria (distúrbios de coagulação). Sinais e Sintomas Alterações do volume urinário: Oligúria: excreção de urina inferior do normal. Clinicamente, convencionou-se chamar de oligúria uma diurese inferior a 400ml/dia ou menos de 20ml/h. ● Redução do fluxo sanguíneo renal (desidratação, hemorragia, insuficiência cardíaca) ● Lesões renais (glomerulonefrite aguda, necrose tubular aguda) Anúria: excreção de urina inferior a 100ml/24h ● Obstrução bilateral das artérias renais ou dos ureteres; necrose cortical bilateral; insuficiência renal aguda (IRA) grave Poliúria: excreção de urina superior a 2500ml/dia. ● 2 mecanismos básicos: ○ Diurese osmótica: excreção de um volume aumentado de solutos, determinando maior excreção de água ↳ DM descompensado ○ Incapacidade de concentração urinária ↳ Diabetes insípido, hipopotassemia ● Insuficiência renal crônica: comprometimento renal moderado - pode ser por diurese osmótica (uremia) ou por incapacidade de concentração urinária (quando as lesões comprometem a medula renal) (pielonefrite crônica) Alterações da micção: Disúria: micção associada à sensação de dor, queimação ou desconforto. ● Cistite, prostatite, uretrite, traumatismo geniturinário, irritantes uretrais e reação alérgica Urgência: necessidade súbita e imperiosa de urinar. Polaciúria: aumento da frequência miccional, com intervalo menor de 2 horas entre as micções - sem aumento do volume urinário ● Irritação vesical ● Infecções, cálculo, obstrução, alterações neurológicas, condições psicológicas e fisiológicas (principalmente frio e ansiedade) Hesitação: quando há um intervalo maior para que apareça o jato urinário - faz um esforço maior para urinar ● Obstrução do trato de saída da bexiga Noctúria: necessidade de urinar de noite, acordando para esvaziar (no mínimo 2x por noite) - apresentando alteração do ritmo de diurese ● Fase inicial da insuficiência renal crônica (perda da capacidade de concentrar a urina) ● Pacientes com retencao de liquido - ascite e edema de MMII (insuficiencia cardiaca e hepatica) Retenção urinária: incapacidade de esvaziar a bexiga, apesar dos rins estarem funcionando normalmente, mas o indivíduo apresenta desejo de esvaziar. ● Não há consciência de distensão vesical ● Bexiga distendida é palpável na região suprapúbica (globo vesical). ● Cateter para drenagem de urina e com desaparecimento de globo vesical confirma retenção urinária ● Aguda: paciente que urinava normamente passa a sentir a bexiga distendida, tensa e dolorosa. ● Crônica: gradual dilatação da bexiga, pode não ocorrer dor ● Completa: paciente é incapaz de eliminar quantidades mínimas de urina ● Incompleta: permanecia na bexiga de determinada quantidade de urina depois da micção ● Causas: ○ Obstrução no nível da uretra ou do colo vesical (estenose uretral, hipertrofia, neoplasias de próstata) ○ Bexiga neurogênica (incapacidade da musculatura vesical de se contrair adequadamente - lesão de neurônio motor superior ou sacral) ○ Nefrolitíase e hidronefrose Incontinência urinária: eliminação involuntária. ● Normal em crianças até 1 ano e meio de idade ● Nos idosos a hipertrofia prostática pode causar incontinência paradoxal ○ Paciente urina sem parar, perdendo algumas gotas. ● Bexiga neurogênica, cistites, esforços quando há alteração dos mecanismos de contenção urinária ● Incontinência por transbordamento: Ocorre no limite da distensibilidade da bexiga ○ Lesão do neurônio motor aferente da bexiga (diabetes) Piúria: presença de números anormais de leucócitos na urina (pus). ● Indica ITU. Alteração da cor (urina avermelhada): Hematúria: ocorrência de sangue na urina (micro ou macroscópica) ● “Maciça”: aparecimento de coágulos ● Cor de “Coca-Cola”: pequena quantidade de sangue em pH ácido ● Em pH alcalino a hemoglobina conserva sua cor ● Total: urina uniformemente tingida de sangue ● Origem renal, uretral ou acima do colo vesical ● Inicial: mais comum lesões situadas entre a uretra distal e colo vesical ● Terminal: mais comum lesões no trígono vesical ● Verificar sintomas associados ○ Febre, calafrios e disúria: sugerem infecção urinária ○ Cólica renal: litíase urinária ● Glomerulonefrite aguda, hipertensão arterial maligna, necrose tubular aguda, rins policísticos, infarto renal, leptospirose, malária, anemia falciforme, síndrome de coagulação intravascular disseminada, neoplasias, cálculos e uso de anticoagulantes Hemoglobinúria: ocorrência de hemoglobina livre na urina ● Acompanha crises de hemólise intravascular (malária, leptospirose, transfusão incompatível, icterícia hemolítica) Mioglubinúria: decorre da destruição muscular maciça ● Traumatismos, queimaduras, após exercícios intensos, crises convulsivas Porfinúria: consequência da eliminação de porfirinas ou de seus precursores ● Beterraba e alguns medicamentos Alteração do aspecto (urina turva): Urina turva: depósito esbranquiçado e quase sempre com odor desagradável. ● Associa-se com ITU, pielonefrite, cistite, abscesso renal, perirrenal, uretral ou prostático. Piúria: quando há quantidade anormal de leucócitos na urina. ● Normalmente os pacientes apresentam piúria e disúria simultaneamente. ● Infecções são as causas mais comuns. ● Cilindros leucocitários - vias urinárias altas - pielonefrite. ● Pode acontecer em pacientes com glomerulonefrite aguda. Quilúria: urina turva devido obstrução dos ductos linfáticos - mais raro. ● Coloração esbranquiçada e opalescente. ● Filarióse, TB e neoplasias. Alteração do aspecto (urina com aumento da espuma): Decorre na eliminação aumentada de proteínas na urina. ● Proteinúria ● Glomerulonefrites, nefropatia diabética, nefrites intersticiais. ● Hiperfosfatúria pode também determinar este sintoma. Alteração do odor: Mau cheiro: liberação de amônia. ● Processos infecciosos, presença de pus ou degradação de substâncias orgânicas. ● Vitaminas e ATB também pode alterar. Dor: Dor lombar e no flanco: dor renal característica situa-se no flanco ou região lombar, entre a 12a costela e crista ilíaca, e, às vezes, ocorre irradiação anterior. ● Parênquima insensível, mas a distensão capsular é quem causa a dor. ● Sensação profunda, pesada, de intensidade variável, fixa e persistente, que piora com a posição ereta e se agrava no fim do dia. ○ Sindrome nefrotica, nefrite intersticial, pielonefrite aguda. ● Dor em flanco associada quando há uma maior ingestão hídrica: ○ Obstrução urinária aguda em razão de cálculo na pelve renal ou obstrução ureteropélvica (dilatação tubular e aumento dos rins). ● Dor à movimentação: ○ Inflamação perinéfrica - associa-se com irritação capsular, séptica ou asséptica. ○ Nefrite intersticial bacteriana, infarto renal, ruptura de cisto renal, hemorragia ou necrose tumoral e extravazamento de urina. ● Natureza extrarrenal: ○ Espasmo musculatura lombar. ○ Alterações degenerativas das vértebras (espondiloartrose), ○ Comprometimento de disco intervertebral. Cólica renal ou nefrética: dor decorrente de obstrução do trato urinário, com dilatação súbita da pelve renal ou do ureter, que se acompanha da musculatura lisa. ● Início como desconforto na região lombar ou em flanco podendo irradiar para quadrante inferior do abdome ipsilateral. ● Evolui para dor lancinante de grande intensidade. ○ Acompanhada de MEG, inquietude, sudorese, náuseas e vômitos. ○ Sem posição de melhora. ● Dor em cólica: piora gradativamente até atingir pico e melhora aos poucos. ● JUP: dor em flanco com irradiação para quadrante superior ou inguinal ipsilateral. ● JUV: sintomas de irritação do trígono vesical. ○ Disúria, urgência e frequência. ↳Ddx: cistite. Dor vesical ou hipogástrica: originada no corpo da bexiga. ● Decorre de irritação do trígono e colo vesical. ● Irradia para uretra e meato externo. ○ Sensação de queimor. ● Retenção urinária completa aguda acompanha-se de dor intensa na região suprapúbica e intenso desejo de urinar. Estrangúria: emissão lenta e dolorosa da urina. ● Inflamação vesical intensa. ● Decorrente do espasmo do detrusor. Dor perineal: decorrente da infecção aguda da próstata. ● Dor intensa referida no sacro ou reto. ● Pode causar estrangúria. Edema: Manifestação comum em pacientes nefropatas. Existem 4 situações que são comumente acompanhadas de edema: ● Glomerulonefrite aguda: ○ Anasarca. ○ Mais intenso pela manhã e periorbitário. ↳ Ddx: glomerulonefrite crônica: somente este sinal é presente. ○ Ao final do dia: MMII. ○ Em crianças pode ser de carater súbito. ↳ Pode acompanhar ICC. ● Síndrome nefrótica: ○ Overfill e Underfill. ● IRA: ○ Decorre geralmente da hiper hidratação. ● DRC: ○ Muda de acordo com a causa. ○ Depende da gravidade da doença. Febre e calafrios: Infecções agudas que acometem o trato urinário, a febre costuma ser elevada e vir acompanhada de calafrios, dor lombar ou suprapúbica. Infecções crônicas a temperatura pode estar levemente elevada ou ser intermitente. ● Acompanha, às vezes, calafrios. Adenocarcinoma renal pode cursar somente com febre e nada mais. Exame físico Inspeção geral: Procurar sinais de doença renal subjacente: ● Torporoso, sonolento; ○ Doença renal em estágio terminal. ● Palidez; ○ Anemia (redução da eritropoetina). ● Dispneia; ○ Edema pulmonar secundário à DRET. ○ Acidose metabólica. ● Caquexia; ○ DRET. ● Fáscies: ○ Renal; ↳ Sindrome nefrótica. ↳ Síndrome nefrítica. ○ Cushingóide. ↳ Uso de corticóides para imunossupressão. Avaliação das mãos: Inspeção das mãos: ● Palidez. ○ Anemia (redução da eritropoetina). ● Tofos. ○ Gota (DRC = fator de risco). Inspeção das unhas: ● Leuconíquia. ○ Hipoalbuminemia (síndrome nefrótica). ● Coiloníquia; ○ Anemia por deficiência de ferro. ● Linhas de Muehrke. ○ Hipoalbuminemia (síndrome nefrótica). Avaliação de turgor de pele: ● Avaliação da hidratação: ○ Hidratado: ↳ Retorno imediato. ○ Desidratado: ↳ Retorno lento. Avaliação de asterix (flapping): ● Encefalopatia hepática. ● Uremia. Avaliação de MMSS: Inspeção: ● Escoriações. ○ Prurido urêmico (DRC). Avaliação de fístula arteriovenosa: ● Acesso vascular para realizar diálise: ○ Fístula AV radiocefálica. ○ Fístula AV braquiocefálica. ● Inspecionar sinais de inflamação (eritema local). ● Palpação: frêmito. ● Ausculta: sopro: ● Se palpação e ausculta ausentes, pensar em trombose ou ligadura cirúrgica (pós Tx renal). Avaliação de PA em MMSS: ● NÃO realizar em membro que tenha fístula AV. ● Causas de hipertensão arterial nas doenças renais: ○ Nefroesclerose hipertensiva. ○ DRC. ○ Síndrome nefrítica. ○ Uso de glicocorticóides. ○ Uso de tacrolimus ou ciclosporina (imunossupressão em Tx renal). ● Pulso paradoxal: ○ Mudança na PA > 10 mmHg durante a respiração. ○ Pode ocorrer devido ao tamponamento cardíaco urêmico. Avaliação de cabeça e pescoço: Neve urêmica; ● DRC. Palidez de conjuntiva; ● Anemia (redução da eritropoetina). Edema bipalpebral; ● Sindrome nefrótica. ● Sindrome nefrítica. Hiperplasia gengival; ● Uso de tacrolimus ou ciclosporina (imunossupressão em Tx renal). Turgência jugular a 45o. ● Sobrecarga de volume (DRC). Avaliação de abdome: Bexigoma; ● Globo vesical - região hipogástrica. ● Retenção urinária. Palpação renal: ● Manobra de Guyon (ou Devoto): ○ Paciente em posição supina. ○ Mão espalmada oposta ao rim a ser examinado no ângulo lombocostal, elevando o flanco. ○ A outra mão espalmada abaixo do rebordo costal. ○ Na inspiração, comprimir ambas as mãos ao mesmo tempo, para tentar palpar o pólo inferior do rim. ● Manobra de Israel: ○ Decúbito lateral oposto ao lado do rim a ser palpado. ○ Perna superior fletida e a inferior em extensão. ○ Mão espalmada oposta ao rim a ser examinado no ângulo lombocostal. ○ A outra mão espalmada abaixo do rebordo costal ○ Na inspiração do paciente, tentamos palpar o pólo inferior do rim. ● As manobras de Guyon e Israel normalmente não palpam rim. ● Indicativos de rim aumentado: rins policísticos, CCR, diabéticos, amiloidose, doenças de depósito ● Sinal de Giordano: ○ Lado direito do paciente - punho percussão - face ulnar - costelas até 5 a 10 cm (loja renal). ○ Sinal sensível e específico para pielonefrite. Ausculta: ● Artérias renais: ○ Ausculte 1-2 cm acima do umbigo e ligeiramente lateral à linha média de cada lado. ↳ Umbigo a apêndice xifóide - linha média. ○ Presença de sopro sugere estenose de artéria renal (causa de hipertensão secundária). Edema: Avaliar: ● Edema sacral. ● Edema de MMII. ● Anasarca. Investigar: síndrome nefrótica e nefrítica e DRC. Toque retal: Consistencia normal da próstata: fibroelástica. ● Região tenar (colocar força e apertar). ● Nódulo pétreo (calcificado) e indolor sugere CA. Deve-se sensibilizar o ânus e aos poucos introduzindo lateralmente e girando o dedo em sentido da próstata. ● Palpação em sentido anterior do paciente. Posições: ● Decúbito dorsal (mais utilizado) ● Decúbito lateral (de Sims). ● Genitoventral. Infecções urinárias ___________ Cerca de 85% das ITU agudas sintomáticas prevalecem em crianças e mulheres jovens (sexualmente ativas). Envolvimento do trato urinário superior, comum: pielonefrite aguda. ● Os quadros são acompanhados de dor lombar, febre, calafrios, astenia, náuseas e vômitos (características mais sistêmicas). Envolvimento do trato urinário inferior, comum: cistite. ● Os quadros são acompanhados de disúria, polaciúria ou urgência miccional e, ocasionalmente, hematúria terminal. Etiologia: ● Bactérias gram-negativas: ○ Escheria coli (agudas e sintomaticas); ○ Klebsiella sp., Proteus sp., Pseudomonas sp., Enterobacter sp. (crônicas e sintomáticas) ● Bactérias gram-positivas: ○ Staphylococcus saprophyticus (frequente em mulheres jovens sexualmente ativas) e Enterococcus sp. Quadro clínico: Os quadros de cistite acompanham: ● Disúria, polaciúria ou urgência miccional, dor suprapúbica e, ocasionalmente, hematúria terminal. Pacientes com pielonefrite aguda prevalece: ● Dor lombar (sinal de Giordano), febre, calafrios, astenia, dor nos flancos, náuseas e vômitos - caráter sistêmico. Infecção urinária assintomática: 1 a 5% das meninas e 20% das mulheres idosas. Causada por cepas de enterobacterias menos virulentas. Em geral não se acompanha de implicações clínicas mais sérias ou de repercussão estrutural sobre o trato urinário, exceto em: ● Mulheres gravídicas, nas quais aumentam os riscos de pielonefrite e, consequentemente, as chances de um parto prematuro. ● Em crianças < 1 ano, nas quais pode favorecer o aparecimento de cicatrizes renais. Infecção urinária recorrente: Resultam de 2 mecanismos básicos: ● Reinfecção bacteriana: ○ Responsável por cerca de 90% ○ Novas infecções por agentes infecciosos diferentes do inicial ○ Etiopatogenia: reexposição a um fator predisponente externo (como atividade sexual - mulheres jovens são mais propensas) ● Persistencia bacteriana: ○ Responsável por cerca de 10% ○ Infecções causadas pelo mesmo agente infeccioso inicial, que não é erradicado com o tratamento. Relaciona-se com: ● Tto medicamentoso incorreto; ● Casos com anomalias estruturais ou funcionais do trato urinário (como obstruções, reflexo vesicoureteral, bexiga neurogênica); ● Apresentação de corpos estranhos (cálculos e sondas); ● Existência de focos crônicos de infecção renal ou prostática. Cistite recorrentes em mulheres com anomalias estruturais ao nível da uretra ou do intróito vaginal: ● Hipospádia, estenose do meato uretral, sinéquia himeno uretral (aderências no hímen). Infecção urinária em idosos: Em quadros de bacteriúria assintomática crônica não se acompanham, habitualmente, de consequências muito significativas. ● Na ausência de anormalidades estruturais do tratourinário, elas não acarretam comprometimento ou deterioração da função renal Infecções sintomáticas manifestam-se tanto por quadros irritativos vesicais como de pielonefrite ● Surtos de bacteremia (mais comuns em homens - envolvimento prostático) ○ Também explica a elevada incidência de epidimites Incontinência urinária secundária a disfunções ou distopias vesicais em mulheres - INDICATIVO de ITU. Disúria-polaciúria abacteriana: Quadros de disúria e polaciúria acompanhados de cultura de urina negativa ● Dificil abordagem ● Mais frequente em mulheres Instalação abrupta = Síndrome uretral aguda: ● Infecções gram-negativas (<10.000 colônias/ml) ou por Staphylococcus saprophyticus, pois não é identificado por meio de cultura de urina habitual. ● Infecção ureteral por Chlamydia trachomatis. ● Infecção ureteral por Neisseria gonorrhoeae. ● Vaginite aguda por Herpesvírus ou Candida albicans. Manifestações irritativas vesicais crônicas com cultura negativa: Diagnóstico: Tratamento: Cólica renal _________________ Caracterizada como uma dor lombar e flanco causada pela obstrução parcial ou total das vias urinárias por cálculos urinários. ● Pode ser associado com: quadro infeccioso e disfunção renal. ● Uni ou bilateral. Chance de desenvolver durante toda a vida é de aproximadamente 12% em homens e 6% em mulheres. ● Risco de recorrência: 50%. ○ Quanto maior o número de episódios prévios, maiores as chances de recorrência. ● Pico de incidência: 40 e 60 anos. Etiologia: Formado quando materiais minerais se hipersaturam da urina. ● Oxalato de cálcio; ● Fosfato de cálcio; ● Ácido úrico; ● Estruvita. Fatores de risco: ● Obesidade, fatores dietéticos, desidratação, alterações anatômicas (rim em ferradura), doenças endócrinas ou metabólicas (hiperparatireoidismo e acidose tubular renal). ○ Orientar: alta ingesta de água, diminuição de sódio (até 2 g/dia) e proteína. Manifestações clínicas: A manifestação da dor é ocasionada pela obstrução ureteral. ● Localizada em região lombar abaixo da 12a costela (em geral), com irradiação para a região inguinal ou gônadas. ● Pode ser de muito intenso, ocorrendo, em geral, paroxismos (estertor agonizante). ● Náuseas e vômitos são sintomas comuns. ● Duram de 20 a 60 minutos. ● Não costumam ter fatores de melhora ou piora. ● Pode ter hematúria microscópica associada. ● Quadro de disúria em ou urgência pode ser indicativo de cálculo em uretra. Verificar: história clínica de nefrolitíase. ● Associação com ITU. Exame físico: ● Sinal de Giordano geralmente é positivo. ○ Punho-percussão dolorosa em loja renal. Diagnóstico diferencial: ● Neoplasias renais. ○ Obstrução por coágulos. ● Pielonefrite. ○ Associa-se com febre e sintomas de trato urinário baixo. ● Lombalgias. ○ Alterações mecânicas e aneurismas de aorta. ● Herpes zóster. ○ Não causa hematúria e outros sintomas urinários. ● Colecistite. ○ Não causa sintomas urinários, mas associa-se com náuseas e vômitos. ● Isquemia mesentérica. ○ Dor abdominal intensa, não costuma causar sintomas urinários. ○ Confusão diagnóstica. Exames complementares: Sumário de urina: ● Rastreamento rápido e ajuda a descartar quadros infeccioso associados. ● Pode cursar sem hematúria microscópica em 10% dos casos. USG: ● Exame inicial, pois é acessível e possui alta especificidade. Rx de abdome: ● Detecta cálculos radiopacos (cálcio e estruvita), mas não detecta cálculos radioluscentes (ácido úrico e de antivirais). TC: ● Sem contraste. ● Padrão-ouro: verifica a localidade mais precisa. Pacientes associados com infecção, história de oligúria ou indicação de internação em UTI: ● Hemograma, função renal, dosagem de eletrólitos. Bioquímica: ● Preditor de futuras intervenções para prevenir recorrência. Tratamento: Manejo inicial da dor: ● Primeira linha: anti-inflamatórios não esteroidais. ○ ex. Cetorolaco. ● Analgésicos comuns: adjuvantes aos anti-inflamatórios. ○ ex. Dipirona. ● Segunda linha: opióides. ○ Dor > 8/10. ○ ex. Morfina em dose inicia de 2 a 5 mg IV. Para náuseas e vômitos: antieméticos. ● ex. Ondansetron 4 mg IV. Antiespasmódicos: ● Benefício limitado. ● Devem ser acompanhados de AINEs. ● ex. Hioscina. Hidratação: ● Apesar de não ter evidência de benefício. Casos de febre e sinais de sepse: ● Intervenção urológica de emergência: ○ Nefrectomia; ○ Duplo J; ○ Stent ureteral. ● ATB terapia: cobertura para E. coli. Intervenção nos tamanhos de cálculos: ● 5 mm: alta chance de eliminação espontânea. ● 5 a 10 mm: Tansulosina 0,4 mg aumenta as chances de eliminação espontânea. ○ Outro fármaco: Nifedipina. ● > 10 mm: avaliação urológica. CA de próstata _______________ Fatores de risco: ● Idade avançada; ● Etnia negra; ● HF +; ● Mutação de BRCA-1 e BRCA-2; ● Dieta rica em gordura; ● Obesidade. HPB não é um fator de risco para CA de próstata. Quadro clínico: Sintomas de trato urinário inferior. ● “Prostatismo”. ● Ddx com HPB. Hematúria, geralmente macroscópica. Hemospermia. Dor óssea. ● Lombar, pelve, quadril. ● Indício de metástase. De acordo com o tumor: ● Tumor localizado: ○ Geralmente assintomático. ○ 18% dos casos possuem nódulo prostático ao toque. ● Tumor localmente avançado: ○ Sintomas obstrutivos, hematúria, hemospermia, próstata heterogênea, múltiplos nódulos, limites imprecisos. ● Tumor avançado: ○ Sintomas decorrentes das metástases, dor óssea, compressão vertebral. Rastreio: Sociedade Brasileira de Urologia (SBU): ● Quem deve fazer? ○ 45 anos: HF + e etnia negra. ○ 50 anos: individualizado. ○ > 75 anos: se expectativa de sobrevida > 10 anos. ● Como deve ser feito? ○ Dosagem de PSA e toque retal (exames de rotina). ● Quando biopsiar? ○ Toque retal positivo: nódulo ou induração. ↳ Independente do PSA. ○ PSA: se > 4 ng/ml (> 60 anos) e se > 2,5 ng/ml (< 60 anos). ↳ Velocidade de crescimento > 0,75 ng/ml/ano (> 0,4 em jovens). ↳ PSA livre/PSA total < 18%. ● Qual a periodicidade do rastreio? ○ PSA < 1 ng/ml pode fazer PSA + TR a cada 2 a 4 anos. ○ PSA > 1 ng/ml, negros ou HF + devem fazer PSA + TR anualmente. INCA: ● Não se recomenda o rastreio de CA de próstata devido à falta de evidências científicas de benefício. ● Homens que demandam espontaneamente o rastreio devem ser orientados quanto aos potenciais riscos e benefícios, podendo optar por realizá-lo. ● Fica a cargo do médico assistente o modo de realização do rastreio. Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) ______________________ A proliferação do epitélio e do estroma leva ao aumento do volume prostático. ● Acarretando em sintomas obstrutivos e irritativos. Fatores de risco: ● Idade avançada; ● Produção de androgênios; ● HF+. Quadro clínico: Sintomas de trato urinário inferior: ● “Prostatismo”: ○ Sintomas irritativos: ↳ Urgência, frequência, noctúria, incontinência. ○ Sintomas obstrutivos: ↳ Hesitância, jato fraco ou afilado, interminência, gotejamento terminal, sensação de esvaziamento incompleto. Escala de IPSS: ● Leve: 0- 7 pontos ● Moderado: 8 - 19 pontos ● Grave: 20 - 35 pontos Complicações: ● Retenção urinária aguda; ○ HPB e CA são fatores de risco. ○ Quadro clínico: ↳ Dor hipogástrica. ↳ Alterações de jato urinário. ↳ Bexigoma. ○ Tto: ↳ Sonda vesical. ● Cistite; ● Prostatite; ● Litíase vesical; ● Hematúria. Diagnóstico: História clínica: ● Prostatismo. Toque retal (TR): ● Pode haver aumento do volume. ● Consistência fibro elástica. ● Sem nódulos endurecidos. Exames laboratoriais: ● Função renal. ● Sumário de urina e urocultura. ● PSA (idade > 60 anos: inferior a 4 ng/ml). Tto: Famarcológico: ● Bloqueador alfa-adrenérgico: ○ Alfa-1 a: específico da próstata. ○ Alfa-1 b: específico de vasos sanguíneos. ○ Bloqueadores não seletivos: Prazosin, Doxazosin, Terazosin. ↳ Mais efeitos colaterais (ex. Hipotensão postural). ○ Bloqueador seletivo (alfa-1 a): Tamsulosina. ● Inibidor de 5 alfa-redutase (5-DHT): ○ Inibe a conversão de testosterona em dihidrotestosterona. ○ Ex. Finasterida e Dutasterida. ○ Efeito colateral: disfunção sexual. Cirúrgico: ● RUP e prostatectomiaparcial ou total. ● Indicação: ○ Pacientes com sintomas graves (20 a 35 pontos). ○ Presença de complicações.
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