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AULA 03 - Ministério das Relações Exteriores, Embaixada, Consulado e caracteristicas do DIP

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D I R E I T O I N T E R N A C I O N A L 
P Ú B L I C O 
 
 
Prof. Wiliander Salomão 
Pós Doutor, Phd e Mestre em Direito Internacional 
Universidade de Itaúna 
9º Período 
2021 
 
 
APOSTILA 03 
L I 
Conteúdo: 
 
1 – Ministério das Relações Exteriores do Brasil 
2 – Características do Direito Internacional: instrumento de justiça e força 
 
 
 
1 – MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES - ITAMARAY 
 
1.1 – História da formação da diplomacia e política externa brasileira 
- Quando o Brasil era domínio de Portugal, a diplomacia brasileira era feita em nome do 
Rei e dos interesses de Portugal, e impedindo que outro país tomasse posse do Brasil, que 
era um importante centro comercial que abastecia Portugal que explorava as riquezas 
naturais da colônia para gerar lucro para a monarquia e aumentar seu comercio com os 
países europeus, era pra isso que o Brasil servia. 
 
- Um dos primeiros mapas do Brasil em 1574 
- Após a independência do Brasil em 1822, toda a diplomacia brasileira é voltada a 
estabelecer parcerias e a fortalecer a soberania do país recém adquirida, era preciso gerar 
progresso no Brasil e a criar novas alianças políticas com os demais países. 
- Os Estados Unidos foram o primeiro país a reconhecer a independência do Brasil e a 
primeira missão diplomática do Brasil foi então estabelecida em Washington fundada 
em 1 de janeiro de 1824 quando José Silvestre Rebelo apresentou suas credenciais 
ao presidente James Monroe. Em 1905 a missão foi elevada a Embaixada. 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Estado
https://pt.wikipedia.org/wiki/1_de_janeiro
https://pt.wikipedia.org/wiki/1824
https://pt.wikipedia.org/wiki/Presidente_dos_Estados_Unidos
https://pt.wikipedia.org/wiki/James_Monroe
https://pt.wikipedia.org/wiki/1905
- No início dessa diplomacia do Brasil independente era muito voltada à Europa e dar 
importância aos assuntos europeus. 
- Com a instauração da república em 1889, a diplomacia brasileira passou a se voltar mais 
para os Estados Unidos e estreitar relações com os países vizinhos na América e deixar a 
Europa um pouco em segundo plano. 
- É nesse contexto que surge José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio 
Branco, filho do Visconde do Rio Branco um dos autores da Lei do Ventre Livre, para 
alforriar crianças nascidas de mulheres escravas em 1871. 
 
- O Barão foi Ministro das Relações Exteriores entre 1902 a 1912. 
- O Barão do Rio Branco é responsável pela nova diplomacia brasileira moldada: na 
cooperação, multilateralismo, apartidária, dinâmica e respeito a todos os países. Sua 
maior contribuição ao país foi a consolidação das fronteiras brasileiras, em especial por 
meio de processos de arbitragens e de negociações bilaterais, conseguindo incorporar 
definitivamente ao Brasil 900 mil quilômetros quadrados de território. 
 
1.2 – O MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES 
-Quando o Rio de Janeiro era a capital do Brasil, a sede do Ministério das Relações 
Exteriores estava localizada no Palácio do Itamaraty. 
 
- Com a inauguração de Brasília, foi transferido para lá no fim da década de 60. 
 
- O Ministério das Relações Exteriores é um órgão federal e cuja missão principal é 
assessorar o Presidente na elaboração de sua política internacional. 
- Em seu relacionamento com as outras nações, o Brasil executa sua política externa com 
base nos seguintes princípios inscritos no art. 4º da Constituição Federal: 
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos 
seguintes princípios: 
I - Independência nacional; 
II - Prevalência dos direitos humanos; 
III - autodeterminação dos povos; 
IV - Não-intervenção; 
V - Igualdade entre os Estados; 
VI - Defesa da paz; 
VII - solução pacífica dos conflitos; 
VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; 
IX - Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; 
X - Concessão de asilo político. 
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, 
política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma 
comunidade latino-americana de nações 
- O Ministério é chefiado pelo Ministro das Relações Exteriores escolhido pelo Presidente 
da República 
- O Ministério possui uma grande divisão administrativa por assuntos temáticos citando 
como exemplo: 
Departamento do Oriente Médio 
Departamento dos Estados Unidos 
Departamento para a América do Sul 
Departamento para a Rússia e Ásia 
Departamento de Informação Tecnológica 
Departamento de Assuntos Econômicos 
- Atualmente o Brasil possui: 139 Embaixadas, 52 Consulados-Gerais e 12 Missões 
internacionais incluindo representações da Liga Árabe, nas Nações Unidas e na União 
Europeia (todos com escritórios em Brasília). 
- O Brasil faz fronteira com dez países da América do Sul. 
Veja quais são eles: 
Paraguai 
Uruguai 
Argentina 
Bolívia 
Peru 
Colômbia 
Venezuela 
Guiana 
Suriname 
Guiana Francesa 
Só não fazem fronteira com o Brasil o Chile e o Equador. 
 
1.3 – EMBAIXADA E CONSULADO – Aspectos gerais 
 
As relações diplomáticas entre os Estados são executadas por meio de estabelecimento 
de relações de amizades entre eles com a criação de embaixadas e consulados. 
- O Embaixador (no Brasil) é função de livre escolha pelo Presidente e com aprovação 
do Senado Federal, podendo ser diplomata ou não (pode ser um parlamentar, um político, 
um jurista, um artista, etc.) 
- Diplomata é servidor de carreira por meio de concurso 
A Embaixada deve ter sua sede nas capitais dos países. E seu serviço tem 
natureza estatal, ou seja, trata de relações com Estados. 
As funções de uma embaixada foram estipuladas pela Convenção de Viena sobre 
Relações Diplomáticas, tratado firmado em 1961 em Viena, na Áustria. 
Estado Acreditante é aquele que envia o representante diplomático, o 
embaixador e a missão diplomática. 
Estado Acreditado é aquele que recebe o embaixador e toda a missão 
diplomática. 
Os embaixadores apresentam suas credenciais de embaixador ao Presidente ou 
Chefe de Estado do país que o recebe, somente a partir desta entrega de credenciais o 
embaixador está apto a desenvolver suas atividades no país e representar oficialmente seu 
Estado. Se não apresentar as credenciais, não está oficialmente como embaixador no país 
e não pode representar seu país de origem e executar ações como assinar documentos e 
falar em nome de seu país. 
IMUNIDADES: Os embaixadores e diplomatas possuem alguns privilégios em 
razão do cargo que ocupam: têm imunidade penal, civil e administrativa em relação 
aos seus atos oficiais no desempenho de suas funções e também em suas vidas privadas. 
Já os consulados e seus funcionários apenas possuem estas três imunidades mais 
limitadas e somente quando estão trabalhando, ou seja, apenas quando exercem suas 
funções no consulado e não em suas vidas privadas (que não terão tais imunidades) 
INVIOLABILIDADE DIPLOMÁTICA: O local onde funciona a embaixada 
possui a inviolabilidade diplomática, ou seja, a representação diplomática que se encontra 
em uma propriedade não deve ser violada em território estrangeiro, somente com 
autorização do Embaixador. Portanto, não se refere ao espaço físico em si, mas sim ao 
que ele representa. 
A sede do Consulado também é inviolável, incluindo seus bens e comunicações. 
Assim, qualquer crime praticado dentro da embaixada, a polícia do país somente 
pode entrar se o embaixador autorizar. Se houver um incêndio, também deve ter a 
autorização do embaixador. 
Também possuem o caráter de inviolabilidade o correio da missão, e-mails, 
telefonemas, encomendas, os bens como carros, computadores, os arquivos e 
documentos da missão são invioláveis. 
ATENÇÃO: o local da embaixada não é território internacional, mas apenas um 
local inviolável. 
Imunidade de jurisdição: Tanto o embaixador como o diplomata possuem 
imunidade de jurisdição, ou seja, mesmo praticando algum crime, não será processadoou 
preso, mas isso pode ocorrer no país de origem. 
O Brasil, por exemplo, pode não querer mais a presença deste embaixador ou 
diplomata então a única forma de retirá-lo do país é declarar como persona non grata e 
se não sair, será expulso. 
A Missão Diplomática: 
Toda missão diplomática (Embaixada) possui um chefe da missão que é o 
embaixador. Dentro da missão diplomática, há o corpo diplomático formado por 
diplomatas e funcionários técnicos e administrativo incluindo assessores jurídicos, oficial 
de chancelaria, tradutores, motoristas, secretárias, etc. 
 Agente Diplomático é o termo usado para se referir ao embaixador e aos demais 
diplomatas que não exercem a função de chefe (embaixador). 
O Consulado Geral pode ter sua sede em várias cidades do país, e é como se 
fosse uma repartição pública para cuidar dos interesses dos cidadãos em determinado país 
e cuida das relações comerciais e de investimentos com empresas privadas no país. (um 
brasileiro em Londres vai procurar o consulado para regularizar sua certidão de 
casamento, ou emitir novo passaporte, ou registrar algum documento público ou até 
mesmo casar ou emitir a certidão de nascimento de seu filho) 
 Consul pode ser diplomata ou não, também escolhido pelo Presidente e 
ainda há o Consul Ho 
 
2 – AS CARACTERÍSTICAS DO DIP 
 
2.1 – DIP COMO INSTRUMENTO DE PODER 
- Por essa característica, a finalidade do DIP é realizar os interesses das nações mais 
poderosas. É preservar os interesses das potências. É o poder/política usando da lei em 
benefício próprio. 
- Esse modelo (lógica política) passou a ser usado no século XX. 
- O DIP como força representa também uma ordem jurídica feita exclusivamente pelos 
mais fortes, onde a criação do DIP é toda voltada para preservar os interesses das grandes 
potências e impedir que os interesses dos outros sejam prevalentes. 
ATENÇÃO: Apesar de usarem de submeterem o DIP para cumprir seus objetivos, todas 
as suas ações necessitam ser legitimadas, por isso essas medidas são usadas com “base 
no DIP”, para que não sejam acusados de agirem ilegalmente. 
- Alguns exemplos do DIP como instrumento de poder: 
- Invasão do Iraque em 2003 
- EUA e União Europeia usando de embargos contra o Irã por causa do programa 
nuclear, apesar destes dois sujeitos internacionais terem sua bomba atômica. 
- A exploração da América Latina pelas potências. 
- O domínio do mercado financeiro pelos EUA 
- Guerra civil na Síria (disputa de poder territorial entre EUA e Rússia) 
- No Conselho de Segurança das Nações Unidas 
2.2 – DIP COMO INSTRUMENTO DE COOPERAÇÃO E JUSTIÇA 
- Por essa característica a finalidade do DIP é realizar os interesses coletivos, é pensar 
no BEM DE TODOS, é a UNIÃO DE TODOS. O DIP preserva o interesse de todos 
contra os interesses individuais. O termo que melhor representa essa característica é o 
“esforço conjunto dos Estados”. 
- O melhor exemplo desta característica do DIP é a criação das ORGANIZAÇÕES 
INTERNACIOAIS que são criadas para preservar os valores mundiais pela união de 
esforços dos países para proteger diversas áreas, como impedir o terrorismo, proteção do 
meio ambiente e direitos humanos etc. 
- Essa cooperação prova a evolução da sociedade internacional que também pensa no 
bem comum mundial, nos seguintes temas: 
- Preservação do meio ambiente, 
- Proibição de guerras, 
- Solução pacífica de conflitos, 
- Fim da pobreza mundial, 
- Defesa dos Direitos Humanos, 
- Desenvolvimento dos países pobres etc. 
- por isso, o DIP usado como instrumento de cooperação e justiça provoca que alguns 
tratados são difíceis de ter a adesão de grandes potências, porque vão limitar seu modo 
de atuação em prol do bem coletivo e cujas obrigações impedirão de agir de forma 
unilateral, retirando sua capacidade de decisão, pois agora todos terão de agir em 
conjunto, sem interesse próprio.

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