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Neoplasias 1 🐣 Neoplasias Conceitos gerais: Hipoplasia: número reduzido de células. Hiperplasia: número aumentado de células. Metaplasia: conversão de um tipo celular especializado em outro tipo celular, independente de célula tronco (ou seja, as células sofrem estímulos agressivos contínuos que motivam uma série de alterações, essas as quais dão a elas características de outro tipo de célula adulta). Displasia: condição adquirida e pré-maligna que se caracteriza pela mudança no fenótipo celular, pela alteração da citoarquitetura. Anaplasia: perda total da diferenciação celular. Em caso de anaplasia, a análise do tecido nos diz pouco sobre a origem do tumor (se é epitelial - carcinoma, mesenquimal - sarcoma, etc.), pois a arquitetura celular se mostra indiferenciada. Neoplasia: proliferação celular anormal; produção excessiva e descontrolada de novas células; pode ser benigna ou maligna. Displasia Condição adquirida e pré-maligna que se caracteriza pela mudança do fenótipo, ou seja, pela alteração da arquitetura celular; em função de uma proliferação excessiva, as células apresentam pouca ou nenhuma diferenciação; lesão escamosa intraepitelial, pois não ultrapassa a camada basal (a invasividade é característica do carcinoma). Neoplasias 2 � Outras lesões pré-malignas: regeneração hiperplásica do tecido hepático cirrótico (carcinoma hepatocelular → formam-se nódulos amarelados na superfície e no parênquima do órgão; pode levar à hipertensão portal, varizes esofágicas, ascite, derrames pleurais, etc.), hiperplasia de endométrio (aumento de espessura e formação de cavidades císticas; costuma acometer mulheres pós-menopáusicas em função da ação intensa do estrogênio/desequilíbrio hormonal; o tratamento é a TRH de progesterona, ou a retirada do útero), adenomas intestinais vilosos. As displasias são comuns no colo uterino, vulva, vagina, brônquio e estômago, tendo como principal causa a infecção por HPV. Caracterizam-se por: perda da proporção entre o núcleo e o citoplasma (núcleo adquire aspecto aumentado), hipercromasia (hiperpigmentação do núcleo) e mitoses excessivas. Por fim, as displasias estão relacionada à defeitos hereditários dos oncogenes, dos genes supressores de tumores e dos genes reguladores do reparo do DNA (As proteínas E6 e E7, ligando-se à genes supressores de tumores, favorecem o crescimento tumora). Acima, vê-se várias lâminas do epitélio do colo uterino: normal (bem estratificada), NIC 1 (a displasia acomete menos da metade do epitélio; o tratamento pode ser clínico), NIC 2 (a displasia ultrapassa a metade do epitélio, mas não se estende por toda a sua espessura; o tratamento é conduzido com a conização do colo uterino) e NIC 3 (lesão epitelial de alto grau; acomete toda ou quase toda a espessura do epitélio, sobrando poucas células maduras). Displasia de colo uterino - Grau 1 (à direita) e Grau 2 (à esquerda). Neoplasias 3 Neoplasia, novo crescimento Proliferação celular anormal, descontrolada e autônoma (na maior parte das vezes, dado que alguns tumores necessitam de suporte endócrino). As células neoplásicas são ditas transformadas, porque se replicam alheias às influências regulatórias que controlariam o crescimento celular normal. Os tumores apresentam como componentes básicos: Parênquima: composto pela células neoplásicas transformadas (clones e subclones), a partir das quais se nomeia o tumor (uma vez que o comportamento biológico deste reflete as características do parênquima). Estroma: constituído por tecido conectivo, vasos e células inflamatórias; � Desmoplasia → Quando presente, favorece o crescimento e a disseminação tumoral, e se caracteriza por um estroma colagenoso abundante, de aspecto cirrótico. No exame das mamas, a desmoplasia indica a agressividade da lesão. � O termo "tumor" descreve, simplesmente, um aumento de volume - que pode ser, inclusive, de origem inflamatória. O termo "câncer", por outro lado, implica necessariamente uma neoplasia maligna. Aspectos gerais Origem monoclonal: o parênquima da maior parte das neoplasias se forma a partir de uma única célula - que gera uma série de clones e de subclones, dentre os quais sobrevivem somente as células mais adaptadas (que acabam sendo bastante heterogêneas). As células neoplásicas apresentam menor grau de adesão entre si - devido a: Modificações/irregularidades na membrana; Redução das caderinas (moléculas de adesão); Carcinoma in situ do colo uterino: o carcinoma compromete toda a espessura do epitélio, mas não rompe a membrana basal. Carcinoma microinvasivo do colo uterino: o carcinoma rompe a membrana basal, havendo invasão estromal inferior a 3 mm. Para invasões maiores, classifica-se a formação como carcinoma invasivo. Neoplasias 4 Diminuição/ausência de estruturas juncionais; Diminuição da fibronectina (susbtância que fixa a célula ao interstício); Liberação de enzimas proteolíticas, diminuição de íons Ca+2, irregularidade das microvilosidades e aumento do ácido siálico nas proteínas de membrana. Essas características restringem a mobilidade da célula tumoral. Todavia, devido à perda da capacidade de inibição por contato, esta consegue se locomover. Características bioquímicas: as neoplasias captam e consomem grande quantidade de aminoácidos e de glicose. Por isso, realizam intensa glicólise (suportam hipóxia) - sendo este o caractere de busca das neoplasias por exames de tomografia. Há, entretanto, tumores fogem a essa regra de origem monoclonal. O tumor misto, por exemplo, se origina de uma única célula que acabou por se diferenciar no decorrer do processo de formação do neoplasma. Exemplo: adenoma pleomórfico de glândulas salivares (apresenta um componente glandular e outro cartilaginoso; é uma neoplasia primeiramente benigna; todavia, em caso de recidiva, a formação pode adquirir aspecto maligno - sendo necessária a remoção cirúrgica de todo o tumor). Um exemplo clássico seria o Tumor de Wilms (também conhecido como nefroblastoma), que é um tumor maligno originado no rim. É o tipo de tumor renal mais comum na infância e pode acometer um ou ambos os rins. Nele, encontramos componentes variados, mas sempre provenientes da mesma camada germinativa. Os teratomas, por sua vez, são tumores aberrantes totipotenciais com origem em células de diferentes linhagens embrionárias; desse modo, a lesão pode conter vários tipos de células parenquimatosas (pele, intestino, SN, osso, etc.); pode ser benigno ou maligno (nesse último caso, se houver tecido nervoso ou cartilagem imatura); costuma ocorrer em ovários e testículos. Tumor misto - Fibroadenoma de mama, principal neoplasia benigna da mama Neoplasias 5 Neoplasias benignas e malignas Benigna: o crescimento tumoral é localizado e expansivo (sem que haja infiltração, invasão e metastatização de tecidos vizinhos); geralmente, apresenta cápsula fibrosa que ajuda a delimitar a formação tumoral; o crescimento é lento, favorecendo o processo de angiogênese (importante para que se supra com nutrientes as novas células formadas); via de regra, não provoca ulceração tecidual; não produz substâncias causadoras da caquexia tumoral. As células são bem diferenciadas e semelhantes ao tecido original; Normalmente, não forma necrose ou hemorragia; Pode migrar, desde que haja lesão ou ruptura; Pode recidivar ou se disseminar. � Exemplos de lesões benignas com potencial maligno: adenomas secretores de insulina (causam hipoglicemia) e compressão/deslocamento de estruturas nervosas (pode causar dor). � A angiogênese tem início quando o tumor atinge os 2mm. Maligna: geralmente mal delimitada, cresce por invasão/infiltração dos tecidos vizinhos; provoca degeneração e necrose (devido ao crescimento rápido do tumor, o processo de angiogênese é desfavorecido e, com isso, formam-se áreas centrais de necrose isquêmica); cápsula ausente (via de regra); atipia celular (as células são indiferenciadas, anaplásicas), mitoses numerosase atípicas, alteração da proporção núcleo/citoplasma e hipercromasia; recidiva e metastática. A taxa de crescimento dos tumores malignos é inversamente proporcional ao nível de diferenciação das células parenquimatosas. Por essa razão, tumores menos diferenciados tendem a crescer mais rapidamente que os bem diferenciados. A principal característica da neoplasia maligna é a capacidade de metástase, ou seja, de implantação de um foco tumoral à distância do tumor original, decorrente da disseminação do câncer para outros órgãos. Em segundo lugar, a capacidade de invasão dos tecidos vizinhos. Existem três formas de disseminação metastática: Teratoma cístico maduro Neoplasias 6 Semeadura nas cavidades corporais: ocorre quando as neoplasias invadem uma cavidade corporal natural; é característico do câncer de ovário. Disseminação linfática: o padrão de envolvimento do linfonodo depende principalmente do local da neoplasia primária e das vias naturais de drenagem linfática do local. É mais típica de carcinomas. Carcinomas pulmonares nas passagens respiratórias formam metástases, primeiro, para os linfonodos bronquiais regionais e depois para os traqueobronquias e hilares. O carcinoma de mama surge, normalmente, no quadrante externo superior e se dissemina, primeiro, para os linfonodos axilares. Em alguns casos, as células cancerosas atravessam canais linfáticos dentro dos linfonodos imediatamente próximos para serem capturadas em linfonodos subsequentes, nas metástases saltadas. Um linfonodo-sentinela é o primeiro linfonodo regional que recebe o fluxo linfático de um tumor primário; sua biópsia permite determinar a extensão da disseminação do tumor e pode ser usada para planejar o tratamento. Disseminação hematogênica: típica de sarcomas, ocorre mais comumente através das veias. Com a invasão venosa, as células tumorais seguem o fluxo venoso e, geralmente, acabam se depositando no primeiro leito capilar que encontram. Desse modo, como a drenagem de toda a área portal flui para o fígado e todos os fluxos sanguíneos cavais fluem para os pulmões, o fígado e os pulmões são os locais envolvidos mais frequentemente na disseminação hematogênica. Os carcinomas renais, muitas vezes, invadem a veia renal; os carcinomas hepatocelulares invadem radículas portais e hepáticas. Os carcinomas broncogênicos, assim como alguns outros tumores, tendem a fugir de um padrão sistêmico de distribuição das metástases, pois atingem principalmente suprarrenais e cérebro. Como o sistema linfático e vascular estão amplamente conectados, os cânceres podem se disseminar através de ambos � Células-Tronco Cancerosas: acredita-se que as células-tronco tumorais tenham como função garantir a imortalidade da neoplasia. Essas células são resistentes a múltiplas drogas, assim como as células-tronco normais, o que impede que as terapias atuais consigam eliminá-las. Elas podem surgir de células-tronco teciduais normais ou de células mais diferenciadas, que adquirem a capacidade de autorrenovação. Caracterização macroscópica das neoplasias Nodular - Massa esférica, mais comum nas neoplasias benignas Vegetante/exofítica - Polipóide, papilomatosa, tipo "couve-flor"; Infiltrativo: o tumor invade a parede do órgão, provocando aumento da sua espessura; quando se estende por toda a circunferência de uma víscera, pode provocar estenose - sinal do anel de guardanapo. Nomenclatura das neoplasias Neoplasias 7 Geralmente, os tumores benignos recebem o sufixo oma posposto ao tipo celular que gera o tumor. Exemplo: fibroma (tecido fibroso), condroma (tecido cartilaginoso), lipoma (tecido adiposo), angioma, leiomioma (músculo liso, mais comum miométrio), osteoma (osso), etc. Adenoma: tumor benigno epitelial que produz padrões glandulares ou tumor que, apesar de derivado de uma glândula, não apresenta padrões glandulares. Papilomas: tumor epitelial benigno que cresce em qualquer superfície, produzindo frondes micro ou macroscópicas semelhantes a dedos; comum na úvula, na laringe e no esôfago. Pólipos: são massas que se projetam acima de uma superfície mucosa, como no intestino, para forma r uma estrutura macroscopicamente visível. Podem ser benignas, malignas e até mesmo não neoplásicas. Cistoadenoma: massa cística oca que surge tipicamente no ovário. Quanto aos tumores malignos: Sarcoma: neoplasia maligna que se origina de tecidos mesenquimais sólidos ou de seus derivados; são designados pelo tipo celular de que são compostos (célula de origem). Exemplo: liposarcoma, fibrosarcoma, leiomiosarcoma, osteosarcoma, etc. Carcinoma: neoplasia maligna que se origina a partir do epitélio de revestimento; Epidermoide: tumor de células do epitélio plano/estratificado; Adenocarcinoma: tumor glandular Linfoma: neoplasia que se origina a partir das células sanguíneas que maturam na medula (linhagem linfoide); Leucemia: neoplasia que se origina a partir das células que maturam na circulação (linhagem mieloide); Melanomas: neoplasia que se origina a partir dos melanócitos. Há algumas lesões que não são neoplasias, mas que recebem o sufixo oma. Como, por exemplo: coristoma (ectopia de tecido não transformados; uma das mais comum é a mucosa gástrica ectópica no duodeno) e hamartoma (malformação do tecido de origem, massa de tecido desorganizado; frequente nos brônquios e no fígado). Neoplasias 8 Epidemiologia das neoplasias Entre homens, a taxa geral de mortes por câncer tem aumentado consideravelmente em função da maior incidência de câncer de pulmão. A taxa de mortalidade geral entre as mulheres, por outro lado, caiu ligeiramente em função do declínio na taxa de morte por câncer de cérvice uterina¹, estômago e intestino grosso. ¹A diminuição da taxa de mortalidade por câncer de cérvice uterina é atribuída aos estudos de esfregaço citológico, que permitem a descoberta precoce desses tumores ou até mesmo a descoberta de lesões precursoras. Os fatores ambientais são a causa predominante da maior parte dos cânceres esporádicos comuns. Os principais fatores são: alcoolismo, tabagismo, luz do sol, HPV para câncer de cérvice uterina e a dieta. A frequência do câncer aumenta com a idade, sendo que a maioria das mortes ocorre entre os 55 75 anos. A incidência elevada nos pacientes mais velhos é bastante lógica, dado que o envelhecimento se relaciona com o acúmulo de mutações somáticas, a emergência de neoplasias malignas e menor competência imune para combater estes tumores. Os principais cânceres letais para crianças menores de 15 anos são: leucemias, tumores do sistema nervoso, linfomas e sarcomas ósseos e de tecidos moles. As predisposições hereditárias ao câncer podem ser divididas em três categorias baseadas no padrão de herança: Síndromes de câncer autossômicas dominantes: nesses casos, a herança de um só gene mutante aumenta muito o risco de desenvolver o tumor. Exemplo: mais de 40% dos casos de retinoblastoma da infância são de origem familiar. Síndromes Autossômicas Recessivas do Reparo do DNA Defeituoso: são raras desordens que se caracterizam por instabilidade cromossômica/de DNA e altas taxas de certos cânceres. Geralmente, vê-se mutação do gene TP53 (gene supressor de tumor do tipo guardião, responsável pelo sensoriamento, reparo e controle de mutações e pela indução à apoptose de células portadoras). Neoplasias 9 Exemplo: o xeroderma pigmentoso é uma doença genética rara, com frequência estimada de 1 afetado para cada 250.000 indivíduos, caracterizada pela hipersensibilidade à radiação ultravioleta devido a falhas na reparação do DNA, fator que predispõe o paciente a neoplasias cutâneas severas e anormalidades oculares. Cânceres familiares de herança incerta: caracterizam-se pela idade de início precoce e formação de tumores múltiplos ou bilaterais. Não estão associados com fenótipos marcadores específicos. Os exemplos são os carcinomas de cólon, mama, ovário e cérebro. Lesões Pré-Neoplásicas Adquiridas: também chamadas delesões pré-câncer (dado a aumentada probabilidade de que estas se tornem malignas, embora a maioria não evolua para o câncer). Normalmente, as lesões precursoras surgem em quadros de lesão tecidual crônica ou de inflamação, fatores que podem potencializar a malignidade por estimularem contínua proliferação regenerativa ou por exporem as células aos produtos da inflamação, induzindo mutações. Algumas lesões precursoras importantes são: metaplasia e displasia escamosa da mucosa brônquica; hiperplasia e displasia endometriais; leucoplasia da cavidade oral, vulva ou pênis; adenomas vilosos do cólon. Bases moleculares do câncer A neoplasia se origina de uma única célula normal que sofreu, em algum momento, um processo não letal de alteração do seu DNA - sendo essa mutação iniciadora transmitida para as células- filhas. As mutações desencadeadoras (driver) podem ser espontâneas ou resultantes de exposição a agentes ambientais, químicos, radioativos ou virais. De todo modo, o crescimento da massa tumoral se dá concomitante à seleção de populações de subclones mais adaptados à sobrevivência. Os principais alvos de agentes tumorgênicos são as células-tronco e células em fase de G0 (momento do ciclo celular no qual a célula não tem estímulos para a divisão e, portanto, se concentra em exercer sua função vital). O desenvolvimento de um câncer é um processo complexo, multifásico e dependente de fenômenos genéticos. Primeiro, dá-se a mutação driver; depois, há mutações com a perda de fusão de genes Genes envolvidos no câncer As quatro principais classes de genes reguladores normais que são alvos dos danos genéticos são: proto-oncogenes (promotores de crescimento), genes supressores de tumor (inibidores de crescimento), genes reguladores da apoptose e genes envolvidos no reparo de DNA. Os proto-oncogenes são genes normais que estimulam o ciclo e a proliferação celular; Os oncogenes são versões mutadas ou superexpressas de proto- oncogenes que induzem transformações do fenótipo celular e a proliferação de neoplasias. São considerados dominantes, dado que um único alelo mutado já é capaz de levar à transformação celular. Os genes supressores de tumor, em situação de normalidade, impedem a proliferação celular descontrolada; quando mutados (geralmente em ambos os alelos normais), permitem a Neoplasias 10 expressão do fenótipo transformado. Os supressores de tumor são divididos em dois grupos gerais: Os genes governantes são supressores de tumor clássicos, nos quais o fenômeno de mutação leva à perda do limite que impõem à proliferação celular. Exemplo: RB. Os genes guardiões são responsáveis pelo sensoriamento, resposta e controle do dano genômico; essa resposta envolve a cessação da proliferação ou, se o dano for muito grande, a apoptose. O principal do grupo é o P53 - que, assim como outros genes guardiões, está diretamente envolvido no reconhecimento e no reparo de tipos específicos de dano ao DNA. https://www.youtube.com/watch?v=PRu34Zc_i50&ab_channel=InstitutoSerrapilh eira As síndromes autossômicas recessivas do reparo do DNA se caracterizam, justamente, por mutações nos genes guardiões. A perda dos genes guardiões não transforma as células (diretamente), pois não afeta a proliferação celular ou o processo de apoptose. Todavia, permite e acelera a aquisição de mutações em proto-oncogenes e em outros genes supressores de tumor. Os genes reguladores de apoptose se dividem em pró-apoptóticos e anti-apoptóticos. Exemplo: BCL2 e BCLX. Genes de reparo do DNA Lesões carcinogênicas As mutações driver podem ser pequenas (inserções ou deleções que podem ativar/inativar as proteínas/produtos funcionais dos genes afetados) ou grandes o bastante para produzir alterações no cariótipo do indivíduo. Essas últimas são identificadas na maior parte das leucemias, linfomas e outros tumores hematopoiéticos. Os tipos mais comuns de anormalidades estruturais não aleatórias em células tumorais são: 1. Translocações Equilibradas Altamente ligadas a neoplasias hematopoiéticas e mesenquimais. Podem ativar os proto- oncogenes de duas maneiras: Superexpressão, por removê-los do contexto genético normal de reguladores de expressão e por colocá-los sob o controle de outros promotores inadequados ou altamente ativos; Exemplo: o linfoma de Burkitt é um tipo de câncer do sistema linfático que afeta particularmente os linfócitos, e pode estar associado à infecção pelo vírus Epstein Barr EBV, pelo vírus da imunodeficiência humana HIV, ou surgir de alguma alteração genética. Na maior parte dos casos (cerca de 90%, as células apresentam uma translocação equilibrada entre os cromossomos 8 e 14 que leva à superexpressão do gene MYC no cromossomo 8 pela justaposição com elementos reguladores do gene da https://www.youtube.com/watch?v=PRu34Zc_i50&ab_channel=InstitutoSerrapilheira Neoplasias 11 imunoglobulina de cadeia pesada do cromossomo 14. Em outro caso, no linfoma de células B foliculares, a translocação entre os cromossomos 14 e 18 leva à superexpressão de BCL2, fator antiapoptótico. Criação de genes de fusão codificadores de proteínas quiméricas novas. 2. Amplificação de Genes Os proto-oncogenes podem ser convertidos em oncogenes por amplificação, com consequente superexpressão de proteínas normais. Os genes amplificados podem ou não produzir alterações cromossomais que podem ser identificadas microscopicamente. A amplificação de HER2NEU ou ERBB2 ocorre em cerca de 20% dos cânceres de mama e a terapia com anticorpos direcionados contra esse receptor tem sido muito efetiva nesses casos. Outro exemplo de amplificação é o que envolve o gene NMYC nos neuroblastomas. 3. Deleções Constituem a segunda anormalidade cariotípica mais prevalente em células tumorais. As deleções grandes o suficiente para serem vistas no cariótipo são mais comuns em tumores sólidos não hematopoiéticos. Deleções de determinadas regiões podem resultar em perda de genes supressores de tumor. Apesar de os supressores tumorais requererem a inativação de ambos os alelos para contribuir para a carcinogênese, é muito comum que após uma mutação pontual de inativação em um dos alelos, haja deleção do outro alelo não mutado. 4. Aneuploidias Distúrbio genético em que o cariótipo do indivíduo apresente um número de cromossomos que não é um múltiplo do estado haploide (não múltiplo de 23 em seres humanos);é notável em carcinomas. Pode resultar de erros do ponto de controle mitótico, o principal mecanismo de controle do ciclo mitótico que age para prevenir a dessegregação cromossômica defeituosa. O cromossomo Filadélfia (Ph), que aparece na leucemia mielóide crônica, é o principal exemplo; ele se apresenta em função da translocação recíproca e equilibrada entre os cromossomos 22 e 9. O cromossomo 22 derivado (cromossomo Ph) aparece abreviado originando o gene de fusão BCRABL, potente ativador de tirosina quinase.
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