Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
17 Martina Frazão – P5 PSIQUIATRIA ESQUIZOFRENIA Alogia: falta de lógica no pensamento. Quebra da curva de vida: 1 em cada 5 não apresenta, mas precisa ter muito apoio. Termo esquizofrenia: “cisão da mente”. HISTÓRICO 1. Emil Kraepelin: ”deménce précoce”. A separou da psicose maníaco depressiva e da paranóia, ele observava que essa doença evoluía de forma diferente. O diagnóstico diferencial que deve ser feito até hoje com o transtorno bipolar e com o transtorno delirante (o delírio é o foco central da sintomatologia). Psicose maníaco-depressiva Paranóia OBS.: Outros diagnósticos diferenciais são o transtorno psicótico leve (diferenciado pelo início mais abrupto e pela ausência de sintomas negativos; não passa de um mês. Podem ser o início de uma esquizofrenia, mas são casos raros); o transtorno esquizofreniforme (pode ter todos os sintomas, inclusive os negativos, mas não dura mais do que seis meses); e o transtorno por uso de substâncias. 2. Eugen Bleuler Os 4 “As” dos sintomas principais (figuras principais): Associações frouxas do pensamento: alterações do processo e da forma do pensamento; afrouxa o pensamento, não consegue seguir a idéia, apresentando descarrilhamento, incoerência, tangencialidade, prolixo, desagregação. Autismo: não é o autismo em sentido de doença, mas de centralização do mundo em torno de si. Afetividade comprometida: em todos os sentidos, principalmente o embotamento. Pode ter alexitimia. Ambivalência: em torno de tudo; com atitudes, pensamentos. Sintomas acessórios: Delírios Alucinações EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO 1% da população geral: 1 em cada 100 pessoas. Em ambos os gêneros acomete igualmente, porém o início da doença se dá de maneira diferente. Gênero e idade: Homens: 10 aos 25 anos. Sintomas mais fortes e negativos, com maior prejuízo cerebral e pior prognóstico (por começar mais cedo). Mulheres: 25 aos 35 anos. Geralmente o prognóstico nas mulheres é um pouco melhor. Período de nascimento: inverno. Vírus Influenza (na mãe): não se sabe os mecanismos. Uso de substâncias: álcool, maconha (risco até 6x maior), cocaína, anfetaminas, nicotina (automedicação). Pode ser um diagnóstico diferencial, mas também é um fator de risco. Densidade populacional: genitores portadores, áreas urbanas são mais prevalentes. ETIOLOGIA Genética x ambiente: dentro dos fatores de risco, é multifatorial. Quando maior a predisposição, menor a necessidade de fatores estressores; quanto menor a predisposição, mais fatores estressores são necessários. Família: falta de estrutura familiar Teorias psicanalíticas: o indivíduo passa pelo desenvolvimento normal até determinada idade e ao chegar nessa idade há um processo de regressão à fase na qual esse ego não é bem formado. 18 Martina Frazão – P5 PSIQUIATRIA DIAGNÓSTICO – DSM 5 A. Pelo menos 2 dos seguintes, presentes por no mínimo 1 mês: Delírios Geralmente de controle, grandeza, religiosos, eróticos... Alucinações Alterações sensoperceptivas. Desorganização do discurso Desorganização do comportamento ou catatonia Pessoa que age com estranheza, risos imotivados, conduta pueril, comportamentos excêntricos, inadequados, diferentes. Manifestações da catatonia: pode adotar flexibilidade cérea, maneirismos, estereotipais, tiques, caretas, agitação psicomotora, mutismo, negativismo. Sintomas negativos (redução da vontade, da expressão emocional...) Redução do pensamento, do prazer, isolamento social. Os mais importantes são a avolia e o embotamento afetivo. Avolia, anedonia, alogia, embotamento afetivo. o É obrigatório que um sintoma seja um dos três primeiros. B. Prejuízo funcional no trabalho, relações interpessoais, autocuidado. C. Duração: no mínimo 6 meses, com no mínimo 1 mês sintomático (a menos que em tratamento). Exige-se que tenha pelo menos 6 meses de história. Até 6 meses: chama-se de esquizofreniforme. D. E. F. Diagnóstico diferencial: Transtornos de humor com sintomas psicóticos Transtorno de personalidade Esquizotípica (F.21) Uso de Substâncias psicoativas TOC e T. Dismórfico corporal TEPT: ≠ pelo flashback! Transtorno do Espectro autista CLASSIFICAÇÃO Paranóide: F20.0. é o tipo mais comum, mas não tem a gravidade dos outros. Predominam delírios e alucinações. É o “louco de pedra”, com delírios, alucinações. Normalmente tem prognóstico melhor porque incomoda, então já buscam ajuda. Mesmo assim, possuem resposta melhor ao tratamento, com melhor qualidade de vida. Desorganizado (hebefrênico): F20.1. “Hebe” vem de adolescência. É o que começa mais cedo (não necessariamente!) e tem como principal alteração a desorganização do discurso/do pensamento e os sintomas negativos. Quando estes predominam, temos a possibilidade maior de ser hebefrênico. Mais grave, prognóstico pior, qualidade de vida geralmente pior, com menos resposta aos tratamentos, com possibilidade de maior comprometimento cerebral. Catatônica: F20.2. Tem menos intensidade dos demais sintomas, com maior destaque para as alterações psicomotoras (catatonia). É uma das grandes indicações da eletroconvulsoterapia. É grave, mas, caso saia, sai mais rápido e tem prognóstico inclusive melhor do que o hebefrênico. CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS Princípios gerais dos sintomas: são inespecíficos, variam ao longo do tempo e dependem do nível de desenvolvimento prévio. Não há nada patognomônico da esquizofrenia. Perfil premórbido: pouca socialização, inadequação social, gostos peculiares ou exóticos, investimento em atividades solitárias (como jogos em rede). São pródromos que devem ser valorizados. EXAME DO ESTADO MENTAL – PRINCIPAIS ASPECTOS Aparência: pode ser muito indicativa para o diagnóstico; mas nunca o DDx será decorrente 19 Martina Frazão – P5 PSIQUIATRIA só da aparência. É comum que chegue sem cuidados, com vestes inadequadas etc., mas pode vir também com aparência normal, desconfiada, assustada. Pensamento e juízo: conteúdo delirante (pode ser paranóide, de grandeza; a pessoa se sente achando que está tudo o vigiando, desconfia de tudo e todos); conteúdo de invasão ou influência (seres alienígenas, conteúdos absurdos); conteúdo místico/religioso (se achar missionário, pensar que é o substituto de Jesus Cristo. Tem que tomar cuidado com a fé dos pacientes). Roubo ou publicação do pensamento: tem bloqueio do pensamento, que é comum no esquizofrênico. Para de falar, pergunta a ele e volta daqui a pouco, podendo dizer que “carregaram” o que ele estava pensando. Autoreferência do pensamento: tudo é em torno de si, voltado para si. Cisão da mente, falta de separação entre o eu e o externo. Forma do pensamento alterada: tangencialidade, fuga e todos os fatores pelos quais não consegue completar o raciocínio Sensopercepção: alucinações auditivas são as mais comuns. [Visuais são mais comuns apenas nas causas orgânicas, relativas ao uso de drogas]. Caráter de ordem (mandando fazer algo) ou de discussão consigo mesmo. Pode haver ilusões, mas o mais comum é haver alucinações. Humor e afetividade: anedonia e embotamento afetivo. Humor pode estar exaltado, reduzido, alterado, mas não é o central. Quanto à afetividade, chamam a atenção os sintomas negativos (não consegue ter confidentes, tem ambivalência afetiva quanto aos mais próximos). Cognição: “MAIO” – memória, atenção, inteligência e orientação – está preservado. O esquizofrênico não é mais inteligente que os outros; o que acontece é que pode ser que, dentro do seu isolamento, tenha maior dedicação aos estudos. Com o tempo, contudo, vai alterar! Ou seja: não é critério diagnóstico, mas as áreas do cérebro podem ser acometidas com o curso da doença. CURSO Pródromo: 6 a 12 meses. Mudançaquase sutil da vida do paciente. Existe em quase todos os casos. Pode passar de 1 ano (muito insidioso, muito lento). 1º episódio Normalmente não vem de forma abrupta. Remissão: total ou parcial. Se retirada a medicação e não se recuperar em 6 meses, parcial. Em geral, recomenda-se não retirar a medicação para evitar novas recaídas. Quanto mais episódios tiver, mais grave fica. Quanto menor o intervalo de remissão, pior o prognóstico. Novos episódios Remissão: sintomas residuais PROGNÓSTICO Pródromo + fase ativa + sintomas residuais/prejudiciais = 6 meses. 20 Martina Frazão – P5 PSIQUIATRIA TRATAMENTO FARMACOLÓGICO ANTIPSICÓTICOS: principalmente. Típicos, tradicionais ou de 1ª geração: mais efeitos colaterais extrapiramidais. o Haloperidol (alta potência – Haldol é o mais conhecido e potente – 5 a 25mg/dia), clorpromazina, levomepromazina etc. o Haloperidol: atuam nos sintomas positivos. Haldol é usado nas emergências (tem em cp, gotas e injetável). Principais efeitos colaterais são os extrapiramidais e a síndrome neuroléptica maligna. o Em todos: muito comum causar hiperprolactinemia. Baratos também. o Clorpromazina e levomepromazina: efeitos adversos são mais CV (hipotensão). Clorpromazina: bons resultados para soluço. Atípicos ou de 2ª geração: o Risperidona, olanzapina, quetiapina, aripiprazol, lurasidona, clozapina etc. o Atuam na DA e na serotonina, atuando nos sintomas positivos e negativos. Menos efeitos adversos, mas mais caros. o Todos, exceto aripiprazol e lurasidona, exigem medicação de alto custo. o Risperidona: mais usado (acessível!). Leva a hiperprolactinemia e, em menor grau que os de 1º geração, a sintomas extrapiramidais. o Olanzapina: aumenta peso e risco de dislipidemia. o Quetiapina: causa sonolência. Tem que ter cuidados (causa convulsão). Tem menos efeitos parkinsonianos. o Clozapina: alto custo, é a mais completa do ponto de vista clínico. Indicada para esquizofrenia refratária (que não responde aos típicos e aos atípicos). POTENCIALIZADORES: nenhum dos dois tem indicação para serem usados sozinhos! Estabilizantes do humor: podem ser potencializadores do tto. Antidepressivos: também podem ser potencializadores ou sintomáticos, a depender das comorbidades ou do quadro. ATENUANTES E SINTOMÁTICOS: para auxiliar no tratamento. São complementares ao tratamento. Benzodiazepínicos Antiparkinsonianos: atenuar os efeitos parkinsonianos que surgem com o tratamento. TRATAMENTO NÃO FARMACOLÓGICO INTERVENÇÕES PSICOSSOCIAIS Terapia de habilidades sociais (THS): pensa no envolvimento de muitas pessoas. É uma atividade complementar, de intervenção psicossocial no dia-a-dia em que a família esteja envolvida, as pessoas que trabalham com ele estejam envolvidas, com terapia ocupacional bem definida e acompanhantes terapêuticos que possam substituir os familiares quando necessário. Precisa de dinheiro, aceitação da família e paciência. Terapia orientada para a família PSICOTERÁPICO: é preciso que o paciente esteja bem. As psicossociais são mais importantes. Psicoterapia de apoio Terapia de grupo Terapia cognitiva e comportamental ELETROCONVULSOTERAPIA (ECT): para refratários (tratamento com clozapina), gestantes, crônicos (sintomas negativos muito fortes), catatonia. É feita com anestesia. Apenas convulsiona uma parte do corpo (pés, mãos), a descarga feita estimula a área cerebral.
Compartilhar