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Curso Teórico-Prático de Neuroanatomia Funcional

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Universidade do Estado do Pará 
Centro de Ciências Biológicas e da Saúde 
Laboratório de Anatomia Humana 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Laboratório de Anatomia da UEPA 
Belém – PA 
2007 
 
Curso Teórico-prático de Neuroanatomia 
 
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ÍNDICE DOS CAPÍTULOS 
 
 
 
 
1. Conceitos Básicos de Neuroanatomia ........................................... 3 
2. Embriologia do Sistema Nervoso .................................................. 6 
3. Tronco Encefálico ........................................................................... 17 
4. Diencéfalo ........................................................................................ 20 
5. Telencéfalo ....................................................................................... 22 
6. Hipocampo ....................................................................................... 29 
7. Cerebelo ........................................................................................... 37 
8. Motricidade voluntária ................................................................... 48 
9. Sensibilidade .................................................................................... 57 
10. Referências ....................................................................................... 69 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCEITOS BÁSICOS DE NEUROANATOMIA 
 
• Substância cinzenta: tecido nervoso constituído de neuróglia, corpos de neurônios e fibras 
predominantemente amielínicas. 
• Substância branca: tecido nervoso formado de neuróglia e fibras predominantemente 
mielínicas. 
• Núcleo: massa de substância cinzenta (principalmente corpos de neurônios) dentro de 
substância branca, ou grupo delimitado de neurônios com aproximadamente a mesma 
estrutura e mesma função. 
• Córtex: substância cinzenta que se dispõe em uma camada fina na superfície do cérebro e do 
cerebelo. 
• Tracto: feixe de fibras nervosas com aproximadamente a mesma origem, mesma função e 
mesmo destino. As fibras podem ser mielínicas ou amielínicas. 
• Fascículo: usualmente o termo se refere a um tracto mais compacto. 
• Lemnisco: feixe em forma de fita. 
• Funículo: o termo é usado para a substância branca da medula; um funículo contém vários 
tractos ou fascículos. 
• Decussação: formação constituída por fibras nervosas que cruzam obliquamente o plano 
mediano e que têm aproximadamente a mesma direção. 
• Comissura: As comissuras são estruturas formadas por fibras que cruzam 
perpendicularmente o plano mediano, interligando regiões anatomicamente correspondentes 
e contralaterais. 
• Fibras de projeção: são fibras que partem de uma determinada área para outras regiões. 
• Fibras de associação: são fibras que associam pontos mais ou menos distantes de uma área 
ou órgão, entretanto, sem abandoná-lo. 
 
 
Considerações gerais 
 
O tecido nervoso é composto por neurônios e células da glia. O neurônio é a célula 
responsável pelo processamento e formação dos impulsos necessários para a comunicação tanto 
entre esses tipos de células, como as células-alvo, células musculares e glandulares. Os neurônios 
possuem propriedades de excitabilidade e são divididos em dendritos, que são estruturas formadas 
por inúmeras ramificações que são responsáveis pela recepção do estímulo; corpo celular, também 
chamado de pericário, sendo que nessa porção encontra-se toda a estrutura necessária para o 
metabolismo do neurônio, sendo considerado o centro nervoso; e os axônios, que são os 
prolongamentos celulares que levam os estímulos gerados no pericário para as outras células. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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As células da glia são cerca de dez vezes a quantidade de neurônios, porém, devido a seu 
tamanho, elas ocupam a metade do volume no tecido nervoso. Elas estão envolvidas no apoio ao 
tecido nervoso: suportando, isolando, e nutrindo os neurônios, mas as células da glia não 
apresentam excitabilidade. As células da glia são compostas pelos oligodendrócitos, astrócitos, 
células ependimárias e microglias. 
A transmissão do impulso de um neurônio para o outro depende de uma estrutura muito 
especializada, as sinapses. Elas podem ser divididas em química e elétrica. Na primeira, há um 
espaço estreito entre as membranas das duas células nervosas, a fenda sináptica, onde são liberados 
os neurotransmissores e delimitada pelas membranas pré-sináptica (do terminal axônico) e pós-
sináptica ( de um dendrito, pericário, axônio ou célula efetora). Nas sinapses elétricas, os neurônios 
unem-se através de junções comunicantes, o que permite a transferência de íons de uma célula para 
outra, mas esses tipos de sinapses são incomuns nos mamíferos. 
 
 
 
 
 
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Em cortes do sistema nervoso central podemos individualizar duas regiões: as substâncias 
branca e cinzenta. A primeira é formada por células gliais e fibras mielínicas, o que permite a 
coloração clara; e a segunda é constituída por corpos de neurônios, fibras amielínicas, algumas 
fibras mielínicas, astrócitos e oligodendrócitos e micróglia. A disposição das duas substâncias varia 
de acordo com a região do sistema nervoso, como, por exemplo, a medula, que possui internamente 
a substância cinzenta e a substância branca na porção periférica, enquanto que no córtex a 
disposição é invertida. 
O sistema nervoso é dividido anatomicamente em sistema nervoso central e sistema nervoso 
periférico. O primeiro encontra-se protegido pelo arcabouço ósseo, formado pela coluna vertebral e 
o crânio, sendo constituído de encéfalo (cérebro, cerebelo e tronco encefálico) e medula espinhal; 
enquanto que o segundo é composto pelos nervos e gânglios nervosos. 
O sistema nervoso pode ser dividido segundo critérios embriológicos em: 
Prosencéfalo: Telencélafo (córtex e núcleos da base) e o diencéfalo (tálamo e hipotálamo). Essas 
estruturas formam o cérebro 
Mesencéfalo 
Rombencéfalo: Metencéfalo (Cerebelo e ponte) e mielencéfalo (bulbo). 
Na divisão fisiológica, o sistema nervoso somático corresponde a integração entre o 
organismo e o meio externo, para isso esse sistema é composto por uma porção aferente, 
relacionada aos impulsos gerados a partir de estímulos do ambiente, e uma eferente, responsável 
pela transmissão à musculatura esquelética, promovendo a execução da movimentação voluntária. 
O sistema nervoso visceral é o responsável pela homeostase do organismo, funcionando de maneira 
inconsciente e involuntária, sendo constituído de via aferente, onde transitam os impulsos 
originados das vísceras (visceroceptores), e a via eferente, que é a porção por onde os comandos dos 
centros nervosos enviam para os seus alvos, glândulas, músculo liso ou cardíaco. É importante 
destacar que essa porção eferente do sistema nervoso visceral é também chamado de sistema 
nervoso autônomo, o qual é subdividido em simpático e parassimpático. 
 
Funções do Sistema Nervoso 
 
*Função Sensitiva e Sensorial: As diversas informações relativas ao corpo e a seu ambiente 
chegam até os centros nervosos, onde são reagrupadas, associadas, classificadas e arquivadas; 
Os receptores>>>> nervos>>>>>centros nervosos 
Os receptores (tato, visão, olfato, audição e paladar). 
*Função motora: comando dos músculos, órgãos, secreção glandulares, digestivas etc. 
* Função: as idéias, as funções intelectuais, pensamentos e emoções são gerados e a 
memória é formada e armazenada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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EMBRIOLOGIA DO SISTEMA NERVOSO 
 
Introdução 
 
 A neuroanatomia tem sido um desafio para gerações de estudantes, e por um bom motivo: o 
encéfalo humano é extremamente complexo. No entanto, nosso encéfalo é uma mera variação de 
uma estrutura comum aos encéfalos de todos os mamíferos. O encéfalo humano parece complexo 
porque ele é deformado em decorrência de um crescimento excessivo de algumas de suas partes 
dentro dos limites rígidos do crânio. Porém, uma vez entendida a estrutura básica nos mamíferos, 
estas especializações do encéfalo humano serão compreendidas com mais facilidade. 
 O sistema nervoso de todos os mamíferos apresenta duas divisões: o sistema nervoso central 
(SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC inteiro é derivado das paredes de um tubo que 
se formou em um estágio inicial do desenvolvimento embrionário. O tubo irá se transformar no 
sistema ventricular no adulto. Assim, examinando como esse tubo se modifica durante o 
desenvolvimento fetal, podemos compreender como o encéfalo se organiza e como as diferentes 
partes se reúnem. 
 
Formação do Tubo Neural 
 
 No início, o embrião é um disco plano formado por três camadas celulares chamadas de 
endoderma, mesoderma e ectoderma. O endoderma origina, em última instância, o revestimento de 
múltiplos órgãos (vísceras). Do mesoderma originam-se os ossos do esqueleto e os músculos. O 
sistema nervoso e a pele (epiderme) derivam-se inteiramente do ectoderma. 
A região do ectoderma a ser focalizada aqui, é aquela que origina o sistema nervoso: a placa 
neural. Nos estágios iniciais (cerca de três semanas de gestação em humanos), o encéfalo está 
formado apenas por uma camada pavimentosa de células. A próxima etapa de interesse é a 
formação de um sulco na placa neural, o sulco neural, que a percorre no sentido céfalo-caudal. As 
paredes do sulco, as pregas neurais, movimentam-se conjuntamente e fundem-se dorsalmente 
constituindo o tubo neural. A totalidade do sistema nervoso central desenvolve-se a partir das 
paredes do tubo neural. Quando as pregas neurais juntam-se, algum ectoderma neural desprende-se, 
indo localizar-se lateralmente ao tubo neural. Este tecido é a crista neural. Todos os neurônios com 
os corpos neuronais no sistema nervoso periférico serão derivados da crista neural. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA – Os desenhos de cima são vistas dorsais do embrião e os de baixo, secções coronais. 
 
 
 A crista neural desenvolve-se em íntima associação com o mesoderma adjacente. O 
mesoderma, neste estágio do desenvolvimento, forma proeminentes protuberâncias em cada lado do 
tubo neural, chamadas de somitos. A partir destes somitos desenvolvem-se as 33 vértebras da 
coluna vertebral e os músculos esqueléticos relacionados. Os nervos que inervam estes músculos 
esqueléticos serão posteriormente chamados de nervos motores somáticos. 
 O processo pelo qual a placa neural se transformará em tubo neural chama-se de neurulação, 
que ocorre muito precocemente no desenvolvimento embrionário, ao redor dos 22 dias após a 
fecundação em humanos. 
 
As Três Vesículas Encefálicas Primárias 
 
 O processo pelo qual as estruturas tornam-se mais elaboradas e especializadas durante o 
desenvolvimento é chamado de diferenciação. O primeiro passo na diferenciação do encéfalo é o 
desenvolvimento, na porção rostral do tubo neural, de três dilatações denominadas vesículas 
primárias. O encéfalo, em sua totalidade, deriva das três vesículas primárias do tubo neural. 
 A vesícula mais rostral chama-se prosencéfalo, também chamado de encéfalo anterior. 
Detrás do prosencéfalo encontra-se outra vesícula chamada de mesencéfalo ou encéfalo médio. 
Caudalmente a esta, situa-se a terceira vesícula primária, o rombencéfalo, ou encéfalo posterior. O 
rombencéfalo conecta-se ao tubo neural caudal, o qual origina a medula. 
 
 
 
 
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FIGURA - A porção mais rostral do tubo neural diferenciam-se três 
vesículas que originarão todo o telencéfalo. 
 
 
1. Diferenciação do Prosencéfalo: 
 
O próximo passo significativo no desenvolvimento do cérebro anterior é o surgimento de 
vesículas secundárias em ambos os lados do prosencéfalo. As vesículas secundárias são as vesículas 
ópticas e as telencefálicas. A estrutura que permanece ímpar, logo após o “brotamento” das 
vesículas secundárias, chama-se diencéfalo. Assim, o prosencéfalo, neste estágio, é formado por 
duas vesículas ópticas, duas vesículas telencefálicas e o diencéfalo. 
 As vesículas ópticas crescem e invaginam-se para formar o pedúnculo (ou talo) óptico e o 
cálice óptico, que originarão, por fim, os nervos ópticos e as duas retinas do adulto. O ponto a 
assimilar é que a retina, na zona posterior do olho e os nervos ópticos que conectam o olho ao 
diencéfalo, são parte integrante do encéfalo e não do SNP. 
 
 
 
FIGURA - O prosencéfalo diferencia-se no diencéfalo nas 
vesículas telencefálicas pareadas e nas vesículas 
ópticas. 
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1.1. Diferenciação do Telencéfalo e Diencéfalo: 
 
 As vesículas telencefálicas, juntas, formam o telencéfalo, ou “encéfalo distante” que está 
formado pelas duas vesículas telencefálicas. O telencéfalo continua a desenvolver-se, ocorrendo 
quatro eventos: (1) As vesículas telencefálicas crescem posteriormente, situando-se dorsal e 
lateralmente ao diencéfalo. (2) outro par de vesículas surge da superfície ventral dos hemisférios 
cerebrais, dando origem aos bulbos olfatórios e estruturas relacionadas que participam do olfato. (3) 
As células da parede do telencéfalo dividem-se e se diferenciam em várias estruturas. (4) A 
substância branca desenvolve-se, carreando axônios dos e para os neurônios telencefálicos. 
 
 
FIGURA - À medida que o desenvolvimento prossegue, os hemisférios cerebrais dilatam-se e 
crescem, laterais e posteriormente, envolvendo o diencéfalo. Os bulbos olfatórios 
emergem da superfície ventral de cada vesícula telencefálica. 
 
 
 A Figura abaixo mostra uma secção coronal do prosencéfalo primitivo de mamífero, 
ilustrando como as diferentes porções do telencéfalo e do diencéfalo se diferenciam e se adaptam 
conjuntamente. Note que os dois hemisférios cerebrais situam-se acima e em cada lado do 
diencéfalo, além de a superfície ventral medial dos hemisférios fundir-se com as superfícies laterais 
do diencéfalo. 
 Os espaços dentro dos hemisférios cerebrais são chamados de ventrículos laterais, e o 
espaço no centro do diencéfalo denomina-se de terceiro ventrículo. Os ventrículos laterais pareados 
são um ponto de referencia-chave no encéfalo adulto: sempre que você observar ventrículos 
pareados em uma secção de cérebro, saberá que o tecido que os circunda é o telencéfalo. O aspecto 
de fenda alongada do terceiro ventrículo em cortes coronais é um aspecto importante para verificar 
o diencéfalo. 
 Observe na Figura abaixo, que as paredes das vesículas telencefálicas parecem dilatadas 
devido à proliferação neuronal. Estes neurônios formam dois tipos de substância cinzenta no 
telencéfalo: o córtex cerebral e o telencéfalo basal. Igualmente, o diencéfalo diferencia-se em duas 
estruturas: o tálamo e o hipotálamo. O tálamo, 
 
 
 
 
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localizado profundamente dentro do prosencéfalo, possui este nome que, em grego, significa 
“leito”. 
 Os neurônios do encéfalo em desenvolvimento estendem seus axônios para comunicar-se 
com outras partes do sistema nervoso. Estes feixes axonais juntam-se para formar o principal 
sistema de substânciabranca: a substância branca cortical, o corpo caloso e a cápsula interna. A 
substância branca cortical possui todos os axônios que vão de um neurônio a outro no córtex 
cerebral. O corpo caloso continua com a substância branca cortical e forma uma ponte axonal que 
une neurônios corticais dos dois hemisférios cerebrais. A substância branca cortical também se 
continua com a cápsula interna, que une o córtex com o tronco encefálico, particularmente com o 
tálamo. 
 
 
FIGURA - (a) secção coronal através do prosencéfalo primitivo, mostrando as duas divisões 
principais: o telencéfalo e o diencéfalo.(b) Ventrículos do prosencéfalo.(c) Substância 
cinzenta do prosencéfalo.(d) Substância branca do prosencéfalo. 
 
 
1.2. Relações entre Estruturas e Função do Telencéfalo: 
 
 O prosencéfalo é o local das percepções conscientes, da cognição e da ação voluntária. Tudo 
isto depende de amplas interconexões com os neurônios sensoriais e motores do tronco encefálico e 
da medula espinhal. 
 Indiscutivelmente, a estrutura mais importante do prosencéfalo é o córtex cerebral que 
recebem informações sensoriais, constroem as percepções do mundo exterior e comandam os 
movimentos voluntários. 
 Os neurônios do bulbo olfatório recebem informações de células que percebem substâncias 
químicas (odores) e enviam esta informação a uma parte caudal do córtex cerebral para posterior 
análise. Informações que provêm dos olhos, dos ouvidos e da pele são também levadas ao córtex 
cerebral para serem analisadas. Todas as vias sensoriais relacionadas com a visão, audição e 
sensações somáticas, no entanto, fazem 
 
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estação sináptica em neurônios do tálamo a caminho do córtex. Assim, o tálamo freqüentemente é 
chamado de portal do córtex cerebral. 
 Os neurônios talâmicos enviam axônios ao córtex através da cápsula interna. Como regra 
geral, os axônios de cada cápsula interna levam informação ao córtex do lado contralateral do 
corpo. Uma importante via de comunicação entre os hemisférios se faz através do corpo caloso. 
 Os neurônios corticais também enviam axônios pela cápsula interna ao tronco encefálico. 
Alguns axônios corticais percorrem todo o caminho até a medula espinhal, constituindo o tracto 
córtico-espinhal. Esta é uma importante via do córtex que comanda o movimento voluntário. Outra 
via comunica os neurônios corticais com os neurônios dos núcleos da base, que são agrupamentos 
de células do telencéfalo basal. O termo basal utiliza-se para descrever estruturas profundas do 
encéfalo, precisamente como é o caso dos núcleos da base. 
 Ainda que o hipotálamo esteja debaixo do tálamo, funcionalmente ele se relaciona de forma 
mais íntima com certas estruturas telencefálicas. O hipotálamo executa muitas funções primitivas e, 
portanto, não sofreu muitas modificações ao longo da evolução dos mamíferos. O hipotálamo 
controla o sistema nervoso vegetativo (SNV), que regula as funções corpóreas em resposta às 
necessidades do organismo. O hipotálamo também tem um papel-chave na motivação dos animais 
para a busca de alimento, líquidos e sexo em resposta a suas necessidades. Além de suas conexões 
com o SNV, o hipotálamo também comanda as respostas corporais por intermédio de conexões com 
a hipófise, que se situa ventralmente ao diencéfalo. 
 
2. Diferenciação do Mesencéfalo: 
 
 Diferentemente do prosencéfalo, o mesencéfalo diferencia-se relativamente pouco durante o 
desenvolvimento subseqüente do cérebro. A superfície dorsal da vesícula mesencefálica transforma-
se em uma estrutura denominada tecto. O assoalho do encéfalo médio origina o tegmento. O espaço 
preenchido pelo LCR, localizado entre estas duas regiões, contrai-se formando um canal estreito 
chamado de aqueduto cerebral. O aqueduto conecta-se rostralmente com o terceiro ventrículo do 
diencéfalo. Como é pequeno e com formato circular na secção transversal, o aqueduto é um bom 
ponto de referência para identificar o mesencéfalo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA - O mesencéfalo se diferencia no tecto e no tegmento. No espaço 
preenchido com LCR no centro do mesencéfalo, localiza-se o 
aqueduto cerebral. 
 
 
2.1. Relações entre Estruturas e Função do Mesencéfalo: 
 
 Para uma estrutura aparentemente tão simples, as funções do mesencéfalo são notavelmente 
diversificadas. Além de conduzir informação da medula espinhal ao prosencéfalo e vice-versa, o 
mesencéfalo possui neurônios envolvidos com o sistema sensorial, no controle do movimento e 
várias funções. 
 O mesencéfalo contém axônios que descem do córtex cerebral ao tronco encefálico e a 
medula espinhal. Por exemplo, o tracto córtico-espinhal cursa, através do mesencéfalo, até chegar 
na medula espinhal. Lesões neste tracto em um dos lados, ao nível do mesencéfalo prejudica o 
controle voluntário dos movimentos do lado oposto do corpo. 
 O tecto diferencia-se em duas estruturas: os colículos superiores e os colículos inferiores. O 
colículo superior recebe aferências diretamente do olho, por isso também é chamado de tecto 
óptico. Uma das funções do tecto óptico é controlar os movimentos oculares, realizada mediante 
conexões sinápticas com neurônios motores que inervam a musculatura ocular. Alguns desses 
axônios que inervam a musculatura ocular originam-se no mesencéfalo e se reúnem formando os 
nervos cranianos III e IV. 
 O colículo inferior também recebe informação sensorial, porém, no caso, do ouvido o 
colículo inferior é uma importante estação retransmissora de informação auditiva a caminho do 
tálamo. 
 O tegmento contém a substância nigra e o núcleo rubro que são grupamentos celulares 
envolvidos com o controle do movimento voluntário. Outros grupos dispersos no mesencéfalo 
possuem axônios que se projetam amplamente por todo o SN e regulam o alerta consciente, o 
humor, o prazer e a dor. 
 
 
 
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3. Diferenciação do Rombencéfalo: 
 
 O Rombencéfalo diferencia-se em três importantes estruturas: o cerebelo, a ponte e o bulbo. 
O cerebelo e a ponte originam-se da metade rostral do rombencéfalo (chamado de metencéfalo). A 
cavidade preenchida com LCR originará o quarto ventrículo, que está em continuidade com o 
aqueduto cerebral do mesencéfalo. 
 No estágio das três vesículas, o rombencéfalo rostral é um simples tubo quando visto em 
secção coronal. Nas semanas subseqüentes, o tecido ao longo da parede dorsal lateral do tubo, 
chamado lábio rômbico, cresce dorsal e medialmente até fundir-se com seu homólogo do outro 
lado. A aba resultante de tecido encefálico transforma-se no cerebelo. A parede ventral do tubo, 
diferencia-se e dilata-se para constituir a ponte. 
 
 
FIGURA - O mesencéfalo rostral diferencia-se no cerebelo e na ponte. O 
cerebelo forma-se pelo crescimento e fusão dos lábios rômbico. 
 
 
 Modificações menos profundas ocorrem durante a diferenciação da porção caudal do 
rombencéfalo em medula espinhal. As paredes ventral e lateral desta região dilatam-se, deixando a 
porção superior coberta somente por uma fina camada de células ependimárias (não-neuronais). Ao 
longo da superfície ventral, de cada bulbo, estende-se um importante sistema de substância branca. 
Seccionado transversalmente, este feixe de axônios exibe sua forma triangular, o que explica a 
denominação de pirâmide bulbar. 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA - O rombencéfalo caudal diferencia-se no bulbo. As 
pirâmides bulbares são feixes axonais estendendo-se 
caudalmente à medula espinhal. 
 
 
3.1 Relações entre Estruturas e Função do Rombencéfalo:Como o mesencéfalo, o rombencéfalo é um importante conduto de informação que passa do 
prosencéfalo à medula espinhal e desta de volta ao prosencéfalo. Ademais, os neurônios do 
rombencéfalo contribuem para o processamento da informação sensorial, o controle dos 
movimentos voluntários e a regulação do sistema nervoso vegetativo. 
 O cerebelo, o “pequeno cérebro” é um importante centro de controle do movimento. Ele 
recebe aferências maciças da medula espinhal e da ponte. As aferências medulares trazem 
informações a respeito da posição do corpo no espaço. As aferências pontinas levam informação do 
córtex cerebral especificando a meta do movimento pretendido. O cerebelo compara este tipo de 
informação e calcula as seqüências de contrações musculares necessárias para se atingir a meta dos 
movimentos. 
 Dos axônios descendentes que passam pelo mesencéfalo mais de 90% estabelecem sinapses 
em neurônios da ponte. Os neurônios pontinos retransmitem toda essa informação ao cerebelo, no 
lado oposto. Assim, a ponte atua como um gigantesco quadro de distribuição ou painel de controle, 
conectando o córtex cerebral ao cerebelo. A ponte abaula a superfície ventral do tronco encefálico 
para poder alojar esta circuitaria. 
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 Os axônios que não terminam na ponte, prosseguem caudalmente e fazem parte das 
pirâmides bulbares. A maioria destes axônios origina-se no córtex cerebral e integra o tracto 
córtico-espinhal. Próximo a onde o bulbo se une com a medula espinhal, cada 
 
tracto piramidal cruza de um lado a outro da linha média. O cruzamento de axônios de um lado a 
outro é chamado de decussação; esta, no caso, é a decussação piramidal. O cruzamento axonal no 
bulbo explica por que o córtex de um lado controla os movimentos do lado oposto do corpo. Além 
de permitir a passagem dos sistemas de substância branca, o bulbo contém neurônios que executam 
muitas funções sensoriais e motoras. Por exemplo, os axônios dos nervos auditivos, que trazem 
informações auditivas do ouvido, estabelecem sinapses em células do núcleo coclear do bulbo. O 
núcleo coclear, por sua vez, projeta axônios a várias estruturas, dentre elas o tecto do mesencéfalo 
(o colículo inferior). 
 Outras funções sensoriais do bulbo incluem o tato e a gustação. O bulbo possui 
neurônios que retransmitem informação sensorial somática da medula espinhal ao tálamo. A 
destruição destes neurônios provoca uma anestesia. Outros neurônios retransmitem informação 
gustativa da língua ao tálamo. E entre os neurônios motores do bulbo estão células que controlam a 
musculatura lingual através do nervo craniano XII. 
 
4. Diferenciação da Medula Espinhal: 
 
 A transformação do tubo neural caudal em medula espinhal é simples, se comparada com a 
diferenciação do encéfalo. Com a expansão do tecido nas paredes, a cavidade do tubo neural 
diminui e forma um pequeno canal ependimário central preenchido com o mesmo líquido 
cefalorraquidiano. 
 Em secção transversal, a substância cinzenta da medula tem uma inconfundível borboleta. A 
porção superior das asas da borboleta é o corno dorsal, e a porção inferior, o corno ventral. A 
substância cinzenta entre os cornos dorsal e ventral, chama-se zona intermediária. O restante é 
substância branca, que consiste de colunas de axônios que se estendem cefalicamente e caudalmente 
ao longo da medula espinhal. Assim, os feixes axonais que se estendem ao longo da superfície 
dorsal da medula são denominados colunas dorsais, os feixes de axônios laterais, à substância 
cinzenta, de cada lado, são as colunas laterais, e os feixes de axônios na superfície ventral, as 
colunas ventrais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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FIGURA - O centro da medula espinhal, em forma de borboleta, é de 
substância cinzenta que se divide nos cornos dorsal e ventral e na 
zona intermediária. 
 
 
4.1. Relações entre Estrutura e Função da Medula: 
 
 De um modo geral, as células do corno dorsal recebem aferências sensoriais das fibras da 
raiz dorsal, as células do corno ventral projetam às raízes ventrais que inervam músculos e as 
células da zona intermediária são interneurônios modulando eferências motoras em resposta a 
aferências sensoriais e a comando descendentes do encéfalo. 
 A larga coluna dorsal possui axônios que transportam informação da sensibilidade somática 
(tato), da medula espinhal ao encéfalo. É uma “via expressa”, que leva informação do lado 
ipsilateral do corpo até os núcleos no bulbo em alta velocidade. Os neurônios pós-sinápticos 
bulbares originam axônios que decussam e ascendem ao tálamo. Este cruzamento de lado dos 
axônios no bulbo explica por que um toque no lado esquerdo do corpo é sentido pelo lado direito no 
cérebro. 
 A coluna lateral apresenta axônios do tracto córtico-espinhal que também cruzam de um 
lado para o outro no bulbo. Estes axônios inervam a zona intermediária e o corno ventral, além de 
transportarem sinais que controlam os movimentos voluntários. 
 A medula espinhal é o principal conduto de informações à pele, às articulações e aos 
músculos. Os neurônios da substância cinzenta espinhal iniciam a análise da informação sensorial, 
têm um papel decisivo na coordenação dos movimentos e são capazes de articular reflexos simples, 
como aquele da retirada do pé de cima de um percevejo. 
 
 
 
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TRONCO ENCEFÁLICO 
 
É uma estrutura do sistema nervoso segmentar que localiza-se na fossa posterior ou 
compartimento infra-tentorial, que apresenta na sua estrutura diversos corpos neuronais agrupados 
em núcleos, e que serve de passagem para inúmeras fibras mielínicas que também estão agrupadas 
em feixes, tractos e lemniscos. É formado por 3 estruturas: mesencéfalo, ponte e bulbo e conecta-se 
com os 10 pares de nervos cranianos típicos. O tronco limita-se inferiormente com a medula 
espinhal da qual é separado por uma linha que tangência o forâmen magno ou mais exatamente o 
primeiro filamento radicular da primeira raiz cervical, limita-se posteriormente com o cerebelo, do 
qual é separado pelo quarto ventrículo, o limite superior é o diencéfalo do qual é separado por uma 
linha imaginária que tangência os corpos mamilares e a comissura posterior. 
 
 
 
 
 
 
Bulbo 
 
É formado por duas porções: porção fechada e aberta. 
• Face ventral: nesta face encontramos o sulco mediano ou longitudinal do bulbo, que representa 
continuação do sulco da medula. Esse sulco continua-se para cima e termina em uma depressão 
chamada forâmen cego que por sua vez localiza-se ao fundo do sulco bulbo-pontino. Há ainda os 2 
sulcos laterais anteriores do bulbo que também são continuação da medula, deste sulco emerge o 
XII nervo craniano (hipoglosso). Nas porções mais superiores desta face vamos encontrar duas 
dilatações chamadas pirâmides bulbares que são formadas pela passagem do tracto piramidal ou 
córtico-espinhal. Ainda nesta face, nas porções mais inferiores, o sulco mediano anterior é 
parcialmente obliterado pelo cruzamento da maior parte do tracto piramidal originando uma região 
chamada decussação das pirâmides. 
• Face lateral: na porção lateral vamos ter ainda mais um sulco que é continuação direta da medula 
e se denomina sulco lateral posterior, este sulco vai delimitar com o sulco lateral anterior outra 
dilatação, lateral à pirâmide, chamada oliva bulbar que se deve à presença do núcleo olivar inferior. 
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Dos sulcos laterais posteriores partem os seguintes nervos cranianos: IX (glossofaríngeo), X (vago) 
e a raiz craniana ou bulbar do XI(acessório). 
• Face dorsal: Representa continuação direta da medula e apresenta os seguintes sulcos: sulco 
mediano ou longitudinal posterior, sulcos intermédios posteriores e sulcos laterais posteriores. Entre 
os sulcos mediano posterior e os sulcos intermédios posteriores vamos encontrar o fascículo grácil 
que termina em uma dilatação chamada tubérculo grácil que é formada pelo núcleo do mesmo 
nome. Entre os sulcos intermédio e lateral posterior vamos encontrar o fascículo cuneiforme que 
termina numa dilatação chamada tubérculo cuneiforme que é formada pelo núcleo do mesmo nome. 
É importante observar que o sulco mediano posterior e os tubérculos grácil e cuneiforme afastam-se 
da linha média como um “Y” devido ao aparecimento da abertura do quarto ventrículo. Existe um 
pequeno canal parcialmente obliterado chamado canal central do bulbo. 
 
 
 
 
 
 
Ponte (protuberância): 
 
Na sua face ventral apresenta toda sua estrutura percorrida por sulcos horizontais formando 
as estrias transversais da ponte, essas estrias agrupam-se nas porções mais laterais formando dois 
grossos feixes de substância branca chamados braços da ponte ou pedúnculos cerebelares médios. A 
sua porção central denomina-se corpo ou barriga da ponte e é limitada no braço da ponte pela 
emergência do V nervo craniano (trigêmeo). A barriga da ponte é percorrida por um sulco mediano 
chamado sulco basilar formado pela artéria basilar. Do sulco bulbo-pontino emergem 3 pares de 
nervos cranianos : o VI (abducente) acima da pirâmide bulbar, o VIII (vestíbulo-cloclear) à altura 
do flóculo do cerebelo e o VII (facial) medialmente ao VIII. 
 
 
Mesencéfalo 
 
Porção mais alta do tronco é dividida por uma estreita fenda chamada aqueduto cerebral ou 
de Sylvius em duas porções: uma anterior chamada pedúnculo cerebral e uma posterior chamada 
teto do mesencéfalo ou lâmina tectal. 
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O pedúnculo cerebral é um grosso feixe de fibras de substância branca em número de dois, 
separados entre si por uma fenda bastante pronunciada chamada fossa interpeduncular, no fundo da 
qual existem orifícios para passagem de artérias perfurantes constituindo a substância perfurada 
posterior. Na superfície dos pedúnculos cerebrais encontramos dois sulcos: sulco lateral do 
mesencéfalo e o sulco medial do pedúnculo cerebral onde se origina o III nervo craniano 
(óculomotor), se traçarmos um corte tangenciando esses sulcos vamos encontrar uma região 
chamada substância nigra que divide o pedúnculo em duas porções: uma central (interna) rica em 
corpos celulares chamada tegmento e outra periférica rica em fibras chamada base.Teto do 
mesencéfalo (lâmina tectal): Nesta região encontramos 4 pequenas dilatações separadas entre si por 
um sulco em formato de cruz, são os colículos ou tubérculos quadrigêmeos superiores e inferiores. 
Os superiores comunicam-se através dos seus braços com os corpos geniculados laterais no tálamo 
e participam da via óptica. Os inferiores comunicam-se através dos seus braços com os corpos 
geniculados mediais do tálamo e participam da via auditiva. Abaixo dos colículos inferiores 
encontra-se a emergência do IV nervo craniano (troclear), único a emergir dorsalmente. Sobre o teto 
do mesencéfalo repousa a glândula pineal. 
 
 
 
Nervos Cranianos 
 
 
 
(I) n.Olfatório 
(II) n.Óptico 
(III) n. Oculomotor 
(IV) n. Troclear 
(V) n. Trigêmeo 
(VI) n. Abducente 
(VII) n. Facial intermédio 
(VIII) n. Vestibulo-coclear 
(IX) n. Glossofaríngeo 
(X) n. Vago 
(XI) n. Acessório 
(XII) n. Hipoglosso 
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DIENCÉFALO 
 
Representa apenas 20% do cérebro e localiza-se em uma porção central e inferior de tal 
forma que só pode ser visualizado quando observamos a face inferior do cérebro ou fazemos um 
corte sagital no mesmo. Todas as estruturas do diencéfalo dispõem-se em torno do terceiro 
ventrículo, que são as seguintes : tálamo, hipotálamo, epitálamo e sub-tálamo. 
 
Tálamo 
 
Os tálamos são duas grandes massas de substância cinzenta que ocupam a porção dorso-
lateral do diencéfalo tendo formato ovóide e em geral mantendo uma comunicação através de uma 
pequena ponte de substância cinzenta chamada aderência intertalâmica. O tálamo possui na sua 
porção anterior uma pequena dilatação chamada tubérculo anterior do tálamo, que tem como maior 
importância servir de limite aos foramens de Monro, possui ainda uma grande dilatação posterior 
chamada pulvinar do tálamo, dilatação esta que encobre duas outras pequenas dilatações chamadas 
corpos geniculados medial e lateral. 
O tálamo apresenta como paredes súpero-laterais a lâmina afixa que é revestida por epitélio 
ependimário e participa do assoalho do ventrículo lateral. Apresenta ainda medialmente a pia-máter 
do assoalho da fissura lateral. O tálamo limita-se lateralmente com a cápsula interna e inferiormente 
com o hipotálamo e o sub-tálamo. O limite medial é o terceiro ventrículo. 
 
Hipotálamo 
 
• Quiasma óptico: representa a fusão dos dois nervos ópticos no qual vai ocorrer o cruzamento da 
metade medial das fibras do nervo óptico enquanto as fibras laterais seguem sem cruzar. 
Posteriormente ao quiasma óptico as vias visuais seguem através dos tractos ópticos até o corpo 
geniculado lateral no tálamo. 
• Infundíbulo: é uma pequena estrutura em forma de funil que apresenta duas porções, uma 
superior mais dilatada chamada eminência mediana do infundíbulo, que está presa ao túber cinério e 
uma porção inferior muito fina chamada processo infundibular que se continua com a neuro-
hipófise. 
• Tuber Cinério: é uma área dilatada de cor mais cinza, de função visceral importante a qual se 
prende o infundíbulo. 
• Corpos Mamilares: são duas pequenas dilatações em formato de mama existentes à frente da 
fossa interpeduncular. 
 
Epitálamo 
 
Localiza-se posteriormente ao terceiro ventrículo, apresentando um formato piriforme e 
tendo como estrutura mais importante a glândula pineal ou epífise. Ocupa posição ímpar mediana e 
repousa sobre o teto do mesencéfalo. 
 
 
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A glândula pineal está presa superiormente à comissura das habênulas e inferiormente a 
comissura posterior. A comissura das habênulas apresenta em cada lado duas pequenas áreas 
triangulares chamadas trígonos das habênulas. 
 
Sub-tálamo 
 
É uma pequena estrutura de função mal definida, localizada na transição diencéfalo-
mesencefálica. Apresenta como limite lateral a cápsula interna, limite medial o hipotálamo e 
superior o tálamo. Possui um único núcleo de importância chamado núcleo sub-talâmico de Luys. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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TELENCÉFALO 
 
 O córtex cerebral é a fina camada de substância cinzenta que reveste o centro branco 
medular do cérebro. Trata-se de uma das partes mais importantes do Sistema Nervoso. No encéfalo 
de lateral para medial, temos a substância cinzenta, depois temos substância branca, intercalada por 
massas de substância cinzenta, que são os núcleos da base. Essa organização é o oposto do que 
ocorre na medula. 
 No córtex chegam impulsos provenientes de todas as vias sensitivas que aí se tornam 
conscientes e são interpretados. Dele saem os impulsos nervosos que iniciam e comandam os 
movimentos voluntários e com ele estão relacionados os fenômenos psíquicos. Durante a evolução, 
a extensão e complexidade do córtex aumentaram progressivamente, atingindo maior 
desenvolvimento na espécie humana, o que pode ser correlacionadocom o grande desenvolvimento 
das funções intelectuais desta espécie. A classificação anatômica baseia-se na divisão do cérebro em 
sulcos, giros e lobos. Constitui, juntamente com outras estruturas, o chamado telencéfalo. 
 O telencéfalo é dividido externamente em lobos frontal, parietal, temporal, occipital e, se 
abrirmos o frontal e o temporal, teremos o quinto lobo, que é a ínsula. Porém, a divisão em lobos 
não corresponde a uma divisão funcional ou estrutural, pois em um mesmo lobo temos áreas 
corticais de funções e estruturas muito diferentes. 
 De todos os sulcos e giros os que são 100% presentes são: fissura Silviana na porção lateral, 
sulco colateral na porção basal, sulco do caloso e sulco parieto-occipital na porção medial inter-
hemisférica. 
 O estudo dos sulcos é de fundamental importância pelo fato de que 2/3 das porções do córtex 
estão dentro desses sulcos. 
 
 
 
 
 
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Superfície Súpero-Lateral do Cérebro: 
 
Na face lateral, estrutura mais exuberante é a fissura Silviana (lateral). Divide os lobos 
frontal e parietal do lobo temporal. Nesta face, encontramos também o giro temporal transverso 
anterior ou giro de Heschl, que é a área cortical da audição. Então, para formarmos uma imagem 
tridimensional, é necessário saber que o giro pós-central fica acima da transição entre o giro 
temporal superior e o giro de Heschl. Se baixarmos uma linha do giro de Heschl encontraremos o 
meato acústico externo. 
 O sulco central divide o lobo frontal do parietal, podendo estar de 2 a 7 cm de distância da 
sutura Lambdóidea. Tem algumas peculiaridades: é de trás para frente, oblíquo, tem dois joelhos 
(superior e inferior), uma curva “S” e geralmente não corta a fissura Silviana, pois pára antes. 
Anteriormente a este sulco existe o sulco pré-central e, posteriormente, o sulco pós-central. Dois 
sulcos delimitam um giro. Então entre os sulcos central e pré-central encontra-se o giro pré-central e 
entre os sulcos central e pós-central, o giro pós-central. No lobo parietal encontra-se o giro pós-
central, que é o centro sensitivo. 
 
 
 
 
 
1. Lobo Frontal 
 
 No lobo frontal encontramos o giro pré-central e o sulco pré-central. Este sulco está no 
sentido súpero-lateral. Os outros sulcos do lobo frontal estão no sentido antero-posterior (sai do 
lobo frontal até o giro pré-central). A mesma coisa no lobo temporal, onde os sulcos saem do lobo 
temporal para trás. 
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 No sentido antero-posterior no lobo frontal, encontramos dois sulcos (frontal superior e 
frontal inferior) entre três giros (frontal superior, médio e inferior). O giro frontal inferior é formado 
por três componentes (da frente para trás): orbital, triangular e opercular. 
 Toda vez que eu tiver uma lesão na transição entre o componente opercular e o componente 
triangular (área de Broca – expressão da palavra) eu vou ter o que chamamos de afasia motora ou 
afasia de expressão ou afasia de Broca: o paciente está consciente, entende o que você diz, mas não 
consegue articular as palavras, não consegue falar. 
 Se o paciente é destro, mais de 90% da área da linguagem fica à esquerda. Se o paciente for 
sinistro, a área da linguagem pode ficar à direita, à esquerda ou bilateralmente. 
 Entretanto, se o paciente destro tiver uma lesão na transição do componente opercular e o 
componente triangular no lado direito, o paciente terá amusia (não conseguirá cantar) 
 A área sensitiva chama-se área de Wernicke. Quando ocorre uma lesão na área de 
Wernicke, a pessoa fala, mas não com coerência, pois esta área é a área da interpretação geral. Tudo 
vai convergir para essa área para que possa ser interpretada e poder mandar a resposta. A lesão 
nessa área chama-se afasia de Wernicke ou sensitiva, que é o oposto da afasia de Broca. A pessoa 
ouve, mas não entende. O diagnostico diferencial é a demência. 
 Existe um fascículo que liga essas duas áreas (Broca e Wernicke) que se chama fascículo 
arqueado. Se o paciente tem uma lesão no fascículo arqueado, o paciente entende tudo, consegue 
articular palavras, mas a mensagem não vai corretamente porque o fascículo arqueado está lesado. 
 A fissura silviana é dividida em ramos posterior, anterior, horizontal e ascendente. O 
componente triangular do giro frontal inferior é delimitado pelos ramos anterior, horizontal e 
ascendente. 
 
2. Lobo Temporal 
 
 No lobo temporal, temos dois sulcos no sentido antero-posterior entre três giros (temporal 
superior, médio e inferior). O giro temporal inferior faz parte de duas faces: lateral e basal, em 
maior quantidade até na porção basal. 
 Além destes, há também o giro temporal transverso anterior (área cortical da audição ou giro 
de Heschl), giro temporal transverso médio e giro temporal transverso posterior. 
 
3. Lobo Parietal 
 
 O lobo parietal fica do sulco central para trás. Contém o giro pós-central e o sulco pós-
central. O sulco intraparietal é antero-posterior, paralelo ao seio sagital e perpendicular ao sulco 
pós-central. O sulco intraparietal divide o lobo parietal em lóbulo parietal superior e lóbulo parietal 
inferior. O lóbulo parietal inferior é formado por dois giros: um giro longo que fica no final do ramo 
posterior da fissura silviana e parece uma ferradura, denominado giro supramarginal ( relacionado à 
segmentação do corpo), e outro giro, posterior a este, o giro angular (relacionado aos códigos). 
Esses dois giros formam a bossa parietal. 
 Quando lemos alguma coisa, a informação vai para o lobo occipital (área cortical da visão), 
depois para o giro angular, seguindo para a área de interpretação geral (área de Wernicke), 
dirigindo-se para o fascículo arqueado e finalmente para a área de Broca. Se o paciente tiver uma 
lesão no giro angular, ele vai apresentar cegueira verbal, porque não irá conseguir interpretar as 
palavras. Quando a informação vai para a área de interpretação geral, o código vai errado. 
 Complexo parieto-têmporo-occipital: deve-se traçar duas linhas imaginárias. A primeira 
linha saída identação parieto-occipital (sempre presente, assim como o seu sulco na face medial 
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inter-hemisférica) até a incisura pré-occipital (junção entre as suturas escamosa e lambdóidea – fica 
a 4cm do pólo occipital), o que está para baixo é o lobo occipital e o que está para cima é o lobo 
parietal. A segunda linha vai do final do ramo posterior da fissura silviana até a metade da primeira 
linha. Divide o parietal do temporal. 
 
4. Lobo Occipital 
 
Situa-se posteriormente à linha imaginaria que une a emergência do sulco parieto-occipital à 
incisura pré-occipital, apresentando sulcos e giros com a maior variação anatômica, sendo que a 
maioria não é bem delimitada e definida. 
O seu sulco principal é a fissura Calcarina que se dispõe pouco acima da margem ínfero-
medial do hemisfério. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5. Lobo da Insula 
 
Operculando os lobos frontal e temporal encontraremos o quinto lobo cerebral, o lobo da 
ínsula, que evoluiu menos. Anatomicamente a ínsula possui função de proteção dos ventrículos e 
núcleos da base. Apresenta a forma de pirâmide invertida e sua estrutura mais exuberante é o Ápex 
da ínsula de onde surgem os giros curtos, o qual está fincado no lobo temporal, e abaixo do Ápex 
encontramos o límen da ínsula. Freqüentemente são encontrados três giros curtos e dois longos que 
são separadospelo sulco central da ínsula. 
Este lobo é circundado, anteriormente, pelo sulco limitante anterior, superiormente, pelo 
sulco limitante (ou circular) superior e, inferiormente, pelo sulco limitante (ou circular) inferior. Na 
direção do centro insular encontra-se o forame de Monro que propicia a comunicação do terceiro 
com o quarto ventrículo. A transição entre o componente ascendente e o componente anterior 
horizontal da fissura Silviana, será o sulco limitante anterior da ínsula. 
 
 
 
 
 
 
Superfície Basal do Cérebro 
 
Após o giro temporal inferior, encontra-se, de lateral para medial, o sulco occíptotemporal , 
o giro fusiforme (ou occíptotemporal lateral), o sulco colateral que delimita com o sulco calacarino 
o giro occíptotemporal medial e com o sulco do hipocampo o giro parahipocampal cuja porção 
anterior se curva em torno do sulco do hipocampo para formar o úncus que é separado do resto do 
lobo temporal pelo sulco Rinal. 
Anteriormente, na face inferior do lobo frontal, existe um sulco em forma de H, o sulco 
orbital, formando quatro giros: orbital anterior, orbital posterior, orbital lateral e orbital medial. 
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Nessa face inferior há outro sulco importante, o sulco olfatório, profundo e de direção antero-
posterior, por onde passa o primeiro par de nervos cranianos (olfatório). Medialmente a este se 
situa o giro reto que faz parte tanto da porção basal quanto da medial. 
 
Superfície Medial do Cérebro 
 
 Também chamada inter-hemisférica, apresenta dois importantes sulcos (100% presentes) que 
são o sulco parieto-occipital e o sulco do corpo caloso ao redor do qual está o giro do cíngulo, sendo 
que este é delimitado pelo sulco do cíngulo que divide-se em ramo marginal e sulco subparietal. 
Destacando-se do sulco do cíngulo em direção à margem superior do hemisfério, existe quase 
sempre o sulco para-central, que delimita com o sulco do cíngulo e seu ramo marginal, o lóbulo 
Paracentral. 
O corpo caloso, a maior das comissuras inter- hemisféricas, é composto, de anterior para posterior, 
de rostro, joelho, corpo e esplênio. 
 
 
 
 
Núcleos da Base e Tálamo 
 
Após a ínsula (substância cinzenta), encontramos a primeira camada de substância branca, 
chamada de cápsula extrema; depois mais uma camada de substância cinzenta, chamada de 
claustrum; seguida de mais uma faixa de substância branca, chamada cápsula externa; então 
chegamos ao lentiforme (putâmen e globo pálido) e depois a cápsula interna, cabeça do caudado e 
tálamo. A porção anterior da cápsula interna é chamada de braço da cápsula interna, que separa a 
cabeça do caudado da porção anterior do lentiforme. O joelho da cápsula interna está na direção do 
forame de Monro. A perna da cápsula interna está entre o tálamo e a porção posterior do lentiforme. 
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O feixe córtico-espinhal ou piramidal passa na perna da cápsula interna. Esse feixe é responsável 
pela nossa motricidade voluntária.As cápsulas interna e externa são elementos do lentiforme. 
Separando o putâmen, que é mais lateral, do globo pálido, que é mais medial, está situada a 
lâmina medular lateral. E separando só o globo pálido, fica a lâmina medular medial. 
O ponto M do giro de Heschl diz onde termina os núcleos da base. 
Retirando-se o úncus do giro para-hipocampal do lobo temporal, será encontrado a amígdala, que é 
outro núcleo da base. Esta faz parte das porções superior e anterior da corno temporal do ventrículo 
lateral e está no final da cauda do núcleo caudado. 
A substância perfurada anterior apresenta orifícios por onde passam as artérias penetrantes. 
Entre os pedúnculos cerebrais está a substância perfura posterior. 
Na substância perfurada anterior verifica-se duas peculiaridades: 
1. A carótida, quando entra no ovóide craniano, bifurca-se em artérias cerebral anterior e 
cerebral média; 
2. É onde afloram os núcleos da base. Então os vasos penetrantes vão sair daí para irrigar os 
núcleos da base. 
Não existe sulco separando o globo pálido da amígdala. 
Os limites da substância perfurada são: Porção posterior do giro orbital medial e o giro reto, 
nervo óptico, quiasma óptico, trato óptico e porção anterior do úncus do giro para-hipocampal do 
lobo temporal. 
O tálamo é uma estrutura localizada acima do tronco cerebral. O único “input” que não 
passa pelo tálamo é o olfato. 
As estruturas arqueadas (cavalgando) sobre o tálamo são: Núcleo caudado e fórnix. O corpo 
mamilar é parte constituinte do fórnix. Este sai do corno temporal (corpo mamilar). O fórnix vai sair 
do hipocampo, que faz parte do assoalho do corno temporal do ventrículo lateral. 
 
 
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HIPOCAMPO 
 
Introdução 
 
No ano de 1878, o neurologista francês Paul Broca publicou um artigo sobre uma região 
cortical, com formato da letra “C”, localizada na face inter-hemisférica cerebral. Ele denominou de 
lobo límbico (lat. Limbus - borda, limite), já que envolvia, como uma borda, o tronco encefálico. De 
acordo com esta definição, o lobo límbico é uma formação circular cortical, composta por vários 
tipos de córtex, que envolvem as superfícies mediais dos hemisférios cerebrais. 
No ano de 1952, o fisiologista norte-americano Paul MacLean institui o termo sistema 
límbico, ressaltando o papel deste nas emoções dos animais ao longo da evolução. 
Sabe-se que o córtex cerebral, histologicamente, está dividido em várias camadas, dessa 
forma, a citoarquitetura é classificada em arquicórtex, paleocórtex e neocórtex. 
Estruturalmente, o lobo límbico consiste em: arquicórtex (formação hipocampal e giro 
denteado), paleocórtex (córtex piriforme) e justa/mesocórtex (giro do cíngulo). Já o sistema límbico 
compõe-se de estruturas telencefálicas (como hipocampo e amígdala), diencefálicas (como 
epitálamo e hipotálamo) e mesencefálicas (núcleos límbicos mesencefálicos). 
 
Anatomia 
 
A formação hipocampal compreende o hipocampo, o giro denteado e a maior parte do giro 
para-hipocampal. 
O hipocampo desenvolve-se no encéfalo fetal por um processo de expansão contínua da 
margem medial do lobo temporal, de forma que ocupa o assoalho do corno temporal do ventrículo 
lateral. No encéfalo desenvolvido, portanto, o giro para-hipocampal na face externa é contínuo ao 
hipocampo (que está oculto). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Nos cortes coronais, apresenta-se me forma de “C”, sendo que o pregueamento em camadas 
deu-lhe duas denominações: hipocampo, que significa “cavalo marinho”, devido à semelhança na 
forma, ou Corno de Ammon (cornu ammonis) devido à semelhança com chifre de carneiro, já que 
Ammon era uma divindade egípcia cuja cabeça era de um carneiro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA – Estágios do desenvolvimento embrionário da formação hipocampal. 
 
 
O hipocampo está acima do subiculum e medial ao giro para-hipocampal, formando uma 
elevação curva, de aproximadamente 5 cm de comprimento, ao longo do assoalho do corno 
temporal do ventrículo lateral. Sua extremidade anterior é expandida e sulcada, semelhante a uma 
pata de animal, este é o “pé do hipocampo”. 
A face ventricular é recoberta por uma camada delgada de substância branca denominada 
álveo (ou alveus), compreendendo fibras que entram (aferentes) e saem (eferentes) da formação 
hipocampal. Essas fibras formam a fímbria ao longo de sua margem medial e continuam, em 
seguida, como pilar do fórnix depois do hipocampo terminar sob o esplênio do corpo caloso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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O crescimento do córtex hipocampal é responsável pela formação do giro denteado. Este 
ocupa o intervalo entre a fímbria do hipocampo e o giro para-hipocampal. O hipocampo e o giro 
denteado situam-se profundamente no lobo temporal, sendo separados do giro para-hipocampal pelo 
sulco hipocampal; o sulco fimbriodenteado situa-se entre as estruturas que lhe nomeiam. Nesse 
local, a fissura coróidea é dorsal à fímbria do hipocampo. 
O giro para-hipocampal apresenta em seu córtex seis camadas, nas quais, na região 
denominada subiculum, há uma transição entre neocórtex e arquicórtex do hipocampo. 
 
Conexões 
 
O hipocampo, em secção transversa, apresenta três áreas: CA1, CA2 e CA3 (CA é 
abreviação para Corno de Ammon). A área CA1 é adjacente ao subículo e a CA3 é mais próxima do 
giro denteado. 
 
 Três camadas são identificadas no córtex hipocampal: 
 
 
� Camada Estrato Molecular: consiste em 
axônios e dendritos interconectados, 
localizando-se no centro da formação 
hipocampal, circundando o sulco 
hipocampal. É contínua com as camadas 
moleculares do giro denteado e o 
neocórtex. 
� Camada Celular Piramidal (Estrato 
Piramidal): possui grandes neurônios, 
sendo os piramidais as células 
principais. Os dendritos destas células 
estendem-se ao estrato molecular e seus 
axônios atravessam o álveo e a fímbria 
para chegar ao fórnix. Ramo colateral de 
Schaffer faz sinapses com CA1. 
� Camada Polimórfica (Estrato de 
Orientação): localiza-se sob o álveo, 
contém axônios, dendritos e 
interneurônios. 
 
FIGURA - Camadas da formação hipocampal. 
 
 
O giro denteado também possui três camadas: o estrato granular, o hilo e fibras 
musgosas (fibras eferentes que estabelecem sinapses com células de CA3 e CA2). 
 
 
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FIGURA – Circuitos Neuronais Hipocampais. 
CA1, CA2 e CA3 = setores. 
CN= cauda do núcleo caudado. 
DG= giro denteado. 
Ent= córtex entorrinal. 
Fx= fímbria. 
h= hilo do giro denteado. 
Su= subículo. 
 
 
Conexões Aferentes 
 
A formação hipocampal possui quatro fontes principais de aferências: o neocórtex cerebral, 
a área septal, o hipocampo contralateral e vários núcleos na formação reticular do tronco encefálico. 
O maior contingente de fibras provém da área entorrinal. Esta é parte da área olfatória lateral 
e também recebe fibras de associação do neocórtex do lobo temporal. 
O córtex entorrinal envia informações ao hipocampo por meio de um feixe de axônios 
chamado via perforante, que passa pelo subículo e atravessa a base do sulco hipocampal para 
terminarem no giro denteado. A via alvear atravessa a substância branca subcortical e o álveo para 
terminar no hipocampo. 
 
 
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FIGURA - Algumas vias aferentes hipocampais. 
 
 
Fibras aferentes também estão presentes no fórnix e na fímbria. Elas provêm do hipocampo 
contralateral, da área septal e de núcleos basilares colinérgicos prosencefálicos da substância 
inominada. Outras vias aferentes hipocampais no fórnix provêm de vários núcleos talâmicos (grupo 
anterior, medial ventral), da parte posterior do hipotálamo, da área tegmental anterior, do locus 
ceruleus e dos núcleos da rafe. 
 
Conexões Eferentes: o fórnix 
 
As conexões vindas da área entorrinal e do neocórtex estendem-se paralelamente ao córtex 
cerebral e, por meio de vias descendentes, ao diencéfalo e ao tronco encefálico. O fórnix é a maior 
via eferente da formação hipocampal. 
O fórnix humano contém mais de 1 milhão de axônios 
mielínicos originados no hipocampo e no subículo do giro 
para-hipocampal. Primeiramente, essas fibras atravessam o 
álveo na face ventricular do hipocampo a caminho da fímbria. 
Esta continua como pilar do fórnix, que começa no limite 
posterior do hipocampo sob o esplênio do corpo caloso. O 
pilar curva-se posteriormente ao tálamo, unindo-se ao pilar 
oposto, formando o corpo do fórnix. 
Na relação do corpo do fórnix com a face ventral do esplênio do corpo caloso, tem-se a 
comissura hipocampal dorsal que conduz fibras do giro para-hipocampal de um hemisfério cerebral 
à formação hipocampal do hemisfério oposto. No encéfalo humano, a comissura hipocampal ventral 
é vestigial. 
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Acima do terceiro ventrículo, o corpo do fórnix separa-se em colunas, cada uma curvando-se 
ventralmente à frente do forame interventricular. A coluna possui parte pré e pós comissural, sendo 
que desta a maioria das fibras termina no corpo mamilar. O corpo mamilar projeta-se para o 
tálamo, especificamente para os núcleos anteriores através do fascículo mamilotalâmico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA – Lobo Límbico – vista medial. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA – Hipocampo e Fórnix – dissecação superior. 
 
 
Considerando os circuitos hipocampais (Circuito de Papez), existem áreas de influxo 
(aferências) e de efluxo (eferências). As primeiras provêm do neocórtex, do tálamo, da área septal, 
área tegmentar anterior e núcleos catecolaminégicos da formação reticular; as segundas dirigem-se 
para em parte para o neocórtex e para regiões da formação reticular. 
 
 
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FIGURA - Vias eferentes do hipocampo. 
 
 
Função 
 
Psicólogos e cientistas do comportamento reconhecem diferentes tipos de memória de longo 
prazo que são processadas de maneiras distintas no encéfalo. 
A memória declarativa (ou explícita) trata do conhecimento e da lembrança de fatos ou de 
acontecimentos que podem ser reconduzidos à consciência. Qualquer evento é mantido, 
inicialmente, na memória de curto prazo. Ele pode ser esquecido durante a próxima hora, caso 
contrário será armazenado na memória a longo prazo. Se as memórias declarativas não forem 
requisitadas de tempos em tempos, o processo de lembrança necessitará de um esforço mental 
maior ou, então, as memórias serão esquecidas. 
A memória de procedimento (ou implícita) existe para habilidades adquiridas, inclusive para 
habilidades motoras realizadas regularmente e atividades mentais, tais como utilizar vocabulário 
comum e regras gramaticais de uma linguagem. O aprendizado ocorre gradualmente e a lembrança 
é aprimorada com lembrança e prática. As funções da formação hipocampal mais conhecidas são a 
retenção de informações na memória de curto prazo e sua transferência para a memória declarativa 
de longo prazo. 
A exposição a fatores estressantes tem papel importante no desenvolvimento de transtornos 
depressivos. Embora tradicionalmente relacionado a processos cognitivos como aprendizado e 
memória, o hipocampo está envolvido com a resposta ao estresse. Ele é ativado por diferentes 
estressores e participa do processamento de informações sobre eventos ameaçadores. O hipocampo 
possui grande densidade de receptores para glicorticóides que, quando ativados, inibem a atividade 
do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, limitando a resposta ao estresse. Além disso, ele também pode 
se tornar um alvo para os efeitos deletérios do estresse. 
Os mecanismos envolvidos nesta relação, no entanto, ainda são pouco conhecidos, mas 
algumas evidências sugerem a participação da formação hipocampal: 
 
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1. o estresse pode causar alterações plásticas no hipocampo, que incluem remodelação dendríticae 
inibição de neurogênese. Drogas antidepressivas impendem estes efeitos, possivelmente por 
aumentarem a expressão de fatores neurotróficos; 
2. a facilitação da neurotransmissão serotoninérgica no hipocampo atenua conseqüências 
comportamentais do estresse e produz efeitos antidepressivos em modelos animais; 
3. o antagonismo do principal neurotransmissor excitatório no hipocampo, o glutamato, produz 
efeitos semelhantes; 
 4. o hipocampo parece estar “hiperativo” em animais mais sensíveis em modelos de depressão e em 
humanos resistentes à antidepressivos; 
 5. o hipocampo, em conjunto com o complexo amigdalar, parece ter papel fundamental na 
consolidação e evocação de memórias aversivas. 
 
Durante situações de estresse, o hipocampo pode sofrer modulação pelo complexo 
amigdalóide. Esta estrutura subcortical do lobo temporal é fundamental na elaboração de respostas 
emocionais frente a ameaças. Ela atribuiria significado (positivo ou negativo) a novas experiências 
e modularia processos plásticos sediados no hipocampo envolvidos com o processamento de 
informações, especialmente durante situações de estresse. A comunicação amígdala-hipocampo 
seria importante para a evocação e a expressão de memórias relacionadas ao medo. 
As lesões do hipocampo impedem o surgimento de novas memórias de um tipo específico, o 
tipo de memória que utilizada para aprender novos fatos ou eventos. Surpreendentemente, outros 
tipos de memória permaneceram intactas. Isso levou os pesquisadores a proporem duas grandes 
formas de memória: a explícita (ou declarativa) e a implícita (ou não-declarativa). As memórias 
explícitas são aquelas sobre as quais se pode falar como o jantar de ontem à noite ou a data de um 
acontecimento histórico. Tais memórias envolvem o pensamento consciente. 
Sabe-se que o hipocampo é necessário para a aquisição desses tipos de memórias, pois as 
lesões nessa região impedem os indivíduos de estabelecerem novas memórias explícitas. É possível, 
no entanto, recuperar memórias explícitas mais antigas, que foram armazenadas antes que ocorresse 
a lesão. 
Memórias implícitas são, normalmente, memórias de procedimentos ou associativas em sua 
natureza e freqüentemente são adquiridas de forma inconsciente. Por exemplo, aprender a andar de 
bicicleta ou tocar um instrumento musical é um conhecimento de procedimento que depende do 
aprendizado de habilidades motoras específicas e normalmente requerem múltiplas repetições. No 
entanto, há também aspectos de memórias explícitas embutidas nesses exemplos. Pode-se recordar a 
primeira bicicleta ou a cor do cabelo do professor de música. Esses tipos de memórias explícitas são 
processados pelo hipocampo. 
Por outro lado, para aprender-se habilidade através de quais dedos percorrem as teclas do 
piano necessitamos da ativação dos gânglios da base e circuitos associados. Dessa forma, os danos a 
esses núcleos prejudicam o aprendizado de procedimento. Indivíduos com doença de Parkinson 
inicial ou coréia de Huntington possuem déficits específicos em sua capacidade de aprender 
habilidades de procedimento que não são explicadas pela perda de sua coordenação motora. 
 
 
 
 
 
 
 
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CEREBELO 
 
Introdução 
 
O cerebelo é um órgão que faz parte do Sistema Nervoso suprasegmentar, que se origina da 
parte dorsal do metencéfalo. A palavra cerebelo origina-se do latim e significa "pequeno cérebro". 
Sua função básica é a de modular e regular a função motora, coordenando os movimentos, 
regulando o equilíbrio, o tônus muscular e mantendo a postura. 
Uma lesão no cerebelo leva a uma diminuição ou dificuldade na atividade motora, e não a 
uma paralisia, ou seja, perda do movimento. 
 
Localização 
 
 O cerebelo está situado acima do forame magno, dorsalmente ao tronco encefálico, 
formando o teto do IV ventrículo. A parte cranial do teto é formada por uma fina lâmina de 
substância branca, o véu medular superior, que se prende entre os pedúnculos cerebelares 
superiores. A parte caudal é formada por uma parte de substância branca do nódulo do cerebelo e o 
véu medular inferior, que se prende medialmente às bordas laterais do nódulo. 
 
 
 
 O cerebelo repousa na fossa cerebelar do osso occipital. Está separado do telencéfalo pela 
tenda do cerebelo, que é uma prega da dura-máter. 
 O cerebelo está ligado ao tronco encefálico por três grossos feixes de fibras chamados 
pedúnculos. 
 O pedúnculo cerebelar superior liga o cerebelo ao mesencéfalo. Ele contém principalmente 
axônios eferentes e é também chamado de braço conjuntivo. O pedúnculo cerebelar médio liga o 
cerebelo à ponte, sendo também chamado de braço da ponte. Ele contém somente axônios aferentes. 
O pedúnculo cerebelar inferior ou corpo restiforme liga o cerebelo ao bulbo, e contém axônios tanto 
aferentes quanto eferentes. 
 
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Estrutura: 
 
O cerebelo possui uma região central, mediana, chamada vérmis, mais dilatada na face 
superior, formando uma crista, enquanto que na face inferior do cerebelo, o vérmis afunda-se numa 
depressão. O vérmis está separado do restante do corpo do cerebelo por dois sulcos. O restante 
corresponde às porções laterais chamadas hemisférios cerebelares. Superiormente o vérmis não é 
bem separado dos hemisférios, diferente da porção inferior. 
 
 
 
 
 
O cerebelo é formado por uma camada de substância cinzenta (formada pelos corpos dos 
neurônios cerebelares) constituindo o córtex cerebelar. Abaixo do córtex está a substância branca 
constituída de axônios mielinizados, os quais podem ser aferentes ou eferentes. Eles formam o 
centro branco medular. Num corte sagital, é possível visualizar bem o formato em arborização da 
substância branca, o que faz com que o cerebelo seja conhecido como árvore da vida. 
 
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No centro da substância branca estão localizados os 4 pares de núcleos do cerebelo 
mostrados em corte transversal, sendo eles, do medial para o lateral: núcleo fastigial, globoso e 
emboliforme (que juntos formam o núcleo interpósito), e o denteado, o maior de todos. 
 
 
 
 
 
O córtex cerebelar possui vários sulcos transversais que divide sua superfície em pregas, 
chamadas folhas ou fólios. Os sulcos mais profundos são chamados fissuras que separam as folhas 
em grupos chamados lóbulos. Esses lóbulos são agrupados em lobos, separados pelas principais 
fissuras. São elas: a fissura prima, na parte superior que separa o corpo do cerebelo em duas partes 
desproporcionais: o lobo anterior, que é menor e superior, e o lobo posterior. A fissura póstero-
lateral, visível na porção inferior, separa o lobo floco-nodular do restante do corpo. Este lobo é 
formado pelo nódulo, lóbulo do vérmis, ligado ao flóculo, lóbulo do hemisfério. Há também a 
fissura horizontal, vista na porção posterior do cerebelo. 
 
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Divisões 
 
São 4: 
 
� uma divisão anatômica. 
� uma divisão ontogenética (transversal). 
� uma divisão longitudinal. 
� uma divisão filogenética. 
 
Na divisão anatômica, o cerebelo divide-se em lobo superior, lobo médio e lobo posterior. 
A divisão ontogenética está baseada no desenvolvimento do homem. A 1ª fissura a surgir 
durante este desenvolvimento é a fissura póstero-lateral , que separa o lobo floco-nodular do 
restante do corpo. A 2ª fissura é a prima que separa o lobo anterior do lobo posterior. 
Além dessa divisão transversal, existe uma divisão longitudinal, proposta recentemente de 
acordo com estudos das conexõesdo córtex cerebelar com os núcleos centrais. Nesta, o cerebelo 
divide-se numa zona medial, uma zona intermédia e uma zona lateral. A zona medial, ímpar, 
corresponde ao vérmis. De cada lado está a zona intermédia paravermiana. A zona lateral 
corresponde à maior parte dos hemisférios. 
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A última divisão é a filogenética, ou seja, baseada no desenvolvimento do cerebelo desde os 
seres mais simples até os mais complexos. O cerebelo divide-se em arquicerebelo, paleocerebelo e 
neocerebelo. Esta divisão é de grande importância para a localização das síndromes cerebelares. O 
arquicerebelo corresponde ao lobo floco-nodular e é relacionado com o núcleo fastigial, tem como 
função principal a coordenação do equilíbrio axial, estático e dinâmico. O paleocerebelo 
corresponde ao lobo anterior, à pirâmide e úvula – região do vérmis – segundo Ângelo Machado e é 
relacionado com o núcleo interpósito, tem como função o equilíbrio também, mas principalmente 
com o equilíbrio inferior, dele que partem as eferências para a medula espinhal e a ele que chegam 
as fibras da medula espinhal. O neocerebelo corresponde ao restante dos hemisférios cerebelares e é 
relacionado com o núcleo denteado, onde partem as eferências para o córtex cerebral. 
 
 
 
 
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Descrição 
 
O cerebelo ocupa 10% de todo espaço do sistema nervoso central, porém, contem mais de 
50% dos neurônios do encéfalo. As fibras aferentes ao cerebelo são 40 vezes mais numerosas do que 
as fibras dos hemisférios cerebrais. É o órgão que recebe toda a informação da ação motora. 
O cerebelo possui no seu córtex algumas camadas. 
Camada molecular: é a mais externa e formada por células estreladas e células em cesto. 
Estas possuem árvore dendrítica grande e ambas são inibitórias. Os axônios das células em cesto 
formam ramos terminais semelhantes a cestos em torno de 5 à 8 somas de células de Purkinje, 
recebendo, por isso, esse nome. Essa camada é formada também por fibras paralelas. 
Camada das células de Purkinje: localiza-se entre as outras duas, ou seja, é subseqüente à 
camada molecular. É composta pelas células de Purkinje que são os maiores neurônios do SNC. São 
piriformes e grandes, sendo dotadas de maciça árvore dendrítica que se ramifica irradiando-se 
através da camada molecular até a superfície do córtex, e de seus axônios que são as únicas fibras 
eferentes do córtex cerebelar e que se projetam para os neurônios dos núcleos cerebelares (situados 
na substância branca do cerebelo) ou saem do cerebelo e terminam nos núcleos vestibulares 
(situados entre a parte caudal da ponte e rostral do bulbo). 
Camada granular: é a mais interna, sendo formada por células granulares e células de Golgi. 
As primeiras são as menores células do corpo humano, são extremamente numerosas, possuem 
vários dendrítos e um axônio que ascende através da camada das células de Purkinje até a camada 
molecular onde se bifurca para formar as fibras paralelas. Estas fibras irão fazer sinapse com as 
células de Purkinje. Uma fibra paralela faz, individualmente, sinapse com milhares células de 
Purkinje, e esta acaba recebendo milhares de fibras paralelas (cerca de 2000.000). As células 
granulares são os únicos neurônios excitatórios do córtex cerebral (excitam as células de Purkinje, 
estreladas, em cesto e as de Golgi). 
 
 
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O cerebelo controla a força, a medida, a destreza, a direção dos movimentos voluntários; 
através dele que aprendemos os atos motores, que automatizamos os atos motores,estes depois 
passam a ser controlados pelo sistema piramidal, mas é o cerebelo quem faz o aprendizado motor, 
sendo então considerado o órgão do aprendizado motor. 
As informações que chegam se dirigem para os núcleos profundos do cerebelo, o núcleo 
denteado elabora uma informação, elabora o mecanismo de correção do movimento a fim de torná-
lo mais adequado, envia a informação para o córtex cerebral do lado oposto, no giro pré-central 
(área motora), chegando lá, é enviado um comando para o movimento voluntário, que é contra-
lateral (do mesmo lado do hemisfério cerebelar de onde saiu a informação). 
O controle cerebelar da coordenação do movimento voluntário é contra-lateral ao hemisfério 
cerebral. 
 
Conexões aferentes e eferentes: 
 
Vias aferentes: 
 
São fibras trepadeiras ou musgosas. As fibras trepadeiras se distribuem a todo o córtex 
cerebelar e se originam no núcleo olivar inferior. Há uma relação topográfica precisa entre as partes 
do núcleo olivar inferior e a área cortical cerebelar de término dessas fibras olivo-cerebelares 
trepadoras. Sabe-se que todos os sistemas aferentes que enviam projeções de fibras musgosas para o 
cerebelo (somatosensorial, visual, auditivo, vestibular e córtico-ponto-cerebelar) também enviam 
aferências para o cerebelo por meio das fibras trepadeiras. 
 
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 As fibras musgosas são o maior tipo individual de estímulo para o cerebelo, embora, 
individualmente, influenciem apenas uma pequena área do córtex cerebelar. As fibras musgosas 
partem da medula (do núcleo de Clarke e do cuneiforme acessório), dos núcleos vestibulares e dos 
núcleos pontinos. 
Fibras espino-cerebelares partem do núcleo de Clarke situado na zona intermédia entre C8 e L2 e do 
cuneiforme acessório. O núcleo de Clarke retransmite para essas fibras informações sensoriais 
somáticas dos membros inferiores e porções altas do tronco. O núcleo de Clarke originará o tracto 
espino-cerebelar dorsal que ascende na porção mais posterior do funículo lateral da medula. Este 
conduz sinais sensoriais originados em receptores proprioceptivos e somáticos que permitem ao 
cerebelo avaliar o grau de contração nos músculos, a tensão nas cápsulas articulares e tendões, as 
posições e a velocidade do movimento de partes do corpo. Este núcleo medular também originará o 
tracto espino-cerebelar ventral que ascende anterolateralmente e conduz impulsos (sinais motores) 
que permitem ao cerebelo avaliar o grau de atividade no tracto córtico-espinhal. O tracto espino-
cerebelar ventral chega ao cerebelo através do pedúnculo do cerebelar superior e o espino-cerebelar 
dorsal através do pedúnculo cerebelar inferior, terminando ambos no córtex do paleocerebelo. O 
núcleo cuneiforme acessório, localizado rostralmente ao núcleo cuneiforme, envia fibras para o 
cerebelo, que retransmitem informações sensoriais somáticas oriundas da porção superior do tronco 
e membros superiores. Essas informações não são relacionadas à percepção (como no caso do 
núcleo cuneiforme) e sim ao controle dos movimentos. 
 Fibras vestíbulo-cerebelares são fibras que se originam nos núcleos vestibulares e que 
conduzem informações originadas na parte vestibular do ouvido interno sobre a posição da cabeça 
para o arquicerebelo. 
 
 
 
 
 Fibras córtico-ponto-cerebelares: os núcleos pontinos retransmitem informações do córtex 
de todos os lobos cerebrais para o neocerebelo. Os axônios descendentes passam pela cápsula 
interna e pela base do pedúnculo cerebral para sinaptizar nos núcleos pontinos. Na ponte sofrem 
uma decussação e penetram no cerebelo através do pedúnculo cerebelar médio. 
 
 
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 As informações que chegam ao cerebelo através das vias eferentes são processadas por este 
órgão e produzem respostas que influenciarão os neurônios motores da medula.

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