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Crimes contra a Honra e Crimes contra a Liberdade Individual

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Dos crimes contra a honra – Artigos 138 à 145 do CP
 Os crimes contra a honra são a calúnia, a difamação e a injúria. Cada um desses delitos tem requisitos próprios e, além de estarem descritos no Código Penal, estão também previstos em leis especiais, como o Código Eleitoral, o Militar e a Lei de Segurança Nacional. Desse modo, os tipos penais da legislação comum só terão vez se não ocorrer quaisquer das hipóteses especiais.
 Atualmente, a ofensa perpetrada por meio de imprensa configura crime comum, na medida em que o Supremo Tribunal Federal, ao julgar a ADPF n. 130, entendeu que a Lei de Imprensa (Lei n. 5.250/67) não foi recepcionada pela Constituição Federal de 1988. É claro, porém, que, se o crime for cometido pela imprensa, na propaganda eleitoral, estará caracterizada como calúnia, difamação ou injúria do Código Eleitoral (Lei n. 4.737/67).
1. Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
1.1. Objetividade jurídica
 O crime de calúnia tutela a honra objetiva, isto é, o bom nome, a reputação das pessoas perante o grupo social. Em poucas palavras, honra objetiva é o que os outros pensam a respeito dos atributos morais de alguém.
1.2. Tipo Objetivo
· Imputação de fato determinado
· Fato definido como crime
· Falsidade da imputação (elemento normativo)
Pode se referir:
a) À existência do fato criminoso imputado;
b) À autoria do crime.
1.3. Elemento Subjetivo
É o dolo de ofender a honra objetiva da vítima.
1.4. Meios de Execução
· Verbal
· Escrita
· Gestual
· Simbólica
1.5. Formas de Calúnia
· Inequívoca ou explícita
· Equívoca ou implícita
· Reflexa
1.6. Consumação
Só se consuma no instante em que terceira pessoa toma conhecimento da imputação. Independe, portanto, de se saber quando a vítima tomou conhecimento da ofensa contra ela feita.
1.7. Tentativa
A calúnia verbal não admite a tentativa, pois, ou o agente profere a ofensa e o crime está consumado, ou não o faz e, nesse caso, o fato é atípico. Na forma escrita, entretanto, a tentativa é admissível.
1.8. Sujeito Ativo
Pode ser qualquer pessoa, exceto aquelas que gozam de imunidade. O artigo 53 da Constituição Federal confere a Deputados e Senadores inviolabilidade por suas palavras, votos e opiniões, de modo que, por condutas realizadas no exercício de suas atividades na Casa Legislativa, em palestras ou em entrevistas, não podem ser acusados de calúnia. A imunidade, contudo, não é absoluta quando a ofensa for proferida fora da Casa Parlamentar.
O artigo 27, § 1º, da Constituição Federal estende essas imunidades aos Deputados Estaduais. Os vereadores, dentro dos limites do município em que exercem a vereança, possuem também imunidade material, nos termos do artigo 29, VIII, da Constituição.
1.9. Sujeito Passivo
Pode ser qualquer pessoa.
· Desonrados - As pessoas que já não gozam de bom nome também podem ser caluniadas porque uma nova ofensa pode piorar ainda mais a sua reputação.
· Mortos - Em relação a estes, existe previsão expressa no artigo 138, § 2º, do Código Penal, no sentido de que é punível a calúnia contra os mortos. Ressalta-se, todavia, que o sujeito passivo, em tal caso, não é o falecido, que não mais é titular de direitos. As vítimas são os familiares, interessados na manutenção do bom nome do morto.
· Menores de idade e doentes mentais – Os menores de idade podem ser caluniados, e, o mesmo raciocínio se aplica aos doentes mentais, que também podem ser sujeitos passivos do crime.
· Pessoa jurídica - Como pessoas jurídicas, em regra, não podem cometer fato definido como crime, não podem também ser sujeito passivo da calúnia. Eventuais ofensas têm como sujeito passivo a pessoa que, dentro da empresa, seria a responsável pelo fato imputado.
1.10. Subtipo da Calúnia
O subtipo está previsto no artigo 138, § 1º, do Código Penal, e reserva as mesmas penas a quem toma conhecimento da imputação e, tendo pleno conhecimento de que ela é falsa, a propala ou divulga. Nesses casos, em nada lhe beneficia a alegação de que não foi ele quem inventou os fatos, e que se limitou a repetir o que ouviu, na medida em que sabia ser falsa a imputação. É evidente que, para a configuração do subtipo, é necessário que o agente tenha propalado ou divulgado o fato inverídico de que tomou conhecimento, querendo que seus ouvintes pensem ser verdadeira a assertiva.
Importante aspecto a ser ressalvado em relação ao subtipo da calúnia é que a exigência de que o agente tenha efetivo conhecimento em torno da falsidade da imputação faz com que tal delito seja compatível exclusivamente com o dolo direto. Não admite o dolo eventual.
1.11. Exceção da Verdade
A falsidade da imputação é presumida, sendo, entretanto, uma presunção relativa, uma vez que a lei permite que o acusado se proponha a provar, no mesmo processo, por meio de exceção da verdade, que sua imputação é verdadeira. É um verdadeiro procedimento incidental, usado como meio de defesa, que deve ser apresentada no prazo da defesa prévia ou da resposta escrita.
· Exceção da verdade quando o querelado goza de foro por prerrogativa de função:
O artigo 85 do Código de Processo Penal estabelece que, caso seja oposta exceção da verdade contra querelante que goze de foro por prerrogativa de função, deverá a exceção ser julgada pelo Tribunal e não pelo Juízo por onde tramita a ação penal.
· Hipóteses em que é legalmente vedada a exceção da verdade:
O artigo 138, § 3º, do Código Penal, após declarar, inicialmente, que é cabível a exceção da verdade na calúnia, em seguida, enumera três hipóteses em que a utilização desse meio de defesa é vedada:
I — Se, constituindo o fato imputado crime de ação privada, o ofendido não foi condenado por sentença irrecorrível.
II — Se o crime é imputado ao Presidente da República, ou chefe de governo estrangeiro.
III — Se do crime imputado, embora de ação pública, o ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
· Possibilidade de condenação por imputação verdadeira:
O ônus de provar a veracidade da imputação é de quem a faz. Ocorre que, nas hipóteses em que a lei veda o uso da exceção da verdade, a presunção de falsidade da imputação assume caráter absoluto e o autor da imputação pode ser condenado, ainda que tenha feito narrativa verdadeira, já que está impossibilitado de fazer prova nesse sentido.
· Inconstitucionalidade da vedação da exceção da verdade:
Parte da doutrina vem sustentando que essas vedações ao uso da exceção da verdade ferem o princípio constitucional da ampla defesa (artigo 5º, LV, da Constituição Federal), porque proíbem o uso de meio de defesa que demonstraria a atipicidade da conduta.
· Exceção de notoriedade do fato:
O artigo 523 do Código de Processo Penal prevê a exceção de notoriedade do fato, em que o querelado, nos crimes de calúnia e difamação, visa demonstrar que apenas falou coisas que já eram de domínio público, de modo que sua fala não atingiu a honra da vítima, pois o assunto já era, anteriormente, de conhecimento geral.
2. Difamação
Art. 139: Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo à sua reputação.
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Parágrafo único: A exceção da verdade somente se admite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é relativa ao exercício de suas funções.
2.1. Objetividade jurídica
A objetividade jurídica imediata é a tutela da honra, e a mediata é o respeito à personalidade. Ou seja, visa proteger a honra objetiva (reputação, boa fama, a maneira como é conhecido pela sociedade).
2.2. Tipo objetivo
Difamar, que significa tirar a boa fama, infamar. (O tipo não exige a falsidade ou veracidade do fato imputado. É suficiente a descrição de um fato e que seja ofensivo à reputação alheia)
2.3. Elemento subjetivo
É admitido o dolo direto ou indireto eventual, revelado pela vontade livre e consciente de difamar, imputar fato ofensivo à reputação alheia, ou de assumir o risco de fazê-lo. Não se admite a forma culposa.2.4. Meios de Execução
· Verbal
· Escrita (só se admite tentativa, nesta modalidade)
· Gestual
· Simbólica
2.5. Formas de Difamação
· Ofensa real: quando praticada com gestos, escrita de toda sorte e verbal, incluindo-se as canções e ditados.
· Implícita: quando a ofensa é irrogada de maneira sorrateira, mas visando ofender pessoa certa e determinada.
· Indireta ou reflexa: se ofende a honra de um terceiro envolvido no fato.
2.6. Consumação
Consuma-se quando a imputação ofensiva torna-se conhecida de outrem, que não o sujeito passivo (quando chega a conhecimento de terceiros).
2.7. Sujeito ativo
Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum e unissubjetivo. A pluralidade de agentes implica em concurso eventual.
2.8. Sujeito passivo
· A pessoa humana no gozo de suas faculdades mentais pode ser vítima de difamação.
· Doentes mentais e crianças: Em tese podem ser sujeitos passivos do crime de difamação porque são dotados de honra objetiva.
· Pessoa jurídica: A pessoa jurídica possui reputação, de modo que os fatos desabonadores podem estremecer o bom conceito que goza junto à sociedade, macular a honra objetiva, objetividade jurídica da difamação.
· Pessoas desonradas: Não existe pessoa absolutamente desonrada.
2.9. Classificação doutrinária
Crime comum, unissubjetivo, de atividade formal, de dano, de forma livre, instantâneo, em regra comissivo e excepcionalmente omissivo impróprio, plurissubsistente ou unissubsistente simples.
3. Injúria
Art. 140. Injuriar alguém, ofendendo lhe a dignidade ou o decoro: Pena — detenção, de um a seis meses, ou multa.
3.1. Objetividade jurídica
O crime de injúria tutela a honra subjetiva, ou seja, o sentimento que cada um tem acerca de seus próprios atributos físicos, morais ou intelectuais. É um crime que afeta a autoestima da vítima, seu amor-próprio.
3.2. Tipo objetivo
· Atribuição de característica negativa: A injúria difere totalmente dos outros crimes contra a honra porque é o único deles em que o agente não atribui um fato determinado ao ofendido. Na injúria, o agente não faz uma narrativa, mas atribui uma qualidade negativa a outrem. Consiste, portanto, em um xingamento, no uso de expressão desairosa ou insultuosa para se referir a alguém. A característica negativa atribuída a outrem, para configurar injúria, deve ser ofensiva à sua dignidade ou decoro.
· Descrição das palavras ofensivas na peça inicial da ação penal.
3.3. Elemento subjetivo
É o dolo, ou seja, a intenção deliberada de atingir a honra subjetiva da vítima — animus injuriandi vel dif amandi. Pacífico, por sua vez, o entendimento de que não há crime, pela ausência de intenção de ofender, quando a palavra desairosa é utilizada por brincadeira ou para disciplinar alguém (animus jocandi ou corrigendi).
3.4. Consumação
Por se tratar de crime contra a honra subjetiva, a injúria só se consuma quando a ofensa proferida chega ao conhecimento da vítima. Assim, se a ofensa é feita em sua presença, a consumação é imediata. Se feita em sua ausência, o aperfeiçoamento só se dará quando derem ciência à vítima do que dela foi dito. Verifica-se, portanto, que a injúria pode ser praticada tanto na presença quanto na ausência da vítima. 
· Injúria contra funcionário público e desacato O crime de injúria contra funcionário público, referente ao desempenho de suas funções, excepcionalmente, só pode ser cometido na ausência da vítima. É que a ofensa irrogada em sua presença constitui crime mais grave, previsto no art. 331 do Código Penal, chamado desacato. Assim, se um servidor do Poder Judiciário, quando está no cartório, na presença de seus colegas de trabalho, diz que o juiz de direito é preguiçoso para sentenciar, comete crime de injúria agravada pelo fato de a vítima ser funcionário público (art. 141, II, do CP). Se alguém, todavia, vai até uma sala de audiência e xinga pessoalmente o juiz, responde por desacato.
3.5. Meios de execução
· Verbal
· Escrito (admite tentativa)
· Gestual 
· Simbólico
3.6. Formas de ofender
· Explícita (ou inequívoca)
· Implícita (ou equívoca) 
· Reflexa
3.7. Sujeito ativo
Pode ser qualquer pessoa, exceto as que gozam de imunidade, como Deputados, Senadores, Vereadores em seus municípios, advogados no desempenho de suas atividades, membros do Ministério Público.
3.8. Sujeito passivo
· Pode ser qualquer pessoa. É necessário, todavia, que a ofensa seja endereçada a pessoa ou pessoas determinadas, já que o tipo penal exige expressamente que o agente injurie “alguém”. 
· Desonrados Podem figurar como sujeito passivo porque têm honra subjetiva. 
· Mortos Por não possuírem honra subjetiva, não podem ser injuriados. 
· Menores de idade e doentes mentais.
Dos Crimes contra a Liberdade Individual – Artigos 146 à 154 do CP
A liberdade individual consiste na faculdade de autodeterminação, de fazer o que quiser, dentro, evidentemente, dos limites legais. Refere-se não apenas ao direito de ir e vir mas também ao direito de realizar ou não realizar condutas de acordo com a própria escolha, de ter paz de espírito por não se sentir ameaçado, de não ter sua residência devassada, senão por ordem legal ou em situações específicas, de não ter devassada sua correspondência ou seus segredos etc.
1. Constrangimento Ilegal
Art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa.
· É sempre comissivo.
1.1. Objetividade jurídica
A liberdade das pessoas de fazer ou não fazer o que bem lhes aprouver, dentro dos limites legais.
1.2. Tipo objetivo
O agente constrange, coage, obriga a vítima a fazer ou não fazer algo. O crime, portanto, se aperfeiçoa em duas hipóteses: Quando a vítima é obrigada a fazer algo e quando a vítima é obrigada a não fazer algo.
1.3. Meios de execução
· Violência (emprego de força)
· Grave ameaça (promessa de mal grave)
· Violência imprópria (soníferos, calmantes...)
1.4. Sujeito Ativo
Trata-se de crime comum, pois pode ser cometido por qualquer pessoa. Se o agente for funcionário público, cometerá crime de abuso de autoridade.
1.5. Sujeito Passivo
Pode ser qualquer pessoa que tenha capacidade de determinação.
1.6. Elemento Subjetivo
Doloso. 
· Absoluta: quando o agente não tem qualquer direito à ação ou omissão da vítima. Ex.: obrigar alguém a ingerir uma bebida alcoólica.
· Relativa: quando existe o direito, mas a vítima não pode ser forçada por não haver lei que a obrigue. Ex.: obrigar alguém a pagar dívida de jogo.
1.7. Consumação
É crime material. A consumação só ocorre quando a vítima, coagida, faz o que o agente mandou que ela fizesse, ou deixa de fazer o que ele ordenou que não fizesse.
1.8. Tentativa
É possível quando o agente emprega a violência, grave ameaça ou a violência imprópria e não obtém, por circunstâncias alheias à sua vontade, a ação ou omissão da vítima.
1.9. Causas de aumento de pena
Art. 146, § 1º – As penas aplicam-se cumulativamente e em dobro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais de três pessoas, ou há emprego de armas. Portanto é possível o concurso de agentes.
1.10. Autonomia do crime de lesões corporais
Art. 146, § 2º – Além das penas cominadas, aplicam-se as correspondentes à violência. Se ocorrer constrangimento ilegal mediante violência, o agente responderá, de forma autônoma, o crime de lesão corporal, somando as penas.
1.11. Excludentes de tipicidade
Art. 146, § 3º – Não se compreendem na disposição deste artigo: 
I – a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consentimento do paciente ou de seu representante legal, se justificada por iminente perigo de vida; 
II – a coação exercida para impedir suicídio.
1.12. Ação penal
É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal – mesmo nas figuras qualificadas, em que a pena máxima não supera dois anos.
2. Ameaça
Art. 147. Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave. Pena – detenção,de um a seis meses, ou multa. Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
· É sempre comissivo.
2.1. Objetividade jurídica
A liberdade das pessoas no que tange à sua tranquilidade ou sossego, na medida em que a pessoa ameaçada tende a alterar seus hábitos com receio de que o mal prometido se concretize.
2.2. Tipo objetivo
A conduta típica consiste em ameaçar, isto é, intimidar, anunciar a provocação de um mal injusto e grave. O mal prometido deve ser grave, devendo, portanto, se referir à promessa de dano a bem jurídico relevante para a vítima, como a vida, a integridade física, o patrimônio, a honra etc. Ex.: ameaçar a vítima de morte. 
É ainda necessário que o mal prometido seja injusto, ou seja, contrário ao direito, pois, se o mal prometido for permitido pela legislação, o fato será atípico
2.3. Meios de Execução
· Palavra (presença, gravação...)
· Escrito (bilhete, carta...)
· Gesto (apontar arma, gesticular com a mão...)
· Meio simbólico (algo que represente ameaça à pessoa).
2.4. Sujeito Ativo
Trata-se de crime comum, podendo ser feita por qualquer pessoa. A ameaça feita por funcionário público no exercício de suas funções constitui crime de abuso de autoridade.
2.5. Sujeito Passivo
Pode ser qualquer pessoa, desde que possa compreender o significado da ameaça.
2.6. Elemento subjetivo
Doloso. Consistente na intenção específica de amedrontar, intimidar. É necessário que a ameaça tenha sido proferida em tom de seriedade, mas não se exige que o agente tenha, em seu íntimo, a intenção de concretizar o mal prometido.
2.7. Consumação
É crime formal, bastando que o agente queira intimidar e que a ameaça proferida tenha potencial para tanto. No momento em que a vítima tomar conhecimento do teor da ameaça, independentemente de sofrer efetiva intimidação, ocorre a consumação.
2.8. Tentativa
É possível nos casos de ameaça feita por carta ou pela remessa de fita com gravação ameaçadora pelo correio que não chegam ao destinatário, ou pelo envio de mensagem de texto que não chega à pessoa pretendida por erro no endereçamento do número telefônico.
2.9. Ação penal
É pública condicionada à representação nos termos do artigo 147, parágrafo único, do Código Penal. Tendo em vista o montante máximo da pena, insere-se na competência do Juizado Especial Criminal.
3. Sequestro ou Cárcere Privado
Art. 148. Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere privado: Pena – reclusão, de um a três anos.
· Pode ser comissivo ou omissivo.
3.1. Objetividade jurídica
A liberdade de locomoção.
3.2. Tipo objetivo
A conduta típica é privar alguém de sua liberdade. Essa privação pode se dar por qualquer meio – violência, grave ameaça, uso de soníferos etc.
No sequestro, a pessoa é deixada em lugar aberto com possibilidade de considerável movimentação, porém, sem poder deixar aquele local. No cárcere privado a vítima é privada da liberdade em local fechado.
3.3. Meios de Execução
· Deslocamento (detenção), levando-se a vítima até um determinado local 
· Retenção no próprio local onde já se encontra (trancar a esposa em casa, por exemplo).
3.4. Elemento subjetivo
Doloso. O tipo penal não exige qualquer intenção específica.
3.5. Sujeito Ativo
Trata-se de crime comum, podendo ser feita por qualquer pessoa. Se o delito, contudo, for cometido por funcionário público, no exercício das funções, constituirá crime de abuso de autoridade.
3.6. Sujeito Passivo
Qualquer pessoa, inclusive as impossibilitadas de se locomover ou os doentes graves, bem como crianças e enfermos mentais.
3.7. Consumação
É crime permanente, cuja consumação se prolonga no tempo, pois a liberdade da vítima é continuamente afetada enquanto ela não for solta. Se consuma quando a vítima for privada de sua liberdade por tempo juridicamente relevante.
3.8. Tentativa
É possível, quando o agente inicia o ato de execução, mas não consegue manter a vítima privada de sua liberdade por tempo juridicamente relevante. Ex.: o marido tranca as portas da casa para que a esposa não saia, mas ela, imediatamente, deixa a residência pela porta dos fundos com cópia de chave que ele não sabia existir.
3.9. Ação Penal
Pública incondicionada.
3.10. Figuras qualificadas
Art. 148, § 1º – A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 anos;
II – se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital;
III – se a privação da liberdade dura mais de 15 dias;
IV – se o crime é praticado contra menor de 18 anos;
V – se o crime é praticado para fins libidinosos.
4. Redução a condição análoga à de escravo
Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão da dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena – reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. 
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: 
I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; 
II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. 
§ 2º A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: 
I – contra criança ou adolescente; 
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem.
· Sempre comissivo.
4.1. Objetividade jurídica
A liberdade individual em todas as suas manifestações.
4.2. Tipo objetivo
Não é necessário que haja escravidão – nos moldes do passado – bastando que a conduta do empregador se enquadre em uma das figuras expressamente elencadas no tipo penal. Trata-se, ademais, de crime de ação múltipla em que a realização de uma só conduta já é suficiente para caracterizar o delito; porém, a realização de mais de uma delas, em relação à mesma vítima, constitui crime único.
4.3. Meios de execução
· Submissão da vítima a trabalhos forçados ou jornada exaustiva.
· Sujeição a condições degradantes de trabalho.
· Restrição, por qualquer meio, da liberdade de locomoção em razão de dívida contraída para com o empregador ou preposto deste.
· Cerceamento do uso de meios de transporte, com intuito de reter a vítima no local de trabalho.
· Manutenção de vigilância ostensiva no local de trabalho ou apoderar de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo.
4.4 Sujeito Ativo
Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
4.5. Sujeito Passivo
Também pode ser qualquer pessoa. Eventual consentimento da vítima é irrelevante, já que não se admite que alguém concorde em viver em condição de escravidão.
4.6. Elemento Subjetivo
É o dolo, direto ou eventual. Não se exige intenção específica, senão aquela implícita no tipo penal que é de se aproveitar da mão de obra da vítima.
4.7. Consumação
É crime permanente, pois se prolonga no tempo de duração. Como o Código Penal exige que a vítima seja reduzida à condição análoga à de escravo, é evidente que a situação fática deve perdurar por período razoavelmente longo, de modo a ser possível a constatação, de acordo com as circunstâncias do caso concreto, de que houve uma completa submissão da vítima ao agente.
4.8. Tentativa
É possível.
4.9. Ação penal
É pública incondicionada.
5. Tráfico de pessoas
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: 
I – remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; 
II – submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; 
III – submetê-la a qualquer tipo de servidão; 
IV – adoção ilegal; ou 
V – exploração sexual. Pena – reclusão, de quatro a oito anos, e multa.
· Sempre comissivo.
5.1. Objetividade jurídica
A liberdade pessoal.
5.2. Tipo objetivo
O tipo penal do crime de tráfico de pessoas descreve oito condutas típicas (agenciar,aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher), o objeto material sobre o qual recai uma dessas condutas (pessoa). 
5.3. Meios de Execução
· Grave ameaça
· Violência 
· Coação
· Fraude
· Abuso 
5.4. Sujeito Ativo
É crime comum. Pode ser qualquer pessoa.
5.5. Sujeito Passivo
Qualquer pessoa.
5.6. Elementos Subjetivos
Finalidade de remover órgãos, tecidos ou partes do corpo da vítima, submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo ou a qualquer tipo de servidão; submetê-la à adoção ilegal ou à exploração sexual.
5.7. Consumação
Trata-se de crime formal. No momento em que realizada a conduta típica, ainda que o agente não obtenha o resultado almejado, ocorre a consumação. Se, após a consumação do tráfico de pessoa, o agente efetivamente remove órgãos da vítima ou a submete a trabalho escravo, por exemplo, responde pelas condutas em concurso material. 
Em algumas das modalidades o delito tem natureza permanente: transportar, acolher e alojar. Nas demais, o delito é instantâneo.
5.8. Tentativa
É possível, quando o agente emprega a violência, a grave ameaça, a fraude (etc.), mas não consegue concretizar a conduta típica, ou seja, não consegue, por exemplo, aliciar, transportar, transferir, comprar a vítima.
5.9. Majorantes
O § 1º do art. 149-A contém diversas causas de aumento de pena. De acordo com tal dispositivo, a pena será aumentada de um terço até a metade: 
I – se o crime for cometido por funcionário público no exercício da função ou a pretexto de exercê-la.
II – se o crime for cometido contra criança, adolescente ou pessoa idosa ou com deficiência.
III – se o agente se prevalecer de relações de parentesco, domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de dependência econômica, de autoridade ou de superioridade hierárquica inerente ao exercício de emprego, cargo ou função.
IV – se a vítima do tráfico de pessoas for retirada do território nacional.
5.10. Crime privilegiado
Nos termos do art. 149-A, § 2º, a pena será reduzida de um a dois terços (causa de diminuição de pena), desde que coexistam dois requisitos: 
· Que o réu seja primário.
· Que ele não integre organização criminosa.
5.11. Pena e Ação Penal
A pena é de reclusão de quatro a oito anos e multa, mas pode sofrer modificações em razão das majorantes previstas no § 1º e da causa de diminuição de pena do § 2º. A ação penal é pública incondicionada.
6. Violação de domicílio
Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena – detenção, de um a três meses, ou multa.
· Pode ser omissivo ou comissivo.
6.1. Objetividade jurídica
A tranquilidade da vida doméstica. O crime em tela visa dar concretude ao preceito constitucional de que a casa é asilo inviolável do cidadão (art. 5º, XI).
6.2. Tipo objetivo
De acordo com o texto legal, o crime se tipifica se a entrada ou permanência ocorre: 
· De forma clandestina, isto é, sem que a vítima perceba.
· De forma astuciosa, em que o agente emprega alguma espécie de fraude para obter acesso ao local, como, por exemplo, vestindo uniforme de empresa telefônica, de força e luz, de gás, mentindo tratar-se de pintor contratado pelo condomínio etc.
O fato pode se dar, ainda: 
· Contra a vontade expressa do morador, nas hipóteses em que o responsável pela residência claramente se opõe à entrada ou permanência do agente.
· Contra a vontade tácita do morador, nas situações em que é possível ao agente concluir, em razão das circunstâncias do caso concreto, que o morador não deseja sua entrada ou permanência no local.
6.3. Meios de Execução
· Entrar em casa alheia — significa que o agente invade, ingressa totalmente na residência da vítima ou em alguma de suas dependências; 
· Permanecer em casa alheia — pressupõe que, em um primeiro momento, o agente tenha tido autorização para lá estar e, cessada essa autorização, ele deixe de se deslocar para fora de suas dependências, por tempo razoável.
6.4. Sujeito Ativo
Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. Até mesmo o proprietário de casa alugada pode ser autor do crime, caso nela ingresse sem autorização do inquilino.
6.5. Sujeito Passivo
O morador, titular do direito de proibir a entrada ou permanência de alguém na casa.
6.6. Elemento Subjetivo
É o dolo. A doutrina toda menciona que, para a configuração do crime de violação de domicílio, é necessário que a conduta seja um fim em si mesmo. Por isso, se o ingresso em casa alheia tem por finalidade a prática de outro crime, resta absorvida a violação de domicílio.
6.7. Consumação
Quando o agente ingressa completamente na casa da vítima, ou, quando, ciente de que deve sair, não o faz por tempo juridicamente relevante. A doutrina é unânime no sentido de que a rápida permanência, com espontânea e imediata retirada na sequência, não constitui crime. Assim, a primeira modalidade constitui crime instantâneo e, a segunda, delito permanente, cuja prisão em flagrante é possível enquanto não cessada a execução (art. 303 do CPP). Trata-se, ainda, de crime de mera conduta, uma vez que o tipo penal não descreve qualquer resultado.
6.8. Tentativa
É possível em ambas as figuras. Embora a modalidade “permanecer” em casa alheia seja omissiva, admite, excepcionalmente, a tentativa por ser, concomitantemente, considerada crime permanente, que só se consuma pela recusa em deixar o local por tempo considerável.
6.9. Figuras qualificadas
Art. 150, § 1º – Se o crime é cometido durante a noite, ou em lugar ermo, ou com emprego de violência ou de arma, ou por duas ou mais pessoas: Pena – detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência.
6.10. Causas de aumento de pena
Art. 150, § 2º – Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é cometido por funcionário público, fora dos casos legais, ou com inobservância das formalidades estabelecidas em lei, ou com abuso de poder.
· Aplica-se às formas simples e qualificadas.
6.11. Excludentes de ilicitude
Art. 150, § 3º – Não constitui crime a entrada ou permanência em casa alheia ou em suas dependências: 
I – durante o dia, com observância das formalidades legais, para efetuar prisão ou outra diligência; 
II – a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum crime estiver ali sendo praticado ou na iminência de o ser.
7. Violação de Correspondência
Os delitos previstos no Art. 151, caput, e em seu § 1º, I, do Código Penal, foram substituídos pelos crimes previstos no Art. 40 da Lei n. 6.538/78, que trata do serviço postal e de telegramas.
Art. 40. Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada dirigida a outrem: Pena — detenção, até seis meses, ou pagamento não excedente a vinte dias-multa.
· Comissivo ou comissivo por omissão.
7.1. Objetividade Jurídica
Visa dar materialidade ao art. 5°, XII, da CF, que declara ser inviolável o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas.
7.2. Tipo Objetivo
Trata a lei de proteger a carta, o bilhete, o telegrama, desde que fechados então para que haja crime, é necessário que a abertura da correspondência seja de forma indevida.
7.3. Meios de Execução
Abertura da correspondência de forma indevida.
7.4. Sujeito Ativo
Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. Se o crime for cometido funcionário público no desempenho das funções, a pena será agravada em razão do crime de abuso de autoridade.
7.5. Sujeito Passivo
O remetente e o destinatário, que são as pessoas interessadas na manutenção do sigilo. Trata-se de crime com duplo sujeito passivo.
7.6. Elemento Subjetivo
É o dolo. Não existe modalidade culposa, não podendo ser punido aquele que abre e lê correspondência alheia por engano. 
7.7. Consumação
O delito só se consuma quando ele se intera do conteúdo da correspondência.
7.8. Tentativa
O agente é flagrado quando está abrindo a carta mas é impedido de ler seu conteúdo.
7.9. Causa de aumento de pena
Art. 40, § 2º, da Lei n. 6.538/78 – A pena será aumentada em metade se a conduta causar dano para outrem. 
7.10. Ação Penal
É públicacondicionada à representação, de competência é do Juizado Especial Criminal.
8. Sonegação ou destruição de correspondência
Art. 40, § 1º — Incorre nas mesmas penas quem se apossa indevidamente de correspondência alheia, embora não fechada, para sonegá-la ou destruí-la, no todo ou em parte.
8.1. Objetividade Jurídica
Direito do destinatário de receber a correspondência e o de mantê-la consigo se assim o quiser.
8.2. Tipo Objetivo
Punir o agente que se apodera de correspondência alheia, aberta ou fechada, com o objetivo de sonegá-la ou destruí-la e se a correspondência tem valor econômico, a subtração constitui furto, e a destruição crime de dano.
8.3. Meios de Execução
· Sonegação de correspondência
· Destruição de correspondência
8.4. Sujeito Ativo
Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. Se o crime for cometido funcionário público no desempenho das funções, a pena será agravada em razão do crime de abuso de autoridade.
8.5. Sujeito Passivo
O remetente ou o destinatário.
8.6. Elemento Subjetivo
É o dolo, sendo irrelevante o motivo que levou o agente a querer destruir ou sonegar a correspondência alheia.
8.7. Consumação
Ocorre no instante que o agente se apodera da correspondência.
8.8. Tentativa
É cabível quando o agente não consegue se apossar da carta.
8.9. Causa de aumento de pena
Art. 40, § 2º, da Lei n. 6.538/78 – A pena será aumentada em metade se a conduta causar dano para outrem.
8.10. Ação penal
É pública condicionada à representação, de competência é do Juizado Especial Criminal.
9. Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica
Art. 151, § 1º, II — Na mesma pena incorre quem indevidamente divulga, transmite a outrem ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefônica entre outras pessoas. 
9.1. Objetividade Jurídica
Visa dar materialidade ao art. 5°, XII, da CF, que declara ser inviolável o sigilo de correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal.
9.2. Tipo Objetivo
O delito só se aperfeiçoa quando a divulgação ou transmissão da correspondência são feitas de forma indevida ou quando a utilização é feita de forma abusiva.
9.3. Meios de Execução
· Divulgar (relatar o conteúdo a outras pessoas)
· Transmitir (narrar o conteúdo à pessoa determinada)
· Utilizar (usar para qualquer fim)
9.4. Sujeito Ativo
Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. Se o crime for cometido com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico a pena é de detenção, de um a três anos em tal caso, a ação é pública incondicionada.
9.5. Sujeito Passivo
O remetente ou o destinatário.
9.6. Consumação
No momento da divulgação, transmissão ou utilização da correspondência.
9.7. Tentativa
É possível.
9.8. Ação Penal e Pena
É pública condicionada à representação. A pena é de um a seis meses, ou multa, sendo, por isso, de competência do Juizado Especial Criminal.
10. Impedimento de comunicação ou conversação
Art. 151, § 1º, III — Na mesma pena incorre quem impede a comunicação ou a conversação referidas no número anterior.
10.1. Objetividade Jurídica
Punir quem impede a comunicação telegráfica ou radioelétrica dirigida a terceiros ou a conversação entre outras pessoas. 
10.2. Tipo Objetivo
Impossibilitar que as partes entrem em contato telefônico, telegráfico etc.
10.3. Meios de Execução
Impedimento da comunicação ou conversação.
10.4. Sujeito Ativo
Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. Se o crime for cometido com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico, e, em tal caso, a ação é pública incondicionada.
10.5. Sujeito Passivo
Pessoas que estão se comunicando.
10.6. Consumação
O crime configura-se quando o agente impede a comunicação ou conversação já iniciadas ou mesmo quando, ainda não iniciadas, o agente atua de forma a inviabilizar que as partes entrem em contato telefônico, telegráfico etc.
10.7. Ação Penal e Pena
Art. 151, § 2º - A pena do crime é aumentada em metade se a conduta provoca dano.
§ 4º- A ação é pública condicionada à representação. A pena será de um a três anos de detenção, se o crime for cometido com abuso de função em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou telefônico, e, em tal caso, a ação é pública incondicionada. 
11. Correspondência comercial
Art. 152. - Abusar da condição de sócio ou empregado de estabelecimento comercial ou industrial para, no todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo: Pena — detenção, de três meses a dois anos. Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
11.1. Objetividade Jurídica
A inviolabilidade da correspondência das empresas.
11.2. Tipo Objetivo
O Art. 152 contém um tipo misto alternativo, incriminando quem desvia, sonega, subtrai ou suprime correspondência comercial.
11.3. Meios de Execução
· Desvia (dá rumo diverso do correto)
· Sonega (se apropria e esconde)
· Subtrai (furta)
· Suprime (destrói)
11.4. Sujeito Ativo
Sócio ou empregado tanto da empresa remetente quando da destinatária.
11.5. Sujeito Passivo
É a empresa remetente ou destinatária.
11.6. Elemento Subjetivo
É o dolo. Não se exige qualquer finalidade específica. Não existe figura culposa.
11.7. Consumação
No exato momento em que praticado quaisquer dos atos descritos no tipo penal.
11.8. Tentativa
É possível.
11.9. Ação Penal
Pública condicionada à representação. Esta poderá ser oferecida pela própria pessoa jurídica ou pelos sócios.
12. Divulgação de segredo
Art. 153. Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem: Pena — detenção, de um a seis meses, ou multa.
12.1. Objetividade Jurídica
A finalidade do dispositivo é resguardar o sigilo em relação a segredos contidos em documentos particulares ou em correspondência confidencial cujo conhecimento por outras pessoas possa provocar dano a outrem.
12.2. Tipo Objetivo
Divulgar o conteúdo de documento particular ou de correspondência sigilosa.
12.3. Meios de Execução
Divulgar a um número elevado e indeterminado de pessoas.
12.4. Sujeito Ativo
Destinatário ou detentor do documento ou correspondência.
12.5. Sujeito Passivo
É a pessoa que pode sofrer o dano como consequência da divulgação do segredo.
12.6. Elemento Subjetivo
O crime é doloso e, como a lei exige que o fato ocorra sem justa causa, é necessário que o agente saiba da ilegitimidade de seu comportamento, que tenha ciência de que o conteúdo divulgado era sigiloso e que, portanto, poderia gerar prejuízo a outrem. Não existe figura culposa.
12.7. Consumação
No momento da divulgação do segredo, independentemente da produção de qualquer dano.
12.8. Tentativa
É possível. 
12.9. Forma Qualificada
Art. 153, § 1º-A — Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não nos sistemas de informação ou banco de dados da Administração Pública: Pena — reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
12.10. Ação Penal
Art. 153, § 1º e 2º- Estabelece como regra a ação pública condicionada à representação ficando em competência do Juizado Especial Criminal, salvo se o fato causar prejuízo à Administração Pública, hipótese em que a ação será incondicionada.
13. Violação de segredo profissional
Art. 154. Revelar alguém, sem justa causa, segredo de que tem ciência em razão da função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: Pena — detenção, de três meses a um ano, ou multa. Parágrafo único. Somente se procede mediante representação.
13.1. Objetividade Jurídica
Resguardar o sigilo profissional.
13.2. Tipo Objetivo
Revelar o segredo, o que significa dar ciência, contar a alguém o segredo.
13.3. Meios de ExecuçãoRevelar o segredo a uma pessoa já basta.
13.4. Sujeito Ativo
Confidentes necessários (pessoas que recebem o conteúdo do segredo m razão da função, ministério, ofício ou profissão).
13.5. Sujeito Passivo
É aquele que pode sofrer algum dano com a revelação do segredo, podendo ser o titular do segredo e/ou terceiro.
13.6. Elemento Subjetivo
É o dolo. Não existe figura culposa.
13.7. Consumação
Se consuma no momento em que o segredo chega até a terceira pessoa.
13.8. Tentativa
É possível, por exemplo, na forma escrita, quando uma carta contendo a revelação do segredo se extravia.
13.9. Ação Penal
É pública condicionada à representação. 
14. Invasão de dispositivo informático
Art. 154-A. - Invadir dispositivo informático alheio, conectado ou não à rede de computadores, mediante violação indevida de mecanismo de segurança e com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações sem autorização expressa ou tácita do titular do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter vantagem ilícita: Pena — detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
14.1. Objetividade Jurídica
A segurança nas operações informáticas e o sigilo das informações e dados dos usuários.
14.2. Tipo Objetivo
Punição por crimes cibernéticos.
14.3. Meios de Execução
· Invada o computador alheio com o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou informações.
· Instale vulnerabilidades no sistema a fim de obter vantagem ilícita.
14.4. Sujeito Ativo
Trata-se de crime comum, que pode ser cometido por qualquer pessoa.
14.5. Sujeito Passivo
O dono do computador invadido e qualquer outra pessoa cujos dados sejam copiados ou danificados por estarem nos arquivos do computador afetado.
14.6. Elemento Subjetivo
É o dolo. Não existe modalidade culposa. Não há crime por parte de quem envia e-mail a outra pessoa sem saber que está transferindo um vírus ao outro aparelho.
14.7. Consumação
No exato instante da invasão ou quando o arquivo espião é instalado.
14.8. Tentativa
É possível. É o que ocorre, por exemplo, quando a vítima não abre um e-mail que lhe foi enviado contendo arquivo espião ou quando o programa antivírus impede uma invasão. 
14.9. Figura Equiparada
Art. 154-A, § 1º -“na mesma pena incorre quem produz, oferece, distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa de computador com o intuito de permitir a prática da conduta definida no caput”.
14.10. Causa de aumento de pena da figura simples
Art. 154-A, § 2º - “aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da invasão resulta prejuízo econômico”.
14.11. Figura Qualificada
Art. 154-A, § 3º - Se “da invasão resultar a obtenção de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, assim definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado do dispositivo invadido”, a pena será de reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a conduta não constituir crime mais grave.
 
14.12. Aumento da pena da figura qualificada
Aumenta-se a pena de um a dois terços se houver divulgação, comercialização ou transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou informações obtidos.
14.13. Causas gerais de aumento de pena
Art. 154-A, § 5º - Está previsto aumento de pena de qualquer das modalidades da infração penal (simples ou qualificada), se o crime for praticado contra:
I — Presidente da República, governadores e prefeitos;
II — Presidente do Supremo Tribunal Federal;
III — Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Municipal; ou
IV — dirigente máximo da administração direta e indireta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal. Nesses casos, a pena será agravada de um terço até a metade.
14.14. Ação Penal
Nos crimes definidos no Art. 154-A, somente se procede mediante representação, salvo se o crime for cometido contra a administração pública direta ou indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados, Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas concessionárias de serviços públicos, quando a ação será pública incondicionada.
Referência
(Direito Penal Parte Especial Esquematizado – 9ª Edição - GONÇALVES, Vitor Eduardo Rios – 2019).

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