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AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional EDUCAÇÃO NUTRICIONAL Aula 2: Comportamento alimentar – aspectos culturais AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional • Interdisciplinaridade X Educação nutricional; • Comportamento alimentar X Cultura; • Cultura X Saber popular; • Crenças alimentares; • Tabus alimentares; • Preconceitos alimentares; • Idolatrias alimentares; • Induções alimentares. Temas AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional “A natureza dos homens é a mesma. São seus hábitos que os mantêm separados.” (Confúcio – 4 séculos A.C.) Interdisciplinaridade X Educação nutricional AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Incorporação da interdisciplinaridade na abordagem do comportamento alimentar: Interdisciplinaridade X Educação nutricional Nutrição Categorias filosóficas, antropológicas e sociológicas Comportamento alimentar AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Determinismo biológico X Antropologia Determinismo biológico: teorias que atribuem capacidades específicas inatas a raças ou a outros grupos humanos. ATENÇÃO! Dados científicos NÃO confirmam a teoria cujas diferenças hereditárias genéticas constituiriam um fator importante entre as causas das distinções manifestadas entre as culturas e as obras dos diversos povos ou grupos étnicos. As diferenças explicam-se pela história cultural de cada grupo. Comportamento alimentar X Cultura AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Determinismo biológico X Antropologia O comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo que chamamos de ENDOCULTURAÇÃO. Um menino e uma menina agem diferentemente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada. Comportamento alimentar X Cultura EVOLUÇÃO DO HOMEM DEPENDE DE: CAPACIDADE DE APRENDER + PLASTICIDADE AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Determinismo biológico X Antropologia Determinismo geográfico: considera que as diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural dos povos. Antropólogos: é possível e comum existir uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo tipo de ambiente físico. Exemplo Esquimós (caçadores de renas) constroem suas casas cortando blocos de neve, forrando-as por dentro com pele de animais para manter o interior aquecido. Os lapões (excelentes criadores de renas) vivem em tendas de peles desses animais, e o gelo se acumula externamente. Comportamento alimentar X Cultura AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Determinismo biológico X Antropologia De acordo com os antropólogos, as diferenças genéticas NÃO determinam as distinções culturais. Comportamento alimentar X Cultura “Não existe correlação significativa entre a distribuição dos caracteres genéticos e a distribuição dos comportamentos culturais. Qualquer criança humana normal pode ser educada em qualquer cultura, se for colocada, desde o início, em situação conveniente de aprendizagem.” (LARAIA, 2009) AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Determinismo biológico X Antropologia Comportamento alimentar X Cultura As diferenças entre os homens NÃO podem ser explicadas exclusivamente por seu aparato biológico ou por seu ambiente. AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional CULTURA A grande qualidade da espécie humana: • Rompeu com suas próprias limitações; • Difere dos outros animais por ser o único que possui cultura. “Um animal frágil, provido de insignificante força física, dominou toda a natureza e se transformou no mais temível dos predadores. Sem asas, dominou os ares; sem guelras ou membranas próprias, conquistou os mares.” (LARAIA, 2009) Mas o que é cultura? Comportamento alimentar X Cultura AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional CULTURA Definição do antropólogo Edward Burnett Tylor (1871): “Todo o comportamento aprendido, tudo aquilo que independe de uma transmissão genética”. Homem • Resultado do meio cultural em que foi socializado; • Herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquirida pelas numerosas gerações que o antecederam. Inovações e invenções • Motivo: manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural; • Não são o produto da ação isolada de um gênio, mas o resultado do esforço de toda uma comunidade. Comportamento alimentar X Cultura AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional CULTURA 1. Mais do que herança genética, determina o comportamento do homem e justifica suas realizações. 2. O homem age de acordo com seus padrões culturais. 3. A cultura é o meio de adaptação aos diferentes ambientes ecológicos. 4. O homem foi capaz de romper as barreiras das diferenças ambientais e transformar toda a terra em seu habitat. Comportamento alimentar X Cultura AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional CULTURA 5. Adquirindo cultura, o homem passou a depender muito mais do aprendizado do que a agir por meio de atitudes geneticamente determinadas. 6. Esse processo de aprendizagem (socialização ou endoculturação) é o que determina seu comportamento e sua capacidade artística ou profissional. 7. A cultura é um processo cumulativo, resultante de toda a experiência histórica das gerações anteriores. Esse processo limita ou estimula a ação criativa do indivíduo. Comportamento alimentar X Cultura AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Comportamento alimentar X Cultura É fundamental para a atuação do nutricionista entender as diferenças culturais entre as pessoas e ter consciência de que elas existem em uma mesma comunidade. Essa compreensão atenua choques de pensamentos e evita comportamentos preconceituosos. AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Cultura e educação Educação é o efeito da cultura no indivíduo, que pode provocar uma mudança de comportamento, dependendo do tipo de cultura. QUANDO NEGATIVA, NÃO SE CONSIDERA EDUCAÇÃO! É importante respeitar a cultura e o saber popular do individuo, mas, quando necessário, também modificar crenças, valores e atitudes. Comportamento alimentar X Cultura AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Cultura X Saber popular Preconceitos Crenças Tabus Idolatrias Induções AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar Preconceitos • Aversões a certas características organolépticas de alguns alimentos ou de algumas preparações; • De natureza puramente cultural – repugnância a ingestão de alimentos ou preparações desconhecidas; • Relacionados a convenções impostas pela sociedade ou à determinação social: ✓ Leite é alimento para criança. ✓ Carne de frango cozida é para doentes. ✓ Fubá é alimento de uma classe social menos favorecida. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar Crenças (propriamente ditas) Relacionam-se sempre com uma suposta ação nociva ou positiva, atribuída a certos alimentos ou a misturas deles. • Mistura de leite com certas frutas seria prejudicial. • Peixe faz bem ao cérebro. • Abóbora purifica o sangue. Tabus • Proibição categórica ou interdição absoluta a certos alimentos; • Geralmente de natureza religiosa: ✓ Carnes em geral para os judeus; ✓ Carne na Sexta-feira Santa. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar No Brasil... • Criação de tabus artificiais de caráter socioeconômicopara evitar que os espécimes raros e escassos (animais e vegetais trazidas do exterior) fossem consumidos pela população: ✓ Bovinos, caprinos, ovinos e galináceos; ✓ Mangueiras, laranjeiras, árvores de fruta-pão e coqueiros “da Bahia”. • Transmissão dos tabus aos descendentes por meio de sucessivas gerações. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar PRINCIPAIS CRENÇAS E TABUS Incompatibilidade 1. Com certos estados fisiológicos especiais: Durante a menstruação ✓ Carne de porco infecciona a menstruação. ✓ Ovo engrossa o sangue. ✓ Limão provoca suspensão imediata da menstruação. ✓ Alguns alimentos são proibidos nesse período. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar PRINCIPAIS CRENÇAS E TABUS Incompatibilidade 1. Com certos estados fisiológicos especiais: Durante a gestação ✓ Gestante não pode comer carne de vaca, apenas de galinha. ✓ Comer ovos com gemas duplas faz nascer filhos gêmeos. ✓ Comer arroz grudado da panela protege a placenta. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar PRINCIPAIS CRENÇAS E TABUS Incompatibilidade 1. Com certos estados fisiológicos especiais: Durante o puerpério (42 dias após o parto) – Só comer carne de galinha. Durante a lactação ✓ A fruta enfraquece o leite. ✓ Caldo de cana melado, cerveja preta e canjica estimulam a produção de leite. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar PRINCIPAIS CRENÇAS E TABUS Incompatibilidade 2. Com certos períodos etários: Na infância • Suco de laranja oferecido precocemente é acido e “faz mal”. • Banana amassada é indigesta. Na adolescência – Tabus relacionados ao período menstrual. Na velhice – Proibição do consumo de queijos, de algumas frutas, crustáceos, carnes e ovos. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar PRINCIPAIS CRENÇAS E TABUS Incompatibilidade 3. Com certos períodos do dia: À noite, é proibido comer... • Frutas – como melancia, manga, jabuticaba, banana e abacaxi; • Feijão; • Ovos; • Pepino; • Pimentão. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar PRINCIPAIS CRENÇAS E TABUS Incompatibilidade 4. Entre os alimentos: • Manga com leite = congestão; • Chupar manga e beber muita água = dor de barriga; • Manga com cachaça = intoxicação; • Manga e ovo = indigestão; • Manga com jaca = dores intestinais; Cultura X Saber popular • Melancia e vinho = empedramento do estômago; • Carne e peixe na mesma refeição = encurtamento da vida; • Ovos com banana = mal; • Mamão com ovo = dor. AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar PRINCIPAIS CRENÇAS E TABUS Interdição ou obrigatoriedade 1. Por motivos religiosos: • Católicos não comem carne na Semana Santa. • Judeus não comem carne de porco (impura). • Alguns protestantes não comem nenhum tipo de carne. • Para hindus e chineses, a ingestão de carne de vaca é imprópria. • Certas seitas espiritualistas só permitem o consumo de certos alimentos se seus protetores espirituais o permitirem. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar PRINCIPAIS CRENÇAS E TABUS Interdição ou obrigatoriedade 2. Por valorização socioeconômica: Alimentos são julgados pelos valores sociais (status) atribuídos aos indivíduos que os consomem. • Fubá é “entulho” de nordestino. • Angu é “mata-fome” de escravo. • Verdura é comida de lagarto ou de coelho. • Abóbora é comida de porcos. • Banana é comida de escravo. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar PRINCIPAIS CRENÇAS E TABUS Interdição ou obrigatoriedade 3. Por valorização cultural Algumas pessoas julgam que: • Laranja e tangerina não devem ser dadas a crianças gripadas. • Leite “sustenta” a febre. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar TABUS E CRENÇAS ALIMENTARES SÓ PODEM SER COMBATIDOS COM CONHECIMENTO NUTRICIONAL. • Campanhas educativas sobre o valor dos alimentos; • Conhecimento sobre os tabus em relação a suas raízes históricas disseminadas na sociedade; • Educação nutricional em grupos vulneráveis. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar Idolatrias Pessoas de bom nível cultural, que adquiriram certos conhecimentos sobre alimentação, entusiasmam-se, de forma excessiva, com determinados alimentos ou tipo de alimentação e atribuem propriedades que, nutricionalmente, não correspondem à verdade. Costumes dietéticos • Alimentos naturais; • Utilização do açúcar mascavo no lugar do refinado; • Dietas vegetarianas. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Influência no hábito alimentar Induções alimentares Ingestão progressiva de certos alimentos em decorrência de propaganda intensiva e persistente que, somada à facilidade da utilização desses alimentos, leva à formação do hábito. Exemplos • Refrigerantes; • Edulcorantes artificiais; • Alimentos industrializados; • Guloseimas. Cultura X Saber popular AULA 2: COMPORTAMENTO ALIMENTAR – ASPECTOS CULTURAIS Educação nutricional Referência bibliográfica DIEZ-GARCIA, R. W.; CERVATO-MANCUSO, A. M. Hábitos alimentares e os sentidos do comer. In: ______. Mudanças alimentares e educação nutricional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. unid. 1, cap. 3. FREITAS, M. do C. S. de; MINAYO, M. C. de S.; FONTES, G. A. V. The field of food and nutrition from the perspective of comprehensive theories. Revista Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 1, p. 31- 38, 2011. LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico. 24. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009. LINDEN, S. Educação nutricional: algumas ferramentas de ensino. São Paulo: Varela, 2005. cap. 2. AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO. VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS? Componentes do comportamento alimentar – afetivos, cognitivos e situacionais; Influência da mídia e da propaganda; Mudanças no padrão de alimentação do brasileiro.
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