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1 Siga no instagram: @focusmedicine Fármacos diuréticos Esses fármacos aumentam a diurese, ou seja, ajudam na eliminação de sais e água, atuando na diminuição da reabsorção de sódio em diferentes locais no néfron, aumentando assim as perdas urinárias de sódio e água; Os fármacos diuréticos agem causando uma hipovolemia para que o coração tenha menos plasma para bombear (diminuição do débito cardíaco). Com esse débito cardíaco diminuído, a pressão arterial é diminuída para que o coração possa trabalhar de forma mais resguardada; Nem todos os diuréticos são usados para uma terapêutica hipertensiva. Esse fármacos também são usados no tratamento de glaucoma, insuficiência renal, insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência hepática, hipertensão, e, principalmente, no tratamento de edemas; O sangue chega ao rim através da artéria renal para passar pelo sistema de filtração glomerular e reabsorção tubular; O néfron é a unidade funcional do rim. Cada néfron contém um grupo de capilares glomerulares chamado glomérulo, pelo qual grandes quantidade líquidos são filtradas do sangue, e um túbulo, no qual o líquido filtrado flui pelas porções sucessivas (túbulo proximal, alça de Henle, túbulo distal, túbulo coletor e ducto coletor) e é convertido em urina, no trajeto para a pelve renal; Sob a pressão do sangue algumas substâncias pequenas e parte do plasma serão filtrados para dentro dos túbulos renais; Possui três segmentos funcionalmente distintos, o segmento descendente fino, o ascendente fino e o ascendente espesso; Cerca de 20% da água filtrada é reabsorvida na AH e quase toda ocorre no componente descendente fino, pois nessa porção existem canais abertos para água (aquaporinas) e não existem canais abertos para eletrólitos; A alça ascendente é praticamente impermeável à água, e, portanto, ocorre o contrário. Nessa porção existem canais abertos para eletrólitos e não existem canais abertos para água; Sendo assim, cerca de 25% das cargas filtradas de sódio, cloreto e potássio são reabsorvidas principalmente na porção ascendente espessa por meio de um simporte para dentro da célula tubular e, posteriormente, para dentro do plasma sanguíneo; Esses eletrólitos irão ficar retidos na medula renal, fazendo com que ela fique com uma 2 Siga no instagram: @focusmedicine densidade elevada (osmolaridade elevada) e puxe muita água; Simporte: transporte ativo secundariamente dependente de ATP, pois utiliza o ATP da mesma forma do antiporte; O componente ascendente espesso da AH é o local de ação dos potentes diuréticos “de alça”, que inibem a ação do transportador de eletrólitos. Aproximadamente 5% da carga filtrada de íons como sódio e cloreto e água são reabsorvidos nesse túbulo; O cotransportador sódio-cloreto move NaCl do lúmen para a célula tubular. Os diuréticos tiazídicos inibem esse cotransporte; A segunda metade do túbulo distal e o túbulo coletor têm características funcionais similares. São compostos por 2 tipos distintos de células, as principais, que reabsorvem sódio e água do lúmen e secretam potássio para o lúmen, e as células intercaladas, que reabsorvem potássio e secretam hidrogênio para o lúmen tubular; A entrada de sódio nesses segmentos ocorre através de canais de sódio sensíveis à aldosterona. A reabsorção de sódio catiônico sem ânion cria um gradiente elétrico negativo no lúmen que favorece a secreção de potássio (através de canais seletivos de potássio) e H+. Assim, a inibição da reabsorção de sódio neste local pode levar a hipercalemia e acidose metabólica, devido às reduções concomitantes na excreção de íons potássio e hidrogênio. Nessa porção existem canais que irão responder ao efeito da aldosterona (mineralocorticoide), a qual irá fazer a troca de sódio por potássio ou hidrogênio. Sendo assim, o sódio ficará dentro da urina (ducto) e o potássio e hidrogênio irá para o plasma sanguíneo. Dessa forma, ocorrerá a reabsorção, na qual uma molécula de sódio secretará uma molécula de potássio e outra molécula de sódio secretará uma molécula de hidrogênio. Com isso, o plasma terá reabsorção de sódio, a qual resultará em ganho de água para o plasma e perda de potássio e hidrogênio. Se isso ocorrer de forma exacerbada, pode resultar em hipocalemia ou alcalose; Vimos que na Alça de Henle ocorre uma reabsorção de água na parte descendente e uma reabsorção de eletrólitos na parte ascendente. Com isso, ocorre um acúmulo de eletrólitos na medula, resultando em uma medula hiperosmolar ávida por água; Continuando o percurso, vimos que na porção cortical do ducto coletor ocorre uma reabsorção de água. Quando essa água descer para a porção medular do ducto coletor, as aquaporinas presentes na porção medular irão reabsorver essa água, diluindo assim os eletrólitos que deixaram a medula hiperosmolar; Dessa forma, quando os canais estão funcionando na alça de henle, o ducto coletor não consegue excretar toda a água presente na urina, devido a essa reabsorção de água. 3 Siga no instagram: @focusmedicine As classes farmacológicas dos diuréticos irão atuar em pontos diferentes do néfron, ou seja, terão mecanismos de ação diferentes. Fármacos que inibem a absorção de muito sódio, ele inibe a absorção de água. Se ele inibe a absorção de pouco sódio, ele inibe a absorção de pouca água. Sendo assim, eles são classificadas em: Irão atuar no túbulo contorcido proximal, o qual, fisiologicamente age na absorção de sódio do filtrado glomerular; Fármacos: acetazolamida e diclorofenamida; Anidrase carbônica: é uma enzima encontrada em muitos locais do néfron, mas principalmente nas células do túbulo proximal. Essa enzima é responsável por catalisar a desidratação do H2CO3, uma etapa fundamental para a reabsorção de bicarbonato (HC03-). Mecanismo de ação: ocorre através da inibição não competitiva da anidrase carbônica tanto na região apical como na região intracelular, causando assim o bloqueio da reabsorção de bicarbonato de sódio e a menor reabsorção de sódio no túbulo. resultando na eliminação de bicarbonato, sódio e água na urina; O ácido carbônico intracelular aumenta e o pH diminui, com isso, esse pH vai inibir a bomba de sódio/potássio atpase e, portanto, não teremos a saída do sódio e nem bicarbonato da célula; A perda urinária de bicarbonato causa depleção do bicarbonato extracelular, e o efeito diurético dos inibidores da anidrase carbônica, consequentemente, é autolimitado; Farmacocinética: A acetazolamida é secretada no túbulo renal proximal por transportadores de ácidos orgânicos (TAOs) e age na superfície luminal do túbulo proximal. É eliminada inalterada na urina. Usos clínicos: Embora já não usados como diuréticos, ainda são aplicados no tratamento de glaucoma para reduzir a formação de humor aquoso e a pressão intraocular, em alguns tipos de epilepsia infantil, para acelerar a aclimatação a altitudes elevadas e em casos de alcalose metabólica; Efeitos colaterais da acetazolamida: • Acidose metabólica (ao diminuir a quantidade de bicarbonato no sangue); • Hipertensão compensatória (aumenta a quantidade de sódio que passa no túbulo renal e consequentemente se tem muito sódio no túbulo, tem pouco sangue o que faz com que ative o sistema renina-angiotensina- aldosterona para elevar a pressão. Fármacos: furosemida, bumetanida, torsemida e ácido etacrínico; Mecanismo de ação: são os diuréticos mais potentes, capazes de eliminar até 20-25% do 4 Siga no instagram: @focusmedicine sódio filtrado. Irão atuar no ramo ascendente espesso da alça de Henle, mais especificamente inibindo o cotransportador Na+/K+/2Cl- por meio de uma competição pelo sítio de cloreto. Sendo assim, se ele inibe esse cotransportador, a reabsorçãode eletrólitos para a medula renal é diminuída, ou seja, agora a medula não ficará mais hiperosmolar e os eletrólitos irão embora com a água do ducto coletor; Dessa forma, essa classe de fármaco irá diminuir a osmolaridade medular, gerando uma diurese aumentada, pois não existe nenhum eletrólito para reabsorver essa água presente na urina; O resultado é: diurese aumentada, hipovolemia, diminuição de pressão arterial e efeito geral vasodilatador; Farmacocinética: são absorvidos no trato gastrointestinal e geralmente são administrados via oral, mas podem administrados via intravenosa em situações de urgência ou quando a absorção intestinal estiver comprometida. • Ligam-se fortemente às proteínas plasmáticas e não passam diretamente ao filtrado glomerular. Chegam ao seu local de ação (ramo ascendente espesso da alça de Henle) por serem secretados no túbulo contorcido proximal; • Na síndrome nefrótica, os diuréticos de alça ligam-se à albumina no fluido tubular e, consequentemente, não ficam disponíveis para atuar. A fração não eliminada na urina é metabolizada, sobretudo no fígado. • A meia-vida plasmática é de cerca de 90 minutos (mais longas na insuficiência renal), e a duração de ação de 3 a 6 horas; Usos clínicos: • São utilizados com cautela, em combinação com restrição de sal na dieta e muitas vezes com outras classes de diuréticos, no tratamento de sobrecarga de sal e água associada a: edema agudo de pulmão (via intravenosa e, normalmente, atua em 30 minutos), insuficiência cardíaca crônica, cirrose hepática complicada por ascite, síndrome nefrótica e insuficiência renal; • Tratamento de hipertensão complicada por comprometimento renal (os tiazídicos são preferidos, caso a função renal esteja preservada); • Tratamento de hipercalcemia após reposição do volume plasmático usando solução intravenosa de NaCl. Efeitos adversos: • Perdas excessivas de sódio e água, levando a uma hipovolemia grave ou a uma hipotensão grave; • Hipocalemia e alcalose: se na alça de henle não ocorre reabsorção de eletrólitos, esse sódio se acumulará nos canais que respondem à aldosterona. Com isso, aldosterona irá puxar 5 Siga no instagram: @focusmedicine muito sódio e secretar muito potássio, o que irá resultar na hipocalemia e alcalose (diminuição de prótons; • Acredita-se que a inibição de uma isoforma diferente do cotransportador de eletrólitos na orelha interna seja responsável pela ototoxicidade. Interações medicamentosas: • Outros diuréticos: efeito sinérgico, um diurético acaba maximizando o outro, provocando maior diurese; • Antiarrítmicos: hipocalemia exacerbada, pois antiarrítmicos como digoxina causam hipocalemia, assim como a furosemida; • Ototoxicidade: o uso da furosemida associado ao uso de aminoglicosídeos pode levar até a perda auditiva. • Diuréticos de alto limiar: irão atuar na alça de Henle; Fármacos: hidroclorotiazida, bendroflumetiazida, clortalidona e indapamina; Mecanismo de ação: são menos potentes que os diuréticos de alça e mais bem tolerados. Irão atuar no túbulo contorcido distal, ligando-se ao sítio do cloreto do sistema de cotransporte de eletrólitos, inibindo sua ação e causando natriurese (excesso de sódio na urina).; • Os efeitos sobre o balanço de sódio, potássio, H+ e magnésio são qualitativamente semelhantes aos diuréticos de alça, mas de menor magnitude. A exceção é o cálcio, cuja eliminação é reduzida pelos tiazídicos; • Também possuem ação vasodilatadora. Farmacocinética: São eficazes por via oral. Todos são eliminados na urina, principalmente por secreção tubular e competem com o ácido úrico para o transportador de Ânions orgânicos; Usos clínicos: • Hipertensão; • Insuficiência cardíaca leve (em geral, preferem-se diuréticos de alça); • Edema resistente grave (metolazona, em especial é usada juntamente com diuréticos de alça); • Edemas leves; • Para prevenir formação recorrente de cálculos na hipercalciúria idiopática; • Diabetes insipidus nefrogênico. Efeitos adversos: • Hipocalemia: uma maior reabsorção de sódio no túbulo coletor resulta numa maior eliminação de potássio; • Hipocalemia + hipomagnesemia = arritmias ventriculares; • Hiperuricemia: crises de Gota por competição dos fármacos tiazídico pelos transportadores de ácido úrico. Assim, como os transportadores estão trabalhando na excreção dos tiazídicos, o ácido úrico ficará retido pois não tem quem o transporte; • Intolerância à glicose. 6 Siga no instagram: @focusmedicine Irão atuar no túbulo contorcido distal e no ducto coletor, retendo o potássio; Podem ser de dois tipos: Antagonistas da aldosterona: Fármacos: espironolactona e eplerenona; Mecanismo de ação: Competem com a aldosterona por seus receptores intracelulares, inibindo a retenção de Na+ e a secreção de K+ em nível distal; Farmacocinética: são administrados por via oral. A espironolactona é metabolizada na parede do intestino e no fígado em canrenona que tem meia vida mais longa. O início da ação desses fármacos é lento, iniciando após 1 dia e se tornando máximo em 3-4 dias; Efeitos adversos: • Hipercalemia: potencialmente fatal; • Desconforto gastrointestinal; • Ginecomastia; • Distúrbios menstruais; • Atrofia testicular. Triantereno e amilorida: Mecanismo de ação: o fármaco age retendo sódio na luz do túbulo coletor a ser excretado pela urina. Os canais de sódio são bloqueados, inibindo a reabsorção do sódio. Como o sódio é retido, ele não entra na célula e, consequentemente, a bomba de sódio e potássio não irá funcionar. Assim, o sódio é eliminado na urina e o potássio é reabsorvido; Podem ser administrados juntamente com diuréticos de alça ou tiazídicos, com a finalidade de manter o balanço de potássio. Farmacocinética: o triantereno é amplamente metabolizado no fígado e transformado no éster sulfato, o qual é responsável pela ação diurética no túbulo. A amilorida é secretada inalterada no túbulo renal proximal. Ambos os fármacos possuem início de ação rápido; Efeitos adversos: • Hipercalemia; • Distúrbios gastrointestinais: infrequentes; • Cálculos renais: triantereno; Usos clínicos dos diuréticos poupadores de potássio: Geralmente, são usados juntamente com diuréticos perdedores de K+ (ex: de alça ou tiazídicos) de modo a prevenir perda de K+, em casos nos quais a hipocalemia seja especialmente perigosa (ex: pacientes que necessitem de digoxina ou amiodarona). São usados em: • Insuficiência cardíaca, para aumentar a sobrevida; Hiperaldosteronismo primário, (síndrome de Conn); • Hipertensão essencial resistente (em especial hipertensão com renina baixa); 7 Siga no instagram: @focusmedicine • Hiperaldosteronismo secundário causado por cirrose hepática complicada por ascite. Fármaco: manitol; Mecanismo de ação: são substâncias filtradas no glomérulo, mas não reabosrvidas pelo néfron. Agem nas porções permeáveis à água, como o túbulo proximal, o ramo descendente da alça e, na presença de ADH, nos túbulos coletores. A reabsorção passiva de água é reduzida pela presença de soluto não reabsorvível dentro do túbulo; consequentemente, um volume maior de líquido continua no túbulo proximal. Isso tem o efeito secundário de reduzir a reabsorção de Na+. Portanto, o principal efeito dos diuréticos osmóticos é aumentar a quantidade de água eliminada, com menor aumento da eliminação de Na+. Farmacocinética: o manitol é administrado por infusão intravenosa e é excretado inalterado no glomérulo. Tem uma meia de 2 horas, que é substancialmente aumentada na insuficiência renal; Usos clínicos: podem ser usados na insuficiência renal aguda, que pode ocorrer devido a hemorragia, trauma ou infecções sistêmicas. Também são utilizados comotratamento de emergência para aumento súbito da pressão intracraniana ou intraocular. Efeitos adversos: Incluem expansão transitória do volume do líquido extracelular (com risco de causar insuficiência do ventrículo esquerdo) e hiponatremia. Podem ocorrer cefaleia, náuseas e vômitos.
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