Aps-Trabalho Provas Operatórias de Piaget

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Provas Operatórias de Piaget
Manaus / Am
2020
ALBA NIRVANA P GARCIA N409DG4
ALINE FERMIN N518081
EDUARDA LOHANY MARTINS TAVARES N4238A0
KAREN ALLINE SOUSA ARAGÃO F0628B7
Provas Operatórias de Piaget 
Trabalho desenvolvido para obtenção 
de nota para a disciplina de Atividades 
Práticas Supervisionadas, ministrada 
pela Profª Iane Cruz Obando.
Manaus / Am
2020
Sumário
Introdução ........................................................................................................................... 4
Teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget ................................................................. 5
Aplicação de Provas Operatórias ........................................................................................6
Considerações.....................................................................................................................10
Referências Bibliográficas .................................................................................................. 11
 
Introdução
As dificuldades de aprendizagem fazem parte de um sistema complexo, influenciado por condições externas e internas em diferentes cenários: escolar, familiar, sociocultural, efeito colateral de medicamento e estágio emocional abalado (Sampaio, 2014b). Manifestando-se de forma leve, moderada ou grave, geral ou específica, de curta ou longa duração (Dockrell & Mcshane, 2000) e acionadas inesperadamente ao longo do processo de ensino-aprendizagem.
As provas Piagetianas têm grande importância para a psicopedagogia. Elas nasceram como um recurso epistemológico de investigação empírica da construção do conhecimento em crianças. Através delas, Piaget pode demonstrar teoricamente que os conhecimentos não eram inatos ou impostos a partir do meio, mas que proviam do resultado de uma construção gradativa (VISCA, 2008).
Nesse trabalho, iremos fazer um breve resumo sobre a teoria do desenvolvimento Cognitivo de Piaget e das Provas Operatórias juntamente com alguns exemplos, analisando vídeos em que submetem crianças de diferentes idades à testes de inteligência e cognição.
 
Teoria do desenvolvimento cognitivo de Piaget
O estudo do desenvolvimento do ser humano envolve compreender o homem em todos os seus aspectos, englobando fases desde o nascimento até o seu mais completo grau de maturidade (Atkinson et al., 2002). Para Jean Piaget, o processo cognitivo se concretiza na aprendizagem e no desenvolvimento. A aprendizagem refere-se à aquisição de uma resposta particular, aprendida em função da experiência, obtida de forma sistemática ou não. Já o desenvolvimento seria uma aprendizagem de fato, sendo este o responsável pela formação dos conhecimentos (Cohen, 2001).
Piaget defendeu que se estudasse, cuidadosa e profundamente, a maneira pela qual as crianças constroem as noções fundamentais de conhecimento lógico, tais como as de tempo, espaço, objeto e causalidade. Estes elementos lógicos poderiam levar à compreensão da gênese e da evolução do conhecimento humano. Assim, entender como o conhecimento evolui constituiu-se a preocupação científica de Piaget. Nesse propósito ele desenvolveu uma profunda e extensa investigação teórica e experimental do desenvolvimento qualitativo das estruturas intelectuais. Assim, a preocupação central de Piaget ao tentar entender a construção do conhecimento recai na inteligência. 
Ele estuda três aspectos fundamentais da inteligência: estrutura da inteligência (são as organizações mentais ou aptidões mentais que a criança possui; são mutáveis no decorrer do processo evolutivo, resultam de seu funcionamento, são inferidas a partir do conteúdo e responsáveis pela organização da inteligência); conteúdo da inteligência (é a conduta externa, aos dados comportamentais não interpretados, o conteúdo expresso sugere diferenças na forma de pensar, ou seja, o conteúdo da inteligência refere-se a dados comportamentais brutos), e função da inteligência (são características amplas de atividade inteligente, válidas para todas as idades e que definem a própria essência do comportamento inteligente. É a maneira pela qual qualquer organismo progride cognitivamente e é invariável ao longo do desenvolvimento) (Matos, 2008).
O desenvolvimento geral do indivíduo será resultado de suas potencialidades genéticas e, sobretudo, das habilidades aprendidas durante as várias fases da vida. A aprendizagem está diretamente relacionada com o desenvolvimento cognitivo. As passagens pelos estágios da vida são marcadas por constante aprendizagem. “Vivendo e aprendendo”, diz a sabedoria popular. Assim, os indivíduos tendem a melhorar suas realizações nas tarefas que a vida lhes impõe. A aprendizagem possibilita ao sujeito compreender melhor as coisas que estão a sua volta, seus companheiros, a natureza e a si mesmo, capacitando-o a ajustar-se ao seu ambiente físico e social (Peres; Oliveira, 2007).
O desenvolvimento cognitivo inicia-se com a capacidade inata de se adaptar ao ambiente e se gradua por meio de três princípios inter-relacionados: 
· Organização ou assimilação, que é a tendência de criar esquemas de cognição, cada vez mais complexa mediante aquisições de informações; 
· Adaptação ou acomodação, que é a forma como uma criança lida com novas informações. Primeiramente, ao recebê-las, ela assimila e após as incorpora nas estruturas cognitivas existentes, e pela acomodação desses esquemas cognitivos há inclusão do novo conhecimento; 
· Equilibração, que determina a mudança da assimilação para a acomodação. 
Piaget divide o desenvolvimento cognitivo em quatro estágios: 
Sensório-Motor (0-2 anos de idade); 
A criança no estágio sensório-motor caracteriza-se por uma inteligência prática, que coordena no plano da ação os esquemas que utiliza. É a fase caracterizada por um contato direto, isto é, sem representação, pensamento ou linguagem, da criança com objetos ou pessoas. Também chamado de estágio da inteligência simbólica. 
Pré-Operatório (2-7 anos); 
O Pré-Operatório caracteriza-se, principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior (sensório-motor). A criança nesse estágio é egocêntrica (centrada em si mesma), não aceita a ideia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos “porquês”). Age por simulação, possui percepção global sem discriminar detalhes e deixa-se levar pela aparência sem relacionar fatos (Coll; Gillièron, 1987; Slomp, 2009)
Operatório Concreto (7-12 anos);
No estágio Operatório Concreto as crianças desenvolvem noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, causalidade, já sendo capazes de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limitam a uma representação imediata, mas ainda dependem do mundo concreto para chegar à abstração. Desenvolvem a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada (reversibilidade). 
Operatório Formal (após 12 anos)
No Operatório Formal a representação é desenvolvida pela abstração total, a criança não se limita mais a uma representação imediata nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis, logicamente buscando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade. As estruturas cognitivas da criança alcançam seu nível mais elevado de desenvolvimento e elas tornam-se aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas (Rappaport, 1981).
Aplicação de Provas Operatórias
Para avaliação do desenvolvimento cognitivo, Piaget lançou e classificou experimentos para aplicação em crianças de diferentes idades. 
Operações infralógicas:
Prova para Conservaçãode Quantidade de formas contínuas (Prova de Transvasamento dos Líquidos e Prova de Alteração da Forma de uma Porção de Massa) e de formas descontínuas, 
Prova de Conservação do Volume, 
Prova de Conservação Espacial (comprimento)
Prova de Conservação de Superfície. 
Operações lógicas: 
De classificação (Prova de operação lógica de classificação aditiva visual, Prova de operação lógica de classificação aditiva tátil-cinestésica, Prova de operação lógica de classificação aditiva antecipatória) 
De seriação (Prova de operação lógica de seriação complexa, Prova de operação lógica de seriação transitividade, Prova de operações lógicas de seriação correspondências seriais), De compensação (Prova de operação lógica de compensação simples, pensamento proporcional, Prova de Pensamento Proporcional por meio da experiência pictórica), Combinatória (Prova de Combinações de Objetos), 
Indução de leis (Prova de Indução de Leis mediante a flutuação dos corpos e eliminação de contradições). 
Prova de Conceito estruturado de Espaço, Tempo, Ordem e Velocidade.
Para exemplificar, transcrevemos algumas provas operatórias em crianças.
Prova de classificação
Teste feito com um menino de 6 anos, chamado pelo nome de Rainer. Nessa experiência é utilizado frutas de dois tipos, sendo essas frutas de quantidades diferentes, que foram apresentadas para Rainer. Em cima de uma mesa havia 2 maçãs e 5 bananas em uma fileira.
Foi perguntado para Rainer o nome das frutas que estavam na mesa, e o que todas elas eram, de imediato Rainer responde o nome de cada fruta e informa também que todas elas são frutas. Foi perguntado novamente o nome das frutas, e o que a maçã era, Rainer rapidamente responde que é fruta, o mesmo o faz com relação a banana. 
Em seguida o avaliador pergunta se na mesa tem mais maçãs ou bananas, Rainer responde que tem mais bananas, o avaliador a pergunta por que?
Rainer cita a quantidade especificada cada fruta em cima da mesa, sendo 5 bananas e 2 maçãs, depois é retirado da mesa pelo avaliador 4 bananas, restando em cima da mesa 1 banana e 2 maçãs. E o avaliador pergunta para Rainer:
_ E agora?
Rainer responde que agora tem mais maçã que banana, em seguida é perguntado por que?
Ele cita as quantidades especificas de cada fruta “2 maçãs e 1 banana”. Depois é questionado se na mesa tem mais maçãs ou frutas?
Rainer responde ao avaliador que tem mais maçãs e frutas, o avaliador pergunta como ele sabe disso? E ele responde informando querem 2 aqui “maçãs” e aqui tem 1 “banana” apontando para as frutas. É colocado na mesa as 4 bananas que haviam sido retirados antes pelo avaliador, e logo pergunta:
_ E agora?
Rainer responde:
_ Tem mais banana, e duas maçãs. E é perguntado porquê?
Ele responde, porque aqui tem 5 bananas e duas maçãs. O avaliador pergunta para Rainer se na mesa tem mais maçãs ou frutas?
Ele de imediato responde que tem frutas, e ela pergunta, porquê? Como é que ele sabe disso?
Rainer novamente responde as quantidades de cada fruta na mesa que são 5 bananas e 2 maçãs. É retirado da mesa 3 bananas e acrescentado mais 1 maçã, ficando na mesa 3 maçãs e 2 bananas.
O avaliador pergunta:
_ E agora? Tem mais frutas ou mais maçãs?
Rainer responde:
_ mais maçãs.
Novamente ela pergunta:
_ Tem mais frutas ou mais bananas?
Rainer responde que tem mais frutas, e ela pergunta se tem mais maçãs ou mais bananas?
Rainer responde que tem mais frutas, ela pergunta por que?
Rainer fala que tem 2 “bananas” aqui e 3 “maçãs” aqui, apontando para as frutas.
https://youtu.be/HAAHA61c7J0
Prova de conservação de quantidade
Experiência feita com um garoto de 7 anos chamado Thiago Melo, onde foi utilizado a quantidade de 10 bombons/bala, onde nesse teste o avaliador forma duas fileiras de balas, onde cada fileira é formada por 5 balas cada, mantendo um distanciamento de cada bala.
O avaliador pergunta para Thiago qual fileira tinha mais balas.
Thiago olha para as fileiras de balas e observa cuidadosamente, depois ele começa a contar as quantidades de balas existente em cada fileira, e chega à conclusão que cada fileira tem a mesma quantidade.
O avaliador pergunta para Thiago: 
_ As duas fileiras tem as mesmas quantidades de balas?
Thiago afirma que sim!
O avaliador mexe os bombons da segunda fileira aumentando a distância entre elas, e pergunta para Thiago:
_ E agora, quem tem mais bala?
Thiago imediatamente começa a fazer a contagem novamente das duas fileiras, confirmando que ainda tinham 5 balas em cada fileira. O avaliador pergunta se as quantidades continuam iguais, Thiago afirma com a cabeça que sim.
Novamente o avaliador mexe nas fileiras de bombons, só que agora a primeira fileira ele coloca as balas bem mais juntinhas, uma ao lado da outra, e a segunda fileira ele as arruma em círculos.
Thiago sorri por achar engraçado a atitude do avaliador, e o avaliador pergunta: 
_ E agora Thiago, quem tem mais balas?
Thiago começa a contar a quantidade de balas que tem em cada grupo, e afirma que continua a mesma quantidade.
O avaliador mexe novamente nos grupos só que dessa vez ele retira uma bala, onde um grupo tem 5 balas e o outro 4 balas, e faz a pergunta para Thiago:
_ Quem tem mais balas?
Thiago conta as balas de cada grupo e aponta com o dedo para o grupo que tem mais balas.
https://youtu.be/oHAVeMq2WWM
Prova de Conservação de Líquido
Experiência feita com uma menina de 5 anos, chamada Emily, onde nessa experiência foi utilizado 2 copos americanos no mesmo modelo, onde o avaliador enche o primeiro copo na metade com água, e quando vai encher o segundo o copo ela pede para Emily ficar observando e quando estiver igual ao primeiro em quantidade, que é para Emily avisar.
Emily observa bem atenta e ao chegar aproximadamente na quantidade de água do primeiro, Emily avisa a avaliadora que já é suficiente. A avaliadora pergunta para Emily se as quantidades estão iguais.
Emily responde que não, e a avaliadora iguala a quantidade de liquido do segundo copo com o mesmo do primeiro, depois a avaliadora pega um terceiro copo, só que esse agora é de formato diferente, sendo ele de tamanho maior em altura e em largura mais estreito, estilo taça de champanhe, a avaliadora passa o liquido de um dos copos americano para a taça, onde o liquido na taça fica mais alto que o do copo americano, e pergunta para Emily:
_ Quais dos copos tem mais líquido?
Emily responde com toda certeza que é o da taça, devido que ela observa o liquido da taça está mais alto que do copo americano.
O avaliador pergunta o porquê isso?
Emily só diz que não sabe informa o motivo, mais afirma novamente que o da taça tem mais líquido que o copo americano.
https://youtu.be/Tm5k6zLMPNI
Prova de conservação de quantidade de forma
O teste foi feito com uma criança de 10 anos, chamada Maria Vitória onde no teste foi utilizado massinha de modelar com 6 cores diferentes, a avaliadora solicita para a Maria Vitória que ela escolha duas cores diferentes de massinha, então ela escolhe a cor vermelha e branca, então em seguida a avaliadora pede para Maria Vitória escolher dessas duas uma para ela, onde ela escolhe a branca e a vermelha fica com a avaliadora.
A avaliadora pede para Maria Vitória fazer uma bolinha da massa branca que está com ela, e a avaliadora também faz uma bolinha da massa de modelar vermelha. Depois de pronta as bolinhas de massinha, a avaliadora pergunta para Maria Vitória, quem tem mais massinha?
Maria Vitória responde que ninguém, em seguida a avaliadora pergunta porquê?
Maria Vitória explica que como as massinhas eram do mesmo tamanho, as bolinhas ficaram iguais. A avaliadora em seguida pega a bolinha vermelha e transforma em um modelo de salsinha e pergunta para Maria Vitória se transformando a massinha no modelo de salsicha, quem tem mais?
Maria Vitória afirma que ninguém, e a avaliadora insiste em pergunta o porquê?
Maria Vitória explica que ela apenas mudou o formato da massinha, mas que a quantidade continua o mesmo, ela não tirou um pedaço. A avaliadora agora transforma a massinha em estilo pizza, e pergunta para Maria Vitória se a pizza émaior que a bolinha dela, de imediato ela responde que nenhum dos dois. E pergunta porquê novamente.
Maria Vitória responde que ela só fez amassar a massinha, e a avaliadora pergunta novamente se ela continua com a mesma quantidade de massa. Maria Vitória afirma com a cabeça que sim.
A avaliadora agora pega a massinha vermelha e divide em 7 pedaços, e pede para Maria Vitória fazer as bolinhas dos 7 pedaços, e novamente pergunta para Maria Vitória quem tem mais massinha?
Maria Vitória permanece com a mesma resposta, que ninguém tem mais massinha. A avaliadora pergunta porquê?
Maria Vitória responde que se ela juntar as7 bolinhas vai dá a mesma quantidade de massa que a bolinha dela, por tanto nenhuma tem quantidade de massa a mais.
https://youtu.be/jw-LDiBpLZs
Considerações
A análise das respostas dos participantes indica que os níveis de capacidade de raciocínio lógico estão coerentes com as respostas esperadas para cada idade, correspondendo com os estudos experimentais de Piaget. Provavelmente isso decorre do processo de aprendizagem, que privilegia a automatização pelas experiências vivenciadas.
Assim, a aprendizagem tem um vínculo direto com o meio social que circunscreve não só as condições de vida do indivíduo, mas também a sua relação com o ambiente escolar e o estudo, sua percepção e compreensão das matérias. A consolidação dos conhecimentos depende dos significados que eles carregam em relação à experiência social do jovem e dos adultos na família, no meio social e no trabalho.
Referências Bibliográficas
Tânia Regina Cavinatto Fassbinder, Luciana Meggiolaro Pretto, Elenita Costa Beber Bonamigo, Simone Zeni Strassburger, Eliane Roseli Winkelmann / Revista Contexto e Saúde, Ed. UNIJUÍ
GOULART, Iris Barbosa. Piaget: Experiências básicas para utilização pelo professor. 24 ed. Editora vozes. 2008
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