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Atividade Física e Saúde

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Prévia do material em texto

• PRESIDENTE DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL 
Fernando Henrique Cardoso 
• MINISTRO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO 
Paulo Renato Souza 
• MINISTRO EXTRAORDINÁRIO DOS ESPORTES 
Edson Arantes do Nascimento 
• SECRETÁRIO DE DESPORTOS 
Joaquim Ignácio Cardoso Filho 
 
• DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE DESPORTO SÓCIO-EDUCACIONAL 
Octávio Teixeira 
• COORDENADORA GERAL DE ATENÇÃO DESPORTIVA À CRIANÇA Nilma 
Garcia Pettengil 
 
• MINISTRO DA SAÚDE 
Adib Jatene 
• SECRETÁRIO DE ASSISTÊNCIA À SAÚDE 
Eduardo Leucovitz 
 
• DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE ASSISTÊNCIA E PROMOÇÃO À SAÚDE 
Domingos Sávio do Nascimento Alves 
• COODENADOR DE DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS 
Romero Bezerra Barbosa 
• RESPONSÁVEL PELO PROGRAMA NO MS Ana 
Alice Fragoso Farias 
• PROGRAMA DE EDUCAÇÃO E SAÚDE ATRAVÉS DO EXERCÍCIO FÍSICO E DO ESPORTE. 
MEC/MS 
COORDENAÇÃO - Antônia Dalla Pria Bankoff 
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE 
Orientações básicas sobre atividade física e saúde para 
profissionais das áreas de Educação e Saúde 
Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e do Esporte - MEC/MS 
Elaboradores 
• Tales de Carvalho 
• José Galdino Silveira da Silva 
• Dartagnan Pinto Guedes 
Revisor 
• Cláudio Gil Soares de Araújo 
Coordenadora e Organizadora da Edição 
• Antônia Dalla Pria Bankoff 
Ministério da Educação e do Desporto 
Secretaria de Desporto 
Ministério da Saúde 
Coordenação de Doenças Crônico-Degenerativas 
1995 
© 1995 - Ministério da Educação e do Desporto 
Ministério da Saúde 
É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. 
Impresso com recursos públicos do convênio Fundo Nacional de Desenvolvi-
mento do Esporte nº 195/94 entre o Ministério da Educação e do Desporto e a 
Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP. 
Distribuição gratuita - proibida a venda. 
Tiragem: 10.000 exemplares. 
Edição e distribuição: Secretaria de Desporto/Ministério da Educação e do 
Desporto e Coordenação de Doenças Crônico-Degenerativas/Departamento 
de Assistência e Promoção à Saúde/Secretaria de Assistência à Saúde/MS. 
Fone: (061) 322-1842 Fone: (061) 225-6388 
Impresso no Brasil - Printed in Brazil 
ISBN 85-334-0090-X 
Brasil - Ministério da Saúde. Coordenação de Doenças Crônico-
Degenerativas. 
Orientações básicas sobre atividade física e saúde para profissionais 
das áreas de Educação e Saúde. 
Brasília: Ministério da Saúde, Ministério da Educação e do Desporto, 
1995. 
68 p.: il. 
1. I. BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto 
Título original: Atividade 
Física e Saúde 
-1995 
 
PREFÁCIO 
Examinei o presente manual que contém informações básicas sobre Atividade Físi-
ca e Saúde para profissionais das áreas de educação e saúde e fiquei sensibilizado pela 
qualidade do material didático e pela oportunidade da publicação. 
Obras como esta tem fundamental importância na melhoria dos conhecimentos ne-
cessários para o adequado exercício profissional em ambas as áreas, além de despertar 
a idéia da necessária luta contra a inércia e a falta de documentos bem escritos, didáti-
cos, e fundamentais para o bom desempenho das atividades de nossos educadores e 
agentes de saúde. 
Sinto-me feliz por verificar que também nesta área a UNICAMP exerce sua tradi-
cional ação de trabalho cooperativo com as autoridades federais (Ministérios da Educa-
ção e do Desporto e da Saúde). Estão portanto de parabéns todos os que contribuíram 
com esta edição, e os ministérios que tornaram possível o desenvolvimento do trabalho 
realizado. 
Congratulações a todos. 
Campinas, Dezembro de 1994. 
JOSÉ MARTINS FILHO 
Reitor da UNICAMP 
 
ÍNDICE 
Apresentação ..................................................................................................................11 
CAPÍTULO 1 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação 
ao leitor. ..................................................................................................13 
1 - Doenças crônico-degenerativas no Brasil..................................................................15 
1.1 - Quadro das doenças crônico-degenerativas..............................................................15 
1.2 - Gastos com saúde....................................................................................................20 
CAPÍTULO 2 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação 
ao leitor. ..................................................................................................13 
2 - Fatores de risco coronariano e a influência da atividade física....................................23 
2.1 - Fatores de risco coronariano-fixos emodificáveis .....................................................23 
2.2 - Influência da atividade física sobre os fatores de risco coronariano............................26 
Avaliação-Capítulos 1 e2.........................................................................................27 
CAPÍTULO 3 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação 
ao leitor ..................................................................................................29 
3 - Noções básicas de bioenergética aplicada à atividade física......................................31 
3.1 - Fontes de energia para ressíntese do ATP.................................................................31 
3.2 - Princípios bioquímicos da fisiologia da atividade motora.............................................32 
3.3 - Metabolismo energético ...........................................................................................33 
3.4 - Tipos de fibras musculares .......................................................................................35 
3.5 - Tipos de contração muscular.....................................................................................36 
3.6 - Principais diferenças entre atividades físicas aeróbias e anaeróbias ..........................36 
CAPÍTULO 4 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação 
ao leitor.................................................................................................. 29 
4 - Efeitos fisiológicos da atividade física .......................................................................39 
4.1 - Efeitos do treinamento a nível de fibras musculares esqueléticas .............................40 
4.2 - Efeitos do treinamento a nível cardiovascular e respiratório...................................... .41 
CAPÍTULO 5 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação 
ao leitor...................................................................................................29 
5 - Atividade física e as doenças crônico-degenerativas ..................................................45 
5.1 - Atividade física e fatores de risco............................................................................. .46 
Avaliação - Capítulos 3,4 e 5.................................................................................... 47 
 
CAPITULO 6 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação 
ao leitor.................................................................................................. 49 
6 - Atividade física, aptidão física e saúde ..................................................................... 51 
6.1 - Definição de aptidão física ...................................................................................... 51 
6.2 - Resistência cárdio-respiratória................................................................................. 53 
6.3 - Força/resistência muscular e flexibilidade................................................................ 54 
6.4- Composição corporal .............................................................................................. 55 
CAPÍTULO 7 - Apresentação, Objetivo Geral, Objetivos Específicos e Orientação 
ao leitor.................................................................................................. 49 
7 -Prescrição e orientação da atividade física direcionada à promoção da saúde .......... 57 
7.1 - Princípios biológicos dos programas de atividades físicas ......................................... 57 
7.2 - Disposição seqüencial, duração, freqüência semanal e intensidade dos exercíci- 
os físicos ................................................................................................................ 59 
7.3 - Tipo de exercício físico direcionado à promoção da saúde ........................................ 62 
Avaliação - Capítulos 6 e 7........................................................................................63 
8 - Bibliografia básica................................................................................................... 65 
9 - Artigos científicos para aprofundamento e consulta....................................................67 
 
ELABORADORES 
CAPÍTULOS 1 e 2 
• Tales de Carvalho 
• Professor da Universidade do Estado de Santa Catarina. 
• Coordenador do Núcleo de Cardiologia e Medicina Desportiva, Florianópolis - Santa Catarina. 
• Coordenador do Programa Interinstitucional de Prevenção e Reabilitação Cardiovascular de Santa 
Catarina. 
• Consultor do Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e do Esporte pelos Ministérios 
da Educação e do Desporto e da Saúde. 
CAPÍTULOS 3,4 e 5 
• José Galdino Silveira da Silva 
• Professor Assistente da Universidade Católica de Salvador. 
• Especialista em Medicina Desportiva pela Federação Brasileira de Medicina Desportiva. 
• Médico Diretor Geral do Instituto de Ciências da Atividade Física - Salvador - Bahia. 
• Consultor do Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e do Esporte pelos Ministérios 
da Educação e do Desporto e da Saúde. 
CAPÍTULOS 6e7 
• Dartagnan Pinto Guedes 
• Professor Adjunto da Universidade Estadual de Londrina. 
• Doutor em Biodinâmica do Movimento Humano pela Universidade de São Paulo. 
• Consultor do Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e do Esporte pelos Ministérios 
da Educação e do Desporto e da Saúde. 
REVISOR 
• Cláudio Gil Soares de Araújo 
• Professor Adjunto da Universidade Federal Fluminense. 
• Médico do Serviço de Cardiologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho - UFRJ 
• Doutor em Ciências pela UFRJ. 
• Consultor do Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e do Esporte pelos Ministérios 
da Educação e do Desporto e da Saúde. 
COORDENADORA E ORGANIZADORA DA EDIÇÃO 
• Antônia Dalla Pria Bankoff 
• Professora da UNICAMP 
• Doutor em Ciências - USP. 
• Coordenadora do Programa de Educação e Saúde através do Exercício Físico e do Esporte pelos Minis-
térios da Educação e do Desporto e da Saúde. 
 
APRESENTAÇÃO 
Este Manual destina-se, em um sentido amplo, aos profissionais das áreas de Edu-
cação e Saúde que pretendem utilizar o exercício físico como instrumento de promoção 
da saúde. Atende portanto aqueles que trabalham com crianças, adolescentes, adultos 
ou idosos, sejam eles saudáveis ou não. Espera-se que este profissional, possa sentir-se 
mais seguro e capacitado para orientar as pessoas para o exercício físico, permitindo que 
elas minimizem os riscos e maximizem os benefícios da prática regular e saudável da 
atividade física. 
O conteúdo e o enfoque do material constante deste Manual foram selecionados 
visando preencher uma lacuna na formação dos recursos humanos da área de saúde, já 
que esta temática - Exercício Físico e Saúde - é freqüentemente omitida ou discutida de 
forma apenas superficial nos cursos superiores desta área de conhecimento. 
Procurou-se preparar um material didático que fosse, ao mesmo tempo, atualizado 
e contextualizado à realidade brasileira. Conceitos básicos e informações relevantes são 
apresentados em uma seqüência lógica, muito embora seja possível a leitura e o estudo 
separado de cada um dos capítulos deste Manual. Por outro lado, deve-se destacar que 
o Manual não pretende (e não poderia ser de outra forma) substituir livros-texto das áreas 
afins, especialmente no que se refere à Bioquímica e à Fisiologia do Exercício, mas sim 
proporcionar uma leitura objetiva e prática dos principais aspectos destas áreas naquilo 
que mais se aplica à temática de exercício físico e saúde. 
Ao final do Manual, o leitor encontrará uma listagem bibliográfica ampla e atualizada 
que foi dividida em material de referência básica e artigos científicos para aprofundamento 
em temas específicos. Ainda que esta bibliografia não esgote o assunto, ela prioriza publi-
cações de acesso mais fácil e atualizadas. 
Finalmente, espera-se, como um dos efeitos positivos do estudo e leitura deste 
Manual, que o leitor não somente passe a preconizar a prática regular do exercício físico, 
como também adote, no âmbito pessoal e de sua família, esta mesma postura saudável. 
ROMERO BEZERRA BARBOSA 
Coordenador de Doenças Crônico-Degenerativas 
Ministério da Saúde 
 
Capítulos 1 e 2 - APRESENTAÇÃO 
No capítulo 1 existiu uma preocupação em mostrar o quadro das doenças crônico-
degenerativas no Brasil por grandes regiões, destacando as doenças do aparelho circula-
tório, e a hipertensão arterial na população adulta no Brasil. Também houve preocupação 
em mostrar os gastos e os baixos investimentos em saúde em nosso país, contrariando 
a proposta da Organização Mundial de Saúde. 
O capítulo 2 dá ênfase aos fatores de risco coronariano fixos e modificáveis, cha-
mando atenção dos profissionais das áreas de Educação e Saúde, para um alerta geral 
sobre a importância de se modificar os hábitos de vida adquiridos e incorporados no dia a 
dia do homem. Paralelamente, retrata a importância da prática da atividade física regular 
como fator relevante na modificação destes hábitos de vida. 
OBJETIVO GERAL: 
Demonstrar o quadro geral sobre a situação' das doenças crônico-degenerativas e 
suas repercuções em termos de saúde pública, assim como as suas principais causas no 
sentido mais amplo. 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
- Identificar as principais doenças do grupo de crônico-degenerativas; 
- Identificar os dados de morbidade e mortalidade das doenças crônico-degenerativas; 
- Determinar a importância e as repercuções em termos de saúde pública; 
- Identificar os agentes causais, chamados fatores de risco, responsabilizados pe-
las doenças crônico-degenerativas; 
- Identificar o estilo saudável de vida capaz de afastar os agentes causais ou fatores 
de risco; 
- Discutir as repercuções da prática da atividade física regular sobre os agentes 
causais ou fatores de risco; 
ORIENTAÇÃO AO LEITOR: 
Ao iniciar a leitura destes capítulos (1 e 2), refletir sobre a situação alarmante das 
doenças crônico-degenerativas, procurando incorporar os dados aqui apresentados, no 
sentido de discuti-los no âmbito da educação e da saúde. 
Lembrar que as orientações dizem respeito tanto à prevenção, como ao tratamento 
das doenças crônico-degenerativas, utilizando a prática regular da atividade física, e lem-
brar, que as recomendações não são somente para doentes, mas para todos aqueles que 
desfrutam e se preocupam com seu estado de saúde. 
Caso o leitor tenha necessidade de um aprofundamento maior sobre atividade física 
e doenças crônico-degenerativas, no final do referido Manual, recomendamos fontes bi-
bliográficas apropriadas. 
Também o mesmo poderá se inscrever no curso de educação a distância em exer-
cício físico e saúde, obtendo informações através dos núcleos estaduais, ou através da 
coordenação de doenças crônico-degenerativas do Ministério da Saúde. 
 
CAPÍTULO 1 
• Tales de Carvalho 
1 - DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS NO BRASIL 
A classificação de doenças crônico-degenerativas inclui, entre outras, as enfermida-
des cardiovasculares tais como a hipertensão arterial, a doença coronariana aterosclerótica, 
as arteriopatias periféricas, além do diabetes mellitus e das doenças pulmonares obstrutivo-
crônicas. Para a finalidade básica deste Manual, centraremosa nossa discussão nas 
doenças crônico-degenerativas do sistema cardiovascular, em face de sua relevância e 
prevalência. 
1.1 - Quadro das doenças crônico-degenerativas 
Principalmente a partir de 1930, tem havido importante mudança nas causas de 
morbidade e mortalidade no país. Tal modificação decorreu de acentuada redução das 
doenças infecto-parasitárias, predominantemente nas regiões sudeste e sul, com cresci-
mento do conjunto de doenças crônico-degenerativas, representadas principalmente pe-
las doenças do aparelho circulatório e, em segundo lugar, pelas neoplasias. Já na década 
de 1980, o conjunto de doenças crônico-degenerativas, era responsável por mais de 50% 
dos óbitos registrados, considerando todas as idades (Figuras 1 e 2). 
Figura 1 
MORTALIDADE PROPORCIONAL POR GRUPOS DE CAUSAS: 
POR GRANDES REGIÕES BRASIL-1984 
 
*Excluídas as causas mal-definidas Fonte: DIVISÃO 
NACIONAL DE EPIDEMIOLOGIA/SNABS - MS 
 
Figura 2 
COEFICIENTE DE MORTALIDADE, POR ALGUMAS CAUSAS, CAPITAIS BRASILEIRAS 
1940/1988 
 
Fonte: Mortalidade nas capitais brasileiras 1930-1988 RADIS Dados 2: 1-8, 
ago; 1984 CENEPI - Centro Nacional de Epidemiologia - Ministério da 
Saúde 
Quando se trata de pessoas com idade igual ou superior a 50 anos, contingente 
cada vez mais expressivo de uma população que vem "envelhecendo", a situação se 
torna mais evidente, sendo muito maior o predomínio da mortalidade por doenças 
cardiovasculares (Figura 3). 
 
Figura 3 
MORTALIDADE PROPORCIONAL, POR GRUPOS DE CAUSAS, 
SEGUNDO GRUPOS ETÁRIOS BRASIL-1984 
 
 
No Brasil pelo menos 300 mil pessoas/ano falecem por doenças cardiovasculares. 
Cerca de 2 milhões e 500 mil pessoas/ano são acometidas de infarto do miocárdio, e 
falecem em torno de 214 mil pessoas/ano, devido a esta doença. Na população adulta, 
pelo menos 15% possuem hipertensão arterial, o que significa no mínimo 12 milhões de 
hipertensos, muito embora alguns levantamentos apontem para um número de até 20 
milhões de hipertensos (Figura 4). 
Figura 4 
ESTIMATIVA DE PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL 
NA POPULAÇÃO ADULTA 
BRASIL-1991 
 
11.965.565 HIPERTENSOS 
Fonte: CENEPI - Centro Nacional de Epidemiologia - Ministério da Saúde 
IBGE- Censo Populacional de 1991 
 
Além da hipertensão arterial e da doença coronariana, cujos dados já foram expos-
tos, existe ainda no Brasil, cerca de sete milhões de portadores de doença de Chagas e a 
doença reumática apresenta uma prevalência importante, contribuindo decisivamente para 
este sério quadro da saúde em nosso país. Tanto a doença de Chagas, como a doença 
reumática, estão relacionadas à pobreza e más condições sanitárias. Em nosso país, 
portanto, a exemplo do que ocorre em outros países de difícil situação sócio-econômica, 
as doenças provocadas por estilo de vida são um fardo suplementar para recursos escas-
sos. 
Para complicar ainda mais a situação, o Primeiro Censo Nacional de Diabetes Mellitus, 
realizado em nove capitais, apresentou uma incidência média de 7,6%, permitindo uma 
expectativa aproximada de 4 milhões e 500 mil diabéticos no país, dos quais cerca de 2 
milhões não sabem ser portadores da doença e 1/5 dos que sabem da doença não se-
guem nenhum tratamento. Deste modo, em torno de 50% do total dos diabéticos não se 
submetem a qualquer tratamento. 
Tabela 1 
 
 PREVALÊNCIA% 
CAPITAL DIABETES MELLITUS INTOLERÂNCIA À GLICOSE 
BELÉM 7,2 9,5 
BRASÍLIA 5,2 4,5 
FORTALEZA 6,5 5,8 
JOÃO PESSOA 7,9 7,2 
PORTO ALEGRE 8,9 12,2 
RECIFE 6,4 5,4 
RIO DE JANEIRO 7,5 9,2 
SALVADOR 7,9 4,8 
SÃO PAULO 9,7 11,2 
TOTAL 7,6 7,8 
* População padrão = população brasileira do Censo de 1980 
Obviamente que os números referentes às doenças crônico-degenerativas no Brasil 
têm muito a ver com mudanças profundas no modo de vida, que dentre outras coisas, 
reduziu bastante o gasto energético da população, por exemplo: 
- Nas últimas décadas ocorreu uma radical mudança na distribuição da população, 
face ao grande êxodo rural. Enquanto que em 1940 cerca de 70% da população vivia no 
campo e apenas 30% nas regiões urbanas, atualmente a situação se inverteu e mais de 
70% da população é urbana (Figura 5). 
 
Figura 5 
EVOLUÇÃO DA COMPOSIÇÃO POPULACIONAL 
BRASIL: 1940/1990 
 
Fonte: FUNDAÇÃO LUDWIG 
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA 
- Crescimento substantivo de atividades terciárias, consideradas leves. Na década 
de 70, por exemplo, o setor secundário empregava relativamente mais trabalhadores 
concentrados na indústria de construção civil, do que atualmente. 
- Modernização dos processos produtivos, inclusive no campo, como ocorre por 
exemplo na agricultura. 
- Pouco tempo destinado ao lazer, em parte pelas dificuldades de locomoção, princi-
palmente nos grandes centros, onde muitas horas/dia são perdidas no percurso entre a 
residência e o trabalho. Além da redução do tempo de lazer, ainda se soma o fato de que 
parte significativa deste tempo é gasto passivamente, inativo, frente à televisão, principal-
mente nos fins de semana. 
Deste modo, mais do que na forma de trabalhar, vem ocorrendo considerável mu-
dança na forma de viver da população brasileira, com uma vida cada vez mais sedentária, 
acarretando uma redução importante do gasto energético. 
 
1.2 - Gastos com saúde 
Aspecto de maior relevância para a deplorável situação em que nos encontramos, 
decorre dos baixíssimos investimentos em saúde. Em 1992 o governo federal gastou 
apenas 1,67% do PIB em saúde, enquanto que em 1990, o gasto total, público e privado, 
implicou em 3,19% do PIB (Figuras 6 e 7). 
 
GASTO TOTAL EM SAÚDE NO BRASIL 
(Público + Privado) 
Figura 7 
 
Fonte: IPEA Previsto para 1993 - entre 3 e 3,2% do PIB 
 
Se os gastos já eram excessivamente baixos, a situação vem progressivamente 
piorando. Em 1990 o Brasil, situado entre as 10 maiores economias do mundo, apresen-
tou um gasto de 63,4 dólares/ano per capita, praticamente igual ao da Somália, um dos 
mais miseráveis países do mundo, que foi de 60 dólares/ano per capita. Para se ter uma 
idéia da situação, basta lembrarmos que a Organização Mundial da Saúde propõe, como 
mínimo, um gasto de 500 dólares/ano per capita (Figuras 8 e 9). 
Figura 8 
INVESTIMENTOS PÚBLICOS EM SAÚDE - 1990 
(mil dólares/ano per capita) 
 
Fonte: OMS Proposta mínima da OMS - 500 dólares per capita/ano 
Figura 9
GASTOS DA UNIÃO EM SAÚDE 
Per Capita (dólares) 
 
Fonte: IPEA Estimativa da AMB - para 1993 - 40 dólares per capita 
 
Como se tudo isso não bastasse, o Brasil ainda consegue gastar, o quase nada que 
é destinado à saúde, muito mal! Ou seja, gasta muito com procedimentos caros, sofistica-
dos e muitas vezes usados desnecessariamente, como as cirurgias revascularizadoras 
do miocárdio e outros procedimentos invasivos como as angioplastias, em detrimento de 
procedimentos prioritários, baratos e de excelentes resultados, como os programas de 
prevenção e reabilitação cardiovascular. Para comprovar isto, basta verificarmos os nú-
meros, que colocam o Brasil entre os maiores realizadores de cirurgias cardíacas e ou-
tros procedimentos invasivos, que no caso da doença coronariana, por exemplo, quando 
considerados isoladamente, significa desperdício financeiro considerável. 
Paradoxalmente, no nosso país é mais fácil encaminhar um paciente, inclusive da 
previdência social, para um estudo hemodinâmico seguido de cirurgia, do que colocá-lo 
em um programa de reabilitação cardiovascular. Ou seja, não existe à disposição do 
paciente o que significa um procedimento prioritário, obrigatório, inclusive após a cirurgia 
de revascularização. 
 
CAPÍTULO 2 
• Tales de Carvalho 
2 - FATORES DE RISCO CORONARIANO E A INFLUÊNCIA DA 
ATIVIDADE FÍSICA 
2.1 - Fatores de risco coronariano - fixos e modificáveis 
Só se pode conceber um combate consistente às doenças crônico-degenerativas, 
na medida em que as causas são identificadas e, quando possível, removidas. Fatores ou 
causas, conhecidoscomo risco, vêm sendo investigadas de forma mais sistemática a 
partir do estudo de Framingham, desde 1947, quando a população desta localidade ame-
ricana passou a ser acompanhada e certos aspectos passaram a ser correlacionados 
com a incidência e a mortalidade, em função das doenças crônico-degenerativas, particu-
larmente da doença das coronárias. Posteriormente, outros estudos importantes foram 
executados, de modo a termos hoje um rol bem estabelecido de fatores, tidos como de 
risco, para o surgimento das doenças crônico-degenerativas. 
Quando se fala em doença coronariana aterosclerótica, a principal em termos de 
morbidade e mortalidade em nossa civilização, conforme já foi discutido anteriormente 
neste Manual, há que se considerar dois grupos de fatores ou agentes causais: os fixos, 
a princípio não modificáveis e os adquiridos, que podem ser removidos, portanto, 
modificáveis. Este segundo grupo de fatores depende diretamente dos hábitos, isto é, do 
estilo de vida, conforme procuraremos evidenciar neste capítulo. 
Dentre os fixos, aqueles sobre os quais não podemos agir estão: sexo, idade e 
história familiar. No que se refere ao sexo, observa-se que as mulheres, até a menopau-
sa, tendem a estar mais protegidas que os homens em função da presença do hormônio 
estrogênio. 
A idade mais avançada significa maior possibilidade de surgimento da doença com 
suas conseqüências, pelo fato de, em geral, a aterosclerose ser um processo de instala-
ção lenta e gradativa, manifestando-se clinicamente quase sempre décadas após o início 
do processo. 
Já a história familiar de morte ou doença cardiovascular prematura (em geral antes 
dos 55 anos de idade) se constitui em um fator de risco muito importante, embora muitas 
vezes fatores adquiridos, decorrentes de hábitos familiares, possam se confundir com 
aqueles provenientes da herança genética. 
QUADRO 1 - FATORES DE RISCO CORONARIANO FIXOS E MODIFICÁVEIS 
Fixos •IDADE •SEXO •HISTÓRIA FAMILIAR 
 
Modificáveis 
•FUMO 
• HIPERCOLESTEROLEMIA 
• HIPERTENSÃO ARTERIAL 
• INTOLERÂNCIA À GLICOSE 
•SEDENTARISMO 
•Outros: HIPERTRIGLICERIDEMIA, HIPERURICEMIA, OBESI 
DADE, ISOLAMENTO SOCIAL,ESTRESSE, COMPORTAMEN-
TO TIPO A e EDUCAÇÃO. 
 
Quando se trata dos fatores de risco adquiridos ou modificáveis, existe uma íntima 
relação com os hábitos e, portanto, com o modo de viver. Hoje em dia se considera que 
sejam cinco os principais fatores de risco adquiridos: fumo, hipercolesterolemia, hiperten-
são arterial, intolerância à glicose e sedentarismo, sendo que a inclusão destes dois últi-
mos é relativamente recente. Além dos já mencionados, pode-se ainda considerar a 
hipertrigliceridemia, hiperuricemia e obesidade, além de fatores nitidamente comporta-
mentais, como isolamento social, educação, tensão e ou ansiedade e comportamento 
tipo A. 
O fumo é considerado pela Organização Mundial da Saúde como a principal causa 
de doença no mundo, inclusive no que se refere às doenças cardiovasculares. Existem 
várias formas através das quais o fumo agride o organismo e também, vários mecanis-
mos pelos quais causa transtornos cardiocirculatórios. A exposição ao fumo é normal-
mente quantificada em maços/dia por um período de anos. 
A hipertensão arterial tem seus próprios fatores de risco, quando se trata de forma 
essencial ou primária, que representa a grande maioria dos casos: obesidade, álcool, 
sedentarismo, alimentação (principalmente rica em sal, mas também em gordura animal 
e açúcar industrializado), diabetes mellitus, fumo, estresse etc, todos ligados ao estilo de 
vida. Quanto à hipercolesterolemia (elevação dos níveis de colesterol no sangue), existe 
consistência na literatura em demonstrar uma nítida correlação com a incidência de 
coronariopatia aterosclerótica, tratando-se provavelmente do único fator direto de 
aterosclerose. A importância deste fator na etiologia da doença coronariana fica mais 
evidente a partir da afirmativa do Dr. William Roberts, que refere jamais ter presenciado 
um só caso de doença coronariana aterosclerótica que não apresentasse colesterol total 
acima de 150 mg%. Quando se fala de prevenção, considera-se como ideal para um 
indivíduo adulto um valor de colesterol total pelo menos igual ou abaixo de 200 mg%. 
Contudo uma análise mais detalhada da questão da hipercolesterolemia demanda a 
quantificação das subtrações do colesterol, já que valores elevados do componente liga-
do à lipoproteína de alta densidade (HDL-C) são benéficos para a saúde, enquanto uma 
elevação da fração ligada à lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) favorece a 
aterogênese. Uma outra forma de expressar esta questão, é através da relação entre 
colesterol total e HDL-C, que deverá situar-se idealmente abaixo de 4,5. 
O diabetes mellitus, expressão mais grave da intolerância à glicose, está 
freqüentemente associado à hipertensão arterial e à aterosclerose, acelerando a história 
natural e o aparecimento de complicações cardiovasculares. 
Em relação ao sedentarismo, existem claras evidências para considerá-lo como o 
principal fator de risco coronariano em termos de uma comunidade, já que o seu risco 
relativo é consideravelmente alto e sua prevalência é bastante maior do que a dos outros 
fatores. Acredita-se que no Brasil, a maior parte da população adulta dos dois sexos 
possa ser classificada como fisicamente inativa, enquanto apenas uma parcela muito 
pequena - entre 15 a 25% - seria considerada como fisicamente ativa de forma regular. 
Nas últimas décadas, vários estudos epidemiológicos importantes relacionaram um 
maior nível de atividade física regular, com uma menor incidência de doenças cardiovas-
culares. Dentre estes vários trabalhos, escolhemos três deles para ilustrar melhor esta 
relação. O Prof. Jeremy Morris, de Londres, constatou que os cobradores de ônibus lon-
drinos de dois andares, tinham freqüentemente menos complicações cardiovasculares e 
possuíam um nível de atividade física mais intensa do que os motoristas destes mesmos 
veículos. Já o Prof. Ralph Paffenbarger e seus colaboradores acompanharam por quase 
 
duas décadas, cerca de 17 mil ex-alunos da Universidade de Harvard, tendo observado 
um efeito protetor da atividade física regular de moderada intensidade e volume sobre a 
morbidade e a mortalidade cardiovascular, que chegava a neutralizar, pelo menos em 
parte, o efeito deletério do fumo, de uma história familiar de doenças cardiovasculares e 
da obesidade. Em outro estudo já mais recente e denominado de MR. FIT (Multiply Risk 
Factor Intervention Trial), observou-se que até mesmo atividades físicas de baixa intensi-
dade, tais como a jardinagem ou a caminhada, podem acarretar uma redução significati-
va das manifestações da doença coronariana. 
Mais recentemente passaram a surgir trabalhos mostrando que um estilo saudável 
de vida, que conte com a prática regular de exercício físico, pode impedir a progressão de 
uma doença aterosclerótica já estabelecida e em alguns casos, pode até mesmo ocasio-
nar a sua regressão. Neste sentido é conveniente comentarmos dois trabalhos: 1) Ornish 
e colaboradores, mostraram 82% de regressão e 94% de estabilização da doença 
coronariana aterosclerótica, com um acompanhamento de apenas um ano, em grupo de 
pacientes submetidos a uma alimentação pobre em gordura animal (quase exclusiva-
mente vegetariana, pois só era permitido clara de ovo e leite desnatado dos produtos de 
origem animal), técnicas de relaxamento e prática regular de exercício físico de baixa ou 
moderada intensidade, resultados estes que eram significativamente distintos dos encon-
trados no grupo controle tratado de modo convencional. 2) Já o trabalho de Hambrecht e 
colaboradores é ainda mais impressionante, na medida em que demonstrou o efeito inde-
pendente do exercício físico, inclusive na regressão da aterosclerose, desde que usado 
em quantidade considerável. Este efeito, às custas exclusivamente da atividade física, 
ocorreu com o gasto calórico igual ou superior a 2200 kcal semanais.Isto significa, por 
exemplo, correr cerca de 40 minutos, cinco a seis vezes por semana. 
Comentando de forma breve os fatores de risco secundários, merece destaque a 
eventual relação entre obesidade e doença coronariana. Muito embora persista alguma 
controvérsia, estudos epidemiológicos prospectivos, em homens e mulheres, têm nitida-
mente correlacionado a obesidade caracterizada por deposição de gordura predominan-
temente abdominal, com um maior risco de doença isquêmica cardíaca e morte, indepen-
dente do nível total de obesidade. Considera-se, deste modo, que muito mais do que a 
obesidade geral, o seu subtipo dito masculino ou andróide, apresenta importante correla-
ção com alterações metabólicas, tanto em homens como em mulheres. Pode-se determi-
nar um maior risco quando a relação entre as circunferências de cintura e quadril for 
maior do que 1,0 e 0,8, respectivamente, em homens e mulheres. 
Existe um grupo que muitas vezes não é devidamente considerado e que alguns 
estudos epidemiológicos prospectivos têm demonstrado ser relevantes no estabeleci-
mento do risco de incidência, ou mesmo, de reincidência de episódios agudos 
cardiovasculares, como isolamento social, nível de educação, comportamento tipo A e 
estresse (entenda-se por tensão e ansiedade exagerados). 
A remoção de cada um de todos estes fatores considerados, por si só é importante, 
quando um estudo mostra, por exemplo, que queda de apenas 11% do LDL-C implica em 
redução de expectativa de doença coronariana de 19% e queda de 35% do LDL-C implica 
em redução de cerca de 49% do risco. Ao mesmo tempo estes fatores são interligados, 
interdependentes e, na medida em que se começa a removê-los, acontece um verdadeiro 
"efeito dominó", pois cada um que é reduzido ou removido acaba interferindo sobre os 
demais. 
 
2.2 - A influência da atividade física sobre os fatores de risco coronariano 
Nesse sentido é interessante observar a influência que a atividade física regular de-
sempenha sobre os demais. Não é provavelmente exagerado dizer que a atividade física 
regular atua, de forma direta ou indireta, em praticamente todos os fatores adquiridos e 
pode até neutralizar alguns dos fixos. 
O exercício físico é um tranqüilizante natural. Cooper costuma dizer que o exercício 
"queima estresse". Além disso, possibilita a ampliação do convívio social; reduz a procura 
ao álcool e ao fumo; combate a obesidade e o diabetes, consumindo calorias e aceleran-
do o metabolismo, enquanto reduz os níveis de ácido úrico e de triglicerídios. 
Quando se discute a problemática de promoção da saúde e a prevenção das doen-
ças cardiovasculares, a abordagem deverá ser preferencialmente multifatorial e voltada 
para um enfoque mais global ou holístico. 
Retornando ao estudo feito por Ornish e colaboradores, houve uma clara demons-
tração de que modificações radicais de estilo de vida - dieta, exercício e redução de 
estresse - provocaram até 10% de redução em média no grau de obstrução coronariana, 
o que implicou em duplicação da perfusão miocárdica, normalização da pressão arterial, 
sensação de melhoria de saúde e maior disposição. O colesterol total caiu de uma média 
de 227 para 172 mg%. Houve uma acentuada melhora clínica, com redução de 95% dos 
eventos clínicos e significativa diminuição do número, duração e intensidade dos episó-
dios de angina. O resultado final foi que 82% dos pacientes mostraram regressão e 14% 
deles apresentaram estabilização, com impressionantes vantagens sobre os 19 pacien-
tes que compunham o grupo controle, submetidos ao tratamento cardiológico convencio-
nal. 
Na realidade esta abordagem sobre os fatores de risco ou voltada para modifica-
ções no estilo de vida, não significa um confronto com o tratamento tido como convenci-
onal, que no nosso meio é sinônimo do uso de medicamentos e procedimentos invasivos, 
quase sempre sem utilizar um tratamento global conseqüente. Trata-se, portanto, de um 
tratamento limitado, muitas vezes até desnecessário, mas que, mesmo quando bem indi-
cado, não possibilita a recuperação que se pode atingir, sendo de certo modo inócuo, 
embora caro, sofisticado e agressivo. Obviamente este tratamento tido como convencio-
nal deve ser cogitado, porém como procedimentos eventuais, somente quando realmen-
te necessários. 
Para concluir podemos parafrasear Ornish afirmando que "99% das doenças 
coronarianas, o principal flagelo da saúde, são completamente evitáveis, naturalmente às 
custas de um estilo de vida saudável, em que sempre existe uma grande oportunidade 
para melhorar a qualidade de vida." 
 
AVALIAÇÃO - Capítulos 1 e 2 
Nos últimos 5 anos os investimentos per capita/ano em saúde, no Brasil: 
a) Vêm crescendo. 
b) Permanecem inalterados. 
c) Vêm decrescendo. 
No que se refere a doença coronariana é correto afirmar que: 
a) Procedimentos invasivos (cirurgias revascularizadoras e angioplastias) 
isoladamente aumentam a sobrevida. 
b) Mudança de estilo de vida, que contemple o hábito regular de exercício fí-
sico, isoladamente aumenta a sobrevida. 
c) Somente a soma das duas alternativas anteriores aumenta a sobrevida. 
É correto afirmar que o sedentarismo é considerado um dos: 
a) Fatores maiores ou principais para doenças cardiovasculares, independen-
te do sexo. 
b) Fatores menores ou secundários para doenças cardiovasculares, indepen-
dente do sexo. 
c) Fatores maiores entre os homens e menores entre a mulheres, para 
doenças cardiovasculares. 
É considerado mais importante, como fator de risco para doenças crônico-
degenerativas: 
a) Obesidade de Tronco (Relação circunferência da cintura/circunferência 
do quadril elevada), tanto para homens como para mulheres. 
b) Obesidade de Tronco (Relação da circunferência abdominal/circunferên-
cia do quadril elevada), somente para homens. 
c) Obesidade, independente de localização. 
Fala-se em regressão de aterosclerose relacionada a mudança de estilo de 
vida como algo: 
a) Absolutamente possível. 
b) Absolutamente impossível. 
c) Possível desde que haja uso concomitante de medicamentos que redu-
zam os lipídios sangüíneos. 
 
Capítulos 3, 4 e 5 - APRESENTAÇÃO 
À atividade física e à saúde transcendem o axioma reducionista "Mens Sana in 
Corpore Sano" para adentrar numa perspectiva globalizadora, capaz de entender as rela-
ções físicas como resultado do estado psíquico, social e emocional do homem, inserido 
no contexto Sócio-Cultural do seu tempo. É um grande erro prosseguir-se, no campo das 
ciên-cias do esporte, com uma ideologia do acaso, no reducionismo positivista, não se 
avançando para um saber científico interdisciplinar à luz da problemática antropológica 
moderna, que se esforça para abranger a totalidade do homem. Por isso, acreditamos na 
necessidade de informar e qualificar os profissionais da área de educação e da saúde 
sobre a orientação correta da prática de atividades físicas como agente de promoção da 
saúde, prevenção e tratamento das doenças crônico-degenerativas, que têm na hipocinesia 
um fator agravante para limitação e deterioração da capacidade de performance humana 
no cotidiano. 
Na produção destes capítulos procuramos evidenciar e demonstrar: 
- a efetiva contribuição dos aspectos bioquímicos e histológicos que regem a fisiolo-
gia da contração muscular; 
- os efeitos benéficos e as alterações anátomo-fisiológicas que as atividades físicas 
podem gerar no organismo humano; 
- as principais doenças crônico-degenerativas onde a atividade física tem influência 
decisiva na prevenção e controle da evolução do processo deletério, contribuindo 
efetivamente na redução do custo de tratamento e na melhoria da qualidade de 
vida das pessoas. 
OBJETIVO GERAL: 
Fornecer conceitos básicos para entendimento dos aspectos bioenergéticos que 
influenciam na fisiologia das atividades físicas, bem como informar os efeitos benéficos 
da atividade física sobre as doenças crônico-degenerativas. 
OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
- Conceituar bioenergética, metabolismo, e homeostasia. 
- Identificarcomo o organismo obtém a energia química a partir da metabolização 
dos alimentos, separando, utilizando e armazenando os nutrientes que são utiliza-
dos como substrato energético para manutenção da vida celular. 
- Reconhecer o papel do ATP - AdenosinaTrifosfato como fonte de energia imediata 
para o trabalho de contração muscular, além de outros fosfatos de alta energia que 
dão suporte energético durante as atividades físicas e desportivas. 
- Identificar como o equilíbrio e harmonização da intensidade e da duração da tarefa 
solicitada ao organismo desencadeia ajustamentos bioquímicos e metabólicos es-
pecíficos para uma boa resposta fisiológica durante as atividades físicas. 
- Identificar a diferença entre tipos de metabolismo e vias metabólicas. 
- Caracterizar as três vias metabólicas responsáveis pela ressíntese do ATP para 
manutenção da proposta de trabalho muscular. 
- Identificar a(s) via(s) metabólica(s) de ressíntese de ATP conforme a intensidade, 
a duração, e o tipo de metabolismo que predominará durante a atividade física. 
 
- Conceituar e descrever os tipos de fibras musculares correlacionando-as com as 
vias metabólicas e tipos de metabolismos preferenciais. 
- Conceituar e descrever os tipos de contração muscular correlacionando-os com o 
tipo de atividade física solicitada. 
- Caracterizar as principais diferenças entre atividades físicas aeróbias e anaeróbias. 
- Caracterizar e descrever os princípios que regem o treinamento fisiológico. 
- Conceituar condicionamento fisiológico. 
- Identificar as principais respostas adaptativas que o treinamento é capaz de causar 
a nível de fibras musculares. 
- Reconhecer as principais respostas e adaptações dos sistemas cardiovascular, res-
piratório e locomotor ao espaço físico. 
- Explicar, de forma superficial, como as atividades físicas influenciam no tratamento 
e controle dos fatores de risco coronariano. 
ORIENTAÇÃO AO LEITOR: 
A leitura destes capítulos representa uma sinopse dos vários assuntos que se rela-
cionam com o esclarecimento, conceitos e caracterizações dos princípios bioquímicos, 
anatômicos e fisiológicos, assim como, as respostas e as adaptações que a atividade 
física pode desencadear no organismo. Os assuntos são muito vastos e, certamente, não 
estão esgotados aqui. Partimos do entendimento da nutrição celular para evidenciarmos 
e caracterizarmos a forma como cada tipo de fibra muscular esquelética obtém energia 
para realizar a função motora. 
No terceiro capítulo a seqüência do assunto permite esclarecer e definir como se 
classifica e diferencia uma atividade física aeróbia de uma anaeróbia estabelecendo a 
identificação e caracterização específica de cada uma delas. 
No quarto capítulo enfocamos as variáveis que influenciam diretamente na resposta 
do organismo, ao esforço físico, salientando os efeitos agudos (transitórios) e crônicos 
(permanentes) que as atividades físicas podem causar aos mais variados órgãos, siste-
mas e aparelhos. O objetivo principal é demonstrar os benefícios e as alterações anátomo-
morfológicas que as atividades físicas aeróbias podem causar ao organismo humano. 
O quinto capítulo identifica a necessidade de valorização das formas alternativas que 
contribuem para uma política mais eficiente e eficaz no tratamento e controle das doen-
ças crônico-degenerativas em que a hipocinesia contribui para agravamento dos efeitos 
negativos. Nele evidenciamos as principais doenças crônicas e degenerativas onde a 
atividade física tem influência decisiva na reversão e controle da evolução do processo 
deletério e, das seqüelas que elas podem causar ao organismo humano, contribuindo 
efetivamente na redução do custo financeiro do tratamento e, na melhoria da qualidade 
de vida das pessoas portadoras. Para verificação da aprendizagem, ao final destes capí-
tulos foram formuladas perguntas, cujas respostas são facilmente encontradas na se-
qüência de leitura dos textos. 
Após a leitura deste manual acreditamos ser muito valioso matricular-se no curso a 
distância em exercício físico e saúde, que o Ministério da Educação e do Desporto e o 
Ministério da Saúde desenvolvem em vários estados brasileiros, cujas informações po-
dem ser solicitadas aos núcleos estaduais ou através da coordenação de doenças crôni-
co-degenerativas do Ministério da Saúde. 
 
CAPÍTULO 3 
• José Galdino Silveira da Silva 
3- NOÇÕES BÁSICAS DE BIOENERGÉTICA APLICADA À 
ATIVIDADE FÍSICA 
A área do conhecimento científico que nos permite entender, analisar e compreen-
der as alterações correspondentes das trocas de energia nas transformações físicas e 
químicas, para a produção de atividade física ou seu equivalente (resistência, força, po-
tência) é denominada bioenergética. Ela fornece os princípios básicos para explicar por-
que algumas reações podem ocorrer enquanto outras não. Os sistemas biológicos são 
essencialmente isotérmicos e usam energia química para propulsionar os processos me-
tabólicos dos organismos vivos. Numa perspectiva sistêmica percebemos que as células 
que compõem os seres vivos, caracterizam-se por um estado de equilíbrio dinâmico e 
necessitam de combustíveis específicos para manter seus processos biológicos normais. 
Ao conjunto contínuo de mudanças nas reações químicas pelas quais passam as células 
que compõem os organismos vivos denominamos metabolismo. Portanto, toda célula 
está empenhada na fabricação de uma complexa mistura de aminoácidos, ácidos graxos 
e seus derivados, esteróides, mono e polissacarídeos, purinas e pirimidinas, nucleotídeos 
e ácidos nucleicos, bem como na degradação simultânea desses polímeros por hidrólise 
e na oxidação dos carboidratos e ácidos graxos para obtenção de energia. As atividades 
físicas são resultantes da transformação de energia química em energia mecânica que 
caracteriza a contração muscular. O conhecimento da forma como o organismo obtém 
esta energia dos alimentos é fundamental no entendimento da nutrição normal e do me-
tabolismo. 
3.1 - Fontes de energia para ressíntese do ATP 
A energia química é promovida pelo organismo humano através de oxidação dos 
nutrientes contidos nos alimentos ingeridos na forma de carboidratos, lipídeos e proteí-
nas, que são degradados produzindo e armazenando energia, para os processos biológi-
cos, na forma de fosfato de alta energia dos quais o principal representante é o ATP-
Adenosina Trifosfato. A degradação do ATP e conseqüentemente liberação de seu grupo 
fosfato terminal, fornece a energia necessária que será utilizada em processos químicos 
(biossíntese), mecânicos (contração muscular), elétricos (condução do estímulo nervo-
so), osmóticos (transporte ativo através de membranas) ou luminosos (bioluminescência). 
Esquema simplificado do processo de obtenção de energia em organismos quimiorganotróficos: (a oxidação de 
nutrientes leva à redução de coenzimas, que são oxidadas por oxigênio, produzindo ATP). 
 
 
Ao serem oxidados, os nutrientes liberam prótons (H+) e elétrons (e") e seus átomos 
de carbono são convertidos a C02. As coenzimas, principalmente NAD-Nicotinamida 
Adenina Dinucleotídeo e FAD-Flavina Adenina Dinucleotídeo, recebem os prótons e elé-
trons liberados pela oxidação dos nutrientes e passam à forma reduzida. Logo a seguir, 
estes prótons e elétrons são transferidos para o oxigênio molecular, que é convertido a 
água, e conseqüentemente reoxidação das coenzimas, com grande aproveitamento 
energético. 
Para cumprir essa função podemos perceber que há um delicado controle atuando 
nos inúmeros processos metabólicos, bem como nas reações produtoras de energia que 
os tornam possíveis, mesmo em condições adversas. A capacidade do organismo em 
manter um estado interno constante e normal enquanto realiza numerosas e complexas 
reações metabólicas, não obstante a ocorrência de alterações significativas no ambiente, 
é devida à sensibilidade de mecanismos regulatórios específicos, cujo processo denomi-
namos Homeostasia. Toda falha no funcionamento normalde um ou mais desses meca-
nismos, resulta nas alterações metabólicas observadas em várias doenças crônicas e 
degenerativas. A velocidade de liberação de energia, medida pela velocidade de metabo-
lismo, é controlada pelos hormônios da tireóide. De tal forma que o armazenamento do 
excesso de energia produzida origina a obesidade, assim como, o esgotamento das re-
servas disponíveis de energia originam a desnutrição. 
A compreensão do metabolismo requer o conhecimento da química das moléculas 
participantes(metabólitos), das reações nas quais elas participam, das enzimas e 
coenzimas que catalisam essas reações e dos mecanismos regulatórios que determinam 
as velocidades das reações seqüenciais aceleradas por enzimas, através das quais um 
determinado metabólito A é convertido em B. Essa série de etapas constitui uma via 
metabólica, e a operação de todas as vias metabólicas e sua função integradora constitu-
em o metabolismo, objeto de estudo da bioenergética. 
No processo de contração muscular a energia liberada pela degradação de ATP, é 
utilizada para funções específicas tais como: movimento das pontes cruzadas de miosina 
e o conseqüente deslizamento da actina sobre a miosina; dissociação de actina e miosina; 
e, transporte ativo de cálcio para o retículo sarcoplasmático . 
Quanto menos treinada fisicamente for a pessoa menor é a capacidade da célula 
muscular em armazenar ATP, sendo necessária uma constante e permanente produção 
destas fontes de energia para que haja continuidade no processo de contração muscular. 
3.2 - Princípios bioquímicos da fisiologia da atividade física 
A atividade física desencadeia uma intrincada e complexa rede de ajustamentos 
metabólicos e fisiológicos em todos os sistemas orgânicos fundamentais para manuten-
ção da vida, cuja principal função consiste no aceleramento da disponibilidade e utiliza-
ção do oxigênio e substratos energéticos derivados dos nutrientes que servirão como 
combustíveis para o fenômeno da contração muscular. Estes ajustamentos são depen-
dentes, rigorosamente, do equilíbrio e harmonização da intensidade e da duração da 
tarefa solicitada ao organismo humano. Nas atividades da vida diária estes ajustes são 
permanentemente realizados e poderão ser maximizados conforme os hábitos de vida e 
 
 
da regularidade das atividades físicas na forma de treinamento, ou deteriorados na opção 
pela hipocinesia que leva ao sedentarismo, causando doenças com características crôni-
co-degenerativas nos mais variados órgãos e sistemas. 
3.3 - Metabolismo energético 
Nutrientes 
O sol é a fonte de toda energia biológica e, os vegetais captam energia solar através 
da fotossíntese, num processo de transferência dos elétrons da clorofila (pigmento verde 
dos vegetais), para um nível de energia mais elevado. Portanto, a energia física luminosa 
é, desse modo, transformada em energia química, que por sua vez, é transmitida de 
composto para composto, em uma série hierarquizada de reações metabólicas, no inte-
rior dos vegetais. Finalmente, este processo provoca a degradação de moléculas de água, 
extraída do solo, com liberação de oxigênio e formação de íons hidroxila. Estes íons 
reagem, então, com o dióxido de carbono atmosférico formando compostos ricos em 
energia, os carboidratos, cujo principal representante, é a glicose, que pode ser conside-
rada o protótipo dos nutrientes (substrato). A partir dos carboidratos simples, os vegetais 
também sintetizam lipideos, que constituem uma forma eficiente de armazenamento de 
energia. Outrossim, também, sintetizam proteínas, extraindo elementos do solo, princi-
palmente nitrogênio, que são essenciais para o material estrutural e genético. Certos 
animais incorporam a energia destes nutrientes - carboidratos, lipideos e proteínas - ao 
comerem alimentos vegetais, ou animais que ingerem vegetais. 
Distribuição 
Digeridos os alimentos, os nutrientes complexos são degradados a compostos rela-
tivamente simples da digestão, que serão distribuídos para os diversos tecidos pelo siste-
ma circulatório. A glicose é o carboidrato predominante no sangue. Os lipideos são 
hidrolisados até triglicérides e transportados como complexos lipoproteícos, a quilomicra. 
As proteínas são degradadas até aminoácidos, e são transportadas no sangue sob esta 
forma. 
Armazenamento 
O transporte da glicose da corrente sangüínea para dentro da célula é feito através 
de um processo que consome energia e é intensamente acelerado pela insulina. Logo 
após sua entrada na célula, a molécula de glicose reage com o radical fosfato livre exis-
tente no citoplasma originando o composto glicose-6-fosfato.Os triglicérides são trans-
portados para o interior da célula, onde sofrem uma hidrólise, dando origem a ácidos 
graxos livre e glicerol. Os vinte e três diferentes tipos de aminoácidos existentes no orga-
nismo humano, penetram na célula através de um sistema de transporte ativo cujo meca-
nismo ainda não está plenamente esclarecido. 
O catabolismo (degradação química contínua) destes compostos orgânicos, acima 
referenciados, fornecem a energia necessária para manuntenção dos tecidos. As molé-
culas de glicose são armazenadas na forma polimérica denominada glicogênio. O fígado, 
e em menor proporção o músculo, podem armazenar grandes quantidades de glicogênio. 
A ressíntese dos ácidos graxos, quando não consumidos energeticamente, resultam na 
formação dos triglicérides que serão armazenados nas células adiposas, contribuindo 
 
 
 
Creatinafosfoquinase 
ADP + Pi + PC ----------------------------> Cr + Pi + ATP 
Via glicolítica anaeróbia: glicólise 
A glicólise é, quantitativamente, o principal substrato oxidável para a maioria dos 
organismos vivos. Quase todas as células são potencialmente capazes de atender suas 
demandas energéticas a partir deste carboidrato. A glicose é imprescindível para algu-
mas células e tecidos, como hemácias e tecido nervoso, por constituir o único substrato 
que estes tecidos são capazes de oxidar para obter energia. 
A glicólise, primeira etapa da via glicolítica, é uma via metabólica que se processa 
no citoplasma celular produzindo ATP, íons (H+ + e-) recebidos por coenzimas, e piruvato. 
Convém lembrar que a conversão de glicose a piruvato é anaeróbia e por isso aproveita 
apenas uma pequena parcela da energia total da glicose, correspondendo a 47 kcal/mol, 
enquanto a oxidação total da molécula de glicose libera uma quantidade de energia equi-
valente a 687 kcal/mol. Isto porque, na mitocôndria, o piruvato é totalmente oxidado a 
C02 com a concomitante produção de grande quantidade de íons, (H+ + e- ) que são 
recebidos por coenzimas que serão oxidadas aeróbiamente (via fosforilação oxidativa) 
derivando grande produção de ATP. 
 
Vias oxidativas aeróbias 
O piruvato proveniente de glicose origina acetil-CoA mitocondrial. Além da glicose, 
alguns aminoácidos e os ácidos graxos também produzem acetil-CoA sem a formação 
intermediária de piruvato. Portanto, a acetil-CoA pode ser originária de carboidratos, 
aminoácidos e ácidos graxos e, independente de onde seja proveniente, será totalmente 
oxidada a C02 pelo ciclo de Krebs, com a concomitante produção de coenzimas reduzi-
das. A oxidação das coenzimas, é obrigatoriamente feita pela cadeia de transporte de 
elétrons e, portanto, o ciclo de Krebs, ao contrário da glicólise, só pode ser processado 
em condições aeróbias. 
Tipos de Metabolismo 
Basicamente existem dois tipos de metabolismo: o aeróbio e o anaeróbio. A ativa-
ção de um destes tipos de metabolismo dependerá da velocidade metabólica na produ-
ção de energia para o trabalho muscular. A velocidade de metabolismo depende da inten-
sidade do estresse físico e mental a ser compensado. Estresses (estímulos) de baixa a 
moderada intensidade ativam predominantemente as vias metabólicas oxidativas, atra-
vés do ciclo de Krebs e da fosforilação oxidativa e permitem trabalhos musculares de 
longa duração, caracterizando assim as atividades físicas ditas aeróbias. Já os estressesde forte intensidade ativarão, predominantemente, a via metabólica dos fosfagênios ca-
racterizando as atividades físicas anaeróbias aláticas de curtíssima duração. Quando 
ativam a primeira etapa da via glicolítica (glicólise) caracterizam as atividades físicas 
anaeróbias láticas e de curta duração. Como a velocidade de metabolismo anaeróbio é 
muito alta e o dispêndio de energia muito grande, o tempo de duração dos trabalhos 
musculares é curto ou muito curto. 
3.4 - Tipos de fibras musculares 
Basicamente existem dois tipos de fibras musculares: Fibras tipo I - de lenta contra-
ção e, Fibras tipo ll - de rápida contração. Conforme o predomínio de trabalho estático ou 
dinâmico executado pelos músculos são observadas diferenças morfológicas e bioquími-
cas entre elas. A carga genética e as solicitações da rotina da vida diária influirão decisi-
vamente no desenvolvimento de músculos tônicos (finos e escuros) e fásicos (mais gros-
sos e pálidos). Daí, então, a classificação de fibras musculares "vermelhas" e "brancas", 
respectivamente. A mistura dos dois tipos de fibras denomina-se fibra muscular "interme-
diária". 
Na musculatura de sustentação predominam as fibras tônicas, cuja tonalidade ver-
melha depende da maior quantidade de concentração de mioglobina. Estas fibras têm 
menor velocidade de resposta, portanto, lenta contração - tipo I, menor conteúdo de fosfatos 
de alta energia e, são portanto, dotadas de maior capacidade oxidativa e alta atividade de 
ATPase miofibrilar, sendo mais utilizadas em atividades físicas de solicitação aeróbia. 
Na musculatura destinada à movimentação mais rápida, explosiva, predominam as 
fibras fásicas, de tonalidade esbranquiçada, caracterizadas por grande velocidade de 
contração e relaxamento, portanto, rápida contração - tipo ll, maior conteúdo de fosfatos 
de alta energia e glicogênio e, são portanto, dotadas de maior capacidade glicolítica, 
sendo mais utilizadas em atividades físicas de solicitação anaeróbia. 
 
O treinamento físico pode aumentar tanto o potencial oxidativo como o glicolítico 
das fibras musculares. 
Nos seres humanos as fibras tipo ll podem ser subdivididas em lla, llb e llc. A rápida 
velocidade de contração associada com uma capacidade de transferência de energia 
tanto aeróbia quanto anaeróbia dão às fibras tipo lla uma característica metabólica inter-
mediária, oxidativas-glicolíticas. Já as fibras tipo llb possuem potencial metabólico essen-
cialmente anaeróbio. A fibra tipo llc normalmente é uma fibra rara e indiferenciada que 
pode participar na reinervação ou na transformação da unidade motora. 
3.5 - Tipos de contração muscular 
Contração muscular é o resultado da transformação de energia química em energia 
mecânica, a nível da fibra muscular, sob controle neural da atividade física. Basicamente 
existem dois tipos de contração muscular: isotônica e isométrica. 
Na contração isotônica (trabalho dinâmico) a transformação de energia química em 
energia mecânica gera movimento dos segmentos articulados. É concêntrica (trabalho 
dinâmico positivo) quando o movimento gera encurtamento das fibras musculares e ex-
cêntrica (trabalho dinâmico negativo) quando o movimento gera alongamento das fibras 
musculares. A contração isotônica é típica das atividades físicas aeróbias. 
Na contração isométrica (trabalho estático) e transformação de energia química em 
energia mecânica gera tensão muscular sem produção de movimento dos segmentos 
articulados. A contração muscular isométrica é típica das atividades físicas anaeróbias. 
Por exemplo, no levantamento de peso, ocorre a solicitação muscular estática até 
que a força aplicada vença a massa do peso a ser elevado, mais a dos membros que vão 
elevá-lo. Nesse momento a solicitação muscular passa de estática a dinâmica. Portanto, 
toda contração muscular isotônica contém em si algum grau de isometria. 
3.6 - Principais diferenças entre atividades físicas aeróbias e anaeróbias 
Quanto ao tipo de metabolismo e à Intensidade do esforço: 
- as atividades físicas aeróbias se caracterizam pela utilização do metabolismo pre-
dominantemente aeróbio, quando a intensidade do esforço físico e baixa a freqüência 
cardíaca não excede 80 a 90% do seu máximo. 
- as atividades físicas anaeróbias se caracterizam pela utilização do metabolismo 
predominantemente anaeróbio, ativado quando a intensidade do esforço físico é alta. 
Quanto ao tempo de duração e às vias metabólicas que darão suporte 
energético durante as atividades físicas: 
- nas atividades físicas predominantemente aeróbias a duração pode ser longa, 
acima de três minutos até mais de uma hora, porque a intensidade de esforço é de fraca 
a moderada e o suporte energético se dará através do ciclo de Krebs e fosforilação oxidativa 
via cadeia respiratória. 
- nas atividades físicas predominantemente anaeróbias a duração só pode ser cur- 
 
ta, até dez segundos para a via metabólica anaeróbia alática e de até noventa segundos 
para a forma lática, porque a intensidade de esforço será forte ou muito forte e, haverá 
aumento das concentrações de ácido lático sangüíneo, levando à acidose metabólica. 
Quanto a forma de execução das atividades físicas: 
- as atividades físicas predominantemente aeróbias caracterizam-se por serem 
cíclicas (sem grandes variações de intensidade), permitindo manutenção do estado de 
equilíbrio entre gasto e suporte energético para sua manutenção. 
- As atividades físicas predominantemente anaeróbias têm características acíclicas 
(apresentam variações de intensidade), e, por serem de forte intensidade não permitem 
estado de equilíbrio entre o gasto e o suporte energético para uma manutenção. 
Quanto ao tipo de contração e de fibra muscular predominante: 
- nas atividades físicas aeróbias haverá predomínio de contrações isotônicas e de 
fibras musculares de lenta contração (tipo I). 
- nas atividades físicas anaeróbias haverá predomínio, ou elevados componentes, 
de isometria e de fibras musculares de rápida contração (tipo ll). 
 
CAPÍTULO 4 
• José Galdino Silveira da Silva 
4 - EFEITOS FISIOLÓGICOS DA ATIVIDADE FÍSICA 
A atividade física é a possibilidade de reencontro do homem consigo mesmo, pois 
através dela ele exprime a sua corporeidade, e nesta, a expressão de sua relação com o 
ecossistema em que está inserido, refletindo-se em sua expressão corporal e em seu 
comportamento todas as facilitações, dificuldades, angústias, tensões e adaptações im-
postas pela vida de relação tanto na família, quanto no trabalho ou em outros segmentos 
da vida social. 
Na expressão da motricidade humana deveremos inculcar os hábitos higiênicos para 
uma boa saúde. Este reencontro do homem consigo mesmo deve ser o mais harmônico, 
ameno, saudável e natural possível, preferencialmente, de hábito regular, se possível, 
diariamente. A performance humana é resultante da capacidade de rendimento nas ativi-
dades da rotina da vida diária que as pessoas sadias ou não, podem desenvolver. E, 
portanto, a individualidade biológica é o primeiro aspecto a ser atentamente investigado, 
para servir como base da proposta de avaliação funcional para prescrição ou prática de 
atividades físicas na forma de lazer, reabilitação ou como modalidade desportiva. Já a 
especificidade do trabalho motor assim como os princípios das cargas de trabalho a se-
rem administradas serão definidas após a conclusão da avaliação funcional. Pode-se 
preconizar uma avaliação composta de: exame médico clínico; exame laboratorial 
bioquímico de sangue; avaliação antropométrica, e nutricional, eletrocardiograma e teste 
ergométrico, a fim de que a intensidade, a freqüência e o tipo de atividades físicas sejam 
adequadas ao estado de saúde e ao nível de condicionamento físico atual do candidato(a) 
a programas de condicionamento fisiológico. A atividade física será sempre benéfica des-
de que realizada de forma regular, controlada e bem orientada, mas também, pode ser 
prejudicial quando não forem tomadas as devidas precauções, principalmente,para pes-
soas que resolvem sair de longos períodos de sedentarismo. 
A atividade física sempre causará efeitos agudos e, portanto, imediatos durante as 
práticas físicas, assim como, efeitos crônicos que a depender da intensidade dos estímu-
los poderão causar alterações funcionais e anátomo-morfológicas positivas ou negativas, 
no organismo das pessoas, no decorrer do tempo, conforme a duração e a freqüência 
com que sejam repetidos diária, semanal, mensal e anualmente. 
Os efeitos das atividades físicas são dependentes de quatro variáveis bem distintas 
e interdependentes: intensidade da atividade, duração, freqüência das sessões e tipo das 
atividades físicas realizadas. São diretamente proporcionais ao tipo de metabolismo ge-
rador de energia para o trabalho muscular. De tal forma que a intensidade abaixo de um 
limiar mínimo não causará efeitos e acima de um limiar máximo poderá ocasionar aciden-
tes importantes. 
De forma resumida apresentaremos as alterações biológicas mais evidentes em 
função do treinamento físico específico. 
 
4.1 - Efeitos do treinamento a nivel de fibras musculares esqueléticas 
Muito embora não pareça haver diferença sexual nem etária na distribuição das 
fibras, a variação individual é grande, mormente nos homens. Outrossim, para uma mes-
ma pessoa, o tipo de fibra muscular pode variar muito de um músculo para outro. 
A prática de atividades físicas em níveis aeróbios máximos alternadas com níveis 
anaeróbio submáximos ou máximos, como na corrida ou na natação de meia distância, 
ou ainda, nos desportos como basquete, voleibol, futebol, ou capoeira, que exigem uma 
alternância de energia por vias metabólicas aeróbias e anaeróbias, ambos os tipos de 
fibras musculares são ativadas . 
Vários estudos mostram que homens e mulheres que participam de modalidades 
desportivas de meia distância, assim como arremessadores, saltadores em altura e salta-
dores em distância, possuem um percentual mais ou menos equilibrado de fibras Tipo I e 
ll. 
Para melhor entendimento dos efeitos do treinamento fisiológico alguns autores sub-
dividem as fibras Tipo ll em: lla que teriam comportamento contrátil e metabólico seme-
lhantes às fibras Tipo I, de lenta contração, e llb que teriam comportamento contrátil e 
metabólico típico, de rápida contração. 
Portanto, a depender da intensidade de esforço para ativar o metabolismo aeróbio 
ou anaeróbio, se estabelecerá um efeito crônico de adaptação dos tipos de fibras, confor-
me o predomínio de metabolismo aeróbio e ou anaeróbio. 
Convém lembrar que ambos os tipos de fibras musculares participam na maioria 
das atividades físicas. A diferença consiste apenas em que certas atividades exigem a 
ativação predominante de um tipo de fibras em relação ao outro. Conforme a intensidade 
de esforço e o tipo de metabolismo predominante, poderemos perceber as seguintes 
respostas adaptativas: 
a) nas atividades físicas predominantemente aeróbias; 
As atividades físicas aeróbias melhoram muito inúmeras capacidades funcionais 
relacionadas com o transporte e utilização de oxigênio. Dentre as respostas adaptativas 
frente aos estímulos que ativam predominantemente o metabolismo aeróbio poderão ocor-
rer as seguintes alterações; 
- aumento no tamanho e número de mitocôndrias do músculo treinado, com respec-
tivo aumento da capacidade de gerar ATP por fosforilação oxidativa, associada à 
maior capacidade de captação de oxigênio; 
- aumento no nível de atividade das enzimas do sistema aeróbio, elevando a partici-
pação aeróbia durante práticas de atividades físicas de tempo prolongado; 
- aumento, em até 80%, do conteúdo de mioglobina e, conseqüentemente, da quan-
tidade de oxigênio dentro da célula, facilitando sua difusão para as mitocôndrias; 
- aumento na capacidade do músculo treinado em mobilizar e oxidar lipídeos e 
glicídios; 
 
- adaptações metabólicas nos diferentes tipos de fibras musculares, desenvolvendo 
o potencial aeróbio pré-existente, porém, sem modificar o tipo básico de fibras pré-
existentes; 
- atletas de eventos desportivos de longa duração altamente treinados, mostram 
fibras de contração lenta, maiores que as fibras de contração rápida no mesmo 
músculo. 
b) nas atividades físicas predominantemente anaeróbias: 
Observaremos a produção de alterações específicas nos sistemas de energia ime-
diato e a curto prazo, em função da elevada especificidade deste tipo de treinamento 
fisiológico que se caracteriza pela intensidade (forte) de esforço que desenvolve a potên-
cia, originando as seguintes adaptações: 
- aumento nos níveis de substratos anaeróbios em repouso, especialmente de ATP, 
CP, creatina livre e glicogênío, assim como, melhora em quase 30% na capacidade 
de força muscular; 
- aumento na quantidade e atividade das enzimas chaves que catalisam a glicólise, 
notadamente nas fibras musculares de rápida contração, embora de menor magni-
tude do que as alterações observadas para as enzimas oxidativas com o treinamen-
to aeróbio; 
- melhora significativa na capacidade de suportar elevados níveis de ácido lático 
sangüíneo, durante atividades de intensidade máxima, após treinamento anaeróbio. 
Pesquisas indicam que a distribuição percentual do tipo de fibras difere muito de 
pessoa para pessoa, assim como entre os vários grupos musculares de uma mesma 
pessoa. O predomínio percentual de um determinado tipo de fibra depende do código 
genético de cada pessoa e, portanto, não pode ser modificado pelo treinamento. Porém, 
ambos os tipos de fibras podem ser aperfeiçoados profundamente em sua capacidade 
metabólica conforme a especificidade do treinamento de endurance e de potência. 
4.2 - Efeitos do treinamento a nível cardiovascular e respiratório 
Os sistemas cardiovascular e respiratório estão intimamente correlacionados aos 
processos aeróbios ocorrendo alterações específicas tanto a nível funcional quanto 
morfológico correlacionadas com as dimensões de coração e pulmões. Estudos clássicos 
da fisiologia do exercício têm comprovado, que os sistemas cardiovascular e respiratório 
modificam-se significativamente, melhorando o sistema de transporte, absorção e utiliza-
ção de oxigênio, após a prática regular e sistemática de programas de condicionamento 
fisiológico, que representa por sua vez, um estado de adaptação do organismo em res-
ponder adequadamente a diferentes intensidades, tipos e durações de atividades físicas. 
A resposta cardiovascular às atividades físicas de contração muscular dinâmica ou 
estática dependem da intensidade da tarefa física a ser realizada: 
 
Freqüência cardíaca: as pessoas previamente sedentárias apresentam uma dimi-
nuição significativa da freqüência cardíaca em repouso e na atividade física de intensida-
de submáxima, após algumas semanas de atividade física aeróbia regular. Portanto, a 
freqüência cardíaca proporciona excelente meio de avaliação e controle de programas de 
condicionamento fisiológico. 
Volume de ejeção: atletas de endurance demonstram aumento significativo do volu-
me de ejeção cardíaca, resultante de um grande volume ventricular e de uma melhor 
contratilidade miocárdia, como efeito atribuído ao condicionamento aeróbio. 
Débito cardíaco: talvez, a alteração mais importante na função cardiovascular com o 
condicionamento aeróbio seja o aumento do débito cardíaco máximo. Esta alteração é 
tão significativa que nos permite distinguir, claramente, um atleta ou uma pessoa bem 
treinada de uma pessoa destreinada. 
Volume cardíaco: o peso e volume do miocárdio geralmente aumentam com o con-
dicionamento aeróbio. A hipertrofia cardíaca é uma adaptação normal ao treinamento 
caracterizado por um aumento predominante da cavidade ventricular esquerda e por um 
discreto espessamento de suas paredes. 
Volume sangüíneo: o volume sangüíneo e em menor proporção, a hemoglobina 
total tendem a aumentar com o treinamento de endurance. Essa adaptação hemodinâmica 
facilita a capacidade de fornecimento de oxigênio durante a atividade física. 
Consumo deoxigênio: o treinamento induz a uma melhor e maior capacidade de 
captação de oxigênio do sangue circulante. O aumento na diferença arteriovenosa de 
oxigênio resulta de uma distribuição mais eficiente do débito cardíaco para os músculos 
em atividade, assim como, de uma maior capacidade das células musculares treinadas 
de captarem e utilizarem oxigênio. 
Circulação sangüínea: a reserva de oxigênio no organismo humano varia de 1500 a 
3000ml, aproximadamente, e localiza-se nos músculos, no sangue e nos pulmões. A 
atividade física requer um aumento das necessidades de absorção de oxigênio através 
da hematose e do seu transporte aos tecidos que dele mais necessitam. Essa priorização 
pode ser constatada através de vários mecanismos de compensação, representados: 
- pelo desvio do sangue de territórios menos ativos para os outros em plena ativida-
de; 
- pela mobilização do sangue contido em certos "depósitos" naturais do organismo-
como por exemplo o sistema venoso; 
- pelo débito cardíaco aumentado; 
- pelo aumento percentual da hemoglobina total do sangue e, segundo alguns auto-
res, da quantidade dessa proteína no interior da hemácia. 
Essas adaptações agudas e crônicas ao esforço físico, são extremamente necessá-
rias para que não haja quebra da homeostase na economia orgânica global. As altera-
ções celulares bioquímicas específicas induzidas pelos programas de condicionamento 
fisiológico contribuem para um débito cardíaco relativamente mais baixo, em atividades 
físicas de intensidade submáxima, em pessoas clinicamente ativas quando comparadas 
com pessoas sedentárias. À proporção que aumenta a capacidade da célula em captar e 
 
utilizar oxigênio, torna-se menor a necessidade de fluxo sangüíneo regional para satisfa-
zer as necessidades de oxigênio do músculo. 
Pressão sangüínea: As atividades físicas predominantemente aeróbias, têm efeito 
crônico positivo na diminuição da pressão arterial sistólica e diastólica, tanto no repouso, 
quanto nas atividades de intensidade submáxima. O efeito simpaticolítico induzido pela 
atividade física de características aeróbias contribui na diminuição, principalmente, da 
pressão arterial sistólica. O efeito massageador da contração muscular, contribui decisi-
vamente no aumento da velocidade da circulação nas veias dos membros inferiores. 
Quando a musculatura dos membros entra em atividade rítmica, como na marcha, as 
colunas sangüíneas venosas profundas são vigorosamente comprimidas no sentido ide-
al, auxiliadas pela intervenção do sistema valvular, em direção ao átrio direito, diminuindo 
a estase venosa na periferia, contribuindo para diminuição e profilaxia da hipertensão 
venosa periférica. 
Função respiratória: As atividades físicas aeróbias aumentam e melhoram a capaci-
dade fisiológica do sistema respiratório às solicitações tanto em repouso quanto em ativi-
dades moderadas ou extenuantes. Na fase compensatória a função respiratória aumenta 
a atividade a fim de se adaptar à crescente necessidade de oxigênio por parte do organis-
mo. Quando, porém, o trabalho se toma excessivo, e as adaptações respiratórias incapa-
zes de suprir oxigênio para as necessidades orgânicas, instala-se a segunda fase do 
processo. 
É extremamente importante lembrar a contribuição da "bomba venosa diafragmática", 
que tem tanta importância em decúbito quanto a "bomba venosa de panturrilha" tem em 
ortodinamismo.A coordenação dos movimentos ventilatórios contribui decisivamente para 
o bom funcionamento do sistema de retorno do sangue venoso ao coração. De tal forma 
que tanto a inspiração quanto o "bloqueio em inspiração profunda (Valsalva)", durante a 
contração muscular de membros inferiores ou abdômem, são prejudiciais à circulação 
venosa, pois, geram regimes de hiperpressão intra-abdominal, dificultando a drenagem 
venosa de membros inferiores para o abdômem e tórax, conseqüentemente. 
Indubitavelmente as atividades aeróbias aumentam a capacidade pulmonar total 
decorrentes do aumento dos volumes respiratórios e respectivos aumentos do consumo 
máximo de oxigênio. A melhoria da ventilação máxima deve-se tanto a aumento no volu-
me corrente quanto na freqüência respiratória. Nas atividades físicas de intensidade sub-
máxima as pessoas treinadas ventilam menos que antes do treinamento. A maior eficiên-
cia ventilatória significa mais oxigênio disponível para os músculos em atividade, melho-
rando a capacidade de rendimento em atividades físicas de tempo prolongado. 
Composição corporal: As atividades físicas aeróbias contribuem decisivamente no 
combate ao excesso de gordura corporal. Elas utilizam preferencialmente os ácidos graxos 
como substrato energético para produção de ATP, contribuindo para a perda de gordura, 
e manutenção ou aumento da massa corporal magra em termos absolutos ou relativos ao 
percentual de gordura. Atividades físicas regulares e bem orientadas, quando associadas 
a dietas bem balanceadas, induzem à perda mais rápida de gordura e aumento de massa 
corporal magra melhorando a capacidade de performance das pessoas. 
As atividades físicas predominantemente anaeróbias, por serem de forte intensida-
de e de curta duração, exigem adaptações orgânicas e metabólicas urgentes, possíveis 
de precipitar acidentes cardiovasculares e mio-articulares, e portanto, estão contra- 
 
indicadas para pessoas sedentárias ou portadoras de doenças crônico-degenerativas 
que desejem iniciar um programa regular de atividades físicas e desportivas. 
Sistema locomotor: A prática de atividades físicas e desportivas quando regulares e 
bem orientadas podem proporcionar grandes benéficos ao sistema locomotor, assim como, 
a prática desregrada ou não orientada, pode agredir de tal forma que seqüelas da mais 
variada gravidade tornam-se irreversíveis. 
A prática das atividades físicas e desportivas ou o esporte de alto rendimento, repre-
sentam um processo adaptativo, que induz modificações e adaptações morfológicas e 
funcionais específicas de acordo com a modalidade atlética praticada. Outrossim, as alte-
rações morfológicas do sistema locomotor, decorrentes dos hábitos posturais, associa-
dos à somatória de vida das pessoas e ao fator idade, são de elevada prevalência entre 
as atuais doenças crônico-degenerativas. 
Dentre os vários efeitos positivos das atividades físicas sobre o sistema locomotor 
podemos citar: o desenvolvimento adequado das grandes sinergias musculares estabili-
zando a coluna vertebral e as articulações dos membros, prevenindo a ocorrência de 
distúrbios ósteo-mio-articulares; após a adolescência os exercícios musculares atuam na 
profilaxia da artrose, promovendo a distribuição uniforme das pressões que atuam sobre 
a cartilagem de revestimento, melhorando a adaptação articular, reduzindo o atrito entre 
as extremidades ósseas; a atividade muscular previne e auxilia na correção das osteo-
penías, comuns nas idades mais avançadas. A prática inadequada das atividades físicas 
pode levar a problemas como tendinites, rupturas músculo-tendíneas, fratura por estresse, 
distúrbios da articulação patelo-femoral, distúrbios do crescimento e agravamento de pro-
blemas posturais. 
 
CAPÍTULO 5 
• José Galdino Silveira da Silva 
5 - ATIVIDADE FÍSICA E AS DOENÇAS CRÔNICO-DEGENERATIVAS 
"...foram os doentes que impulsionaram a fisiologia; e não a fisiologia, mas a 
patologia e a clínica que fizeram a medicina começar. A razão é que o bem-estar, 
para dizer a verdade, não é sentido, pois é simples consciência de viver e somente 
seu impedimento suscita a força de resistência." 
Kant(1798) 
O "bem-estar", como salienta Kant, é um sentimento fugaz e impreciso. As pessoas, 
na sua grande maioria, só parecem apreciar sua boa saúde quando ela está ameaçada. 
Geralmente, as pessoas só procuram os serviços de saúde quando estão acometidas de 
alguma dor ou mal estar que incomodem. Por isso, é muito difícil fazer prevenção de 
doenças num país onde a população só procura o médico no momento da doença, e 
onde as atenções ao nível

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