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N e f r o l o g i aN e f r o l o g i a Gab r i e l Ba g a r o l o P e t r o n i l h oG a b r i e l Ba g a r o l o P e t r o n i l h o ResumoResumo Introdução Relembrando o que foi dito anteriormente, em nosso anatomia renal existem milhões de néfrons. Esses néfrons são constituídos, principalmente, por glomérulos e seus capilares enovelados, túbulo contorcido proximal, Alça de Henle (ascendente e descendente), túbulo contorcido distal e ducto/ tubo coletor. Além disso, há a arteríola aferente e eferente, interstícios e vasos sanguíneos. Analisando essa anatomia, podemos prever possibi l idades de doenças nefrológicas: glomérulonefrites primárias e secundárias, injúria renal aguda (reduz TFG), doença renal crônica (reduz TFG), tubulopatias (defeito na reabsorção ou secreção de solutos), nefrite intersticial por anti-inflamatório, doenças vasculares. Função Tubular Túbulo Contorcido Proximal -TCP De todo o conteúdo filtrado pelos rins, cerca de 70% é reabsorvido aqui no TCP. Nessa porção são reabsorvidos praticamente todos os solutos - glicose, aminoácidos, bicarbonato, sódio, potássio, etc - , exceto magnésio. A reabsorção do TCP é isotônica, ou seja, a ocorre uma reabsorção proporcional de água e solutos. Na primeira porção do TCP é reabsorvido, principalmente, o bicarbonato (HCO₃⁻) por via indireta, pela anidrase carbônica, na forma de CO₂ + H₂O. Quando ele penetra na célula, ele faz a reação inversa e retorna para forma de bicarbonato, liberando um H⁺. Na segunda porção do TCP ocorre a absorção de Cl⁻. Além disso, a água é reabsorvida por osmose, portanto, para cada molécula de soluto reabsorvida, uma molécula de água também é. A osmolaridade do TCP é semelhante a do plasma - cerca de 290/300mOsm. Alça de Henle - Descendente O que não foi reabsorvido no TCP chega ao segmento descendente da alça de Henle, a qual absorve SOMENTE água. Então, ocorre uma concentração do filtrado glomerular para próximo de 1000mOsm. Alça de Henle - Ascendente Nesse segmento da alça, acontece SOMENTE reabsorção de soluto. Portanto, o filtrado que estava muito concentrado começa a ficar diluído. Ocorre absorção de sódio, potássio, cloro, cálcio, magnésio - maior local de reabsorção -. A reabsorção do soluto para dentro da célula tubular ocorre por meio da bomba Na-K-2Cl. E s s a b o m b a p o d e s e r b l o q u e a d a p e l o FUROSEMIDA - Diurético mais potente de alça que se liga ao segundo cloro dessa bomba. Causa alcalose metabólica hipocalêmica. Túbulo Contorcido Distal - TCD Essa parte é responsável por cerca de 5% do líquido e sódio filtrado. Nesse local é reabsorvido também o cálcio. O TCD possui um canal Na-Cl. É nele que os diuréticos tiazídicos, os mais utilizados para HAS, agem fazendo sua i n ib ição . Ex . : HIDROCLOROTIAZIDA associada a outros anti- h ipertens ivos que i rão potenc ia l izar a vasodilatação. Ducto Coletor ou Túbulo Coletor - TC O ducto coletor é responsável pelos outros 5% de reabsorção. Ele + TCD são chamados de Néfron distal e são responsáveis pelos últimos ajustes de reabsorção e secreção. O TC é dividido em porção cortical, medular externo e medular interno - alguns livros dividem somente em medular. De todo o potássio que foi reabsorvido no TCP, alça de Henle ascendente e TCD - 100% dele é reabsorvido -, o pouco que sai na urina é secretado pelo ducto coletor. O TC cortical é sensível à Aldosterona - produzido pela adrenal - que controla aumentando a reabsorção de sódio e secreção de potássio e H⁺. Além disso, o TC é responsivo ao hormônio anti- diurético (ADH) - produzido no hipotálamo - que estimula a reabsorção de água e ureia no ducto coletor e estimula produção de aquaporinas. Baseado nas funções desses hormônios podemos entender como algumas doenças irão influenciar na função tubular. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Função Tubular e Acidificação Urinária O que está ligado à proteína Albumina , normalmente não é filtrado, passa direto. A albumina não é filtrada, não pelo seu tamanho, mas sim devido sua carga negativa. As proteínas ao redor dos poros (cialoproteínas) possuem, também, carga negativa, repelindo a albumina porque não devemos perder albumina. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Defeitos ●Hiperaldosteronismo → supra-renal aumenta a produção de Aldosterona; Cursa com reabsorção de sódio e água em excesso causando HAS, secreção de potássio (hipocalcemia), secreção de H⁺(alcalose metabólica). ●Deficiência de ADH → ocorre Diabetes Insípidos Central e o ducto coletor perde água (poliúria). ●TC Não Responde ao ADH → há presença de ADH mas o túbulo não responde a ele; Diabetes Insípidos Nefrogênico; não reabsorve a água (poliúria). Drogas podem causar esse distúrbio - Anfotericina B. ●Uropatia Obstrutiva → osbtrução retrógrada que comprime a porção medular do rim leva a um defeito de concentração da poliúria. ●Síndrome de Fanconi → defeito de reabsorção do TCP que reabsorve quase tudo, cursa com excreção excessiva de aminoácidos, glicose, bicarbonato, sódio e potássio. ●Acidose Tubular Renal Proximal - Tipo 2 → defeito isolado do TCP quando não há excreção correta de ácido causando a acidose tubular renal proximal. A clínica desse defeito é visível em crianças que não ganham peso. ●Acidose Tubular Renal Distal - Tipo 1 → defeito de acidificação urinária. Esse tipo cursa com nefrolitíase. Portanto, investigamos esse defeito em pacientes com cálculo renal distal de repetição. ●Acidose Tubular Renal - Tipo 4 → ocorre no ducto coleto. Esse tipo de acidose urinária possui 5 subtipos e envolve o hormônio Aldosteorna. A clínica é caracterizada por HAS e acidose metabólica. Figura 1 - Reabsorção no TCP Figura 2 - Filtração Glomerular Porém, uma pequena parte de albumina consegue passar pelos poros. Dessa maneira, teremos na urina em 24h cerca de 150mg de proteinúria, caracterizada normal. O aumento da proteinúria leva a uma síndrome clínica chamada de Síndrome Nefrótica caraterizada pela perda de 3g de proteína/24h. Cursa com hipoalbuminemia e edema evoluindo para anasarca. Reabsorção do TCP Figura 3- Célula do TCP. Féraille and Doucet, 2001. A membrana apical é a voltada para a luz do túbulo e a membrana basal é a voltada para as outras células. Vemos um canal de água (AQP1), canal de sódio, co- transporte de sódio com fosfato, glicose e aminoácidos e o anti-porte de sódio e H⁺. O co-transporte de sódio e outros elementos é semelhante ao que ocorre no intestino com a glicose. Ele é reabsorvido acoplado à glicose, por exemplo. No intestino ocorre da mesma forma e é por isso, que o soro fisiológico caseiro é água, sal e açúcar. O açúcar serve somente para aumentar a reabsorção do sódio na luz intestinal, semelhante ao do túbulo proximal. Outro exemplo do co-transporte: um paciente com depleção de volume extracelular terá alcalose porque ocorre o co-transporte do bicarbonato com o sódio no momento da reabsorção. Transporte pela membrana pode ser do tipo transcelular ou paracelular (entre as células). Observe na figura que a reabsorção do cloro fica mais para o final do túbulo próxima, para que nas porções superiores ele fique na luz e então aumente sua concentração. Isso faz com que na parte final do túbulo, a luz mais negativa, facilite a absorção do sódio - todos esses fenômenos que auxiliam na absorção de sódio são fenômenos multiplicadores. Isso porque quando há uma privação de sódio e água, nosso rins são capazes de reter todo o soluto e água que seriam eliminados pela urina. A acidificação urinária ocorre por meio da eliminação de excretas ácidas do catabolismo. Essa eliminação ocorre de maneira indireta e envolve, principalmente, o bicarbonato. O hidrogênio (H⁺) é liberado para a luz tubular e encontra o bicarbonato (HCO₃⁻) formandoo ácido carbônico (H₂CO₃). Esse se dissocia em H₂O + CO₂. O CO₂ entra na célula, pois é muito difusível, e se junta com a água novamente, dentro da célula, formando o ácido carbônico que irá se dissociar em H⁺+ HCO₃⁻. Então, o H⁺ volta para a luz tubular e recomeça o ciclo novamente e o bicarbonato é então mandando, por meio de um transportador, para outras células e assim, conclui sua reabsorção. Figura 4- Reabsorção do Bicarbonato. Portanto, é dessa maneira que as células tubulares conseguem manter o pH plasmático em 7,4 - reabsorvendo bicarbonato ao longo dos túbulos e no TCP pela secreção do H⁺ Diurético inibidores da da anidrase carbônica agem nesse local, resultando em natriurese e bicarbonatúria - alcalinizando da urina e acidose metabólica. Ex.: acetazolamida. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Reabsorção do Bicarbonato Na parte final do TCP, temos a secreção de catabólicos, xenobióticos, etc. O segmento S3 no TCP é mais especializado na secreção de substâncias, como penicilina, aspirina e furosemida. Portanto, uma substância que não foi eliminada na filtração do glomérulo, pode entrar na célula tubular e ser secretada pelo segmento S3 do TCP. Figura 5 - Excreção pelo segmento S3. A creatinina é o nosso marcador fisiológico da urina, porém, ela também possui uma pequena secreção mo túbulo proximal, caracterizando-a como não ideal. Em pesquisas ou estudos que necessitam de uma maior veracidade utilizados como marcar: inulina, cistatina C, etc. Mas no dia a dia podemos utilizar a depuração/ clearence da creatinina e calcular a estimativa da TFG. Síndrome de Bartter - alça de Henle Doença em que há mutação em gene causando inibição da bomba Na-K-2Cl, como se o paciente estivesse ingerindo furosemida continuamente. O paciente apresenta alcalose metabólica hipocalêmica, assim como os que ingerem furosemida - perda de volume, excreção de sódio e maior reabsorção de bicarbonato. Síndrome de Gitelman - TCD Ocorre a inibição do canal Na-Cl, assim como acontece na ingestão dos tiazídicos. Síndrome de Liddle - TCD Doença genética que cursa com HAS em pacientes adolescentes. Ocorre uma hiperativação do canal Na-Cl, absorvendo muito sódio. Ela responde aos diuréticos poupadores de potássio, exceto espironolactna. Ex.: Amilorida e Triantereno. Hiperaldosteronismo - TC Canais sensíveis à aldosterona sendo produzida excessivamente. Podem ser bloqueado com antagonista da mesma, como espironolactona. Esse fármaco funcionará reduzindo a PA do paciente. No ducto coletor, o ADH, que estimula a reabsorção de água e ureia, faz com que a ureia infiltre no interstício renal e puxe mais água para ser reabsorvida no segmento descendente da alça de Henle. Reabsorvendo mais água, o filtrado fica mais concentrado e então, no segmento ascendente, reabsorverá mais soluto. Isso demonstra a ‘multiplicação’ dos fatores que auxiliam na reabsorção. Figura 6- Segmentos da Alça de Henle e Mecanismo Contracorrente Multiplicador Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Mecanismo Contracorrente Mul tiplicador A acidificação da urina ocorre por meio da absorção de bicarbonado, como explicado anterior. Ela pode ocorrer no TCP (80%), alça de Henle (15%) e Néfron distal (5%) - nesse último, podendo passar diretamente pelo seu canal. Além disso, no TCP existe a secreção de amônia que contribui para a acidificação da urina. A maior importância clínica da amônia é que devemos lembrar que ela é e toxina do hepatopatia. O fígado metaboliza a amônia e o paciente fica com ela elevada, porém, amônia é neurotóxia. A queda do potássio (hipocalemia) estimula a síntese de amônia, então, um hepatopata pode entrar em coma hepático se isso ocorrer. Contribuindo para a acidificação, temos os ácidos voláteis eliminados pelo pulmão - gás carbônico - e ácidos fixos que são eliminados pelos rins. Portanto, o equilíbrio ácido-básico é feito por esses 2 órgãos principais. pH plasmático tem que estar entre 7,35 e 7,45. Ainda, possuímos tampões no sangue e na urina que são substância que se ligam ao hidrogênio minimizando a toxicidade do ácido. Ex.: hemoglobina, bicarbonato, amônia, fosfato, proteínas, etc. Diuréticos que interferem na acidificação da ur ina → acetazolamida (TCP - ac idose metabólica), furosemida (alça de henle - alcalose metabólica), tiazídico (TCD - alcalose metabólica) e poupadores de potássio (TC - acidose metabólica). Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Cálcio e o PTH A reabsorção do cálcio é controlada pelo paratormônio (PTH) - hormônio da paratireoide que estimula a síntese de vitamina D no rim (Calciferol). Portanto, PTH é hipercalcimiante (aumenta a concentração do cálcio do plasma). Um hiperparatireoidismo - nódulo na paratireoide - pode haver uma hipercalcemia. Os diuréticos de alça - furosemida - aumentam a excreção de cálcio, e o diuréticos tiazídicos aumentam a reabsorção de cálcio. Acidificação Urinária
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