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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS NNOOÇÇÕÕEESS SSOOBBRREE CCOONNCCRREETTOO PPRROOTTEENNDDIIDDOO Tatiana Gesteira Martins de Almeida Trabalho apresentado à disciplina SET 5863 – Fundamentos do concreto II Professor: Libânio Miranda Pinheiro São Carlos Outubro, 1999 SSUUMMÁÁRRIIOO LISTA DE FIGURAS _________________________________________________ i APRESENTAÇÃO ___________________________________________________ ii 1. INTRODUÇÃO ___________________________________________________ 1 1.1. GENERALIDADES __________________________________________________ 1 1.2. DESENVOLVIMENTO DO CONCRETO PROTENDIDO ___________________ 5 1.3. BREVE HISTÓRICO DO CONCRETO PROTENDIDO NO BRASIL __________ 8 2. DEFINIÇÕES, CLASSIFICAÇÕES E CONCEITOS _____________________ 10 2.1. DEFINIÇÕES BÁSICAS _____________________________________________ 10 2.2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ______________________________________ 11 2.3. CLASSIFICAÇÕES E TIPOS _________________________________________ 16 3. MATERIAIS _____________________________________________________ 23 3.1. CONCRETO _______________________________________________________ 23 3.2. ARMADURA ATIVA _______________________________________________ 24 3.2.1. CABOS DE AÇO _______________________________________________ 24 3.2.2. CABOS NÃO METÁLICOS ______________________________________ 25 3.2.3. CORDOALHAS ENGRAXADAS __________________________________ 27 3.3. DISPOSITIVOS E EQUIPAMENTOS ADICIONAIS ______________________ 28 4. NOÇÕES SOBRE DIMENSIONAMENTO ____________________________ 31 4.1. ESTÁGIOS DE CARREGAMENTO ___________________________________ 31 4.2. ESTADOS LIMITES A CONSIDERAR _________________________________ 33 4.3. NOÇÕES SOBRE PERDAS DE PROTENSÃO ___________________________ 36 5. APLICAÇÕES, VANTAGENS E DESVANTAGENS ___________________ 38 5.1. APLICAÇÃO EM EDIFÍCIOS ________________________________________ 38 5.2. OUTRAS APLICAÇÕES _____________________________________________ 40 5.3. REABILITAÇÃO DE ESTRUTURAS __________________________________ 42 5.4. CONCRETO ARMADO x CONCRETO PROTENDIDO ___________________ 44 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _________________________________ 46 NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - i LLIISSTTAA DDEE FFIIGGUURRAASS Figura 1.1 – Fila horizontal de livros _____________________________________ 2 Figura 1.2 – Barril de madeira __________________________________________ 2 Figura 1.3 – Roda de carroça ___________________________________________ 3 Figura 1.4 – Protensão com aço de baixa resistência ________________________ 5 Figura 1.5 – Protensão com aço de alta resistência _________________________ 6 Figura 2.1 – Ilustração para caso a) ____________________________________ 13 Figura 2.2 – Ilustração para caso b) ____________________________________ 14 Figura 2.3 – Ilustração para o caso c) ___________________________________ 16 Figura 2.4 – Protensão com cabos externos – viga caixão ___________________ 17 Figura 2.5 – Protensão externa ________________________________________ 18 Figura 2.6 – Içamento de viga I pré-moldada _____________________________ 21 Figura 2.7 – Pista de protensão para vigas pré-moldadas ___________________ 22 Figura 3.1 – Cordoalha engraxada e plastificada __________________________ 27 Figura 3.2 – Exemplo de ancoragem ativa de cordoalhas ____________________ 29 Figura 3.3 – Exemplo de ancoragem passiva de cordoalhas __________________ 29 Figura 3.4 – Exemplo de ancoragem para barras __________________________ 30 Figura 5.1 – Museu de Arte Contemporânea em Niterói _____________________ 39 Figura 5.2 – Teatro de Arena do Parque Vila Lobos ________________________ 39 Figura 5.3 – Construção de um viaduto com vigas I pré-moldadas _____________ 40 Figura 5.4 – Reservatório elevado protendido em forma de funil ______________ 41 Figura 5.5 – Alívio de carga nos pilares através da protensão ________________ 43 Figura 5.6 – Reabilitação através da introdução de apoios adicionais __________ 43 NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - ii AAPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO Este trabalho apresenta algumas noções sobre o concreto protendido e suas aplicações. Não se tem a intenção de comentar os procedimentos de cálculo. O objetivo foi produzir um texto básico, reunindo de maneira clara os principais conceitos que o engenheiro deve ter sobre os materiais e as técnicas envolvidas no processo de fabricação do concreto protendido. Será dada uma noção sobre os aspectos que devem ser considerados no projeto de elementos fletidos, como estados limites envolvidos e perdas de protensão. Apresentar-se-á, também, diversas possibilidades de aplicação do concreto protendido, ressaltando suas vantagens e desvantagens quando comparado com outros materiais estruturais. Trata-se de um “material” com grande potencialidade de aplicação, que deve ser melhor estudado para que seja mais utilizado e com eficiência. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 1 11.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO Neste primeiro capítulo serão comentados alguns aspectos gerais sobre a protensão, não necessariamente aplicada ao concreto. Será feito um breve histórico do surgimento do concreto protendido no mundo e de sua aplicação no Brasil. 1.1. GENERALIDADES A protensão, de uma maneira bem genérica, consiste na criação intencional de um estado prévio de tensões em algum material visando a melhorar o seu comportamento. Este material não necessariamente é o concreto. Aliás, o uso da protensão é muito anterior à descoberta da possibilidade de sua aplicação ao concreto estrutural. Fatos corriqueiros e outras aplicações bastante antigas servem para ilustrar o efeito da protensão, como será visto a seguir. Imagine que se queira carregar um conjunto de livros colocados em uma fila horizontal, como ilustra a figura 1.1. Neste caso, não basta apenas que se aplique uma força vertical para levantar os livros. É necessário, anteriormente, impor uma força horizontal de compressão, que gere um estado prévio de tensões na fila de livros. Comprimindo-se os livros uns contra os outros, mobilizam-se as forças de atrito entre eles, o que permite que fiquem unidos e possam ser levantados. Observe- se que a força aplicada deve ser de intensidade tal que o atrito gerado seja capaz de suplantar o efeito do peso próprio dos livros. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 2 H V H V Figura 1.1 – Fila horizontal de livros Há muitos séculos a protensão é usada para a confecção de barris de madeira. Neste caso, como ilustra a figura 1.2, aros metálicos com um certo diâmetro são forçados, por meio de um processo mecânico, a ocupar uma posição de diâmetro superior no barril. Os aros, desta forma estendidos e sob esforços de tração, tendem a voltar à sua posição original, gerando esforços radias de compressão e forçando os gomos a manterem-se unidos. Com este procedimento consegue-se solidarizar as partes do barril, que passa a ser capaz de suportar a pressão hidrostática do líquido em seu interior. Esta vedação só é possível graças à instalação prévia de um estado de tensões conveniente. GOMOS DE MADEIRA AROS METÁLICOS Figura 1.2 – Barril de madeira Um terceiro exemplo e também bastante antigo é o da roda de carroça. Assim como no caso do barril, a roda de carroça é composta por um conjunto de peças de madeira montadas por encaixe e solidarizadas por um aro metálico. Neste caso, no NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 3 entanto, o estado de tensões não é aplicado por um processo mecânico. O procedimento para solidarização dos elementos consiste em pré-aquecer o aro metálico de forma que ele aumente de diâmetro o suficiente para ser encaixado em volta do aro de madeira. Ao esfriar, o aro metálicotende a reduzir de tamanho, gerando uma compressão radial e mantendo unidos os raios e o aro de madeira. Isto pode ser melhor visualizado na figura 1.3. O aro metálico serve também para proteger as peças de madeira contra o desgaste mecânico. ARO DE AÇO PRÉ-AQUECIDO ARO E RAIOS DE MADEIRA Figura 1.3 – Roda de carroça Como se pôde observar nos três exemplo clássicos citados anteriormente, a protensão foi utilizada para criar um estado prévio de tensões de compressão, visando a solidarizar partes de uma “estrutura”. Um conceito muito similar a este é usado na execução de pontes com aduelas pré-moldadas, que são mantidas unidas através da protensão. O exemplo do barril, particularmente, tem uma idéia similar ao que é feito atualmente em reservatórios, onde a protensão auxilia na resistência às pressões hidrostáticas do líquido armazenado e na impermeabilidade da estrutura. No entanto, unir partes de uma estrutura não é o objetivo principal da protensão na maioria das aplicações usuais. Nestas, pode-se distinguir, como citado em LIN & BURNS (1981), dois interesses primordiais: induzir deformações e tensões desejáveis à estrutura e contrabalançar tensões e deformações indesejáveis. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 4 Com estes mesmos propósitos a protensão pode ser aplicada a vários materiais e estruturas como, por exemplo, treliças metálicas ou de madeira, solos e rochas. Em se tratando de concreto estrutural, a protensão permite uma combinação ideal do concreto de alta resistência e do aço de alta resistência (armadura ativa). Neste caso, para se aplicar a protensão a armadura ativa é tracionada, alongando-se, e é, posteriormente, ancorada no concreto. Tendendo a voltar a sua posição original, a armadura transmite um estado de tensões de compressão ao concreto. Desta forma, induz-se no concreto, que é um material frágil, tensões prévias de compressão que vão combater tensões futuras de tração quando a peça estiver em serviço, evitando também a fissuração. O aço de alta resistência, que é um material dúctil, é mais bem aproveitado trabalhando sob tensões mais elevadas. A capacidade do aço de alta resistência, se usado em concreto armado, seria limitada pela deformação do concreto. Segundo GERWICK Jr. (1992), o concreto é um material excelente para ser protendido, devido a sua reserva de resistência à compressão. Além disso, o referido autor destaca sua potencialidade de aplicação devido aos seguintes fatores: Está disponível em todo o mundo; É um material barato; É facilmente moldável; Protege o aço contra o fogo e a corrosão. Apesar de se tratarem de estruturas compostas pelos mesmos materiais, concreto e aço, existem inúmeras diferenças relevantes entre o concreto armado e o protendido. O fato de se introduzir a armadura ativa no concreto protendido resulta numa série de condições extras a serem consideradas durante o projeto e a execução. A protensão não determina um estado fixo de tensões e de deformações, como a princípio pode parecer. As forças de protensão decrescem ao longo do tempo, principalmente devido ao efeito da retração e da fluência do concreto e da relaxação do aço. Estes decréscimos são chamados de perdas de protensão. Além disso, por se trabalhar com materiais de alta resistência, estruturas de concreto protendido requerem um alto grau de controle tecnológico e mão-de-obra especializada para sua NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 5 execução. A aplicação da protensão exige, ainda, uma série de equipamentos e dispositivos especiais como macacos de protensão, bainhas e dispositivos de ancoragem. 1.2. DESENVOLVIMENTO DO CONCRETO PROTENDIDO As primeiras tentativas de se protender o concreto datam do final do século XIX, sendo aplicadas na construção de lajes e pisos. Foram também realizados alguns ensaios, mas em todos os casos a protensão era perdida devido aos efeitos da retração e da fluência do concreto. Estes primeiros métodos não obtiveram êxito, por usarem os aços convencionais para concreto armado, que sofrem muito mais com o efeito da retração e da fluência do concreto do que os aços de alta resistência. Pode- se ilustrar este fato, de maneira simplificada, como se segue. Imagine-se uma viga em concreto com armadura em aço CA-50, protendida sob uma tensão de 40kN/cm 2 (figura 1.4). Adotando-se um módulo de elasticidade de 21000kN/cm 2 , pode-se calcular, pela Lei de Hooke, a deformação específica desta barra: 3109,1 21000 40 E Comprimento original = 0,0019 0,0015 Alongamento do aço Encurtamento do concreto Figura 1.4 – Protensão com aço de baixa resistência NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 6 Se a armadura protendida fosse, no entanto, em aço de alta resistência submetido a uma tensão de 140kN/cm 2 (figura 1.5), por exemplo, e admitindo-se um módulo de elasticidade de 20000kN/cm2, a deformação específica valeria: 3100,7 20000 175 E Por admitir tensões maiores, o alongamento do aço de alta resistência durante a aplicação da protensão é maior. Imagine-se, agora, que o concreto sofra um encurtamento devido à retração e à fluência. Se a deformação específica do concreto chegar a 0,15% (1,510 -3 ), o aço convencional terá encurtado e perdido quase que completamente a força de protensão aplicada. O aço de alta resistência, no entanto, ainda estará sob uma tensão correspondente a uma deformação de aproximadamente 5,510 -3 . Comprimento original = 0,0015 Alongamento do aço Alongamento efetivo do aço 0,0070 Encurtamento do concreto 0,0055 Figura 1.5 – Protensão com aço de alta resistência Segundo LEONHARDT (1983), em 1919, Wettstein utilizou cordas de piano, altamente pré-tracionadas, para a construção de pranchas de concreto de pequena espessura. Trata-se do primeiro registro que se tem da utilização de aços de alta resistência sob elevadas tensões em concreto protendido. Wettstein não tinha consciência, no entanto, de que este seria um fator decisivo para a evolução do concreto protendido. A consolidação do concreto protendido como material estrutural deve-se, principalmente, aos estudos e obras realizados por Freyssinet, tido o pai do concreto NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 7 protendido. A partir de suas análises sobre a retração e a fluência do concreto, ele teceu hipóteses e estabeleceu conclusões fundamentais sobre o comportamento do material. Em 1928, Freyssinet patenteou seu sistema de protensão usando aços de alta resistência e baixa relaxação 1 . Destaca-se, também, a contribuição de Hoyer para o desenvolvimento da pré- tração, sem dispositivos externos de ancoragem. O sistema por ele desenvolvido é semelhante ao que se usa hoje nas pistas de protensão de peças pré-moldadas. Consiste em tracionar os cabos de aço entre dois blocos de reação distantes entre si, de tal forma que são concretadas entre os blocos várias vigas ao mesmo tempo. Após o endurecimento do concreto, os cabos de aço são cortados, e a força de protensão é transferida ao concreto através da aderência da armadura ativa. Destacam-se ainda outras contribuições de Freyssinet, no desenvolvimento de ancoragens em cunhas e macacos de protensão, e de Magnel, que desenvolveu um sistema em que dois fios eram tracionados ao mesmo tempo e ancorados em um único dispositivo em cunha. Entre os primeiros sistemas de protensão patenteados é importante citar também o sistema Dywidag, desenvolvido por Dyckerhoff & Widmann, que utilizava barras de aço de 25mm como armadura ativa; o sistema suiço VSL (Vorspann System Losinger), inicialmente desenvolvidos para fios de aço, e o sistema Leonhardt-Baur (Leoba) com ancoragens especiais para os feixes de barras e cabos concentrados para forças de protensão muito elevadas. Acredita-se que o uso do concreto protendido teve grande impulso devido à escassezde aço durante a segunda guerra mundial, já que o concreto protendido exige muito menos aço do que as estruturas metálicas normalmente utilizadas na época. Desde então, são inúmeras as pontes em concreto protendido construídas em muitos países europeus, como França, Bélgica, Alemanha e Suíça e na antiga União Soviética. Nos Estados Unidos o desenvolvimento do concreto protendido seguiu um outro caminho. Inicialmente, destacou-se a construção de estruturas com protensão 1 Por relaxação entende-se o fenômeno pelo qual há uma queda de tensão no aço quando uma armadura, deformada por uma solicitação inicial, é mantida sob comprimento constante. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 8 circular, como em reservatórios cilíndricos. Posteriormente tomou impulso a construção de pontes com a aplicação da protensão linear em vigas. Segundo LIN & BURNS (1981), desde 1960, o uso da protensão em pontes americanas tornou-se uma prática comum, sendo que, em alguns estados, a quase totalidade das pontes com vãos entre 18 e 36m são em concreto protendido. 1.3. BREVE HISTÓRICO DO CONCRETO PROTENDIDO NO BRASIL As primeiras obras em concreto protendido no Brasil nada ou pouco têm de brasileiras, a não ser por estarem aqui localizadas. Os projetos, os materiais e os sistemas de protensão eram importados. Isto é facilmente justificável pelo fato da aplicação da protensão exigir aço de alta resistência, sistemas de ancoragens e outros equipamentos que não são facilmente desenvolvidos e precisam ser testados para que possam ser utilizados. A primeira obra em concreto protendido no Brasil foi a Ponte do Galeão, que une a Ilha do Governador à Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, concluída em 1949. Nesta obra, que utilizou o sistema Freyssinet, tudo foi importado da França: projeto, equipamentos, ancoragens e cabos de aço. A ponte possui um total de 380m e é constituída de vigas de seção I, pré-moldadas com o sistema de pós-tração. Em 1950 foi fundada a STUP 2 (Sociedade Técnica para Utilização da Protensão) brasileira. A partir daí outras empresas passaram a ter representações no Brasil como a VSL, e a Dywidag. Alguns sistemas de protensão com pós-tração foram desenvolvidos no Brasil, destacando-se o Sistema Rudloff, desenvolvido pelo engenheiro José Rudloff Manns; os sistemas do Prof. Pfeil desenvolvidos entre 1960 e 1965; e o sistema MAC, desenvolvido em 1982 e desde então sendo largamente utilizado no Brasil. A pré-tração chegou ao Brasil 5 anos após a pós-tração, através do já citado sistema Hoyer. O sistema, que utiliza fios de aço, foi patenteado pelo engenheiro Ruben Duffles Andrade e utilizado para a fabricação de caixas d’água domiciliares. 2 STUP é o nome da companhia de Freyssinet em Paris NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 9 Posteriormente, foram desenvolvidas as cordoalhas de aço que foram utilizadas pelo referido engenheiro para a fabricação de mourões. Com o desenvolvimento de fios mais grossos a pré-tração ganhou mais destaque, sendo hoje largamente utilizadas as cordoalhas de 7 fios nas fábricas de pré-moldados. Vasta informação sobre o histórico da protensão no Brasil pode ser encontrada em VASCONCELOS (1992). NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 10 22.. DDEEFFIINNIIÇÇÕÕEESS,, CCLLAASSSSIIFFIICCAAÇÇÕÕEESS EE CCOONNCCEEIITTOOSS Para que melhor se compreenda a leitura deste texto e de outros textos técnicos relativos ao assunto aqui abordado, bem como a linguagem utilizada na prática, é importante ter em mente o significado dos termos relativos ao concreto protendido correntemente utilizados. Os temos principais serão definidos aqui. Será dada também uma conceituação mais completa sobre o concreto protendido aplicado a elementos fletidos. 2.1. DEFINIÇÕES BÁSICAS O primeiro termo que deve ser compreendido corretamente é protensão. Já foi definido anteriormente que protensão é um artifício utilizado para submeter uma estrutura a um conveniente estado prévio de tensões. Volta-se a este tema para chamar a atenção de que esta é a definição mais ampla de protensão, sendo em muitos livros e normas restringida a um campo específico de aplicação. A norma brasileira NBR 7197 (1989), por exemplo, se aplica apenas a elementos de concreto protendidos por armadura e define peça de concreto protendido como sendo “aquela que é submetida a um sistema de forças especialmente e permanentemente aplicadas, chamadas forças de protensão e tais que, em condições de utilização, quando agirem simultaneamente com as demais ações, impeçam ou limitem a fissuração.” Já a definição dada pelo Comitê do ACI sobre Concreto Protendido (ACI Committee on Prestressed Concrete) e transcrita por LIN & BURNS não explicita nada sobre controle de fissuração. Neste caso, define-se concreto protendido como o concreto no qual foram introduzidas tensões internas de tal magnitude e distribuição, NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 11 que as tensões resultantes de uma dada carga externa aplicada seja contrabalançada a um nível desejado. Armadura de protensão ou armadura ativa ou, ainda, cabo de protensão, é o elemento que será tracionado e, quando devidamente ancorado, transmitirá a força de protensão ao concreto. Pode ser constituída por fios, barras, cordoalhas ou feixes (de fios ou de cordoalhas). Armadura passiva é qualquer armadura que não seja utilizada para produzir forças de protensão, e são normalmente constituídas por barras ou fios de aço para concreto armado (CA-50 e CA-60). Macaco de protensão é o termo dado para designar o equipamento usado para tracionamento da armadura ativa. Em geral os macacos são hidráulicos. Os macacos de protensão podem, também, ser utilizados aplicando uma compressão diretamente ao concreto (caso não previsto pela norma brasileira). 2.2. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS O comportamento do concreto protendido pode ser compreendido e analisado de algumas maneiras diferentes. É fundamental que o projetista entenda estas diferenças, para que possa dimensionar eficientemente as estruturas de concreto protendido. LIN & BURNS (1981) expõem e exemplificam três conceitos sobre o comportamento do concreto protendido, que serão vistos a seguir. Vale ressaltar que os exemplos que serão dados têm caráter meramente ilustrativo; o dimensionamento do concreto protendido exige um estudo muito mais aprofundado e não faz parte do escopo deste trabalho. a) Protensão para transformar o concreto num material elástico Este é o conceito mais evidente ao se pensar em concreto protendido: aplicar ao concreto uma pré-compressão, de forma que ao ser carregado (em serviço) não apareçam tensões de tração, evitando-se a fissuração, e transformando-o em um material elástico. Neste caso pode-se dizer que o elemento de concreto está submetido a dois sistemas de forças: um interno, a protensão, e outro externo, as cargas aplicadas, sendo que as tensões de tração geradas pelo carregamento externo NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 12 são contrabalançadas pela compressão originada da protensão. Consequentemente, a fissuração devida à tração é evitada (ou, pelo menos, retardada). Desta forma, as tensões e deformações devidas a cada um dos esforços podem ser calculadas separadamente e somadas (princípio da superposição de esforços). Para ilustrar este conceito, considere-se uma viga de seção 20cm x 75cm e de 7m de vão (figura 2.1). A viga está submetida a uma carga externa distribuída q = 20kN/m e a uma força de protensão P = -600kN, aplicada com uma excentricidade e = 12,5cm em relação ao centro de gravidade da seção. Devido a esta excentricidade, a força de protensão gera na seção uma flexo-compressão, podendo ser substituída por uma força P = -600kN e um momento ePMp aplicados aocentro de gravidade da seção. Pode-se calcular a tensão resultante na seção no meio do vão, como a soma das parcelas devidas à compressão centrada da protensão, ao momento causado pela protensão e ao momento causado pela carregamento externo, conforme dado pela equação abaixo: y I M y I eP A P q (2.1) Sendo 4 3 cm703125 12 hb I cmkN12250 8 q M 2 q tem-se, da equação 2.1, que a tensão na fibra inferior (y = 37,5cm) vale: 2cm/kN147,05,37 703125 12250 5,37 703125 5,12600 1500 600 e na fibra superior (y = -37,5cm) é: 2cm/kN653,0)5,37( 703125 12250 )5,37( 703125 5,12600 1500 600 NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 13 Isto pode ser também visualizado nos gráficos de distribuição de tensões da figura 2.1. Observe-se que, como foi dito anteriormente, o concreto trabalha exclusivamente à compressão e como um material elástico. 7m q = 20kN/m 25,0 37,5 12,5 20 y 75,0 A A Seção transversal corte A-A -0,4 +0,4 -0,65 -0,65 -0,4 -0,4 +0,65 -0,15 + + = Tensões devidas à protensão Tensões devidas à carga q Tensões resultantes Figura 2.1 – Ilustração para caso a) b) Protensão para combinar aço de alta resistência com concreto Este conceito é muito similar ao já conhecido e utilizado para concreto armado, onde o momento externo é resistido por um binário formado pela força de compressão no concreto e pela força de tração no aço. Desta maneira é possível enxergar o dimensionamento do concreto protendido de uma forma simples, baseando-se em princípios já conhecidos. Como já foi dito anteriormente, é imprescindível a utilização de aço de alta resistência em concreto protendido. Por outro lado, não é interessante utilizar o aço de alta resistência no concreto armado convencional, visto que, para desenvolver a sua resistência, a armadura teria que se alongar muito, resultando na extensiva fissuração do concreto adjacente. Portanto, para utilização do aço de alta resistência, ele deve estar pré-tracionado, pré-comprimindo assim o concreto. Através de um exemplo será dada uma idéia de como é possível usar os fundamentos do dimensionamento do concreto armado para o concreto protendido. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 14 Para isto, admita-se a mesma situação ilustrada na figura 2.1. Fazendo um corte da viga ao meio, pode-se mostrar o binário de tração e compressão, no aço e no concreto, respectivamente. O momento externo nesta seção, como já foi visto anteriormente, vale: cmkN12250 8 q M 2 q A força de tração no aço é igual à força de protensão aplicada, e pode-se escrever que C = -T = -600kN. O braço de alavanca é calculado dividindo-se o momento externo atuante pela força, e vale: cm42,20 600 12250 z Determina-se a distância da força de compressão C ao centro de gravidade da seção (ver figura 2.2): 92,750,1242,20c q = 20kN/m 25,0 37,5 12,5 20 75,0 -0,65 -0,15 20,4 T = 600kN C = 600kN Figura 2.2 – Ilustração para caso b) A tensão pode, então, ser calculada pela equação abaixo: y I cP A P Para a fibra inferior tem-se: 2cm/kN147,05,37 703125 92,7600 1500 600 e para a fibra superior: 2cm/kN653,0)5,37( 703125 92,7600 1500 600 NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 15 Como se pode observar os valores encontrados são exatamente iguais aos do caso a) anterior. A diferença está na forma de pensar o problema. c) Protensão para obter um balanceamento das cargas externas Este terceiro conceito consiste em considerar o efeito da protensão para contrabalançar o efeito das cargas externas. É muito utilizado no cálculo de lajes e vigas para contrapor o efeito da flexão gerado pelas cargas gravitacionais, de forma que a peça fique sujeita apenas a tensões diretas de compressão. Com este conceito consegue-se, muitas vezes, simplificar a análise e o dimensionamento de estruturas complicadas. Para aplicação do método, a armadura de protensão deve ser substituída por forças equivalentes. Na viga dos exemplos que foram mostrados, com cabo em forma de parábola, a armadura pode ser substituída por forças verticais uniformemente distribuídas, de intensidade: 2 fP8 u onde f é a flecha da parábola no ponto considerado (figura 2.3). Para a seção no meio do vão esta força vale: m/kN24,12cm/kN1224,0 700 5,126008 u 2 7m q = 20kN/m 25,0 37,5 12,5 20 75,0 A A Seção transversal corte A-A -0,4 -0,25 -0,65 -0,4 +0,25 -0,15 + = u = 12,2kN/m Tensão devida à força de protensão Tensão devida à carga líquida Tensão resultante NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 16 Figura 2.3 – Ilustração para o caso c) Como esta força se contrapõe à carga q aplicada, tem-se uma carga distribuída resultante de: m/kN76,72,1220qR A viga está, então, submetida a uma carga externa distribuída qR = 7,8kN/m e a uma força de compressão centrada P = -600kN. A tensão é calculada como a soma dos efeitos destas duas ações, através da equação abaixo: y I M A P R onde MR é o momento resultante dado por: cmkN4750 8 q M 2 R R Para a fibra inferior tem-se: 2cm/kN147,05,37 703125 4750 1500 600 e para a fibra superior: 2cm/kN653,0)5,37( 703125 4750 1500 600 Chega-se, portanto, aos mesmos resultados dos exemplos anteriores, através deste terceiro conceito. Vale ressaltar que, para utilização do método do balanceamento das cargas em elementos com cabos de configurações diferentes das apresentadas aqui, as equações para u são diferentes. Um estudo mais aprofundado deste método pode ser visto em LIN & BURNS (1981). 2.3. CLASSIFICAÇÕES E TIPOS Do que já foi visto até agora pode-se perceber que existem diversas formas de aplicação da protensão, podendo-se variar o tipo de ancoragem, o posicionamento dos cabos em relação ao concreto, o nível de protensão, dentre outros fatores. Para NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 17 que a distinção entre estes tipos de protensão fique clara, são dadas a seguir algumas definições e características importantes. a) Protensão interna ou externa Diz-se que uma peça está submetida à protensão interna quando a armadura ativa está embutida no concreto, como no caso das vigas dos exemplos que foram vistos até agora (figuras 2.1, 2.2 e 2.3). Já no caso, por exemplo, das vigas caixão normalmente utilizadas na construção de pontes, os cabos são colocados na parte vazada da seção (figura 2.4), sendo que a protensão é transferida para o concreto através de dispositivos especiais de fixação. Diz-se, então, que a protensão é externa ou, mais especificamente, com cabos externos. Em obras deste tipo, se a armadura de protensão apresentar algum tipo de patologia após um certo período de uso, fica mais fácil substituí-la, por se tratarem de cabos externos não aderentes. É importante lembrar que a armadura de protensão deve ser adequadamente protegida contra a corrosão. Segundo GERWICK JR (1992) é procedimento comum revestir os cabos com graxa com propriedades para inibir a corrosão e envolvê-los por uma capa plástica ou de fibra de vidro. Figura 2.4 – Protensão com cabos externos – viga caixão (GERWICK JR., 1993) Há, ainda, a protensão externa à peça de concreto, não aplicada por cabos. Para este tipo de protensão são colocados macacos externos às peças, comprimindo- as, como pode ser observado na figura 2.5. Este último caso não é muito comum, visto que a protensão é perdida ao longo do tempo devido à fluência e à retração do concreto, sendo necessário prover um meio de se restaurar a protensão ao longo da vida da estrutura. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 18 Viga em concreto MacacoMacaco Figura 2.5 – Protensão externa A protensão externa foi utilizada para execução dos túneis em alguns trechosdo metrô de São Paulo. Os anéis circulares que formavam os túneis eram constituídos por 5 trechos em arco e a protensão era aplicada através de macacos tóricos 3 dispostos entre as partes. Este tipo de solução pode ser aplicada também em pavimentos de concreto. b) Protensão linear ou circular A protensão circular é normalmente utilizada em reservatórios e silos cilíndricos. Nestes casos, a armadura ativa envolve a estrutura, produzindo um cintamento. A protensão linear, por sua vez, é o tipo de protensão comumente utilizada em vigas e lajes. Ressalta-se que os cabos não são necessariamente retos; podem ser, por exemplo, poligonais ou parabólicos. A diferença está no fato de que na protensão linear os cabos não circundam o elemento protendido. c) Pré-tração ou pós-tração O termo pré-tração designa o método de protensão pelo qual o concreto é lançado após o tracionamento da armadura. Os cabos são protendidos e fixados temporariamente em encontros externos à forma da peça. Posteriormente, o concreto é lançado e, atingindo certa resistência, dá condição para que os cabos sejam 3 Macacos tóricos funcionam como uma bolsa d’água. Quando injetado em seu interior algum fluido sobre pressão eles se expandem, solicitando as peças de concreto adjacentes. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 19 cortados. Assim os esforços são transferidos da armadura para o concreto. A pré- tração é utilizada, principalmente, na fabricação de peças pré-moldadas. Um elemento é pós-tracionado quando a protensão é aplicada após o endurecimento do concreto. O procedimento mais comum para vigas e lajes consiste em posicionar, durante a montagem da forma, as bainhas de protensão. Após o endurecimento do concreto os cabos são passados pelo interior das bainhas e a protensão é aplicada. O próprio concreto serve como reação (apoio) para o macaco hidráulico, e por isto é necessário que já tenha atingido uma resistência suficiente quando do tracionamento dos cabos. Vale ressaltar que posteriormente deve-se injetar nas bainhas um material com a função de proteger a armadura, podendo ser calda de cimento, no caso de armaduras aderentes, ou graxa, no caso de armaduras não aderentes. d) Cabos aderentes e não aderentes Os cabos de protensão são ditos aderentes quando mantêm aderência ao concreto em toda sua extensão, ou seja, a transferência de esforços (da armadura para o concreto e do concreto para a armadura ) é feita em todo o comprimento dos cabos. As peças protendidas com cabos aderentes podem ser subdivididas em dois grupos: com aderência inicial e com aderência posterior. Tem-se a aderência inicial quando o concreto é lançado envolvendo a armadura previamente tracionada e ancorada em dispositivos externos, tratando-se, essencialmente, de peças de concreto pré-tracionadas. Quando os cabos são liberados, a protensão é transferida para o concreto através da aderência entre o cabo e o concreto, que já deve estar suficientemente desenvolvida. A aderência posterior, por sua vez, é consequência do sistema de pós-tração. Os cabos passantes pelas bainhas são protendidos e ancorados na própria peça de concreto através de dispositivos mecânicos. Neste estágio tem-se, ainda, armadura não aderente. Posteriormente, injeta-se na bainha através de uma mangueira previamente instalada, a calda de cimento que proporcionará a aderência entre a armadura e a bainha e, consequentemente, entre a armadura e o concreto. A protensão com aderência posterior, devido à sua flexibilidade, tem um largo campo NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 20 de aplicação como, por exemplo, pontes, barragens, grandes reservatórios de água, contenção de taludes e coberturas de grande vão. Os cabos não aderentes, como o próprio nome já indica, são aqueles em que não há transferência de esforços entre a armadura e o concreto ao longo do seu comprimento. A protensão é passada do cabo para o concreto exclusivamente por dispositivos mecânicos. Os cabos não aderentes podem ficar externos ao concreto ou passantes pelas bainhas. Neste segundo caso é injetada graxa no interior da bainha proporcionando maior proteção à armadura. Segundo HANAI (1995) “atualmente, aplicações da protensão com cabos não aderentes têm sido desenvolvidas, sobretudo tendo em vista a melhoria das condições de manutenção das estruturas.” Vale acrescentar que cabos aderentes podem ser propositadamente deixados não aderentes em alguns trechos do seu comprimento, quando for conveniente. Ressalta-se, ainda, que a existência ou não de aderência se refere à armadura ativa, visto que a armadura passiva sempre deve estar aderente ao concreto. e) Protensão total ou parcial A intenção de expor esta classificação é, apenas, dar uma idéia de que se pode aplicar a protensão em níveis variados e com objetivos diferentes. Cada norma tem sua definição particular dos níveis de protensão em função das combinações de ações utilizadas nas verificações. Tem-se protensão total quando uma peça é projetada de forma que não apareçam tensões de tração mesmo sob as solicitações em serviço. Por outro lado, se no projeto é admitida a existência de alguma tensão de tração tem-se, então, a protensão parcial. Desde já pode-se notar que esta não é uma distinção fácil de se fazer pois não se tem uma resposta exata para a pergunta: “Qual é a carga real em serviço da estrutura?” As normas estabelecem valores de cargas e fatores de combinação baseando-se em probabilidades de ocorrência. f) Elementos pré-moldados ou moldados “in loco” NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 21 As estruturas pré-moldadas (figura 2.6) são aquelas moldadas fora do seu local de utilização definitivo. Podem ser pré-fabricadas quando são feitas em local específico, fora do canteiro e posteriormente transportadas até o local da obra, ou moldadas no próprio canteiro. Figura 2.6 – Içamento de viga I pré-moldada Os elementos são fabricados nas pistas de protensão (figura 2.7), que normalmente têm de 60 a 200m de comprimento. Geralmente, os elementos pré- moldados são pré-tracionados, sendo que a protensão é aplicada utilizando como reação blocos (encontros) especialmente construídos para este fim ou a própria forma, desde que seja projetada para tal. Nos elementos pré-moldados, é mais comum a utilização de cabos retos, sendo possível também utilizarem-se cabos poligonais. Em algumas situações torna-se interessante a execução de estruturas mistas, nas quais parte da estrutura é pré-moldada e parte é moldada “in loco”. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 22 pré-moldados elementos sistema de reação elemento de ancoragem esticamento dos cabos descompressão macaco de cabos de protensão Figura 2.7 – Pista de protensão para vigas pré-moldadas (EL DEBS - 1999) No Brasil, as estruturas moldadas no local da obra ainda são muito mais empregadas do que as estruturas pré-moldadas. Com relação à protensão, nas peças moldadas “in loco” normalmente se utiliza a pós-tração com cabos aderentes (aderência posteriormente desenvolvida) ou não aderentes. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 23 33.. MMAATTEERRIIAAIISS Neste item serão colocadas as principais características dos materiais usados em concreto protendido. Além do concreto e do aço (armadura ativa) serão abordados alguns aspectos relativos à utilização de cabos de protensão não metálicos e serão citados os principais equipamentos e dispositivos adicionais utilizados na protensão. 3.1. CONCRETO Nas obras de concreto protendido em geral existe um maior nível de controle tecnológico, sendo comum o uso de concretos de resistência mais altas (30 a 40MPa) do que em obras de concreto armado (20 a 25MPa). Pode-se dizer que, além de comum, a utilização de concretos de alta resistência para concretoprotendido é necessária, visto que proporciona um melhor aproveitamento do aço de alta resistência e da protensão. HANAI (1995) destaca três motivos que mostram a necessidade de utilização de concretos de resistências mais elevadas para o concreto protendido: A introdução das forças de protensão podem causar solicitações prévias (antes da colocação em serviço) muito elevadas, sendo necessário que o concreto atinja um certo nível de resistência a pouca idade. Com o concreto de alta resistência é possível diminuir a seção transversal das peças, diminuindo, assim, o seu peso próprio, o que é primordial no caso de elementos pré-moldados (transporte e içamento) Concretos com resistência mais altas possuem módulos de deformação mais elevados, diminuindo tanto as deformações imediatas como as NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 24 deformações devidas a fluência e retração. Isto é importante, principalmente, por reduzir as perdas de protensão. Além da resistência à compressão, é fundamental atentar para as demais variáveis envolvidas na durabilidade. Para tanto devem-se escolher adequadamente os materiais (cimento, agregados, água, aditivos e adições) e prestar especial atenção aos procedimentos de lançamento, adensamento e cura. Nas fábricas de elementos pré-moldados, por exemplo, é interessante a utilização de cimentos de alta resistência inicial (ARI) e da cura térmica, para que se consiga atingir rapidamente a resistência necessária para transferência da protensão e para desforma. É importante lembrar ainda que tipos diferentes de agregados, como por exemplo a argila expandida, produzem concretos com módulos de elasticidade diferentes daqueles previstos para agregados de basalto e granito. Ressalta-se, também, que no concreto protendido são ainda mais importantes os cuidados relativos à proteção da armadura para evitar a perigosa “corrosão sob tensão”. Informações detalhadas sobre cada um dos materiais componentes do concreto e das etapas de execução podem ser encontradas em GERWICK JR. (1992). 3.2. ARMADURA ATIVA Falar em armadura ativa faz lembrar imediatamente as cordoalhas, fios e barras de aço utilizadas na protensão. Cabos de outros tipos de materiais, no entanto, estão sendo desenvolvidos para serem utilizados como armadura, principalmente como armadura ativa. Além disso, tem-se produzido as cordoalhas metálicas engraxadas e plastificadas. Estes três tipos de armadura ativa (cabos de aço, cabos não-metálicos e cordoalhas engraxadas) serão apresentados nos itens subsequentes. Apesar de serem constituídas de aço, dar-se-á destaque especial às cordoalhas engraxadas por se tratar de um “material” relativamente recente. 3.2.1. CABOS DE AÇO Como já foi citado e justificado neste texto as armaduras metálicas ativas são constituídas por aço de alta resistência. Estes aços recebem tratamentos térmicos e se NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 25 caracterizam pela ausência de patamar de escoamento. A depender do tratamento térmico empregado, podem ser: aliviados ou de relaxação normal (RN); e estabilizados ou de baixa relaxação (RB). Nestes últimos, o tratamento empregado reduz a relaxação do aço, diminuindo as perdas de protensão. Os aços para armadura ativa podem se apresentar das seguintes formas: Fios trefilados de aço carbono, com diâmetros variando entre 3 e 8mm, fornecidos em rolos ou em bobinas; Cordoalhas constituídas por dois, três ou sete fios trefilados, enrolados em forma de hélice, fornecidas em bobinas; Barras de aço-liga de alta resistência, laminadas a quente, com diâmetros maiores do que 12mm, e com comprimento limitado. Os aços mais comuns têm resistência característica à ruptura por tração variando de 150kN/cm 2 a 190 kN/cm 2 . No caso dos fios e barras, essa resistência é dita efetiva, e no caso das cordoalhas, convencional. Isto porque, nas cordoalhas, a tensão não se distribui uniformemente por todos os fios. Os aços para protensão são designados pela sigla CP (aço para concreto protendido), seguido da sua resistência característica à ruptura em kN/cm 2 e da identificação em relação ao tipo de tratamento empregado (RN ou RB). Por exemplo, para um aço com resistência à tração de 190 kN/cm 2 e de baixa relaxação tem-se: CP-190 (RB) Segundo a Revisão da NB-1 (1999) “o módulo de elasticidade deve ser obtido de ensaios ou fornecido pelo fabricante. Na falta de dados específicos, pode-se considerar o valor de 200kN/mm 2 para fios e cordoalhas.” 3.2.2. CABOS NÃO METÁLICOS Recentemente vêm sendo desenvolvidas muitas pesquisas sobre o uso de fibras sintéticas na construção civil, especialmente como armadura (ativa ou passiva). As fibras sintéticas não são materiais novos, visto que há muito tempo são usadas em muitos componentes de aviões e carros, dentre outros. No entanto, a NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 26 aplicação destes materiais na indústria da construção civil é bastante recente, sendo que muitas propriedades ainda precisam ser pesquisadas. As armaduras são constituídas de fibras, embebidas em uma resina tomando a forma de barras, fios ou cordoalhas (fios trançados). Dentre as diversas fibras utilizadas para outras aplicações, três são indicadas para o uso como armadura em concreto: as fibras de vidro inorgânicas, as fibras de carbono e as fibras de aramid (kevlar). Quanto às resinas, podem ser epoxídicas, vinílicas ou de poliéster. Mas quais são as propriedades destes cabos compostos por fibras? Por que utilizá-los em concreto protendido? Os cabos de FRP (fiber reinforced plastic) possuem alta resistência à tração (da ordem de 1900MPa), alto módulo de elasticidade (da ordem de 130000MPa), baixo peso específico e excelente resistência à corrosão. Estas quatro características associadas viabilizam o uso destes cabos em elementos protendidos, principalmente como cabos externos. Nestes casos, a resistência à corrosão é um fator determinante. O uso de cabos externos é prática frequente em recuperação e reforço de estruturas. As armaduras de FRP possuem, ainda, neutralidade elétrica e magnética. A neutralidade magnética é especialmente importante em ambientes onde ocorrem o fenômeno da ressonância magnética (como em certos hospitais, por exemplo) onde o emprego do aço não é admissível. A resistência à tração dos cabos é determinada, principalmente, pela resistência e pela taxa volumétrica das fibras; a resistência da matriz praticamente não exerce influência. O comportamento dos cabos é elástico linear até a ruína. Em termos de durabilidade as fibras de kevlar e de carbono se comportam melhor do que as fibras de vidro. A disponibilização destes materiais no mercado depende da produção dos equipamentos auxiliares de protensão necessários, específicos para serem usados com este tipo de armadura. As ancoragem em cunha, por exemplo, utilizadas para as armaduras metálicas, não são adequadas para o uso com cabos de FRP, pois este tipo de cabo não resiste bem às tensões multiaxiais que surgem nas zonas de ancoragem. Outras soluções estão sendo estudadas. Deve-se ter em mente que se trata de um material ainda desconhecido por muitos, mas com grande potencial de aplicação. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 27 3.2.3. CORDOALHAS ENGRAXADAS As cordoalhas engraxadas surgiram no final da década de 50, a partir da necessidade de se ter um sistema de fácil operação e de baixo custo para execução de obras de pequenas dimensões. Estas cordoalhas são utilizadas para pós-tração, dispensando o uso das bainhas comuns, pois cada cordoalha já vem envolvida em sua própria “bainha” plástica. O processo de fabricação é contínuo e consiste em aplicar uma graxa em torno da cordoalha de aço e em seguida um revestimento plástico (figura 3.1). A graxa, além de proteger a armadura inibindo a corrosão, promove a lubrificação entre o revestimento ea cordoalha. O atrito entre a bainha e a armadura passa de 0,24, no caso de bainhas metálicas, para 0,07 nas cordoalhas engraxadas. O revestimento plástico, feito de polietileno de alta densidade, é extrudado diretamente sobre a cordoalha já engraxada, em toda sua extensão. As características mecânicas destas cordoalhas são idênticas às das cordoalhas sem revestimento. Figura 3.1 – Cordoalha engraxada e plastificada (CAUDURO - 1997) As cordoalhas engraxadas têm grande potencial de aplicação nas lajes planas protendidas. É usual a utilização de um sistema denominado monocordoalha, em que cada ancoragem fixa apenas uma única cordoalha. Como o sistema dispensa a utilização das bainhas achatadas normalmente utilizadas para lajes, e o revestimento plástico apresenta pequena espessura, é possível diminuir a espessura das lajes protendidas e conseguir uma melhor distribuição dos cabos no interior da laje. Devido ao baixo coeficiente de atrito entre a cordoalha e a capa plástica, pode-se aplicar a protensão em uma única extremidade do cabo, utilizando na outra uma ancoragem passiva. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 28 As cordoalhas engraxadas oferecem excelente resistência ao manuseio e ao arraste por entre a armadura passiva. Este ripo de cordoalha elimina a preocupação com a integridade da bainha metálica, para verificar eventuais amassamentos ou penetração da calda de cimento. Os macacos hidráulicos utilizados são leves e de fácil operação, simplificando a execução da protensão. 3.3. DISPOSITIVOS E EQUIPAMENTOS ADICIONAIS Os dispositivos e equipamentos usados nos elementos de concreto protendido podem ser divididos em dois grupos: os que são usados na pré-tração e os que são usados na pós-tração. Na pré-tração, são utilizados os encontros, onde a armadura fica fixada temporariamente antes da protensão ser transferida para o concreto e, no caso de cabos poligonais, são utilizados dispositivos para mudança de direção das armaduras protendidas. A pós tração, em geral, requer um maior número de dispositivos, podendo-se citar as bainhas e os dispositivos de ancoragem. As bainhas são geralmente fabricadas com chapas metálicas, podendo ser lisas ou onduladas. Devem ser estanques, para impedir que durante a concretagem penetre nata de cimento em seu interior, o que prejudicaria ou inviabilizaria a operação de protensão. Além disso, devem ser de diâmetro tal que permita a passagem dos cabos e a injeção da nata de cimento. O atrito entre a bainha e o cabo de protensão deve ser pequeno, para permitir o alongamento da armadura quando tracionada. Quando se tratarem de vigas contínuas, com cabos poligonais ou parabólicos de forma que estejam mais baixos no meio do vão (região de momento positivo) e mais altos sobre os apoios (região de momento negativo), deve-se dispor manqueiras (purgadores) nos pontos mais altos da bainha para permitir a expulsão do ar no momento da injeção da nata de cimento. Desta forma pode-se ter um melhor controle da injeção da nata de cimento. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 29 A forma e as partes componentes das ancoragens dependem do fabricante, ou seja, do sistema de protensão adotado. Pode-se classificar as ancoragens em ativas e passivas. As ancoragens ativas (figura 3.2) são instaladas nas extremidades em que se aplica a protensão. Geralmente são metálicas e compostas por uma placa, que fica diretamente em contato com o concreto, seguida de um bloco com furos por onde passam as cordoalhas e onde são fixadas as cunhas. Existe, ainda, um elemento de transição entre a bainha e a placa, chamada de trombeta. No interior da trombeta se dá a bifurcação das cordoalhas, a fim de que passem individualmente pelos furos da placa de distribuição. Figura 3.2 – Exemplo de ancoragem ativa de cordoalhas (Catálogo da PROTENDE) As ancoragens passivas (figura 3.3) são normalmente em forma de laço e possuem uma chapa metálica curva na extremidade para permitir uma ancoragem mais eficiente. Nos dois casos (armaduras ativas ou passivas), são utilizadas armaduras adicionais de fretagem, em forma de hélice, garantindo um melhor comportamento das zonas de ancoragem. Figura 3.3 – Exemplo de ancoragem passiva de cordoalhas (Catálogo da PROTENDE) NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 30 No caso de armaduras em barras de aço o dispositivo de ancoragem é bastante diferente, sendo constituído fundamentalmente por um sistema de rosca e porca (figura 3.4). Figura 3.4 – Exemplo de ancoragem para barras (PFEIL, 1988) De uma maneira geral, os dispositivos de ancoragem devem evitar o encurtamento da armadura quando esta for solta, do contrário haveria grandes perdas de protensão. Neste aspecto os dispositivos para ancoragem das barras são bastante eficientes, por utilizarem um sistema de porcas e não de encunhamento. O principal equipamento de protensão, quer seja em elementos pré- tracionados ou pós-tracionados, é o macaco hidráulico. Existem diversos tipos e modelos, variando de acordo com o valor da força de protensão capaz de aplicar, tipo de armadura (cordoalha, fios ou barras), número de cordoalhas ou fios a serem tracionados por vez, diâmetro da armadura de protensão, etc. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 31 44.. NNOOÇÇÕÕEESS SSOOBBRREE DDIIMMEENNSSIIOONNAAMMEENNTTOO Neste capítulo serão abordados alguns aspectos básicos que devem ser levados em consideração no dimensionamento das estruturas de concreto protendido, particularizando para vigas. Procurar-se-á ressaltar as diferenças entre o cálculo do concreto armado e do protendido, admitindo-se que o leitor já tenha noções sobre o projeto de estruturas em concreto armado. É bom salientar que não se pretende aqui detalhar todos os passos nem fornecer fórmulas para o dimensionamento, o que estaria fora do escopo do trabalho. 4.1. ESTÁGIOS DE CARREGAMENTO Em geral, uma peça de concreto armado está submetida a duas situações de carregamento: uma na fase de construção e outra em serviço. Normalmente, isto ainda é simplificado pela consideração de que as cargas durante a construção são inferiores às cargas em serviço, calculando a estrutura apenas para as cargas em serviço. Um elemento em concreto protendido, por sua vez, passa por outros estágios de carregamento, decorrentes da aplicação da protensão e do processo executivo, que devem ser considerados no cálculo. Nas estruturas pré-moldadas, além do estágio final (em serviço), devem ser considerados um estágio inicial durante a protensão (ou estado em vazio) e um estágio intermediário durante o transporte (peças pré-fabricadas) e o içamento. Para elementos moldados no local não existe a fase de intermediária. No estágio inicial ou estado em vazio, as peças ainda não estão submetidas às cargas de serviço, (com exceção do peso próprio) e geralmente o concreto ainda NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 32 não atingiu a sua resistência final de projeto. É neste estágio que se aplica a protensão. Pode-se subdividi-lo em duas outras fases: Durante a protensão. Esta é a fase crítica para os cabos de protensão, pois provavelmente nesta etapa estarão submetidos à maior carga de toda sua vida útil. É muito comum a aplicação de uma força um pouco maior para compensar as perdas decorrentes da acomodação das ancoragens. Ocasionalmente um dos fios de uma cordoalha pode romper devido a defeitos de fabricação, transferindo o esforço aos fios adjacentes sem maiores problemas. No caso de barras, geralmente em menor número, havendo a ruptura de uma delas, deve-se providenciar a sua substituição. Nesta fase, o concreto da região das ancoragens também passa por um teste severo: como ele ainda não atingiu uma idade “madura”, no ato da protensão pode ocorrer o esmagamento desta região. Deve-se estar atento, também, para a ordem de protensão dos cabos paraque não ocorra uma flexão não esperada na peça devida a uma protensão assimétrica. Durante a transferência da protensão. Esta fase muitas vezes controla o dimensionamento da peça. Durante a transferência da protensão, atuam no elemento apenas o peso próprio e a força de protensão. As tensões causadas neste estágio devem ser cuidadosamente verificadas pois pode ocorrer uma inversão de esforços ou esforços com valores significativamente superiores aos esperados em serviço. Deve-se ter conhecimento do processo de execução, pois se a peça estiver apoiada em toda sua extensão no momento da soltura dos cabos, nem o peso próprio estará atuando, podendo resultar no colapso da peça. Ressalta-se, ainda, que nesta fase a maioria das perdas de protensão ainda não ocorreram, e a força atua, portanto, com um valor quase igual ao inicial. Em algumas estruturas é importante também analisar o processo de desforma e re-protensão, quando for o caso. O estágio intermediário ocorre exclusivamente para estruturas pré-moldadas, e engloba as etapas de transporte e içamento. Nos dois casos é essencial determinar previamente os pontos para apoio das peças e fixação dos cabos para içamento, de NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 33 forma que o elemento seja verificado com o esquema estático adequado. Para ficar mais claro: uma viga calculada como biapoiada, por exemplo, não pode ser içada pelo meio do vão nem transportada apoiada em toda sua extensão, o que no mínimo causaria uma intensa fissuração, podendo até ocasionar a ruína. No estágio final estão atuando sobre a estrutura todas as cargas de serviço. É importante considerar corretamente as combinações de cargas variáveis e permanentes nas diversas partes da estrutura. Quando for o caso, deve-se levar em conta as ações horizontais de vento e os esforços causados por recalque diferencial e variação de temperatura, dentre outras situações particulares. 4.2. ESTADOS LIMITES A CONSIDERAR Um fato interessante diferencia o dimensionamento do concreto protendido em relação ao concreto armado: geralmente as estruturas protendidas são dimensionadas para atender aos estados limites de serviço e são verificadas quanto aos estados limites últimos. Ou seja, inicialmente a armadura de protensão é calculada para que a peça respeite as limitações impostas pelos estados limites de serviço e posteriormente é verificado o atendimento aos estados limites últimos. Dentre os estados limites de serviço tem-se: Estado limite de descompressão. A NBR-7197 define este estado limite como sendo “o estado no qual em um ou mais pontos da seção transversal a tensão normal é nula, não havendo tração no restante da seção”. O termo estado limite de descompressão pode ser melhor compreendido imaginando-se uma seção inicialmente submetida a uma pré-compressão devida à protensão, que vai sendo descomprimida pela ação de outros carregamentos até atingir o estado limite de descompressão, quando a linha neutra coincide com um dos extremos da seção. Esta verificação é feita no estádio I, admitindo comportamento elástico linear do concreto. Estado limite de formação de fissuras. É o estado limite de serviço correspondente ao início da fissuração do concreto devido aos esforços de flexão. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 34 O momento fletor de fissuração é determinado admitindo-se o concreto no estádio I. Estado limite de abertura de fissuras. Para verificação deste estado limite são especificados valores máximos característicos para a abertura de fissuras. A verificação é feita no estádio II, ou seja, admite-se o concreto já fissurado na região tracionada, mas com comportamento elástico linear na zona comprimida. Estado limite de compressão excessiva. O estado limite de compressão excessiva é definido na Revisão da NB-1 (1999) como o estado em que as tensões de compressão na seção transversal das peças fletidas atingem um limite convencional. No caso de peças fletidas este limite vale 0,7fckj 4 . Esta verificação deve ser considerada na fase de aplicação da protensão e tem a finalidade de evitar a microfissuração do concreto. Estado limite de deformações excessivas. Corresponde à deformações da estrutura que prejudiquem o uso normal da construção. A verificação da segurança quanto a este estado limite pode ser feita nos estádios I ou II, a depender da situação considerada. Os estados limites utilizados para cálculo da armadura de protensão são o de descompressão, o de formação de fissuras e o de abertura de fissuras. A depender do tipo de protensão que se deseja (completa, limitada ou parcial) são estabelecidas combinações de ações que devem ser aplicadas a estes estados limites de serviço. Isto pode ser melhor visualizado na tabela 4.1. Os três estados limites comentados anteriormente são aplicáveis tanto ao concreto armado quanto ao protendido, enquanto que os estados limites de descompressão e de compressão excessiva são típicos do concreto protendido. Os principais estados limites últimos aplicáveis às estruturas de concreto protendido são os seguintes: Estado limite último da perda do equilíbrio da estrutura, admitida como corpo rígido; 4 Considera-se a resistência característica à compressão do concreto no dia da transferência da protensão ao concreto. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 35 Estado limite último de esgotamento da capacidade resistente da estrutura, no seu todo ou em parte, devido às solicitações normais ou tangenciais; Tabela 4.1 – Estados limites de serviço a serem considerados em função do tipo de protensão e da combinação de ações Tipo de protensão Combinação de ações Quase-permanente Frequente Rara Completa Descompressão Descompressão Formação de fissuras Limitada Descompressão Formação de fissuras ___ Parcial Descompressão Abertura de fissuras ___ Outros estado limites últimos podem ser considerados, quando for necessário. De uma maneira geral, as peças protendidas são verificadas quanto às solicitações normais e tangenciais. Segundo HANAI (1995) “no que se refere ao estado limite último no caso de solicitações normais pode-se dizer que os procedimentos de cálculo são essencialmente os mesmos já apresentados para concreto armado, devendo-se apenas levar em conta que a armadura de protensão possui um alongamento prévio, antes de se considerar as ações externas.” Com relação aos estados limites últimos relativos às solicitações tangenciais, a compressão imposta pela protensão favorece a resistência ao esforço cortante. Segundo dados experimentais apresentados por LEONHARDT (1983), quanto maior a força de protensão aplicada, menor os esforços de tração na alma das vigas, de modo que em vigas protendidas necessita-se menos armadura de cisalhamento do que em vigas de concreto armado. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 36 4.3. NOÇÕES SOBRE PERDAS DE PROTENSÃO As forças de protensão, apesar de permanentemente aplicadas à estrutura, variam em intensidade devido às perdas de protensão. Estas perdas são inerentes ao processo construtivo e às características mecânicas dos materiais, e podem ser subdivididas em perdas imediatas, quando ocorrem durante a operação de esticamento e ancoragem dos cabos, e perdas retardadas ou progressivas, quando acontecem gradualmente ao longo do tempo. Neste item serão dadas algumas noções conceituais sobre as diversas causas das perdas de protensão; não faz parte do escopo deste trabalho o cálculo detalhado destas perdas. As principais causas das perdas de protensão são as seguintes: Retração e fluência do concreto. A retração é um fenômeno intrínseco ao concreto, causada principalmente pelas reações de hidratação do cimento e pelo equilíbrio higrotérmico do concreto. A fluência é a contração do concreto devida àaplicação de forças de longa duração, como a protensão. Os dois fenômenos causam o encurtamento do concreto e, consequentemente da armadura ativa, fazendo com que haja uma diminuição da força de protensão. Relaxação e fluência do aço de protensão. Como já foi definido anteriormente, a relaxação é o fenômeno da diminuição da tensão no aço, quando a armadura pré-tracionada é mantida sob comprimento constante. A fluência do aço, analogamente ao que acontece com o concreto, corresponde ao alongamento do cabo ao longo do tempo, sob tensão constante. É fácil perceber que estes dois fenômenos causam perdas de protensão que se processam durante a vida útil da estrutura. Nas estruturas protendidas o fenômeno da relaxação é mais significativo do que o da fluência, uma vez que o comprimento da armadura é mantido aproximadamente constante. Para minimizar os efeitos da relaxação são utilizados os aços do tipo RB, de baixa relaxação. Atrito dos cabos. Nas peças pré-tracionadas as perdas por atrito ocorrem nos macacos, nas ancoragens provisórias e nos pontos de mudança de direção de armaduras poligonais. Estas perdas são normalmente controladas nas fábricas através do aumento da força de protensão e dispositivos para reduzir o atrito, não NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 37 sendo necessário considerá-las no cálculo. Nas peças pós-tracionadas as perdas por atrito ocorrem nos macacos, nas ancoragens e entre os cabos e a bainha ao longo do comprimento. As perdas nos macacos e nas ancoragens são da ordem de 5%. O atrito entre os cabos e a bainha é maior nos trechos curvos, mas também está presente nos trechos retilíneos, como consequência de ondulações parasitas. É indispensável a sua consideração no cálculo. Deformação imediata do concreto. Esta perda é inerente ao processo de execução, pois para haver transferência da protensão é necessário que haja o encurtamento do concreto. No caso da pós-tração, como os macacos se apoiam na própria peça, o concreto se deforma durante o esticamento dos cabos. Se isto for feito em diversas etapas, os cabos tracionados anteriormente sofreram perdas devidas à deformação imediata do concreto quando forem tracionados os cabos subsequentes. Nas peças pré-tracionadas a deformação imediata do concreto se dá quando os cabos são “cortados”. Acomodação das ancoragens. As perdas por acomodação das ancoragens dependem do sistema de protensão adotado, e podem ser compensadas por um pequeno acréscimo na força de protensão nos cabos. Nas peças pré-tracionadas, como a ancoragem se dá por aderência do cabo ao concreto, não há perdas por acomodação das ancoragens. Nas peças pós-tracionadas, quando é usado um sistema de porca e rosca (armadura em barras), estas perdas também não existem. Elas são mais significativas nas ancoragens com sistema de cunhas. As perdas por deformação imediata do concreto, por atrito e por acomodação das ancoragens são imediatas. Já as perdas por retração e fluência do concreto e por relaxação do aço são progressivas. Como foi comentado anteriormente, para o dimensionamento do concreto protendido devem ser consideradas várias etapas de carregamento. Em cada uma dessas etapas a força de protensão deve ser calculada levando em consideração as perdas que já aconteceram até aquele instante. Ressalta- se que, apesar das perdas por relaxação do aço e retração do concreto serem classificadas como progressivas, nas peças pré-tracionadas, uma parcela delas se processa antes da soltura dos cabos. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 38 55.. AAPPLLIICCAAÇÇÕÕEESS,, VVAANNTTAAGGEENNSS EE DDEESSVVAANNTTAAGGEENNSS Neste capítulo serão comentadas as principais aplicações do concreto protendido, procurando ressaltar a vantagem de sua utilização em cada caso. Será dado maior destaque à aplicação da protensão em edifícios, por se tratar de um caso bastante comum. O uso da protensão para reabilitação de estruturas também será tratado com mais detalhe, procurando mostrar algumas situações em que esta solução pode ser empregada. Por fim, far-se-á uma comparação entre concreto armado e concreto protendido, ressaltando as vantagens e desvantagens do último em relação ao primeiro. 5.1. APLICAÇÃO EM EDIFÍCIOS Nos edifícios, quer sejam comerciais, residenciais, industriais ou públicos (hospitais, escolas, terminais rodoviários,...) a protensão é aplicada principalmente a vigas e lajes, buscando-se vencer grandes vãos. Com o uso do concreto protendido, é possível conseguir maiores áreas sem pilares, dando maiores possibilidades de arranjo do espaço interno. Para ser melhor aproveitada, a solução estrutural em concreto protendido deve estar ligada às concepções arquitetônicas, e é exatamente o ganho espacial do ambiente construído que seduz o arquiteto a optar por esta solução. Em se tratando de elementos pós-tracionados moldados no local da obra, destaca-se, atualmente, o uso das lajes planas e lajes-cogumelo protendidas, que além de possibilitar a flexibilidade do ambiente construído, reduz o custo com formas, que passam a ter menos recortes, e diminui a altura total do edifício. Também são largamente utilizadas as vigas protendidas para vencer maiores vãos. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 39 Os elementos pré-moldados mais comumente utilizados para lajes e paredes de edificações são os painéis alveolares, tipo , tipo U e maciços. Para os elementos lineares, como vigas e pilares, são utilizadas as seções transversais retangulares, seções tipo I e seções quadradas vazadas. Hoje, no Brasil , a utilização de elementos pré-moldados ainda é muito pequena quando comparada com outros países da Europa e com os Estados Unidos. Figura 5.1 – Museu de Arte Contemporânea em Niterói Além das formas convencionais, o concreto protendido possibilita ou favorece a criação de estruturas mais arrojadas, com formas esconsas e grandes vãos livres, como por exemplo algumas obras do arquiteto Oscar Niemeyer no Memorial da América Latina em São Paulo e o Museu de Arte Contemporânea em Niterói (figura 5.1). Outro exemplo de aplicação do protendido em estruturas especiais é o Teatro de Arena do parque Vila Lobos, com um balanço de 24m (figura 5.2). Figura 5.2 – Teatro de Arena do Parque Vila Lobos NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 40 5.2. OUTRAS APLICAÇÕES a) Pontes Podem-se destacar quatro vantagens da aplicação do concreto protendido em pontes: baixo custo inicial, baixo custo com manutenção, alta durabilidade e estética agradável. Segundo GERWICK JR. o concreto protendido tem sido empregado com sucesso em pontes submetidas às mais variadas condições ambientais: dos trópicos às regiões geladas, dos desertos às florestas tropicais, dos centros urbanos densamente ocupados às regiões praticamente despovoadas. A protensão pode ser utilizadas em vigas e em pilares de ponte, moldados no local, pré-moldados (figura 5.3) ou construídos com sistema misto. Um dos sistemas mistos utilizados consiste na aplicação da protensão para unir elementos pré- moldados. Pode ser utilizada também a protensão em pontes de aço ou de madeira. Figura 5.3 – Construção de um viaduto com vigas I pré-moldadas b) Reservatórios Os reservatórios de água são uma das aplicações mais antigas do concreto protendido. São normalmente cilíndricos ou em forma de funil (figura 5.4), sendo que a protensão é geralmente aplicada na horizontal com cabos circulares, NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 41 produzindo um cintamento da estrutura. Hoje em dia, são construídos além dos reservatórios protendidos para armazenagem de óleo, gás e outros produtos químicos, os silos protendidos para estocagem de material granular ou em pó. Figura 5.4 – Reservatório elevado protendido em forma de funil c) Estacas Segundo GERWICK JR., o uso de estacas pré-moldadas de concreto protendidopara estruturas marinhas e fundações de edifícios está se desenvolvendo rapidamente em todo o mundo. Inicialmente, destacavam-se como vantagens a durabilidade em condições ambientais adversas, especialmente o ambiente marinho, a resistência à flexão necessária para transporte e içamento, a possibilidade de resistirem a tração e o baixo custo. Logo surgiram outras vantagens como a capacidade penetrar a grandes profundidades e a alta capacidade de carga das estacas. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 42 d) Dormentes Dormentes em concreto protendido para estradas de ferro têm sido largamente utilizados na Europa e nos Estados Unidos. No Brasil, já existem exemplos de aplicação e algumas pesquisas estão sendo desenvolvidas. As principais vantagens dos dormentes de concreto em comparação com os dormentes de madeira são a durabilidade (têm vida útil de 50 anos), a rigidez lateral e vertical, a maior facilidade de substituição do trilho e a maior estabilidade do trem. Em comparação com os dormentes de concreto armado, os protendidos resistem melhor à fissuração. Outras aplicações do concreto protendido ainda podem ser citadas como tubos, pavimentos, containers, plataformas off-shore, dentre outras. 5.3. REABILITAÇÃO DE ESTRUTURAS Em termos de concepção, a protensão talvez seja a maneira mais simples de se proceder à reabilitação (recuperação ou reforço) de estruturas de concreto. Quando uma estrutura apresenta acréscimos de tensões ou deformações indesejáveis, necessitando ser recuperada, ou quando há necessidade de se aumentar a capacidade portante da estrutura através de um reforço, a protensão é um artifício para introduzir foças exteriores convenientes. Por facilidade de execução, a reabilitação estrutural normalmente é feita com protensão externa. Os principais casos em que este tipo de solução é adotada são: Costura de fendas em vigas, protendendo-se um tirante entre os extremos da peça; Inibição de deformações, através da utilização de cabos poligonais, criando apoio adicional no meio do vão; Alívio de esforços em pilares intermediários de vigas contínuas, também através da utilização de cabos poligonais (figura 5.3); NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 43 Figura 5.5 – Alívio de carga nos pilares através da protensão (SOUZA & RIPPER, 1998) Aumento da capacidade de carga, através da introdução de apoios adicionais nos vãos; Figura 5.6 – Reabilitação através da introdução de apoios adicionais (SOUZA & RIPPER, 1998) O uso de cabos externos exige uma proteção eficiente para que eles não sejam corroídos. Como foi citado no item 3.2.2, esta é uma das aplicações potenciais dos cabos não metálicos, devido a alta resistência à corrosão. As cordoalhas engraxadas, por já serem fabricadas com a proteção adequada, também podem ser utilizadas, desde que sejam dispostas proteções especiais para as ancoragens. É importante salientar que neste tipo de obra é indispensável garantir a total eficiência da ancoragem. Por se tratar de protensão com cabos não aderentes, se a ancoragem falhar o cabo perde completamente sua função como elemento estrutural. O principal campo de aplicação para este tipo de reabilitação são as pontes ou estruturas de grande porte, onde é possível deixar os cabos aparentes. Este tipo de solução tem a vantagem possibilitar a reaplicação das forças de protensão, se necessário. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 44 5.4. CONCRETO ARMADO x CONCRETO PROTENDIDO Pode-se dizer que concreto armado e concreto protendido são materiais da mesma “família” (compostos essencialmente por concreto e aço) e possuem características mecânicas semelhantes. A grande diferença está na existência das forças de protensão e demais fatores consequentes, como utilização de materiais de alta resistência, dispositivos e equipamentos adicionais e trabalho especializado. O concreto protendido é mais indicado para vencer grandes vãos e suportar carregamentos elevados, do contrário ele torna-se antieconômico. As peças em concreto protendido podem ser mais esbeltas do que as de concreto armado, favorecendo à arquitetura arrojada. Em serviço, os elementos protendidos apresentam menor nível de fissuração e de flechas. Devido à utilização de materiais de alta resistência e aos efeitos da protensão, reduzindo, por exemplo, o efeito do cortante através do balanceamento das cargas, as peças protendidas são mais leves, reduzindo a carga transferida aos elementos estruturais de apoio. Além disso, em estruturas pré- moldadas, o menor peso das peças facilita o transporte e o içamento. Em termos de segurança estrutural, não se pode dizer que um tipo de estrutura é mais segura do que outra, mas alguns aspectos devem ser comentados. Nas estruturas protendidas os materiais, aço e concreto, passam por um teste severo durante a aplicação da protensão. Como já foi comentado, é talvez nesta fase que eles estejam sujeitos aos maiores esforços de sua vida útil. Além disso, por trabalhar grande parte do tempo não fissurado (ou com as fissuras fechadas), nas peças protendidas o aço está mais protegido contra a corrosão. Por outro lado, o concreto protendido exige maior cuidado durante o projeto e a execução. Na fase de projeto, o cálculo deve ser mais rigoroso, verificando-se várias etapas da vida das peças e levando-se em consideração os fenômenos de retração e fluência do concreto e relaxação do aço e outras perdas inerentes ao processo construtivo. Durante a execução, é necessário trabalhar com profissionais especializados e com rigoroso controle de qualidade dos materiais e dos processos executivos. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 45 Em termos de custo, com a aplicação da protensão pode-se utilizar menos materiais, tanto para os elementos protendidos, como para os elementos de apoio. No entanto, os materiais possuem maior custo unitário, são necessários alguns materiais adicionais e a aplicação da protensão requer trabalho mais especializado. A aplicação do concreto protendido torna-se vantajosa quando se executa uma mesma peça repetidas vezes, quando se trabalha com carregamentos elevados ou com grandes vãos, e quando se quer tirar algum outro proveito específico da protensão. O concreto protendido é um avanço tecnológico do concreto armado, mas não o substituirá, e sim, complementará o campo de aplicação deste material único e “multifacetado” que surge da união da resistência do aço à tração, com a resistência do concreto à compressão. NOÇÕES SOBRE CONCRETO PROTENDIDO - 46 66.. RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS ARAÚJO, A. F.; GUIMARÃES, G. B. (1997). Estudo experimental da resistência à flexão de vigas protendidas com cabos sintéticos externos. In: JORNADAS SUL-AMERICANAS DE ENGENHARIA ESTRUTURAL, 28., São Carlos, set. 1997. Estruturas e fundações. São Carlos, EESC-USP/ASAEE. v.3, p.985-94 BELGO MINEIRA BEKAERT ARAMES [1998]. Fios e cordoalhas para concreto protendido. (Catálogo de produtos). CAUDURO, L. (1997). Em favor da leveza: veja como funciona a pós-tensão com sistema não-aderente, que utiliza cordoalhas engraxadas e plastificadas. Téchne, São Paulo, n.26, p.30-3, jan.-fev. COMPANHIA SIDERÚRGICA BELGO MINEIRA. Arquitetura do concreto protendido. São Paulo, Pini. v. 2. EL DEBS, M. K. (1999). Concreto pré-moldado: fundamentos e aplicações. São Carlos, EESC. (Notas de aula, versão junho de 1999). GERWICK JR., B. C. (1993). Construction of prestressed concrete structures. 2.ed. New York, John Wiley & Sons. HANAI, J. B. (1995). Fundamentos do concreto protendido: notas de aula para o curso de engenharia civil. São Carlos, EESC. LEONHARDT, F. (1983). Construções de concreto: concreto protendido. Trad. por João Luís Escosteguy Merino. Rio de Janeiro, Interciência. v.5. LIN, T. Y.; BURNS, N.H. (1981). Design of prestressed concrete
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