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OFICINA DE ELABORAÇÃO DE QUESTÕES MATERIAL DIDÁTICO 2 Sumário A VOZ DO ALUNO APRESENTAÇÃO CAPÍTULO I Avaliação Educacional Objetivos Conteúdos O que é avaliar? Definições de Avaliação Funções da Avaliação Entrevistas Denise La corte Bacci Paulo Cesar Oliveira Felipe Zambaldi Avaliação Formativa Principais perguntas e respostas Referências Saiba mais CAPÍTULOII Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas Objetivos Conteúdos Como fazer escolhas? Matrizes de Referência Exemplos de Matrizes de Referência Taxonomia de Bloom A Taxonomia de Bloom e a elaboração de questões objetivas Definições e exemplos das seis classes de objetivos Resumo Referências Saiba mais CAPÍTULO III Questões Objetivas passo a passo Objetivos Conteúdos Questões objetivas Estrutura de uma questão objetiva Formato das questões Enunciado Fixando o conteúdo Distratores Alternativa correta Formato das questões Passo a passo para elaboração de questões Exemplos de questões Referências Saiba mais 4 6 7 7 7 8 9 11 13 14 15 15 16 16 16 17 17 18 20 23 25 27 28 28 29 29 29 30 30 31 33 33 34 35 35 36 38 42 42 43 43 43 44 44 44 45 46 48 49 49 CAPÍTULO IV Análise de Resultados Objetivos Conteúdos Introdução A resposta correta O percentual de acertos Distratores não marcados O Grau de discriminação Análise de caso Referências Saiba mais 3 São livres para fins não comerciais o download, cópia e distribuição deste arquivo. Também está autorizada a reprodução parcial do texto, desde que sem alterações e com citação da fonte. Autores: Carla Campana Francisco Aranha João Carlos Cassiano Ribeiro Revisão: Catarina Fernandes Diagramação Pilar Velloso CENTRO DE DESENVOLVIMENTO DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM 4 Perguntamos para alguns alunos da graduação o que eles pensam sobre as avaliações que realizam. Veja o que eles disseram. Assista o vídeo INJUSTAStress Tédio MéritoPressão A voz do aluno Aqui https://www.youtube.com/watch?v=3VPs2AVA3Jk&t=50s&index=8&list=WL 5 Como se sentiu ao tirar uma nota muito baixa? 1 3 2 Como foi a semana de provas? Os professores colo- cam todas as provas juntas e isso me deixa bastante tensa. Você entende o assunto por cima, mas o professor exige que você escreva exatamente aquilo que está no livro. Você acaba não podendo estudar muito e só estuda o necessário. E sempre tem aque- le professor que co- menta um tópico 15 segundos em aula e depois na prova cai quatro pontos sobre ele. A primeira questão não estava bem escrita, a segunda questão estava meio ‘se vira aí’ e a última estava totalmente mal formulada. A professora te dá algumas alternativas, e claro algumas você vai excluir porque são absurdas. O que a nota significa para você? A nota não reflete necessariamente o que você sabe daquela matéria, daquele jeitinho, mas pode refletir que você sabe fazer a prova ou que você deu sorte de estudar as partes da matéria que caíram na prova. Significa o quanto eu consegui colocar do meu conhecimento, mas não significa o quanto eu sei realmente. Como seria uma avaliação ideal? Eu penso que fazer prova é uma forma, mas deveria haver muitas outras formas de mostrar conhecimento. No dia-a-dia você tem o celular, tem os livros, na vida você pode consultar. A melhor forma para se avaliar um aluno seria analisando-o sob várias perspectivas, por exemplo, como ele problematiza a disciplina e com quais argumentos. É bem frustrante principalmente quando você estuda muito para aquela prova e tira nota 3.... Quando eu tiro uma nota baixa, significa que o pro- fessor não reconheceu o meu esforço. O fato de eu tirar nota baixa não representa que eu sabia pouco do conteúdo. Eu me senti bem desesperado, pensei até em largar a matéria. É difícil ver outra pessoa se sobressair, sendo que tivemos as mesmas oportunidades, as mesmas aulas e o mesmo conteúdo, mas não tivemos o mesmo desempenho. É muito frustrante já cho- rei muitas vezes por isso. A voz do aluno 6 Este curso tem como objetivo oferecer subsídios que capacitem docentes e profissionais da educação para elaboração de questões de múltipla escolha que sejam válidas como instrumento de avaliação. Objetivos Também conhecidas como fecha- das ou de múltipla escolha, as ques- tões objetivas destacam-se como ins- trumento de avaliação amplamen- te disseminado no meio educacional. Caracterizam-se por serem questões de resposta orientada: após a apre- sentação do enunciado, são ofereci- das alternativas de respostas, dentre as quais apenas uma é correta. A praticidade na correção das ques- tões objetivas pode induzir à falsa im- pressão de que elas também são sim- ples de elaborar, mas existe uma com- plexidade significativa em criar ques- tões que sejam válidas como instru- mento de avaliação. Exemplo disso são situações corriqueiras no universo das avaliações em sala de aula: os alunos descobrem a resposta correta por eli- minação das alternativas ilógicas, por alguma “dica” presente no enunciado, ou até por um famoso “chute” bem- -sucedido. Sem os devidos cuidados, o professor pode imaginar que conse- guiu avaliar o aprendizado, quando, na verdade, o que ele conseguiu medir foi a capacidade de o aluno decifrar o “mis- tério” por trás da questão. Para auxiliar os formuladores, este material pretende discutir o conceito de avaliação por meio de questões ob- jetivas e apresentar orientações para sua elaboração. Panorama dos capítulos Este e-book foi desenvolvido co- mo apoio a um curso online sobre o mesmo tema. Apesar disso, pode ser consultado isoladamente, sem preju- ízo. No decorrer dos capítulos é pos- sível seguir os links apresentados e ter acesso a vídeos, artigos e outros mate- riais que aprofundam o conhecimen- to dos temas abordados. O texto está estruturado em qua- tro capítulos. O primeiro, Avaliação Educacional, discute e problemati- za o conceito. Apresenta definições e também as questiona, introduz a ideia de que há diferentes avaliações para diferentes funções e se apro- funda nos desafios para a realização da avaliação formativa. No capítulo 2, Matrizes de Referência como Base para Avaliações Objetivas, são explo- rados componentes, elaboração e usos da Matriz de Referência. Aborda-se também a Taxonomia de Bloom, co- mo suporte à construção das ques- tões. O capítulo seguinte, Questões Objetivas, Passo a Passo, apresenta orientações específicas para elabora- ção de uma questão, abordando enun- ciado, alternativas e resposta corre- ta. Por fim, o capítulo 4, Análise de Resultados, aborda propriedades psi- cométricas das questões e discute im- plicações provenientes da análise de tais propriedades. Apresentação 7 CAPÍTULO I: Avaliação Educacional As questões objetivas abordadas neste curso estão circunscritas a finalidades educacionais. Apresentaremos definições e também as questionaremos, trabalhando com a ideia de que há diferentes avaliações para diferentes funções. Definição de Avaliação. Avaliações Diagnóstica e Formativa. Avaliações Classificatória e Somativa. 1 . O B J E T I V O S 2 . C O N T E Ú D O S Discutir os principais conceitos de avaliação da aprendizagem. Apresentar as diferentes funções da avaliação: Diagnóstica, Formativa, Somativa e Classificatória. Aprofundar os aspectos da Avaliação Formativa 1 8 3 . O Q U E É AVA L I A R ? Quando se fala em avaliação, imagens surgem automaticamente na mente do profes- sor: provas para elaborar e corrigir, notas, reprovação, aprovação. A avaliação está tão enraizada na rotina que se torna um processo automático, repetido a cada ciclo acadê- mico quase da mesma maneira. Mas qual a definição de avaliação educacional? Qual o grau de precisão das provas? O que significa tirar 5,9 ? Esses e outros questionamentos devem ser objeto de reflexão por aqueles que têm como missão avaliar o desempenho dos estudantes. Pois, caso contrário, corremoso risco de naturalizar o conceito de avaliação educacional. Naturalizar a avaliação educa- cional é tomá-la como uma medida exata e objetiva, que reflete o conhecimento tal e qual o aluno o detém, o que pode conduzir a enganos e, até mesmo, injustiças. Alguns pontos para reflexão são oferecidos a seguir. Por mais objetiva que seja uma avaliação, ela nunca é neutra. Alunos e professores interagem a partir da bagagem que trazem, composta de vá- rias competências diferentes. Ou seja, nenhum deles parte de uma posição neutra. Não é possível e nem desejável que um professor avalie tudo que foi ensinado, mas aquilo que julga mais importante ou mais apropriado ao instrumento que vai utilizar. Ou seja, existe juízo de valor implícito. O mesmo acontece no momento de dar nota para qual- quer produção do aluno. Por mais claros que sejam os critérios utilizados existem ele- mentos subjetivos e não há como abrir mão deles. Toda avaliação tem um certo grau de arbitrariedade. Por que cada questão vale 1 ponto? Por que a prova não é com consulta? A resposta para essas e outras perguntas sobre avaliação pode ser a mesma: “Porque foi conven- cionado dessa forma”. Embora existam estudos que oferecem suporte para essas deci- sões, sua aplicação não necessariamente atende a todos os alunos com o mesmo grau de justiça. Muitos fatores interferem no desempenho dos alunos e nem sempre uma nota baixa significa que o aluno não é competente para empregar um conhecimento. CAPÍTULO I: Avaliação Educacional Assista o vídeo Aqui https://www.youtube.com/watch?v=P9NhzdYGuoQ&index=6&list=WL 9 4 . D E F I N I Ç Õ E S D E AVA L I A Ç Ã O Vimos que existem muitas reflexões possíveis em torno do conceito de avalia- ção educacional. Abaixo apresentamos algumas definições de acordo com autores da área da educação. Observe as correspondências e discrepâncias entre elas. CAPÍTULO I: Avaliação Educacional “Avaliação em educação significa descrever algo em termos de atributos selecionados e julgar o grau de aceitabilidade do que foi descrito. O algo, que deve ser descrito e julgado, pode ser qualquer aspecto educacional, mas é, tipicamente: (a) um programa escolar, (b) um procedimento curricular ou (c) o comportamento de um indivíduo ou de um grupo.” Thorndike e Hagen “A avaliação escolar é um componente do processo de ensino que visa, através da verificação e qualificação dos resultados obtidos, determinar a correspondência destes com os objetivos propostos e, daí, orientar a tomada de decisões em relação às atividades didáticas seguintes.” Libâneo “Avaliação é um processo pelo qual se procura identificar, aferir, investigar e analisar as modificações do comportamento e atendimento do aluno, do educador, do sistema, confirmando se a construção do conhecimento se processou, seja este teórico (mental) ou prático.” Sant’anna 1960 1994 2004 Existem avaliações com maior e menor impacto na vida do aluno. Uma avaliação diagnóstica no início do semestre tem baixo impacto; já a reprova- ção em uma disciplina pode ser decisiva para o abandono de um curso de graduação. O cuidado ao planejar uma avaliação deve ser proporcional a este impacto e não pode ser um processo mecânico. E como deve ser então? Não se trata de deixar de avaliar os alunos, nem mesmo de abolir as provas e notas. Existem avaliações com diferentes funções como diagnosticar, somar, formar ou clas- sificar a aprendizagem. Aplicá-las no momento certo minimiza os efeitos de uma ava- liação mecânica ou inválida. A avaliação não é um produto, mas um processo educativo complexo, que não se re- duz a notas. Sua validade está relacionada a seus objetivos, já que avaliar é obter evi- dências do atingimento deles. Sua interpretação conduz a um resultado, seja uma nota, um conceito ou um parecer. A partir desse resultado, providências devem ser tomadas de acordo com a função daquela avaliação. 10 Função Definição Objetivos Características Decorrências Avaliação Diagnóstica É uma ação avaliativa rea- lizada no início de um pro- cesso de aprendizagem, que tem a função de ob- ter informações sobre os conhecimentos, aptidões e competências dos estu- dantes com vista à organi- zação dos processos de en- sino e aprendizagem de acordo com as situações identificadas. Identificar as característi- cas e conhecimentos prévios do aluno com a finalidade de escolher o tipo de trabalho mais adequado. Com esse tipo de avaliação previne-se a detecção tardia das dificul- dades ao mesmo tempo em que se busca conhecer, prin- cipalmente, as aptidões, os interesses e as capacidades e competências enquanto pré-requisitos para futuras ações pedagógicas. Destaca-se o aspecto pre- ventivo, já que ao conhe- cer as dificuldades dos alu- nos no início do processo educativo, é possível pre- ver suas reais necessida- des e trabalhar em bene- fício de seu atendimento. Outra característica refe- re-se à possibilidade de de- terminar as causas das difi- culdades de aprendizagem de alguns alunos. As informações obtidas permitem planejar inter- venções iniciais, propon- do procedimentos que le- vem os alunos a atin- gir novos patamares de conhecimento. Avaliação Formativa É a avaliação focada no processo de ensino- aprendizagem. Professores e alunos estão empenhados em verificar o que se sabe, como se aprende e o que não se sabe, para indicar os próximos passos a seguir. Melhorar o processo de en- sino-aprendizagem me- diante o uso de informa- ções levantadas por meio da ação avaliativa. Por meio dessa modalidade de ava- liação, informações sobre o processo de aprendizagem são fornecidas ao profes- sor, permitindo que a práti- ca docente se ajuste às ne- cessidades discentes du- rante o processo. Tem capacidade de gerar, com rapidez, informações úteis sobre etapas vencidas e dificuldades encontradas, estabelecendo um feedback contínuo sobre o andamen- to do processo de ensino e aprendizagem. Possibilita a proximidade, o conheci- mento mútuo e o diálogo entre professor e aluno. Os resultados da avaliação formativa servirão de base para identificar como o pro- cesso de aprendizagem tem acontecido. Permitem o planejamento, o ajuste, ou o redirecionamento das prá- ticas pedagógicas no intuito de aprimorar as aprendiza- gens dos alunos. Avaliacão Somativa É uma modalidade avaliati- va pontual que ocorre ao fim de um processo educacional (ano, semestre, bimestre, ci- clo, curso etc.). Atém-se à de- terminação do grau de do- mínio de alguns objetivos pré-estabelecidos, propondo-se a realizar um balanço somatório de uma ou várias sequências de um trabalho de formação. Sintetizar as aprendiza- gens dos alunos tendo por base critérios preestabe- lecidos. Está preocupa- da com os resultados das aprendizagens. Tem como característica a capacidade de informar e situar o avaliado, tendo a perspectiva do atendimento dos objetivos preestabelecidos. Os dados obtidos fornecem informações sintetizadas que se destinam ao registro e à publicação do que pare- ce ter sido assimilado pelos alunos. Ou seja, seus resul- tados servem para situar, informar e certificar. Avaliação Classificatória É uma modalidade que clas- sifica os avaliados segun- do uma escala ou ranking. Geralmente é pontual e única e não está necessa- riamente envolvida com um processo educativo anterior. Classificar, ranquear ou elencar os participan- tes tendo como foco o seu desempenho. Requerer especial atenção com a validade dos instrumentos, já que é uma avaliação pontual. Geralmente é utilizada quando há a necessidade de selecionar um ou mais participantes de acordo com seu desempenho. O resultado normalmente auxilia no processo de seleção, quando o desempenho é considerado indicativo suficiente para distinção entre os candidatos. CAPÍTULO I: Avaliação Educacional No quadro abaixo estão explicitadas a definição, os objetivos, as características e as decorrências de avaliaçõescom quatro funções diferentes: Diagnóstica, Formativa, Somativa e Classificatória. A literatura especializada não é unânime na quantidade de funções que a avaliação pode cumprir, bem como na nomeação delas. Nota-se, no entanto, uma convergência para dois grandes conjuntos: o das avaliações que não geram intervenção – como um exame de um processo seletivo – e o das ava- liações que geram intervenção – como uma avaliação realizada no início de um se- mestre para adequar o conteúdo das aulas ao perfil dos alunos. FONTE: CENTRO DE POLÍTICAS PÚBLICAS E AVALIAÇÃO EDUCACIONAL DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UFJF. 11 5 . F U N Ç Õ E S D A AVA L I A Ç Ã O PARA ENTENDERMOS MELHOR AS 4 FUNÇÕES, ENTREVISTAMOS ALGUNS ESPECIALISTAS DA ÁREA. 5.1) Nossa primeira entrevistada é a professora Denise de La Corte Bacci, docente da USP, do Instituto de Geociências. Ela realiza Avaliação Formativa com seus alunos através de portfólio na disciplina Educação Ambiental. Cedea: O que é a Avaliação Formativa? Professora Bacci: A avaliação formativa se constitui em olhar diversas caracterís- ticas de aprendizagem ao longo da disci- plina. Ou seja, é uma avaliação continua- da. Eu não faço avaliação por teste ou por provas escritas, eu faço uma avaliação da própria aprendizagem do aluno ao longo da disciplina. No caso específico desta disciplina, Educação Ambiental, do curso de licen- ciatura, eu trabalho um portfólio, que é es- pecificamente uma forma de avaliação for- mativa.Trata-se uma coletânea de maté- rias, poesias, músicas. É tudo que o alu- no achar interessante coletar correlacio- nando com a temática da disciplina de Educação Ambiental. Cedea: Você acredita que é possível usar em outras disciplinas? Professora Bacci: Eu entendo que sim, porque o portfólio traz a possibilidade autoral do aluno. Ele traz a possibilidade do aluno refletir, do aluno construir o seu próprio conhecimento e eu acho que isso é possível para qualquer disciplina. Cedea: Você comentou que o portfólio proporciona para o aluno uma reflexão. Como ele faz isso ? Professora Bacci: A reflexão crítica é fundamental para que o aluno possa en- tender o que está aprendendo. Então não é simplesmente discutir um texto ou fa- zer uma abordagem de um determinado tema ou de um determinado conceito, mas também refletir sobre aquele tema consi- derando a sua própria profissão. Há uma autoanálise dos conceitos, valores e atitu- des que estamos trabalhando relacionados com a própria disciplina. Cedea: Como você avalia os portfólios? Professora Bacci: Esta avaliação tem que se transformar numa nota, então es- tabeleço alguns critérios para poder ava- liar. Estes critérios estão relacionados à diversidade de fontes que o aluno pesqui- sou, se ele pesquisou revistas, jornais, arti- gos científicos e outras fontes de pesquisa. Um outro critério é avaliar se ele con- segue estabelecer relações. Para mim esta questão é bastante importante. Cedea: Quais são os pontos positivos e negativos dessa abordagem? Professora Bacci: A verdade é que ain- da não vejo pontos negativos. FGV: Como são os portfólios dos alunos? Professora Bacci: Existem vários tipos e cada um retrata exatamente a personali- dade do aluno. Isso é muito interessante porque, lendo o portfólio, parece que você está ouvindo o aluno falar. Os portfólios são muito particulares, não existe nenhum igual ao outro. Se dois alunos pegarem a mesma notícia, com certeza a abordagem será diferenciada e isso retrata muito a ca- racterística individual. CAPÍTULO I: Avaliação Educacional Acesse o vídeo da entrevista clicando Aqui https://www.youtube.com/watch?v=aC9RLVYW5oM&index=1&list=WL 12 5.2) Para falar sobre as Avaliações Classificatória e Somativa, conversamos com Paulo César Oliveira, da Philadelphia Consulting, sobre o teste de GMAT. Cedea: Como é o teste GMAT? E para que ele serve? Paulo César Oliveira: O GMAT serve para administrar mais de mil programas de MBA do mundo inteiro. O componen- te inicial de avaliação é esse teste que vai ranquear o aluno no processo de seleção. Ele tem basicamente quatro partes: a parte de Escrita Analítica, que vai testar a escrita do aluno. Depois tem a parte de Raciocínio Integrado, em que o aluno vai fazer uma análise de gráficos. E depois, duas partes muito importan- tes que dão pontuações específicas exigi- das pelas escolas: a parte Quantitativa e a Verbal, com sessões de uma hora e quinze minutos cada uma, em que o aluno vai es- tar realmente discursando sobre estes dois grandes temas. Na parte Verbal, o aluno precisa entender bastante de gramática e usar o raciocínio lógico nos moldes indu- tivo e dedutivo que não é muito praticado aqui no Brasil, mas é bastante usado nesta prova. Na Quantitativa, pode-se notar que são assuntos relativamente fáceis e o fator principal é a agilidade, conseguir fazer to- das as questões no tempo devido da prova. A prova do GMAT é de raciocínio lógico, quão preciso e quão rápido você pode pen- sar na parte verbal e na parte quantitativa. O aluno pode fazer a prova até cinco ve- zes por ano, esperando 16 dias entre uma prova e outra. No mundo inteiro, anual- mente mais de 250 mil pessoas fazem a pro- va do GMAT. Cedea: Qual o impacto que essa prova tem na vida do aluno que está prestando? Paulo César Oliveira: Quando o aluno ini- cia o processo de aplicação para MBA existe uma ansiedade incrível, então ele começa a estudar para a prova e muitas vezes percebe que não tem o inglês necessário, fator mui- to frustrante. Depois vai tentando fechar a lacuna, mas se sente desapontado porque o que o impediu de conseguir uma nota boa para uma faculdade boa é justamente a falta do inglês. Para embarcar no processo é fun- damental ter um excelente nível em inglês. Cedea: Como são elaboradas as questões do teste? Paulo César Oliveira: Há uma série de professores, doutorados e pós-doutorados, que formulam as questões do GMAT. As questões são elaboradas, são testadas e so- mente depois de testadas é que elas come- çam a fazer parte do banco de dados. É um teste muitíssimo bem feito. O banco de dados do GMAT é enorme e muda de 15 em 15 dias, por isso você pode fazer nova prova a cada 16 dias. CAPÍTULO I: Avaliação Educacional 5.3) Para nos dar um exemplo de Avaliação Diagnóstica conversamos com o Professor Felipe Zambaldi , da FGV, sobre a prova de suficiência da disciplina Métodos Quantitativos. O objetivo dessa prova é verificar se os alunos têm os requisitos necessário para cursar a disciplina. Cedea: Como é a Prova de Suficiência? Professor Zambaldi: A Prova de Suficiência procura identificar o conhe- cimento básico de alguns conceitos de Estatística, para que o aluno possa cursar a disciplina de Métodos Quantitativos do mestrado acadêmico. Cedea: O que acontece se o aluno não pas- sar nesta prova? Professor Zambaldi : Se o aluno não Acesse o vídeo da entrevista clicando Acesse o vídeo da entrevista clicando Aqui Aqui https://www.youtube.com/watch?v=YviikX82LuE&index=2&list=WL https://www.youtube.com/watch?v=PHvMKxSdzJ4&list=WL&index=3 13 passar na Prova de Suficiência não pode- rá se matricular na disciplina. E, vai ter que repetir quantas vezes necessário, até efetivamente ser matriculado. Ele também pode frequentar um curso de nivelamen- to que acontece antes do início da disci- plina e termina justamente antes da Prova de Suficiência. Cedea: Como seria a experiência de um aluno na disciplina sem ter sido aprovado na Prova de Suficiência? Professor Zambaldi : Tive uma experi- ência com um aluno que conseguiu ser matriculado, numa disciplina que tinha um pré-requisito, sem fazer nenhuma prova. Durante a disciplina, muitas ve- zes ele questionava como é que pode- ria ter certeza disso ou daquilo. Eu cos- tumava dizer que era um conteúdo que estava contido na disciplina pré-requisi- to. Um dia ele se chateou. É justamen- te isso que acontece quando vocêpreci- sa de conhecimentos básicos para cursar uma disciplina e não os tem. Num caso deste, o que o aluno acaba tendo que fa- zer é, em paralelo, tentar correr atrás do prejuízo para poder acompanhar, porque certos conhecimentos vão ser considera- dos preexistentes para a turma toda da- quela disciplina. CAPÍTULO I: Avaliação Educacional 6 . AVA L I A Ç Ã O F O R M A T I VA Embora as avaliações somativas sejam as mais comuns em processos educacionais, di- versos outros tipos e instrumentos de avaliação podem ser utilizados. Não existe avalia- ção melhor ou pior, o que existem são avaliações com funções diferentes e que devem ser empregadas no momento certo e com os instrumentos adequados. Dedicaremos um es- paço de reflexão sobre a avaliação formativa, uma ferramenta tão importante quanto pou- co utilizada pelos professores. O desconhecimento sobre sua aplicação e a desconfiança em sua factibilidade são alguns dos fatores que desencorajam os docentes. E é sobre eles que pretendemos discutir aqui, com o intuito de difundir essa modalidade que, apesar de trabalhosa, é também recompensadora, pois auxilia professores e alunos a melhorarem o desempenho das suas funções. Uma das funções da avaliação formativa é a de propiciar a autocompreensão, tanto do edu- cando quanto do educador, já que ambos são aliados na construção de uma aprendizagem efetiva. Através dos instrumentos de avaliação da aprendizagem, os estudantes podem com- preender melhor a si mesmos, com a ajuda do professor. Por outro lado, o professor tam- bém pode refletir sobre seu papel, seu modo de ser, suas habilidades técnicas, seus recursos didáticos, seus conteúdos etc. Quando bem utilizada a avaliação favorece o desenvolvimento pessoal do aluno e profis- sional do professor, pois permite o reconhecimento do ponto em que se está e direções para caminhar a partir dali. O diagnóstico deve ser capaz de motivar para a obtenção de resulta- dos mais satisfatórios, processo pouco favorecido pelo uso exclusivo de provas e testes de caráter classificatório, que comumente produzem a desmotivação. Comentários desabona- dores, vagos e pouco instigantes, além de não ajudarem o educando a superar suas dificul- dades, fazem com que ele se sinta mal. A avaliação deve ser um exercício para manifestar a aprendizagem, convidar à reflexão, per- mitir a organização das experiências e explicitar para o próprio educando o quanto evoluiu. A avaliação é prática inerente ao trabalho docente. É preciso que o avaliador esteja aten- to aos objetivos e às funções da avaliação e saiba alinhar objetivos, estratégias e conteúdo. Deve realizá-la de forma a fazer um diagnóstico da realidade, acompanhado de uma reflexão e uma intervenção sobre ela, caracterizando assim o processo de ação-reflexão-ação, neces- sário para o educador que atua como agente de transformação. 14 CAPÍTULO I: Avaliação Educacional 7 . P R I N C I P A I S P E R G U N T A S E R E S P O S T A S VEJA A SEGUIR AS RESPOSTAS PARA ALGUMAS DÚVIDAS FREQUENTES A CERCA DA AVALIAÇÃO FORMATIVA 7.1) Como verificar o que os alunos aprenderam? Para verificar os diferentes estágios em que os alunos se encontram é desejável com- binar vários instrumentos avaliativos, como provas, observações de atividades realiza- das em sala de aula, exercícios de sondagem, proposição de situações-problema e tra- balhos em grupo. Diversificar os instrumentos é importante para obter um diagnósti- co mais fiel do domínio que os alunos têm daquele conhecimento que está sendo ava- liado. Embora as turmas sejam numerosas e o tempo escasso, alguns recursos podem ser mobilizados para auxiliar na realização de um diagnóstico rápido e eficaz: Tecnologia: atividades desenvolvidas em ambientes virtuais de aprendizagem permitem correção automática e feedback imediato. Planejamento: realize avaliações curtas e frequentes. Correção: pode ser facilitada por meio de guias, rubricas e feedbacks padronizados. Flexibilidade: avaliação por pares e autoavaliação são instrumentos que podem ser empregados. Instrumentos: construa instrumentos que mostrem claramente as lacunas de pensamento do aluno. Questões objetivas oferecem uma excelente oportunidade para isso. 7.2) Como analisar os resultados de uma avaliação? Analisar os erros cometidos pelos alunos é uma estratégia útil para planejar uma in- tervenção. Uma tabulação pode auxiliar no levantamento dos erros mais frequentes e no direcionamento do que será necessário reforçar com os alunos. Se a correção for realizada manualmente, uma dica pode ser ler todas as respostas a uma mesma per- gunta, de uma só vez, realizando anotações em seguida. Inventários de autopercepção e autoavaliações orientadas também podem auxiliar no diagnóstico de uma turma. Por outro lado, o resultado de uma avaliação pode revelar que os alunos aprenderam coisas que não estavam planejadas a princípio pelo professor. Explorar, incluir e valo- rizar essas novas aprendizagens nas próximas etapas do curso pode engajar os alunos e reforçar sua autonomia. 7.3) Como propor intervenções com base em informações levantadas nas avaliações? Idealmente, é importante reservar algum tempo da disciplina para trabalhar com as informações obtidas por meio da avaliação. Nestes momentos é importante que o pro- fessor planeje novas e diferentes estratégias para rever assuntos do curso se foram de difícil compreensão na primeira abordagem. Se o tempo não permitir a retomada em sala de aula, outras estratégias podem ser utilizadas, sendo a mais simples delas o ofere- cimento de feedbackk descritivo e logo após a realização da avaliação. É possível com- plementar esse feedbackk com indicações específicas de materiais que podem ser con- sultados para melhorar o desempenho naquele tópico ou habilidade pouco desenvol- vida pelos alunos como, por exemplo, vídeoaulas disponíveis online ou MOOCs (mas- sive open online courses) gratuitos. 15 CAPÍTULO I: Referências ANGELO, T. A.; CROSS, K. P. Classroom assessment tech- niques: a handbook for col- lege teachers. (2nd. ed.). San Francisco, Jossey Bass, 1993. BONNIOL, J-J; VIAL, M. Modelos de Avaliação: textos fundamentais. Porto Alegre: Artmed, 2001. BRADFIELD, J.; MOREDOCK, H. S. Medidas e testes em educação. Rio de Janeiro: Fundo de Cultura, 1963 (2 v.). FUNDAÇÃO ITAÚ SOCIAL / CENPEC (Coord.). Avaliação e Aprendizagem: Avaliações externas: perspectivas para a ação pedagógica e a ges- tão do ensino. São Paulo: CENPEC: Fundação Itaú Social, 2013. MASETTO, M.T. Competências Pedagógicas do Professor Universitário. São Paulo: Summus editorial, 2003. ROMÃO, J. E. Avaliação Dialógica: desafios e pers- pectivas. 9 ed. São Paulo: Cortez, 2011. SANMARTÍ, Neus. Avaliar para Aprender. Porto Alegre: Artmed, 2009. SANT’ANNA, I. Por que avaliar? Como avaliar? Petrópolis: Vozes, 1995. SOUSA, C. P. (org). Avaliação do rendimento escolar. 2. ed. Campinas: Papirus, 1993. Saiba mais “O Professor e a Avaliação na Sala de Aula” Bernadete A. Gatti Baixe Aqui http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/eae/arquivos/1150/1150.pdf 16 CAPÍTULO II Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas Neste capítulo são explorados componentes, elaboração e usos da Matriz de Referência. Aborda-se também a Taxonomia de Bloom, como suporte à sua construção. Matrizes de Referência. Taxonomia de Bloom. 1 . O B J E T I V O S 2 . C O N T E Ú D O S Apresentar o conceito de Matriz de Referência. Orientar a construção de uma Matriz de Referência. Apresentar ferramentas da Taxonomia de Bloom que auxiliam na construção de Matrizes de Referência. Apresentar exemplos de uso de Matrizes de Referência. 2 17 3 . C O M O F A Z E R E S C O L H A S ? Oferecer programas educacionais de qualidade envolve fazer muitas escolhas. A primeira coisa a se levar em conta é o público de cada programa. É preciso saber, por exemplo, se esta- mos falando com jovens da graduação, profissionaismais maduros em cargos de gestão ou al- tos executivos. Para cada um desses públicos devemos preparar uma combinação diferente de conteúdos, ferramentas e atividades que propiciem o desenvolvimento pessoal. Elaborar um curso é como criar uma fórmula. É preciso saber a dosagem certa de cada coi- sa: às vezes vai mais conhecimento na fórmula, outras vezes mais ferramentas. Às vezes é pre- ciso pegar um pouquinho de tudo, outras vezes somente uma parte específica dos conteúdos de uma área. Refletir e decidir sobre o balanço ideal dessa fórmula é uma habilidade importante do pro- fessor e da instituição. A composição que fazemos para cada curso fica registrada no projeto pedagógico, que é o do- cumento que informa todos os componentes da fórmula e os seus pesos. Registra também a ma- neira como eles são ofertados e avaliados. O projeto pedagógico sistematiza e resume os compro- missos do curso com a sociedade, explicitando o perfil do egresso que aquele curso vai formar. Quando a fórmula está pronta, chega o momento de experimentá-la, avaliando se ela cum- pre o que promete. Além dos alunos, mais pessoas podem e até devem experimentar, ajudan- do a calibrar a receita e a fazer os ajustes necessários. Fazer essa avaliação de forma mais coletiva é um passo importante para a relevância e a qua- lidade do curso. 4 . M A T R I Z E S D E R E F E R Ê N C I A Uma área de conhecimento é sempre maior do que uma disciplina. Tome como exemplo um curso como o de Administração de Empresas, que é aplicado e composto por fragmentos de áreas de conhecimento tão diversas quanto sociologia, mate- mática, tecnologia da informação e política. Organizar uma disciplina requer a tomada de muitas decisões com vistas a responder questões como: Quais conteúdos precisam ser ensinados? Quais habilidades são imprescindíveis? O que orientará o aluno para a ação? O que deve ou pode ser avaliado? Como a avaliação será feita? A Matriz de Referência é o instrumento que pode ajudar na organização dos conteúdos a se- rem ministrados em um programa educacional ou em uma disciplina e, como consequência, oferecer suporte para tomada de decisões. Uma disciplina é formada por um conjunto amplo de itens que alguns autores classificam em: Conhecimentos, Habilidades e Atitude. O famoso chá. Neste material nós optamos por divi- dir em conhecimento, ferramentas e autoconhecimento. Acontece que, no momento de ava- liar, nem tudo isso cabe, não é possível e nem viável avaliar tudo que foi ministrado em um cur- so. Avaliação é sempre uma redução limitada pelo tempo, pelo instrumento, pelo objetivo etc. Geralemente, as questões objetivas, que são foco deste curso, são mais adequadas para avaliar conhecimento e é justamente para organizar este corpo de conhecimentos que usa- mos a Matriz de Referência. CAPÍTULO II: Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas Assista o vídeo Aqui https://www.youtube.com/watch?v=PWTi2VOrtn0&list=WL&index=5 18 A Matriz de Referência consiste em uma tabela por meio da qual organizamos todo o conteúdo do curso em unidades. Em alguns contextos, como em provas oficiais de larga escala, estas unidades são chamadas de descritores. Em outros contextos pode-se adotar Objetivos de Aprendizagem Específicos para delimitá-las. 5 . E X E M P L O S D E M A T R I Z E S D E R E F E R Ê N C I A Abaixo apresentamos dois exemplos de Matrizes de Referência com estruturas dife- rentes: a da disciplina de Estatística para graduação em Administração de Empresas e a de Língua Portuguesa do 5º ano do Ensino Fundamental. Nos dois casos apresentamos também um exemplo de questão objetiva com base em um dos objetivos ou descritores. CAPÍTULO II: Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas MATRIZ DE REFERÊNCIA ESTATÍSTICA É organizada com base em objetivos gerais e específicos. Objetivos Gerais 1 - Organizar um banco de dados relativo a um fenômeno quantitativo utilizando uma tabela. 2 - Elaborar a analise descritiva de um conjunto de dados utilizando gráficos, tabelas e medidas estatísticas. 3 - Utilizar distribuições de probabilidade para modelar um problema. 4 - Utilizar simulações para resolver problemas estatísticos. 5 - Identificar os elementos básicos de amostragem e avaliar se uma determinada amostra permite a inferência estatística pretendida. 6 - Estimar média e proporção por meio de intervalo de confiança. Questão referente ao Objetivo 2.7 Objetivos específicos do objetivo geral 2 2.1 - Construir manualmente uma distribuição de frequência típica de variável qualitativa. 2.2 - Construir por meio de software, uma distribuição de frequência típica de variável qualitativa. 2.3 - Construir manualmente uma distribuição de frequência típica de variável quantitativa. 2.4 - Construir por meio de um software, uma distribuição de frequência típica de variável quantitativa. 2.5 - Escolher a apresentação adequada para uma distribuição de frequência, levando em conta: o tipo de variável, as características dos dados e os objetivos da análise. 2.6 - Representar de forma gráfica uma distribuição e frequência, optando entre histograma ou gráfico de barras. 2.7 - Explicar o conceito das medidas de posição (média, moda, mediana, quantil) e de dispersão (desvio-padrão, variância, intervalo inter-quartilar). 2.8 - Calcular manualmente medidas de posição (média, mediana, quartis) e dispersão (variância, desvio-padrão e coeficiente de variação), utilizando suas fórmulas e definições. 2.9 - Computar medidas de posição (média, mediana, moda, quartis, percentis) e dispersão (variância, desvio-padrão , IIQ), utilizando calculadora ou software. 2.10 - Explicar, nos termos de um problema, o significado das medidas de posição (médias, moda, mediana e quantil) e de dispersão (variância, desvio-padrão, IIQ), utilizando informações em forma de tabela, gráfico ou estatística. Assinale a alternativa correta a respeito do conceito das medidas de posição e dispersão: a) Em relação as médias, a média aritmética é superior a média harmônica. b) A moda é uma medida de dispersão. c) O segundo quartil é igual a mediana. d) A variância é uma medida de dispersão adimensional. e) O coeficiente de variação mostra o grau de volatilidade em termos absolutos. Assista o vídeo Aqui https://www.youtube.com/watch?v=dLdj2r-fO50&index=4&list=WL 19 CAPÍTULO II: Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas Matriz de Referência de Língua Portuguesa - Saeb É dividida em tópicos e descritores (Língua Portuguesa - 5o ano do ensino fundamental) TÓPICOS l) Procedimentos de Leitura D1 Localizar informações explícitas em um texto. D3 Inferir o sentido de uma palavra ou uma expressão. D4 Inferir uma informação implícita em um texto. D6 Identificar o tema de um texto. D 11 Distinguir um fato da opinião relativa a esse fato. Il) Implicações do suporte do gênero e/ou do enunciador na compreensão do texto. D5 Interpretar texto com auxílio de material gráfico diverso (propaganda, quadrinhos, fotos, etc.). D9 Identificar a finalidade de textos de diferentes gêneros. lIl) Relação entre textos D20 Reconhecer diferentes formas de tratar uma informação na comparação de textos que tratem do mesmo tema, em função das condições em que foi produzido e daquelas em que será recebido. lV) Coerência e coesão no processamento do texto D2 Estabelecer relações entre partes de um texto, identificando repetições ou substituições que contribuem para a sua comunidade. D7 Identificar a tese de um texto. D8 Estabelecer relações entre a tese e os argumentos oferecidos para sustentá-la. D12 Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por conjunções, advérbios, etc. V) Relações entre recursos expressivos e efeitos de sentido D13 Identificar efeitos de ironia ou humor em textos. D14 Reconhecer o efeito de sentido decorrente do uso de pontuação e de outras notações. Vl) Variação linguísticaD10 Identificar as marcas linguísticas que evidenciam o locutor e o interlocutor de um texto. LEITURA Questão referente ao descritor 1. Leia o texto abaixo e responda à questão. Caipora É um mito do Brasil que os índios já conhe- ciam desde a época do descobrimento. Índios e jesuítas o chamavam de Caiçara, o protetor da caça e das matas. Seus pés voltados para trás servem para despistar os caçadores, deixando-os sempre a seguir rastros falsos. Quem o vê, perde totalmente o rumo, e não sabe mais achar o caminho de volta. É impossível captura-lo. Para atrair suas vítimas, ele, às vezes, chama as pessoas com gritos que imitam a voz humana. É também chamado de Pai ou Mãe do mato. Curupira ou Caapora. Para os índios Guaranis, ele é o demônio da Floresta. Às vezes é visto montando um porco do mato. De acordo com este texto, os pés voltados para trás do Caipora servem para: a) Atrair suas vítimas. b) Despistar caçadores. c) Montar um porco do mato. d) Proteger as matas. ir o n ia COERÊNCIA humo r 20 6 . T A X O N O M I A D E B L O O M A Matriz de Referência da disciplina de estatística, que apresentamos como exem- plo, baseia-se em objetivos educacionais específicos. O teórico Benjamim Bloom pro- duziu um rico material sobre este tema, que passaremos a apresentar daqui para frente. A Taxonomia de Bloom foi criada em meados de 1950 pelo próprio Bloom e seus colaboradores, com o objetivo de estudar o raciocínio humano em três domínios: o cognitivo, o afetivo e o psicomotor. Benjamin Bloom realmente foi a fundo no domí- nio cognitivo e ficou conhecido por propor uma taxonomia de objetivos educacionais. Segundo ele, o domínio cognitivo se divide em seis classes, que vamos apresentar na sequência desse capítulo. A Taxonomia de Bloom já teve o seu momento alto e foi bastante utilizada, até ser revisada em 2011. Mesmo revisada, essa teoria tem as suas limitações e, no nosso con- texto, não deve ser levada ao pé da letra. Um exemplo disso é a hierarquia entre as clas- ses, segundo a qual primeiro é preciso dominar uma classe inferior para poder avançar para uma classe superior. Por exemplo, para poder aplicar um conceito primeiro se- ria necessário entendê-lo. Hoje nós já sabemos que essa não é uma regra geral, porque, muitas vezes, quando aplicamos é que de fato entendemos aquele conceito. Mesmo com essas ressalvas acreditamos que a Taxonomia de Bloom é um instru- mento interessante para elaboração de questões, porque propõe a construção de ob- jetivos bem específicos, observáveis e mensuráveis, e ainda os divide em classes com complexidade crescente. Ou seja, ela ajuda a formular bons objetivos e, consequente- mente, boas questões. CAPÍTULO II: Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas Segundo Bloom, o principal objetivo da taxonomia é facilitar a comunicação, favo- recendo a troca de ideias entre os especialistas (BLOOM, 1972). O domínio cognitivo – mais comumente explorado nos materiais acadêmicos encontrados sobre o assunto – divide-se em seis classes com diferentes graus de complexidade. São elas: lembrar, enten- der, aplicar, analisar, avaliar e criar. A taxonomia pressupõe que as classes têm um nível crescente de complexidade e de hierarquia; como podemos verificar na figura abaixo: Analisar APLICAR Entender Criar Lembrar 1 4 3 52 6 AVALIAR 21 CAPÍTULO II: Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas Embora tenha sido utilizada em larga escala nas mais diversas referências pedagó- gicas, a Taxonomia de Bloom não escapa a críticas, algumas até antecipadas pelo pró- prio autor, como a real possibilidade de classificação de objetivos educacionais, uma vez que nem todos são observáveis ou mensuráveis, apesar disso, a taxonomia confi- gura-se como ferramenta útil nas atividades docentes cotidianas. Em 2011 Anderson e Krathwohl – integrantes da equipe de Bloom – lideraram um grupo de pesquisadores na revisão da taxonomia dos objetivos educacionais, atualizando-a de acordo com as inovações ocorridas no campo educacional desde a publicação da taxonomia original. Embora as classes ainda apresentem hierarquia, é colocado em pauta a possível flexibili- dade ou interpolação das classes de acordo com o processo cognitivo requerido para dife- rentes aprendizagens, bem como por estilos diferentes de aprendizagem discente. Ferraz e Belhot (2010) exemplificam citando o fato de que, eventualmente, pode ser mais fácil en- tender determinado assunto após aplicá-lo e só então ser capaz de explicá-lo. Outra mu- dança efetivada refere-se à formulação dos objetivos utilizando a estrutura “verbo - subs- tantivo - gerúndio”, ao invés do anterior “verbo - substantivo”. Sem desconsiderar as crí- ticas tecidas à taxonomia de Bloom, já discutidas acima e que podem ser aplicadas mesmo à visão revisada, interessa-nos o seu potencial didático, uma vez que o objetivo que per- seguimos aqui é o aperfeiçoamento dos objetivos específicos de disciplinas acadêmicas. A formulação de objetivos específicos. Os objetivos de pedagógicos representam, em termos comportamentais, os conheci- mentos, habilidades e atitudes que o professor deseja que sejam desenvolvidos pelos alu- nos. Para os fins deste texto, dividiremos os objetivos em gerais e específicos. Os objeti- vos pedagógicos gerais são os mais amplos, compreendem metas de mais longo alcance e, quando atingidos, representam a resposta mais geral ao problema que se tinha ao iní- cio. Sua formulação se dá por meio de uma sentença que descreve de forma ampla o que o aluno será capaz de realizar após um determinado processo de ensino-aprendizagem. Se, por exemplo, desejo me engajar em uma apresentação de samba no clube que frequen- to, posso procurar ter aulas com o objetivo geral de aprender os passos básicos dessa mo- dalidade de dança. Para atingir o objetivo geral, no entanto, é necessário delimitar metas mais específicas dentro do processo. Quando nos preocupamos com as etapas mais parti- culares que compõem o atingimento de certo objetivo, estamos falando dos objetivos es- pecíficos. Na formulação de objetivos específicos utilizamos uma sentença que descreva, com termos específicos, mensuráveis e observáveis quais comportamentos o aluno será capaz emitir após ter se engajado em uma atividade de ensino-aprendizagem. Utilizando o exemplo anterior, no qual o objetivo geral era aprender os passos básicos do samba para uma apresentação, podemos pensar em objetivos específicos como: a) identificar as características básicas do samba enquanto gênero musical; b) obter coordenação motora; c) movimentar-se de maneira rítmica, de acordo com a harmonia do samba; d) executar os passos básicos para o samba; e) memorizar a coreografia; f) ser capaz de executar a coreografia ensaiada para a apresentação. 22 Notamos que não apenas o conceito geral “aprender a sambar” está presente, mas tam- bém dados bastante específicos como as características do ritmo musical e dados do con- texto: aprenderei samba para uma apresentação. Assim, quanto mais específicas forem as formulações e quanto mais bem delimitadas forem as ações envolvidas (expressas pe- los verbos), mais seguros estaremos dos passos envolvidos no atingimento de um dado objetivo geral. Os objetivos pedagógicos devem ser expressos em termos dos comporta- mentos específicos, mensuráveis e observáveis que esperamos que o aluno apresente. Isso torna mais claro aquilo que é esperado que o aluno aprenda - o que, por sua vez, permite também uma maior clareza quanto ao que é esperado que o professor ensine. Um exercí- cio interessante é, ao formular um objetivo, procurar completar a frase: “após esta ativi- dade de ensino aprendizagem o aluno será capaz de...” Um exemplo comparativo pode ser observado abaixo. O que caracteriza o comportamento específico esperado do aluno, no exemplo aci- ma, é o uso do verbo “detectar”. Isso explica porque que todosos objetivos foram for- mulados utilizando um verbo no infinitivo. Quanto mais específico, mensurável e ob- servável se pretende o objetivo, mais específico deve ser o verbo utilizado. No exem- plo acima, podemos notar que “detectar” é uma ação mais específica do que “conhecer” o que torna o segundo exemplo mais específico que o primeiro. Cuidados são requeri- dos também na utilização de verbos que pressupõem um padrão preestabelecido como “melhorar” ou “aprimorar” pois é difícil avaliar o que qualifica uma melhora ou apri- moramento por parte do aluno. Estrutura “verbo – substantivo – gerúndio” Anderson e Krathwohl (2001) sugerem a formulação de objetivos utilizando a estru- tura “verbo - substantivo - gerúndio”, na qual o verbo descreve o comportamento a ser alcançado, o substantivo refere-se ao objeto da aprendizagem e um verbo no gerúndio apresenta a descrição de como será alcançado esse objetivo. Vamos submeter à análise o exemplo apresentado a seguir: CAPÍTULO II: Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas Disciplina : Estatística Após esta atividade de ensino-aprendizagem o aluno será capaz de... Objetivo não expresso em termos de comportamento. Ter conhecimento de padrões. Objetivo expresso em termos de comportamento. Detectar padrões (centro, dispersão assimetria, gaps, outliers, tipo de relação, força de relação) em bancos de dados, usando ferramentas estatísticas apropriadas (gráficos, tabelas e medidas). Verbo mensurável e observável Substantivo Gerúndio Detectar padrões (centro, dispersão, assimetria, gaps, outliers, tipo de relação, força da relação) em bancos de dados, usando ferramentas estatísticas apropriadas (gráficos, tabelas e medidas). 23 Qual comportamento a se observado? Detectar. O que deve ser detectado? Padrões de centro, dispersão, assimetria, gaps, ouliers, tipo de relação e força de relação. Como o aluno pode detectar os padrões? Usando ferramentas estatísticas apropriadas. Além dos pontos básicos aqui sugeridos, o objetivo também apresenta detalhes ex- plicativos necessários sobre o objeto da ação, especificando quais são os padrões a serem detectados e também quais são as ferramentas estatísticas apropriadas para o fim. Tais explicações são úteis para tornar os objetivos ainda mais claros e específicos. É impor- tante notar que, quando se opta por enumerar determinadas características do objeto, é necessário atentar para apresentá-las na totalidade. No caso dos padrões, por exemplo, não seria coerente enumerar um ou outro padrão e não enumerar os demais. Quando necessário, o objetivo pode apresentar também quais os critérios mínimos aceitáveis para seu atingimento. Em síntese, é recomendável que os objetivos educacionais contenham: Um verbo mensurável e observável (essencial). O objeto de conhecimento (essencial). Detalhes relativos ao objeto (se necessário). Condições importantes a respeito da ação a ser desempenhada (essencial). Desempenho aceitável (se necessário). Verbo no gerúndio explicitando a descrição de como o objetivo poderá ser alcançado (sempre que possível). 7 . A T A X O N O M I A D E B L O O M E A E L A B O R A Ç Ã O D E Q U E S T Õ E S O B J E T I VA S O primeiro passo para a elaboração de uma questão consiste em revisitar os objeti- vos estabelecidos. Eles irão orientar quais são os conteúdos centrais a serem abordados nas questões. Utilizar os objetivos específicos para redigir as questões ajuda a evidenciar o tópico de conteúdo presente na questão, e garante que todos os tópicos contidos na avaliação tenham sido abordados durante o curso, que todos os conteúdos sejam abor- dados com igual frequência, além de orientar quanto ao nível de dificuldade exigido. A divisão dos objetivos por classes pode ser útil para orientar a escolha do verbo mais adequado, em consonância com o grau de dificuldade de cada objetivo do curso. Por exemplo, se, em um curso de artes, o conteúdo programático prevê apenas a capacidade de identificar as características de determinado movimento artístico, os verbos mais adequados estão nas classes “lembrar” e “entender” (reconhecer, discriminar, identi- ficar, distinguir) e não, por exemplo, nas classes “aplicar” e “avaliar” (criticar, elabo- rar, construir, desempenhar). CAPÍTULO II: Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas 24 Vejamos um exemplo que relaciona as classes, os objetivos e as questões objeti- vas. Nesse exemplo utilizamos quatro das seis classes de objetivos, ordenadas por complexidade. CAPÍTULO II: Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas Níveis de dificuldade segundo as classes de objetivos. Lembrar e EntenderL Aplicar e Analisar Avaliar e Criar Nível de Dificuldade Classe de objetivos FÁCIL MÉDIO DIFÍCIL Objetivo Classe Questão LEMBRAR Definir o conceito de velocidade média. Qual conceito de velocidade média? APLICAR Calcular a velocidade média por meio de uma fórmula. Uma bola lançada demora 6 segundos para atravessar um campo, que tem 12 metros. Qual a sua velocidade média? AVALIAR Avaliar como fatores espaciais interferem na velocidade. Uma pessoa precisa ir do ponto A ao ponto B o mais rápido possível. O 1º trajeto é 5 km mais curto que o 2º trajeto, mas tem velocidade média 2 vezes menor. Qual trajeto a pessoa deve escolher? CRIAR Determinar a velocidade máxima em uma via. Quais fatores devem ser levados em conta para determinar a velocidade máxima numa autoestrada? O nível de dificuldade de uma questão relaciona-se não somente com o conteúdo que está sendo abordado, mas também com o tipo de habilidade que é requerido na re- solução da questão. Para determinar o nível de dificuldade de uma questão podemos recorrer à taxionomia de Bloom revisada. Com base na classificação de Bloom, suge- rimos o seguinte padrão: 25 Como podemos observar, uma questão fácil irá abordar itens que requerem conheci- mento geral, evocadas por meio de memorização e compreensão básica do tema, como identificar, reconhecer, indicar, localizar informações. Questões com nível de dificul- dade média vão demandar além do conhecimento, seu desdobramento para aplicações em situações práticas ou que requerem análise, comparações entre fatos, antecipações, medições, interpretações, etc. A capacidade de criar e de avaliar situações com maior grau de complexidade são abordadas nas questões difíceis, envolvendo sínteses, críti- cas, explicações ou julgamentos. Habilidades mais complexas, embora necessitem de maior cuidado na elaboração, também podem ser abordadas por meio de questões ob- jetivas. Embora a classificação de Bloom seja útil no momento de determinar o grau de dificuldade de uma questão, características específicas de cada disciplina também po- dem influenciar, por exemplo, em uma disciplina na qual o objetivo seja realizar cálculos matemáticos utilizando fórmulas, podem ser mais frequentes verbos da classe aplicar. 8 . D E F I N I Ç Õ E S E E X E M P L O S D A S S E I S C L A S S E S D E O B J E T I V O S A tabela a seguir, adaptada e traduzida de Anderson e Krathwohl (2011) apresenta uma síntese da dimensão do processo cognitivo, com definições e exemplos. Continua na página seguinte CAPÍTULO II: Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas Categorias & Processos Cognitivos Nomes Alternativos Definições e Exemplos 1 LEMBRAR Resgatar conhecimento relevante da memória de longo prazo. 2 ENTENDER Construir significado a partir de mensagens instrutivas, incluindo comunicação oral, escrita e gráfica. 1.1 Reconhecer 1.2 Relembrar 2.1 Interpretar 2.2 Exemplificar 2.3 Classificar 2.4 Resumir 2.5 Inferir 2.6 Comparar 2.7 Explicar Identificar Resgatar Clarificar, parafrasear, representar, traduzir Ilustrar Categorizar, incluir Abstrair, generalizar Concluir, extrapolar, interpolar, preverContrastar, mapear, combinar Construir modelos Localizar, na memória de longo prazo, conhecimento que é consistente com o material apresentado (ex., Reconhecer datas de eventos importantes na história dos EUA). Resgatar conhecimento relevante na memória de longo prazo (ex., Relembrar datas de eventos importantes na história dos EUA). Mudar de uma forma de representação (ex. numérica) para outra (ex. verbal) (ex., Parafrasear discursos e documentos importantes). Achar um exemplo específico ou uma ilustração de um conceito ou princípio (ex., Dar exemplos de vários estilos de pinturas artísticas). Determinar que alguma coisa pertence a alguma categoria (ex. conceito ou princípio) (ex., Classificar casos de desordens mentais observados ou descritos). Abstrair um tema geral ou ponto(s) principais (ex., Escrever um breve resumo de eventos retratados em um vídeo). Chegar a uma conclusão lógica a partir de informações presentadas (ex., Ao aprender um novo idioma, inferir princípios gramaticais a partir de exemplos). Detectar correspondências entre duas ideias, objetos e outros (ex., Comparar eventos históricos a situações contemporâneas). Construir um modelo de causa e efeito de um sistema. (ex., Explicar as causas de importantes eventos na França do século XVIII). 26 Tradução e adaptação livre de: ANDERSON, L. W. et.al. A taxonomy for learning, teaching and assessing: a revision of Bloom’s taxonomy of Educational Objectives. Nova York: Addison Wesley Longman, 2001, p 354 - 355. Continuação da página anterior CAPÍTULO II: Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas Categorias & Processos Cognitivos Nomes Alternativos Definições e Exemplos 3 APLICAR Realizar ou usar um procedi- mento numa dada situação 4 ANALISAR Quebrar um material em suas partes constituintes e determinar como as partes se relacionam umas com as outras e com uma estrutura ou propósito geral 5 AVALIAR Fazer julgamentos baseados em critérios e padrões 6 CRIAR Colocar elementos juntos para formar um todo coerente e funcional; reorganizar elementos em um novo padrão ou estrutura 3.1 Executar 3.2 Implementar 4.1 Diferenciar 4.2 Organizar 4.3 Atribuir 5.1 Verificar 5.2 Criticar 6.1 Gerar 6.2 Planejar 6.3 Produzir Realizar Usar Discriminar, distinguir, focar, selecionar Achar coerência, integrar, esquematizar, analisar, estruturar Desconstruir Coordenar, detectar, monitorar, testar Julgar Levantar uma hipótese Designar Construir Aplicar um procedimento em uma tarefa familiar (ex., Dividir um número inteiro por outro número inteiro, ambos com dígitos múltiplos). Aplicar um procedimento uma tarefa não familiar (ex., Usar a Segunda Lei de Newton em situações apropriadas). Distinguir, de um material apresentado, partes relevantes das irrelevantes ou partes importantes das sem importância (ex., Distinguir entre números relevantes e irrelevantes num problema matemático). Determinar como elementos se encaixam ou funcionam dentro de uma estrutura (ex., Estruturar, dentro de uma descrição histórica, evidências a favor ou contra uma certa explicação histórica). Determinar um ponto de vista, viés, valores ou intenção inerentes a um material apresentado (ex., Determinar o ponto de vista do autor de um ensaio com base na perspectiva política dele. Detectar inconsistências ou falácias em um processo ou produto; determinar se um processo ou produto tem consistência interna; detectar a eficácia de um procedimento no decorrer de sua implementação (ex., Determinar se as conclusões de um cientista partem de dados observados). Detectar inconsistências entre um produto e critérios exteriores, determinando se um produto possui consistência externa; detectar se um procedimento é apropriado para um dado problema (ex., Julgar qual de dois métodos é a melhor maneira de solucionar um dado problema). Surgir com uma hipótese alternativa com base em critérios (ex., Gerar uma hipótese para explicar um fenômeno observado). Elaborar um procedimento para cumprir uma tarefa (ex., Planejar um trabalho de pesquisa sobre um dado tema histórico). Inventar um produto (ex., Construir habitat para um propósito específico). 27 TAXONOMIA DE BLOOM Níveis de dificuldades 9 . R E S U M O A tabela a seguir apresenta um resumo que integra as classes de objetivos e os prin- cipais verbos relacionados a cada uma delas com os níveis de dificuldades das questões elaborados a partir delas. A pr en di za ge m S up er fic ia l A pr en di za ge m P ro fu nd a CAPÍTULO II: Matrizes de Referência como base para avaliações objetivas FÁCIL LEMBRAR ENTENDER MÉDIO APLICAR ANALISAR DIFÍCIL AVALIAR CRIAR Principais Verbos definir, nomear, listar, escrever, reconhecer, reconhecer, identificar, selecionar, reproduzir, recordar, enumerar. justificar, ilustrar, formular, explicar, inferir, classificar, contrastar, distinguir, discriminar, especificar. aplicar, demonstrar, usar, utilizar, representar, exemplificar, atuar, transpor, agir, fazer. analisar, concluir, criticar, valiar, comparar, apontar, justificar, investigar, cotejar. avaliar, julgar, desempenhar, criticar, determinar, selecionar, escolher, classificar, estimar, concluir. gerar, planejar, construir, desenhar, criar hipótese, inventar, desenvolver, originar, produzir, elaborar. Classes de Objetivos 28 CAPÍTULO II: Referências ANDERSON, L. W. et.al. A taxonomy for learning, te- aching and assessing: a re- vision of Bloom’s taxonomy of Educational Objectives. Nova York: Addison Wesley Longman, 2001. BLOOM, B. S. Taxonomia dos objetivos educacionais: domínio cognitivo. Porto Alegre: Globo, 1972. FERRAZ, A. P. C. M.; BELHOT, R. V. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequa- ções do instrumento para de- finição de objetivos instrucio- nais. Gest. Prod., São Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010. OLIVEIRA, A. C. C de. O cur- so de administração à luz das diretrizes curriculares na- cionais. Sitientibus, Feira de Santana, n.32, p.29-42, jan./ jun. 2005. Saiba mais “O curso de Administração à luz das diretrizes curriculares nacionais” (2005) de Antônia Carlinda Cunha de Oliveira. Para consultar as Diretrizes curriculares vigentes para o curso de Administração de Empresas: “Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais” (2010) de Ana Paula do Carmo Marcheti Ferraz e Renato Vairo Belhot. Baixe Aqui Baixe Aqui Baixe Aqui http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces004_05.pdf http://www.scielo.br/pdf/gp/v17n2/a15v17n2.pdf http://www2.uefs.br/sitientibus/pdf/32/o_curso_de_administracao_a_luz_das_diretrizes_curriculares_nacionais.pdf 29 CAPÍTULO III Questões objetivas passo a passo O presente capítulo apresenta o passo a passo na elaboração de uma questão. São abordados os componentes das questões objetivas e os formatos de questão existentes. Também orienta na elaboração do enunciado e das alternativas. Enunciado. Alternativas. 1 . O B J E T I V O S 2 . C O N T E Ú D O S Apresentar orientações para elaboração de questões. 3 Formato das questões. 30 3 . Q U E S T Õ E S O B J E T I VA S Dentre os diversos instrumentos de medida de resultados educacionais, as questões ob- jetivas destacam-se por sua praticidade e facilidade de aplicação e correção. Embora todos os instrumentos possuam vantagens e limitações, testes bem elaborados podem ser efica- zes na avaliação dos processos de ensino e aprendizagem, abrangendo desde a verificação de conhecimentos simples até os mais complexos. Neste capítulo serão apresentadas orienta- ções para elaboração de questões objetivas com vistas a explorar ao máximo o potencial des- se instrumento de avaliação. As questões objetivas, também chamadas de fechadas ou de múltipla escolha, são aquelas nas quaisa resposta é orientada, ou seja, após a apresentação do enunciado, são oferecidas alter- nativas de respostas, das quais apenas uma é correta. O objetivo é transformar o conhecimen- to em situações-problema, de forma a verificar se os objetivos da disciplina foram atingidos. Em geral, as instituições educacionais mantêm e administram bancos de questões que são utilizados com diversos objetivos, de acordo com a função da avaliação. A seguir apresenta- mos orientações gerais que devem ser observadas quando da elaboração de questões para o CEDEA e que também servem como orientação geral. 4 . E S T R U T U R A D E U M A Q U E S T Ã O O B J E T I VA . Veja, a seguir, as estruturas que compõem uma questão objetiva. CAPÍTULO III: Questões objetivas passo a passo Leia o texto a seguir: Os répteis são vertebrados tetrápodes pertencentes à classe ‘Reptilia’. O nome do grupo vem do latim, ‘reptilis’, que significa rastejar, e faz referência ao modo de locomoção de muitos desses animais. São conhecidas mais de 8.000 espécies de répteis, espalhadas dos trópicos até as regiões de clima temperado. Esses animais habitam ambientes terrestres, marinhos e de água doce. Acredita-se que os primeiros répteis tenham evoluído a partir de anfíbios primitivos, há mais de 250 milhões de anos. FONTE: DISPONÍVEL EM: HTTPS://EDUCACAO.UOL .COM.BR/DISCIPLINAS/CIENCIAS/REPTEIS- PRIMEIROS-VERTEBRADOS-A-CONQUISTAR-O-AMBIENTE-TERRESTRE.HTM Algumas características dos répteis permitiram que conquistassem definitivamente o ambiente terrestre. Essas características são: Comentário: A alternativa correta é a “a”. A fecundação interna garante o encontro dos gametas em ambiente aéreo, assim como a excreta de nitrogênio em animais terrestres ovíparos é o ácido úrico, pois é menos tóxico que a amônia, havendo mínimo gasto de água. A pele queratinizada impede a perda de água pelo corpo. Âmnio, córion, alantoide e saco vitelínico fazem parte dos anexos que compõem o ovo com casca impermeável. FONTE: ADAPTADA DO BANCO FGV/ENSINO MÉDIO DIGITAL . a) Excreção de ácido úrico, fecundação interna, ovo com casca, pele queratinizada, presença de âmnio. b) Controle da temperatura do corpo, excreção de ácido úrico, fecundação externa, presença de córion, ovo com casca. c) Fecundação na água, excreção de ureia, ovo com casca, presença de saco vitelínico e controle da temperatura do corpo. d) Fecundação externa, excreção de amônia, ovo com casca, presença de placenta e controle da temperatura do corpo. e) Ovo sem casca, ausência de controle da temperatura do corpo, fecundação na terra, excreção de creatina, presença de alantoide. Enunciado Comentários ou Justificativas (alunos não têm acesso) Alternativas Suporte: textos figuras, gráficos etc. Alunos não tem acesso Instrução Distratores Com ando Gabarito Distratores 31 CAPÍTULO III: Questões objetivas passo a passo 5 . F O R M A T O D A S Q U E S T Õ E S As questões objetivas podem ter diferentes formatos, a seguir apresentaremos alguns deles. As definições e exemplos são citados e/ou adaptados do “Guia de Elaboração e Revisão de Itens e Questões” desenvolvido pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, que pode ser consultado na internet. Formato: “PERGUNTA E RESPOSTA”: enuncia o problema ou a situação problema na forma de pergunta e apresenta as alternativas de resposta. Exemplo: Um agricultor, preocupado com o baixo desempenho de sua plantação de mandioca, resolve investir em um melhoramento genético de suas plantas para a obtenção de uma linhagem altamente produtiva. Qual tipo de reprodução deverá ser escolhido pelo agricultor para a obtenção da variedade de mandioca adequada? a) Brotamento. b) Enxertia. c) Gâmica. d) Gemulação. FONTE: SANTOS, J. DE A. QUESTÃO 1041. BIOLOGIA. BANCO DE ITENS DA SEEMG. BH: DAVE/SEEMG, 2007. APRESENTADO NO “GUIA DE ELABORAÇÃO E REVISÃO DE ITENS E QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA” DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. Formato “AFIRMAÇÃO INCOMPLETA”: apresenta o enunciado do problema ou situação problema como uma afirmação a ser completada por uma das alternativas. Exemplo: A indústria de suco de laranja exporta US$ 1 bilhão por ano, paga R$ 0,16, em média, pela caixa da fruta colhida, não remunera o dia de trabalho de quem fica doente, faz contratação de forma irregular e expõe o empregado a agrotóxicos. Quem reclama é demitido. Essa é a situação vivida pelos colhedores de laranja da região de Araraquara SP, responsável por 12% da produção paulista de laranja, segundo o Instituto de Economia Agrícola. FOLHA DE SÃO PAULO. DINHEIRO. P. B8, 22/09/02. Nas novas relações de trabalho no campo, a indústria de suco: a) privilegia a técnica de cultivo em detrimento do trabalhador. b) expõe a saúde do trabalhador rural, pois ele lida com agrotóxicos. c) submete o trabalhador à superexploração econômica no período do plantio. d) submete o trabalhador temporário a boas condições de trabalho e de vida. FONTE: PALHARES, V. L . QUESTÃO 1042. GEOGRAFIA. BANCO DE ITENS DA SEEMG. BH: DAVE/ SEEMG, 2007. APRESENTADO NO “GUIA DE ELABORAÇÃO E REVISÃO DE ITENS E QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA” DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. Formato “RESPOSTA MÚLTIPLA”: apresenta uma situação e algumas afirmativas. A seguir, solicita que se julgue se as afirmativas são pertinentes à situação apresentada. Exemplo: Na região de Aimorés, Minas Gerais, está sendo construída uma grande hidrelétrica para obtenção de energia. A localidade de Itueta (MG) será totalmente inundada para a formação da represa, prática essa que pode trazer alguns problemas ambientais. Analise os problemas listados abaixo: I. Alteração na diversidade das espécies de peixes. II. Diminuição das áreas de terras para agricultura. III. Empobrecimento geral do solo da região. IV. Expansão de habitats de vetores de doenças. Dentre eles, os que são resultado de inundações como a que ocorrerá no estado de Minas Gerais são, somente: a) I, II e III. b) I, II e IV. c) I, III e IV. d) II, III e IV. FONTE: FERREIRA, M. F. L . QUESTÃO 24743. BANCO DE ITENS DA SEEMG. BH: DAVE/SEEMG, 2006. APRESENTADO NO “GUIA DE ELABORAÇÃO E REVISÃO DE ITENS E QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA” DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. 1 2 3 32 CAPÍTULO III: Questões objetivas passo a passo Formato “ASSERÇÃO E RAZÃO”: apresenta duas afirmativas ou asserções que podem ou não ser proposições verdadeiras, assim como podem ou não ter relação entre si (causa e efeito, proposição e justificativa, asserção e razão). Exemplo: O movimento migratório ilegal mantém redes ilegais no mundo todo. Porque: A ilegalidade é combatida com leis rígidas nos países desenvolvidos. Sobre essas duas afirmativas, é correto afirmar que : a) as duas são verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. b) as duas são verdadeiras, mas não estabelecem relação entre si. c) a primeira é uma afirmativa falsa; e a segunda, verdadeira. d) a primeira é uma afirmativa verdadeira; e a segunda, falsa. FONTE: SILVA, R. E. D. PS DA. QUESTÃO 1056. GEOGRAFIA. BANCO DE ITENS DA SEEMG. BH: DAVE/SEEMG, 2007. APRESENTADO NO “GUIA DE ELABORAÇÃO E REVISÃO DE ITENS E QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA” DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. Formato “ORDENAÇÃO OU SERIAÇÃO”: Apresenta elementos para serem ordenados segundo uma determinada lógica ou critério. Exemplo: O processo de poluição global é desencadeado por etapas. Com base na indicação dos termos a seguir, indique a ordem sequencial correta em que ocorrem as etapas. 1. Degradação ambiental. 2. Pressão demográfica. 3. Industrialização / expansão urbana. 4. Emissão de poluentes. a) 1, 2, 3, 4. b) 3, 2, 4, 1. c) 1, 3, 4, 2. d) 4, 3, 2, 1. FONTE: GARABINI, P. QUESTÃO 35547. BANCO DE ITENS DA SEEMG. BH: SPA/SEEMG,2006. APRESENTADO NO “GUIA DE ELABORAÇÃO E REVISÃO DE ITENS E QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA” DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. Formato “CRITÉRIO CONSTANTE”: Deve-se julgar as afirmativas de acordo com critérios estabelecidos como certo/errado; verdadeiro/falso; fato/opinião; sim/não. Exemplo: Considere o gráfico apresentado a seguir: Em relação ao marketing mix e levando em conta o esquema apresentado, julgue se as afirmativas a seguir são verdadeiras ou falsas. ( ) O marketing mix não tem relevância quando falamos de estratégias. ( ) A distribuição e a produção são mais importantes que o produto e a comunicação. ( ) A comunicação e o produto são mais importantes que a distribuição e a produção. ( ) As estratégias podem se modificar, pendendo para qualquer uma delas, que não incidirá alteração nos 4Ps. ( ) As estratégias não interagem entre si e qualquer mudança em uma das quatro estratégias poderá afetar os demais itens. A sequência correta está expressa em: a) V, V, V, F, F. b) F, F, F, V, V. c) V, F, V, F, F. d) F, V, F, V, V. FONTE:BANCO DE QUESTÕES DA FGV 4 6 7 A. Escala. B. Harmonia. C. Melodia. D. Ritmo. Formato “ASSOCIAÇÃO” (CORRESPONDÊNCIA, EMPARELHAMENTO, COMBINAÇÃO): Apresenta elementos com alguma relação entre si e que, por isso, podem ser associados. Exemplo: Associe as duas colunas, relacionando os elementos musicais à sua definição. A sequência correta dessa associação é: a) (A), (B), (C), (D). b) (B), (C), (D), (A). c) (C), (B), (D), (A). d) (D), (B), (A), (C). FONTE: MAXIMIANO, Q, J. DO C.SANTOS, V. M. QUESTÃO 608. ARTE. BANCO DE ITENS DA SEEMG. BH: DAVE/SEEMG, 2007. APRESENTADO NO “GUIA DE ELABORAÇÃO E REVISÃO DE ITENS E QUESTÕES DE MÚLTIPLA ESCOLHA” DA SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃO DE MINAS GERAIS. ( ) Conjunto de sons dispostos em ordem simultânea. ( ) Conjunto de sons dispostos em ordem sucessiva. ( ) Disposição complexa de notas numa sequência de durações curtas e longas dentro de um ou vários compassos. ( ) Progressão de notas em ordem ascendente ou descendente. 5 Marketing mix estratégia de produto estratégia de comunicação es tr at ég ia d e d is tr ib u iç ão estratégia d e pro d u çao 33 CAPÍTULO III: Questões objetivas passo a passo 6 . N O E N U N C I A D O S Ã O A P R E S E N TA D A S A S I N F O R M A Ç Õ E S N E C E S S Á R I A S PA R A A R E S O L U Ç Ã O D A Q U E S TÃ O O ponto mais importante a se destacar sobre o enunciado é que ele deve ser baseado na- quilo que se pretende avaliar, no caso educacional, nos objetivos de aprendizagem. Então, antes de começar a redigir uma questão, o primeiro passo deve ser indagar-se: qual objetivo essa questão vai avaliar? Ter um objetivo claro já é meio caminho andado para elaborar uma questão. Como já apresentamos na Taxonomia de Bloom os objetivos têm graus de complexidade diferentes que resultam em níveis de dificuldade diferentes. “Lembrar” tende a ser mais fácil do que “avaliar” ou “criar”, ou, pelo menos, requer competências diferentes. Pode ser que um elaborador esteja trabalhando com um objetivo da classe “lembrar”, como lembrar a data de um acontecimento, por exemplo. Não é produtivo criar uma questão muito complexa, com vários dados de suporte se o objetivo for apenas lembrar quando um fato ocorreu. Neste caso o elaborador vai perder tempo para elaborar a questão e o aluno vai perder tempo para ler e responder. Além disso, é sempre mais indicado avaliar o entendimento, o raciocínio e a in- terpretação, em detrimento a dados que exijam pura e simplesmente a memória. Não é mui- to produtivo verificar se as pessoas sabem datas que podem ser consultadas. Outro ponto sobre o enunciado é que o comando da questão, ou seja, aquilo que o aluno precisa fazer, deve ficar muito claro, mesmo antes de ler as alternativas. Também é preciso pensar bem na extensão do enunciado e no esforço necessário para resolver a questão. Ela não deve ser longa demais, a ponto de comprometer o tempo de realização do teste. 7 . F I X A N D O O C O N T E Ú D O Situação problema: deve ser elaborada com base nos objetivos de aprendizagem, evitando ater-se a minúcias e/ou detalhes de menor importância. Dados de suporte: devem privilegiar situações cotidianas dos estudantes ou situações relacionadas ao conteúdo da questão. Materiais significativos, com base em publicações relevantes ao tema e que conservam relação com fatos reais, tornam a questão mais pertinente e mais interessante para o candidato. Nos casos de citação, a autoria deve ser indicada. As informações de contexto devem ser relevantes para a resolução da questão bem como devem ser claros e objetivos, evitando a indução ao erro. Especificidade: o comando deve ser claro, evidenciando o que se espera com aquela questão, mesmo antes da leitura das alternativas. Extensão: deve ser suficiente para explicar a situação problema, evitando-se enunciados demasiadamente extensos ou com informações faltantes. Clareza: deve-se evitar afirmações longas e prolixas ou que ofereçam dupla interpretação. Clareza e objetividade são fundamentais. Etapas de resolução: as questões formuladas devem considerar se a quantidade de tempo e esforço necessário para a resolução estão adequados ao nível de complexidade da prova e ao tempo disponível. Questões que envolvem cálculo matemático, por exemplo, não devem exceder três operações para se obter o resultado final. É prudente também evitar cálculos trabalhosos e que não são centrais para o objetivo da questão ou tomem muito tempo. 34 CAPÍTULO III: Questões objetivas passo a passo Comando negativo: No CEDEA não utilizamos comandos negativos como “neste caso não podemos afirmar” ou “assinale a alternativa incorreta”. Tais recursos são pedagogicamente questionáveis, uma vez que não avaliam somente o objeto de aprendizagem em si, mas en- volvem a capacidade do aluno atentar para o detalhe da formulação, especialmente quando as questões anteriores têm comandos afirmativos. 8 . D I S T R A T O R E S Naturalmente, cada pergunta apresenta uma alternativa correta. E além da alternativa cor- reta também é necessário elaborar os “distratores” que são as opções incorretas. Os distratores são as opções de resposta que, embora possam estar corretas em outros contextos, não cor- respondem à resposta correta para a questão elaborada. É muito importante ter cuidado na elaboração das alternativas pois, se mal elaboradas, podem colocar toda a questão a perder. Um clássico exemplo são aqueles distratores despropositados, que já são facilmente elimi- nados pelos alunos. Mas, por que é ruim ter distratores facilmente eliminados? Em primei- ro lugar, porque a situação problema precisa ser desafiadora. Se, de cara, o aluno identifica um ou dois distratores ilógicos, o grau de desafio da questão já diminui. É importante que ele analise cada alternativa e compreenda o porquê de eliminá-la. Também porque a função dos distratores é auxiliar no diagnóstico da aprendizagem, e para isso precisam ser plausíveis e até mesmo explorar erros comuns que os alunos cometem naquele tema. Redigindo o dis- trator com esses cuidados, o erro do aluno vai comunicar qual é a sua lacuna de aprendizado. É por esse mesmo motivo que não é aconselhável usar ‘todas as anteriores’, ‘nenhuma das anteriores’ ou outras estratégias do gênero. É importante usar todas as alternativas para pro- mover a reflexão dos alunos sobre a situação-problema. Outro cuidado importante é com a forma das alternativas. Todas devem ter extensão e es- trutura semelhantes. Não vale caprichar na resposta correta e redigir as demais com simpli- cidade excessiva. Da mesma forma, não se devem formular questões que vinculem afirmações entre si (por exemplo, “apenas as afirmativas I e II estão corretas”) pois nesse formato não é possível iden- tificar a lacuna de conhecimento do
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