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AULA 02 Leitura Complementar - PSICOLOGIA DO TRABALHO E EMPREENDEDORISMO UMA ANÁLISE DE SUAS RELAÇÕES

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PSICOLOGIA DO TRABALHO E 
EMPREENDEDORISMO: UMA ANÁLISE 
DE SUAS RELAÇÕES 
 
Alex Eckert (UCS) 
alex.eckert@bol.com.br 
MARLEI SALETE MECCA (UCS) 
msmecca@terra.com.br 
Roberto Biasio (UCS) 
rbiasio@commcenter-rs.com.br 
JOSE ALBERTO CORAIOLA (UTFPR) 
coraiola@utfpr.edu.br 
 
 
 
A criação de negócios impulsiona o desenvolvimento de um país e de 
sua população, porem é necessário que esses negócios prosperem e 
para isso as competências do empreendedor, que estão presentes em 
todas as organizações, auxiliam significaativamente na sua evolução. 
A psicologia do trabalho também está presente em todas as fases do 
ciclo de vida das organizações, ao descrever e interpretar a natureza e 
a dimensão dos fenômenos psicológicos presentes na situação de 
trabalho proporciona ambientes profícuos ao desenvolvimento das 
competências. Assim, o objetivo do artigo é descrever a contribuição 
da psicologia do trabalho no desenvolvimento das competências do 
empreendedor. O artigo configura-se em um estudo descritivo com 
abordagem conceitual. As exigências e condições estabelecidas pelo 
ambiente interferem no desenvolvimento das competências do 
empreendedor e são abordadas pela psicologia do trabalho, daí vem a 
sua contribuição. Através do diagnóstico do ambiente de trabalho e 
dos fenômenos psicológicos incidentes neste ambiente pode-se elaborar 
e desenvolver atividades que propiciem transformar conhecimento em 
ações. Estas ações por sua vez desenvolvem nos indivíduos habilidades 
que somadas ao conhecimento levam a atitude, por exemplo, de 
criação de um novo negócio ou organização. 
 
Palavras-chaves: psicologia do trabalho; competência; empreendedor 
XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO 
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no 
Cenário Econômico Mundial 
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 
 
 
 
 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO 
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no 
Cenário Econômico Mundial 
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 
 
 
 
2 
 
 
1. Introdução 
O empreendedorismo tem sido abordado por vários pesquisadores. Entretanto, algumas 
abordagens são fragmentadas com diversas unidades de análises e com pressupostos 
epistemológicos distintos. Alguns dos estudos concentram-se no empreendedor em si, outros 
nas organizações, outros no contexto, e outros no processo. Devido a sua complexidade, 
alguns pesquisadores vêm se preocupando em analisar o empreendedorismo em sua 
totalidade. Seguindo esta abordagem pretende-se no artigo progredir no entendimento da 
psicologia do trabalho como disciplina influenciando nas decisões e competências do 
empreendedor, legitimando seu envolvimento com o empreendimento. 
A psicologia do trabalho nasceu da necessidade de atender as demandas dos administradores 
de empresas que buscavam estabelecer um controle sobre o comportamento humano no 
trabalho. Desde os primeiros estudos voltados à fadiga dos trabalhadores até o seu auge com 
a aplicação dos testes psicológicos em seleção de pessoal essa preocupação permeava os 
trabalhos dos psicólogos. 
O objetivo do artigo é apresentar os elementos de contribuição da psicologia do trabalho para 
o desenvolvimento das competências do empreendedor. Para tanto, inicialmente apresenta-se 
a revisão sobre o campo do empreendedorismo e na seqüência abordam-se as competências 
do empreendedor e conceitos da psicologia do trabalho relacionados ao empreendedorismo. 
Por fim apresentam-se algumas considerações relacionadas à importância da psicologia do 
trabalho no contexto das competências do empreendedor. 
2. Competências do empreendedor 
A existência de indivíduos dispostos aos riscos de empreender é um dos pilares do 
desenvolvimento econômico (GEM, 2006). Diversos conceitos são encontrados na revisão 
da literatura para os termos empreendedor e empreendedorismo. Empreendedor, conforme 
Hisrich e Peters (2004, p. 26) é o indivíduo que se arrisca e dá início a algo novo. A palavra 
entrepeneur é francesa e literalmente traduzida significa “aquele que esta entre” ou 
“intermediário”. No Quadro 1 apresenta-se o desenvolvimento da teoria do 
empreendedorismo e do termo empreendedor. 
 
 
 
 
 
 
 
 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO 
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no 
Cenário Econômico Mundial 
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 
 
 
 
3 
 
Origina-se do francês: significa aquele que está entre ou estar entre. 
Idade média:participante e pessoa encarregada de projetos de produção em grande escala. 
Século XVII:pessoa que assumia riscos de lucro (ou prejuízo) em um contrato de valor fixo com o governo. 
1725Richard Cantillon – pessoa que assume riscos é diferente da que fornece capital. 
1803Jean Baptiste Say – lucros do empreendedor separados dos lucros de capital. 
1876Fancis Walker – distinguiu entre os que forneciam fundos e recebiam juros e aqueles que obtenham 
lucro com habilidades administrativas. 
1934Joseph Schumpeter – o empreendedor é um inovador e desenvolve tecnologia que ainda não foi testada. 
1961David McClelland – o empreendedor é alguém dinâmico que corre riscos moderados. 
1964Peter Druckeer – o empreendedor maximiza oportunidades. 
1975Albert Shapero – o empreendedor toma iniciativa, organiza alguns mecanismos sociais e econômicos, e 
aceita riscos de fracasso. 
1980Kari Vésper – o empreendedor é visto de modo diferente por economistas, psicólogos, negociantes e 
políticos. 
1983Girfford Pinchot – o intra-empreendedorismo é um empreendedor que atua dentro de uma organização 
já estabelecida. 
1985Robert Hisrich – o empreendedor é o processo de criar algo diferente e com valor, dedicando o tempo e 
o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psicológicos e sociais correspondentes e recebendo 
recompensas da satisfação econômica e pessoal. 
 
Quadro 1: Desenvolvimento da teoria do empreendedorismo e do termo empreendedor 
Fonte: HISRICH, Robert “Entrepreneuship and Intrapreneurship: Methods for Creating New Companies That Have an 
Impact on the Economic Renaissance of an Area”. In Entrepreneurship, and Venture Capital. Ed. Robert D. Hisrich 
(Lexington, MA: Lexington Books, 1986), p.96 
Outros conceitos de empreendedor e empreendedorismo surgiram após a definição de 
Hisrich em 1985. Empreender, segundo Dolabela (1999) não significa apenas criar novas 
propostas, inventar novos produtos ou processos, produzir novas teorias, engendrar melhores 
concepções de representação da realidade ou tecnologias sociais. Empreender significa 
modificar a realidade para dela obter a auto-realização e oferecer valores positivos para a 
coletividade. Significa engendrar formas de gerar e distribuir riquezas materiais e imateriais 
por meio de idéias, conhecimentos, teorias, artes, filosofia. 
Empreendedores são, para Dornelas (2001, p. 19), pessoas diferenciadas, que possuem 
motivação singular, apaixonados pelo que fazem, não se contentam em ser mais um na 
multidão, querem ser reconhecidos e admirados, referenciadas e imitadas, querem deixar um 
legado. Para Lezana e Tonelli (2004), empreendedores são pessoas que perseguem o 
benefício, trabalham individual e coletivamente. Podem ser definidos como indivíduos que 
inovam, identificam e criam oportunidades de negócios, montam e coordenam novas 
combinações de recursos, para extrair os melhores benefícios de suas inovações num meio 
incerto. 
Filion (2001) define o empreendedor como uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza 
visões. Para ele, visão é “uma imagem projetada no futuro, do lugar que se quer ver ocupado 
pelos seus produtos no mercado, assim como a imagem projetada do tipo de organizaçãonecessária para consegui-lo”. Para tal, o desenvolvimento das competências pessoal do 
empreendedor são fundamentais. 
 
 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO 
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no 
Cenário Econômico Mundial 
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 
 
 
 
4 
 
Diferentes autores conceituam o empreendedorismo e o empreendedor, cabe ressaltar que 
através do empreendedorismo criam-se inúmeras novas organizações que de forma direta e 
indireta movimentam a economia seja ela local, nacional ou o mercado externo. Devido a 
grande concorrência existente e as características dos consumidores e clientes, faz-se 
necessário que o empreendedor apresente competências que proporcionem o 
desenvolvimento da sua organização. 
Toda e qualquer organização, desde a sua criação, enfrenta mudanças que a fazem de forma 
geral, evoluir. Vários são os ciclos de vida das organizações, é importante que o 
empreendedor possa sobreviver a todas essas fases e prosperar em seu empreendimento. 
Dessa forma estará promovendo o desenvolvimento do mercado a onde está inserido e da 
economia de formal geral. As competências do empreendedor são necessárias e estão 
presentes em todas as fases do ciclo de vida das organizações, inclusive no momento da 
decisão de criação do empreendimento. 
Ao descrever os atributos do empreendedor, os pesquisadores o fazem em termos de 
atitudes, competências, e características. Referindo-se às atitudes, Salim (2004), observa que 
há um consenso entre os estudiosos do empreendedorismo de que existe um conjunto de 
atitudes presentes no sujeito empreendedor: assumir riscos, identificar oportunidades, 
conhecimento, organização, tomar decisões, liderança, dinamismo, independência, otimismo 
e tino empresarial. Dornelas (2001) acrescenta dedicação, busca de riqueza, planejamento, 
valor para a sociedade, networking e visão de futuro. 
No que se refere às competências, vários autores procuram estruturar o desenvolvimento do 
conceito de competência. Dentre eles, cabe destacar os seguintes: Le Boterf (1998), 
Perrenoud (2000), Zarifian (2001), Quinn (2003), Fleury (2004), Dutra (2004) e Miranda 
(2006). O Quadro 2 apresenta o conceito de competência na ótica dos autores citados. 
1998 Le Boterf Competência é uma construção, a partir de uma combinação de recursos 
(conhecimentos, saber fazer, qualidades e atitudes) e do ambiente 
(relacionamentos, documentos, informações e outros) que são mobilizados para 
alcançar um desempenho. 
2000 Perrenoud Competência é a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos 
(saberes, capacidades, informações etc) para solucionar com pertinência e eficácia 
uma série de situações. 
2001 Zarifian Competência é tomar iniciativa e responsabilizar-se com êxito, tanto a nível 
individual como em grupo, diante de uma situação profissional 
2003 Quinn et al Uma competência implica a detenção tanto de um conhecimento quanto do 
comportamento de agir de maneira adequada. Segundo o autor, “... para 
desenvolver determinadas competências é preciso não só ser apresentado ao 
conhecimento teórico como ter a oportunidade de praticá-las”. 
2004 Fleury “... é saber agir responsável e reconhecido, que implica mobilizar, integrar, 
transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agreguem valor econômico à 
organização e valor social ao indivíduo” 
2004 Dutra A agregação de valor das pessoas é sua contribuição efetiva ao patrimônio de 
conhecimentos da organização, permitindo-lhe manter suas vantagens competitivas 
no tempo. 
2006 Miranda A lógica da competência significa uma mudança radical com respeito ao modelo de 
posto de trabalho vigente na sociedade industrial. Competência refere-se a recursos 
possuídos e/ou adquiridos e colocados em ação numa situação prática, significando 
a iniciativa, sob condições de autonomia, que pressupõe a mobilização dos 
recursos internos pessoais e coletivos (trazidos e colocados à disposição pelas 
 
 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO 
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no 
Cenário Econômico Mundial 
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 
 
 
 
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organizações). 
Quadro 2: Desenvolvimento do Conceito de Competências 
Fonte: Autores 
Como a competência precisa da atividade prática para se manifestar, Fleury (2004, p. 55) diz 
que competência é “um saber agir responsável e reconhecido que implica mobilizar, integrar, 
transferir conhecimentos, recursos, habilidades, que agregue valor econômico à organização 
e valor social ao indivíduo”. A figura 1 evidencia as competências como fonte de valor para 
o individuo e para a organização. 
 
Figura 1: Competências como fonte de valor para o indivíduo e para a organização. 
Fonte: Fleury, 2004, p. 55. 
 
Na abordagem do empreendedorismo, Lezana e Tonelli (2004) apresentam as competências 
do empreendedor em três dimensões: conhecimentos, habilidades e atitudes, conforme 
apresentado na figura 2. O conhecimento na perspectiva do empreendedor indica que para 
operar uma empresa com sucesso, o mesmo deve possuir alguns conhecimentos que são 
diferenciados em cada etapa na qual a empresa se encontra. 
Apesar dessa diferenciação, é possível fazer uma descrição dos conhecimentos gerais 
necessários para o empreendedor. Os autores situam os seguintes: aspectos técnicos 
relacionados com o negócio; experiência na área comercial, escolaridade, experiência em 
empresas, formação complementar e vivências com situações novas. 
A habilidade é a capacidade, de acordo com Chiavenato (1999), de transformar 
conhecimento em ação e que resulta em um desempenho desejado. Para Lezana e Toneli 
(2004) as habilidades necessárias para a operação de uma empresa de pequena dimensão, 
são: identificação de novas oportunidades, valoração de oportunidades e pensamento 
criativo, comunicação persuasiva, negociação, aquisição de informações e resolução de 
problemas. 
As atitudes formam, segundo Maximiano (1995), os quadros de referências, isto é, as 
“molduras” valorativas dentro das quais as pessoas, fatos, idéias e objetivos são vistos, 
interpretados e avaliados. 
De forma geral, o conhecimento resulta do processo de aprendizagem que ocorrem através 
do tempo. As habilidades se manifestam a partir do conhecimento de cada indivíduo e as 
Saber agir 
Saber mobilizar 
Saber transferir 
Saber aprender 
Saber se engajar 
Visão estratégica 
Assumir responsabilidade 
Organização 
 
Indivíduo 
Conhecimentos 
Habilidades 
Atitudes 
 
Agregar Valor 
Econômico Social 
 
 XXXI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO 
Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no 
Cenário Econômico Mundial 
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 
 
 
 
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atitudes estão ligadas à percepção, personalidade, aprendizagem e motivação. Na união de 
conhecimentos, habilidades e atitudes encontra-se a competência, conforme figura 2. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Adotando também a perspectiva baseada em competências, Farrel (1993) elaborara um 
modelo intitulado “esquema integrativo das competências do empreendedor”. Para isto 
realizaram uma pesquisa de caráter exploratório que, por intermédio de entrevistas em 
profundidade focada nas trajetórias profissionais de empreendedores bem sucedidos, 
procurou compreender as competências que eles apresentaram e que foram, na visão deles, 
importantes para vencer barreiras e prosperar no mundo dos negócios. Na pesquisa foram 
identificadas duas grandes dimensões: a afetiva e a cognitiva. Além disso, algumas respostas 
dos entrevistados faziam referência a variáveis que não puderam ser classificadas em uma 
dimensão de competência específica, mas que asinfluenciam fortemente. Essas variáveis 
foram identificadas como influências do ambiente e dos valores do indivíduo. 
No dia a dia o indivíduo percebe a necessidade de aperfeiçoamento para empreender com 
sucesso suas funções. Empreendedores não são apenas os indivíduos que abrem seu próprio 
negócio, existem os intra-empreendedores que aplicam em suas profissões os conhecimentos 
e as habilidades que desenvolveram, trazendo inovações e melhorias garantindo o sucesso de 
sua profissão e do empreendimento. Assim, é importante para o empreendedor ter 
consciência de seu potencial e limitações, pois sempre existe a opção de desenvolver suas 
potencialidades ou se associar a alguém que possua as características necessárias ao sucesso 
do empreendimento. 
O sistema psicológico vai se modificando e se estruturando sempre que um novo dado é 
inserido no espaço vital da pessoa, ou quando há uma reestruturação desse sistema. Desta 
maneira o desenvolvimento de habilidades acaba alterando o comportamento humano, é uma 
parte re-configurando o todo, isso é possível, pois de acordo com a Psicologia da Gestalt. 
3. Psicologia do Trabalho 
A psicologia do trabalho aplicada às organizações passou por várias etapas desde o seu 
surgimento como instrumento das indústrias que seguiam os pressupostos Taylorista. A 
psicologia industrial, classificada por Sampaio (1998) como a primeira face da psicologia no 
campo, tinha como função realizar seleção e colocação profissional, ou seja, se integrava ao 
princípio Taylorista de colocar o sujeito na função que melhor se adequasse às suas 
Conhecimento Habilidade 
Hatitude 
Competência 
Figua 2: Competências 
Fonte: Autores 
Conhecimento Habilidade 
Atitude 
Competência 
 
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Inovação Tecnológica e Propriedade Intelectual: Desafios da Engenharia de Produção na Consolidação do Brasil no 
Cenário Econômico Mundial 
Belo Horizonte, MG, Brasil, 04 a 07 de outubro de 2011. 
 
 
 
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características. Além disso, fazia orientação profissional e avaliava as condições de trabalho 
com o objetivo de aumentar a produtividade. 
O mesmo autor classifica a segunda face da psicologia aplicada ao trabalho como psicologia 
organizacional, argumenta que essa face não foi uma ruptura com a primeira, mas sim a 
incorporação de novas atividades como treinamento, classificação de pessoal e avaliação de 
desempenho, além de passarem a discutir as estruturas das organizações de trabalho. Nesse 
período foram incorporadas as novidades do estruturalismo e da teoria sistêmica da 
administração. Fica claro que essa passagem não representou mudanças nos objetivos da 
psicologia, pautados no aumento da produtividade nas empresas. 
Sampaio (1998) critica o caráter instrumental da disciplina, mesmo quando da introdução de 
novas teorias, como a teoria contingencialista. Esta teoria, introduzida pela Administração 
nos anos 70, buscava compreender os fenômenos produtivos a partir dos condicionantes 
externos, mas mantinha o foco no aumento da lucratividade. 
O questionamento dos objetivos da psicologia organizacional originou a terceira face da 
psicologia do trabalho, que busca compreender o trabalho humano nos seus significados e 
em todas as suas manifestações. Diferencia-se das faces anteriores por se voltar para a saúde 
e bem-estar dos trabalhadores, não priorizando o lucro e a produtividade. 
A psicologia do trabalho, para Cruz (2007), se apresenta como uma disciplina que consiste 
em descrever e interpretar a natureza e a dimensão dos fenômenos psicológicos incidentes na 
situação de trabalho, tendo em vista as exigências e condições estabelecidas pelo meio 
técnico e social, contingentes à organização e processos de trabalho. Ainda, segundo Cruz et 
al. (2000), a psicologia do trabalho se constitui como um campo de estudos sobre os 
determinantes da atividade do trabalho sobre a conduta das pessoas, seja em seus aspectos 
individuais ou coletivos. 
Do ponto de vista epistemológico, segundo Leplat & Cuni (1983), tanto a psicologia do 
trabalho quanto a ergonomia se definiram inicialmente a partir dos objetivos de suas 
aplicações: a situação do trabalho. 
O trabalho, segundo Teiger (1992, p. 113), é uma atividade finalística, realizada de modo 
individual ou coletiva numa temporalidade dada, por um homem ou uma mulher singular, 
situada num contexto particular que estabelece as exigências imediatas da situação. Esta 
atividade não é neutra, ela engaja e transforma, em contrapartida, aquele ou aquela que a 
executa”. Para Dejours & Molinier (1994, p.61), o trabalho é uma atividade coordenada de 
homens e mulheres para responder ao que não está posto, desde o início, pela organização 
prescrita do trabalho. 
Do ponto de vista de Terssac (1995, p.8) o trabalho é uma ação coletiva finalística. É uma 
ação „organizada‟ porque ela se situa num contexto estruturado por regras, convenções, 
culturas. É também uma ação „organizadora‟ porque ela visa, não somente preencher as 
lacunas provenientes das imprecisões da prescrição, mas produzir um acordo, um espaço de 
ações pertinentes. É pela ação que se define, de forma interativa, o problema e a solução. É 
na ação que se operam as trocas de informações e que se constroem as formas de agir. 
A variabilidade de aspectos mencionados pelos autores (por exemplo, contexto, objetivo, 
organização) não aparece marcada pela contradição, mas pela ênfase em dimensões que se 
complementam e se enriquecem mutuamente. Esta constatação suscita uma primeira pista 
com vocação de hipótese geral: a construção do conceito de trabalho em ergonomia é, pelos 
menos por ora, de natureza interdisciplinar. Quer dizer, a delimitação do conceito implica em 
considerar os conhecimentos de disciplinas vizinhas (sociologia, psicologia, filosofia...) e, 
 
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especialmente, com as quais a ergonomia mantém uma estreita colaboração (caso da 
psicodinâmica, por exemplo). 
Contudo, se, de um lado, as definições reforçam o caráter do trabalho como um objeto 
multidimensional e polissêmico, de outro, elas permitem identificar um fio condutor que 
parece costurar as diferentes abordagens. Neste sentido, a "atividade real" do sujeito aparece 
como categoria central tendo um papel estruturador dos conceitos. Em torno do fator 
atividade real, gravitam os elementos constitutivos das formulações dos autores. Tais 
elementos fazem da atividade uma casa de múltiplas portas permitindo o acesso ao seu 
interior pelas portas da linguagem, da cooperação e da competência dentre outros. 
4. Competências do Empreendedor e a Contribuição da Psicologia do Trabalho 
As competências do empreendedor conforme apresentado por Lezana e Tonelli (2004) 
abordam conhecimento, habilidades e atitudes. Alguns aspectos técnicos relacionados ao 
negócio e a transformação do conhecimento em ação são citados pelos autores. O 
conhecimento surge do processo de aprendizagem que se desenvolve com o tempo e a 
manifestação do conhecimento de cada indivíduo, bem como suas atitudes estão intimamente 
ligadas à percepção, personalidade, aprendizagem e motivação. 
O conhecimento, bem como as habilidades, são adquiridos com o passar do tempo e em sua 
maioria no ambiente de trabalho. A psicologia do trabalho pode contribuir para o 
desenvolvimento de um ambiente que propicie, por exemplo, o intra-empreendedorismo 
através de ações desenvolvidas pelos indivíduos em seu próprio ambiente de trabalho. Pode 
ainda, desenvolver nestes mesmos indivíduos habilidades que somadas ao conhecimento 
levam a atitude, por exemplo, de criação de um novo negócio ou organização. 
A transformação do conhecimento em ação talvezseja o desejo de muitas organizações, 
logo, a contribuição dos estudos em psicologia do trabalho passa a ser de interesse para os 
empreendedores. Através do diagnóstico do ambiente de trabalho e dos fenômenos 
psicológicos incidentes neste ambiente pode-se elaborar e desenvolver atividades que 
propiciem esta transformação. Para o indivíduo empreendedor aplica-se o mesmo 
entendimento, pois sem ambiente e condições propícias a geração e criação de novos 
negócios diminuem. 
As habilidades, que fazem parte das competências do empreendedor, e que envolvem, dentre 
outros, a comunicação persuasiva, aquisição de informações e resoluções de problemas 
também são desenvolvidas com o decorrer do tempo e tem grande participação da psicologia 
do trabalho. Essas habilidades são importantes para a operação das empresas, seja micro, 
pequeno, médio ou grande porte e muitas delas são desenvolvidas a partir do ambiente de 
trabalho. 
 5. Conclusão 
O empreendedorismo impulsiona o desenvolvimento econômico de todo e qualquer país. É 
importante ressaltar a necessidade não apenas de criação de novas empresas, mas a 
permanência e o desenvolvimento destas organizações. As competências do empreendedor 
que estão presentes em todas as fases do ciclo de vida da organização, desde o seu 
surgimento, interferem significativamente no desenvolvimento das organizações, daí a 
importância da contribuição da psicologia do trabalho. 
O presente trabalho nos remete a compreensão e a conclusão de que a psicologia do trabalho 
enquanto busca descrever e interpretar a natureza e a dimensão dos fenômenos psicológicos 
incidentes na situação do trabalho contribui significativamente no desenvolvimento das 
 
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competências do empreendedor. Percebe-se assim de forma clara, que o indivíduo ao se 
deparar com a realidade, evidencia fenômenos psicológicos que variam em função de 
conceitos e fundamentos teóricos desenvolvidos por ele e que aprimoram a sua competência. 
 
 
 
Referências 
 
CHIAVENATO, I., Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas 
organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1999. 
CRUZ, R. M. Psicologia do trabalho. Florianópolis, UFSC, PPGEP, 2007. (Apostila). 
CRUZ, R. M. et al. Repercussões da introdução do sistema de leitura óptica no trabalho do 
operador de caia de supermercado. Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, n.27, 
p.117-136, abr, 2000. 
DEJOURS, C., ABDOUCHELI, E. & JAYET, C. Psicodinâmica do trabalho. São Paulo: 
Atlas. 1994. 
DEJOURS, C. & MOLINIER, P. Le travail comme énigme. In Sociologie du Travail, 
XXXVI, Hors série, 35-44. Paris - France (1994). 
DOLABELA, F. Oficina do empreendedor. São Paulo: Cultura editores associados, 1999. 
DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. 
Rio de Janeiro: Campos, 2001. 
DUTRA, Joel Souza. Competências: conceito e instrumentos para a gestão de pessoas na 
empresa moderna. São Paulo: Atlas, 2004. 
FARREL, Larry C. Entrepreneurship: Fundamentos das organizações empreendedoras. 
São Paulo: Atlas, 1993. 
FILION, Louis Jacques. O Empreendedorismo como Tema de Estudos Superiores. In: 
Empreendedorismo: ciência, técnica e arte. Brasília: CNI – IEL Nacional, 2001. 
FLEURY, Afonso. FLEURY, Maria T. L. Estratégias Empresariais e Formação de 
Competências. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 
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