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Fisiologia do músculo cardíaco: ➢ O músculo cardíaco é um sincício: • No coração, existem discos intercalados que são membranas celulares que separam as células umas das outras. As células se conectam através desses discos e se fundem, formando junções comunicantes (gap) que permitem rápida difusão de íons entre elas. Dessa forma, um potencial de ação impulsionado em um determinado local, se espalha facilmente por todo o músculo. • Existe o sincício atrial e o ventricular. Os átrios são separados dos ventrículos por tecido fibroso que circunda as valvas atrioventriculares (A-V). O impulso não atravessa esse tecido, ele é conduzido através de feixes de fibras condutoras (feixes A-V), o que ocasiona uma diferença de tempo necessária para o funcionamento correto do bombeamento. ➢ Potenciais de ação no músculo cardíaco: • O potencial é, em média, 105 milivolts: passa de -85 milivolts para +20 milivolts. • Após o potencial de ação, a membrana permanece despolarizada por 0,2 segundos, chamado de platô, e depois acontece uma repolarização rápida. • A presença desse platô faz a contração ventricular durar 15 vezes mais do que a contração em um músculo esquelético. ➢ O que causa o potencial de ação prolongado e o platô? • Primeiro: no músculo esquelético, há a abertura de canais rápidos de sódio, permitindo a passando de íons para o músculo. No músculo cardíaco, além desses canais rápidos, existem canais de cálcio lentos. Esses canais lentos continuam abertos após o fechamento dos de sódio. Durante esse tempo, íons de Na+ e Ca++ entram no músculo, prologando o potencial de ação. • Segundo: com a abertura desses canais lentos, a permeabilidade do potássio diminui, ou seja, fica mais difícil do K+ sair da célula muscular. Isso impede o retorno rápido do potencial de ação. Quando os canais lentos se fecham, depois de 0,2 a 0,3 segundos, a permeabilidade do K+ volta ao normal e os íons saem, fazendo com que o potencial de ação retorne ao repouso. ➢ Resumo das fases do potencial de ação do miocárdio: • Fase 0 (despolarização): ocorre a despolarização da célula através da abertura dos canais rápidos de sódio e consequentemente o influxo dos íons, fazendo com que o potencial de ação atinja o valor de +20milivolts antes que esses canais se fechem. • Fase 1 (despolarização inicial): os canais rápidos de sódio se fecham e ocorre a abertura dos canais de potássio, ocorre então o efluxo de íons K+, repolarizando a célula. • Fase 2 (platô): os canais lentos de cálcio abrem durante a fase 0 e 1 e os canais rápidos de potássio encerram. Esses mecanismos provoca o platô, já explicado anteriormente. • Fase 3 (polarização rápida): ocorre o fechamento dos canais lentos de cálcio e a abertura dos canais rápidos de potássio, permitindo um efluxo rápido de K+. Ocorre o fim do platô e o potencial de membrana da célula volta ao seu nível de repouso. • Fase 4 (potencial de membrana de repouso): -90milivolts. • FISIOLOGIA DO CORAÇÃO ➢ Período Refratário do miocárdio: • O músculo é refratário à reestimulação durante o potencial de ação. É um período de tempo onde a área estimulada não pode ser excitada novamente. • Período do ventrículo: 0,25 a 0,30 segundos. • Período do átrio: 0,15 segundos. • Existe o período refratário relativo onde pode ocorrer a reestimulação, porém é necessário um estímulo maior: 0,05 segundos. • ➢ Acoplamento excitação-contração: a função dos íons cálcio e dos túbulos transversos: • Refere-se ao mecanismo de contração muscular, porém, no miocárdio esse mecanismo difere-se do esquelético. • O potencial de ação se difunde para o interior da fibra por meio dos túbulos transversos (túbulos T), fazendo com que ocorra a liberação dos íons cálcio por todo o complexo e promovendo o deslizamento dos filamentos e a contação em seguida. • O maior diferencial é na quantidade de íon cálcio entrando na célula. No miocárdio, o retículo sarcoplasmático é menos desenvolvido do que no esquelético, para compensar essa desvantagem, nos próprios túbulos existem grandes quantidades de Ca++ para que mantenha a contração miocárdica por mais tempo. • A duração da contração é de 0,2 segundos para os átrios e 0,3 para os ventrículos. • Ciclo cardíaco: • Preste bem atenção nas letras e informes demonstrados nesse ECG: • • Cada ciclo é gerado pela geração espontânea de potencial de ação no modo sinusal, que está localizado na parede lateral superior do átrio direito, e esse potencial de difunde rapidamente pelos átrios e depois, através dos feixes A-V, para os ventrículos. • Há um atraso átrio-ventrículo, esse atraso - 0,1s- permite que os átrios se contraiam primeiro, bombeando sangue para os ventrículos antes da contração ventricular. ➢ Diástole e Sístole: • Diástole: relaxamento. • Sístole: contração. • A frequência cardíaca é justamente a duração de um ciclo (sístole-diástole). • A frequência é 72 batimentos/minuto: a duração do ciclo é 1/72 batimentos/minuto. ➢ Relação do eletrocardiograma com o ciclo cardíaco: • No eletrocardiograma, é mostrado ondas P, Q, R, S e T que vão ser explicadas resumidamente a seguir. • Vai haver um resumo somente de ECG. • A onda P é a despolarização dos átrios e sua contração em sequência, o que causa essa leve curva no ECG. • Depois de 0,16 s, as ondas QRS são os resultados da despolarização dos ventrículos, o que inicia a contração ventricular e provoca o aumento da pressão nessa região. Portanto, esse conjunto surge um pouco antes do início da sístole ventricular. • A onda T representa a repolarização dos ventrículos quando as fibras começam a relaxar. Portanto essa onda surge pouco antes do final da contração ventricular. ➢ Os átrios funcionam como pré- bombas para os ventrículos: • Curiosidade: 80% do sangue que flui das veias passa diretamente para os ventrículos antes da contração atrial. Então, essa contração representa 20% do volume que enche o ventrículo. Dessa forma, os átrios funcionam como uma bomba que melhora a eficácia da contração dos ventrículos • A onda a é causada pela contração atrial: o átrio direito tem pressão de 4 a 8 mmHg e o esquerdo, 7 a 8 mmHg. • A onda c ocorre quando os ventrículos começam a se contrair, provocado pelo abaulamento para trás das valvas A-V em direção aos átrios decorrente do aumento da pressão ventricular. • A onda v ocorre perto do final da contração ventricular, o desaparecimento dessa onda ocorre quando as valvas A-V se abrem e o sangue atrial armazenado flui para os ventrículos. ➢ Ejeção de sangue dos ventrículos durante a sístole: • Período de contração isovolumétrica (isométrica): após o início da contração ventricular, a pressão sobe muito rápido fazendo com que as valvas A-V se fecham. Entretanto, necessita de pelo menos 0,02 a 0,03 segundos para que a pressão abra as valvas semilunares e o sangue flua. Durante esse tempo, o ventrículo está contraindo, mas não ocorre o esvaziamento, portanto não ocorre alteração no volume dos ventrículos. • Período de ejeção: quando o ventrículo esquerdo atinge uma pressão de 80mmHg e o direito, 8mmHg, ocorre a abertura das valvas semilunares e o sangue flui. 60% do sangue flui e 70% desse sangue ocorro no primeiro terço da sístole (ejeção rápida) e os outros 30%, na ejeção lenta (2/3 da sístole). • Período de relaxamento isovolumétrico (isométrico): após a contração ventricular, os ventrículos começam a relaxar, O sangue que fluiu para as artérias aumenta a pressão do local fazendo com que ocorre um efluxo sanguíneo e posteriormente o fechamento das valvas semilunares. Durante 0,03 a 0,06 segundos, o ventrículo continua relaxando mesmo que o volume não se altere e ocorre a queda da pressãoventricular. • Função dos músculos papilares: tem como principal função o impedimento de que as valvas sejam muito abauladas para trás. • • ➢ Relação entre os sons cardíacos e o bombeamento cardíaco: • Quando os ventrículos se contraem, ouve-se primeiro o som causado pelo fechamento das valvas A-V, o que é chamado de primeira bulha. E quando as valvas semilunares se fecham, ouve-se a segunda bulha. Regulação do bombeamento cardíaco: • Quando uma pessoa está em repouso, o coração tem capacidade de bombear entre 4 e 6 litros por minuto. Quando há um exercício físico ou uma situação adrenérgica, o coração amplia essa capacidade entre 4 a 7 vezes esse volume. ➢ Mecanismo cardíaco de Frank- Starling: • O volume de sangue que chega no átrio direito é derivado de sangue venoso que os tecidos periféricos enviam. Esse volume pode variar muito, e o coração tem que está se adequando às mudanças desse volume. O mecanismo de Frank afirma que quanto maior o volume de sangue chegar no átrio, maior será a contração e maior a pressão, o que desencadeia pressões maiores em todo o complexo cardíaco. • A explicação para esse mecanismo é que quando uma quantidade maior chega nos ventrículos, o músculo sofre uma expansão. Essa expansão faz com que ocorra uma contração mais forte, pois filamentos se aproximam mais do que nas condições normais. ➢ Controle do coração pela inervação simpática e parassimpática: • O coração é inervado por fibras simpáticas e parassimpáticas (vagos). As fibras simpáticas tem a capacidade de aumentar em 100% a quantidade de sangue bombeado. Entretanto, essa capacidade pode ser zerada pela inervação simpática. • Os estímulos simpáticos tem a capacidade de aumentar a frequência cardíaca de 70 bat/min até 250 bat/min (raridade). Esses estímulos aumentam a força de contração cardíaca e aumenta o volume de sangue bombeado. Provoca a liberação de norepinefrina. • A forte estimulação das fibras parassimpáticas pelos nervos vagos pode fazer com que o coração pare por alguns segundos. Tem efeitos contrários da inervação simpática. Provoca a liberação de acetilcolina. • ➢ Efeitos dos íons potássio e cálcio no funcionamento cardíaco: • O excesso de potássio nos líquidos extracelulares pode fazer com que o coração se dilate e fique flácido, além de diminuir a frequência cardíaca. Grandes quantidades podem fazer com que haja um bloqueio no impulso cardíaco pelos feixes A-V. Esses efeitos resultam do fato da alta concentração de potássio diminua o potencial de repouso das membranas das fibras miocárdicas, despolarizando parcialmente a membrana e consequentemente as contrações serem mais fracas. • O excesso de cálcio faz efeitos contrários ao do potássio, levando o coração a ter efeitos espásticos. A deficiência desses íons causa fraqueza cardíaca, semelhante á causada pelo excesso do potássio. ➢ Efeito da temperatura no funcionamento cardíaco: • Um possível aumento da temperatura corporal faz com que ocorra um aumento na frequência cardíaca, com valores até o dobro do normal (prejudicial à saúde). Esses aumentos são encontrados em indivíduos com febre. Portanto, o funcionamento cardíaco tem uma temperatura ideal e adequada que é entre 36,5 C e 37 C. Excitação rítmica do coração: • O coração tem um mecanismo de autoexcitação que ocorre aproximadamente cem mil vezes ao dia. Esse efeito é derivado de um sistema que: gera impulsos elétricos rítmicos para iniciar contrações no miocárdio; e conduz esses impulsos rapidamente por todo o coração. • Os átrios se contraem um sexto antes dos ventrículos. E os átrios se contraem quase simultaneamente. Os ventrículos também. • Esse sistema está suscetível a danos por doenças cardíacas, especialmente a isquemia dos tecidos cardíacos, por causa da circulação coronárias deficiente. O sistema excitatório e condutor especializado do coração: • Existem dois nodos no coração, o nodo S-A que é o sinoatrial e o nodo A-V que é o nodo atrioventricular. • O impulso chega no nodo S-A e é conduzido pelas fibras intermodais para o nodo A-V. Os feixes A-V conduz o impulso dos átrios para os ventrículos, e os ramos direito e esquerdo das fibras de Purkinje conduzem para os ventrículos. ➢ Nodo sinusial (sinoatrial): • Está localizado na parede posterolateral superior do átrio direito, próximo da abertura da veia cava superior. • As fibras desse nodo se conectam diretamente às fibras musculares atriais, fazendo com que o potencial se espalhe por todo o átrio. ➢ Ritmicidade elétrica automática das fibras sinusais: • Algumas fibras têm a capacidade de autoexcitação, processo que pode causar descarga automática rítmica e, consequentemente, contrações rítmicas. ➢ Mecanismo da ritmicidade do nodo sinusal: • Há uma maior negatividade nas membranas celulares das fibras sinusais, elas são por natureza mais permeáveis ao cálcio e ao sódio, e as cargas positivas desses íons neutralizam boa parte da negatividade intracelular. ➢ Autoexcitação das fibras do nodo sinusal: • Há uma grande quantidade de Na+ no meio extracelular e muito canais abertos na membrana celular. Esses íons tendem a vazar para o interior da célula e entre um batimento e outro, causar um aumento no potencial, o que é denominado de autoexcitação. ➢ O nodo A-V retarda o impulso: • Como já explicado anteriormente, há um retardo no impulso elétrico dos átrios para os ventrículos. Esse retardo é causado por esse nodo. • A causa da condução lenta desse impulso é explicada em grande parte pelo reduzido número de junções comunicantes (gap junctions) entre as sucessivas células das vias de condução, de modo que existe grande resistência para a passagem de íons excitatórios de uma fibra condutora para a próxima. • ➢ Transmissão rápida no sistema de Purkinje ventricular: • A condução do nosso A-V, pelo feixe A-V, para os ventrículos é feita pelas fibras de Purkinje especializadas. Elas conduzem o impulso em uma velocidade de 150 vezes maior que permite a transmissão quase instantânea do impulso cardíaco por todo o restante do músculo ventricular. • É extremamente importante aprender os detalhes do projeto do impulso e os tempos precisos de sua chegada. Esse conhecimento é indispensável para o estudo o ECG. • Coração: ➢ O nodo sinusal é o marca-passo normal do coração: • Esse nodo controla os impulsos e os batimentos cardíacos por ser mais permeável, como discutido anteriormente. Esse nodo tem uma descarga mais rápida do que os outros nodos. • Em situações diferentes e bem raras, pode haver outro marca-passo. O chamado de marca passo ectópico, ele tem como característica outro controle que não seja o nodo S-A. Pode ser ativado como algum problema com o nodo sinusial e o coração usa esse mecanismo como uma solução de continuar o seu batimento. • Gustavo Adryan – Medicina • GUYTON, Arthur C; HALL, Jonh E. Tratado de fisiologia médica. Edição 13. Elsevier LTDA, 2017.