Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A PEDAGOGIA EMPRESARIAL E OS PROJETOS EDUCACIONAIS NA EMPRESA W BA 06 60 _v 1. 0 22 © 2019 POR EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Giani Vendramel de Oliveira Revisor Sueli de Fátima da Silva Ferraz Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Pinto, Rosângela Oliveira P659a A pedagogia empresarial e os projetos educacionais na empresa / Rosângela Oliveira Pinto, – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A., 2019. 98 p. ISBN 978-85-522-1483-0 1. Educação corporativa. 2. Pedagogia empresarial. I. Pinto, Rosângela Oliveira. II. Título. CDD 370 Responsável pela ficha catalográfica: Thamiris Mantovani CRB-8/9491 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ mailto:editora.educacional%40kroton.com.br?subject= http://www.kroton.com.br/ 3 3 A PEDAGOGIA EMPRESARIAL E OS PROJETOS EDUCACIONAIS NA EMPRESA SUMÁRIO Apresentação da disciplina 4 As transformações no mundo do trabalho 5 A ciência Pedagogia e a Pedagogia Empresarial 23 A aprendizagem nas organizações e o desenvolvimento do potencial humano 40 Desenvolvimento de programas e projetos educacionais nas organizações 60 Planejamento e execução de projetos educacionais nas organizações: Como? Para quem? Por quê? 78 Acompanhamento e avaliação dos projetos educacionais nas organizações 95 Promovendo transformações na cultura organizacional, difusão de conhecimentos e a educação integral de cada colaborador 114 44 Apresentação da disciplina Durante a disciplina, o aluno deverá compreender as mudanças organizacionais no que se refere à importância da aprendizagem das pessoas e como a Pedagogia Empresarial pode contribuir de forma significativa no desenvolvimento do potencial das pessoas, no clima organizacional e, consequentemente nos resultados da empresa. Deverá desenvolver competências e habilidades para o planejamento, execução, acompanhamento e avaliação dos programas e projetos dentro de organizações não escolares. Dentre os conteúdos abordados estão: • As transformações no mundo do trabalho. • A ciência Pedagogia e a Pedagogia Empresarial. • A aprendizagem nas organizações e o desenvolvimento do potencial humano. • Desenvolvimento de programas e projetos educacionais nas organizações. • Planejamento e execução de projetos educacionais nas organizações. • Acompanhamento e Avaliação dos projetos educacionais nas organizações. • Cultura organizacional, difusão de conhecimentos e a educação integral de cada colaborador. Espera-se, com a disciplina, que o aluno adquira compreensão da ciência Pedagogia e sua importância dentro das organizações não escolares; a relação entre educação e trabalho: princípios, fundamentos e organização no cotidiano da empresa; a aprendizagem e desenvolvimento do potencial humano nas organizações; os projetos educacionais nas organizações em equipes multidisciplinares. 55 5 As transformações no mundo do trabalho Autora: Rosângela de Oliveira Pinto Objetivos Os objetivos desta temática são: • Apresentar, de forma geral, as mudanças que ocorreram no mundo do trabalho através da construção histórica. • Apresentar os principais desafios das organizações e dos profissionais no século XXI. • Promover reflexões sobre o profissional do século XXI. 66 1. Mundo do trabalho: construção histórica Quero convidá-lo a pensar nas principais transformações no mundo do trabalho durante a história da humanidade. Na antiguidade, o conceito de trabalho esteve ligado a uma visão negativa, dividida em atividade humana intelectual e física. O trabalho intelectual era considerado digno dos seres racionais e livres e o trabalho manual e físico era tarefa dos escravos, resumindo-se ao esforço físico. Entre os séculos XIV e XVII, com o início das relações capitalistas e o desenvolvimento da técnica e da ciência, o homem passa a ser encarado de outra forma, assim como suas atividades em relação à natureza. O trabalho manual deixa de ter a conotação de escravidão e humilhação e passa a ter um valor em si. No Século XVIII, por meio de alguns pensadores, o valor do trabalho passa a ter maior importância. Vou citar três principais estudiosos: Adam Smith, John Stuart Mil e Karl Marx. Adam Smith, em seus estudos, compreende o trabalho como essencial para a produção de bens e constrói o conceito de especialização para o aumento da produtividade. Portanto, para o trabalho gerar riquezas, é necessário o aumento de destreza do trabalhador, economia de tempo, condições adequadas para o aperfeiçoamento de máquina e instrumentos que poupem esforços no trabalho. Stuart Mil considera o trabalho indispensável para a produção, porém entende que nem sempre o trabalho é produtivo, ele também pode ser improdutivo. Para ele, há muitos trabalhos com alto grau de utilidade que não têm como objetivo a produção. Por isso, apesar das polêmicas, Stuart Mil acreditou que o trabalho pode ser dividido em produtivo e improdutivo. 77 7 Já para Karl Marx, o trabalho produtivo é todo aquele que gera mais valia e, de acordo com o processo capitalista de produção, em que o trabalhador recebe pela sua força de trabalho e não pelo trabalho. Nas suas teses, Karl Marx defende o trabalho como totalidade, de homem, natureza e sociedade. Paralelo a estes estudos, entre os séculos XVIII e XIX acontece a Revolução Industrial, que foi um conjunto de mudanças na Europa, em que a principal foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. Aqui, inicia-se uma exploração maior do operário em função de altos lucros para os empresários. Uma jornada de trabalho muito longa, salários baixos, modelo de produção e organização do trabalho que privilegiava a sua fragmentação, condições inadequadas, entre outros. Pode-se afirmar que a organização do trabalho de forma mais sistematizada foi incorporada pelo modo de produção capitalista a partir da Revolução Industrial, dividida em etapas diferentes neste processo. O controle do trabalho humano foi instaurando-se por meio dos processos de produção. A grande proliferação de estratégias cada vez mais agressivas visando aumentar as escalas de produção, padronizar a qualidade dos produtos, diminuir custos de produção e transporte, etc., consolidou e levou ao mais cruel estágio o controle sobre o trabalho humano empregado na produção, tido cada vez mais, pelos empregadores, como simples “ingrediente” dos processos produtivos, agora realizados em lugares especialmente determinados para tal. (PINTO, 2007, p. 17). Na busca por maior eficiência na produção gerando mais riquezas por meio do trabalho, vários estudiosos se debruçaram, desde meados do século XIX, sobre as questões da organização do trabalho para o aperfeiçoamento da qualidade e a diminuição do tempo gasto na realização de tarefas complexas. 88 O primeiro que se destacou foi FrederickTaylor, com seus estudos defendendo a divisão técnica do trabalho humano dentro da produção industrial, com especialização extrema de todas as funções e atividades e como elemento prático central o “estudo do tempo”. Estas defesas tiveram como foco a redução da quantidade de operações desnecessárias, do tempo de execução, dos gastos de energia física e mental dos trabalhadores, da ociosidade dos equipamentos, dos intervalos entre uma operação e outra, entre outros objetivos. Seguindo a lógica de organização do trabalho de forma organizada e em larga escala, Henry Ford introduziu a linha de produção em série, num mecanismo automático, percorrendo todas as fases produtivas desde o início até o estágio final. Estas formas de organização do trabalho ficaram conhecidas como os sistemas taylorista e fordista de organização do trabalho e expandiram- se nas economias capitalistas centrais durante as duas guerras mundiais, fundado na produção e no consumo de massa. A primeira metade do Século XX foi caracterizada pela exploração do trabalhador visando maior produtividade e maiores lucros para os empresários. Os conflitos de interesses entre trabalhadores e empresários cresceram e, também, os movimentos dos trabalhadores reivindicando melhores condições de trabalho, salário e benefícios. E, na década de 1950, foi desenvolvido o mais ousado e polêmico sistema de organização na Toyota Motor Company, Japão, que ficou conhecido como Toyotismo. Esse sistema expandiu, chegando aos países em desenvolvimento do final do Século XX. No Toyotismo, além da profunda reorganização do trabalho internamente às plantas, ele se sustentava numa rede de subcontratação entre grandes firmas cujas relações eram muito mais fortes e estruturadas, principalmente, em vista da aplicação do sistema just-in-time. Esta organização do trabalho tinha como fundamento uma metodologia de produção e de entrega mais 99 9 rápidas e precisas que os demais, associada justamente à manutenção de uma empresa “enxuta” e “flexível”. Isso era obtido pela focalização no produto principal, gerando desverticalização e subcontratação de empresas que passavam a desenvolver e a fornecer produtos e atividades, com utilização de uma força de trabalho polivalente – agregando em cada trabalhador atividades de execução, controle de qualidade, manutenção, limpeza, operação de vários equipamentos simultaneamente, dentre outras responsabilidades. (PINTO, 2007, p. 40). Durante o século XX, as empresas caracterizaram-se, em sua maioria, em uma produção para a massa, no controle gerencial e considerando as pessoas como mais um “insumo” da produção. No final do século XX, o auge do capitalismo através do fordismo e taylorismo entrou em uma crise aguda e o capitalismo precisou se reinventar. Um conjunto de transformações macro e microeconômicas, juntamente com o desenvolvimento da tecnologia, a acumulação de capital passou a acontecer em nível internacional com princípios de flexibilização dos mercados de trabalho, das relações de trabalho, dos mercados de consumo, das barreiras comerciais, do controle da iniciativa privada pelo Estado. No Brasil, após a década de 1990, a globalização traz grandes mudanças na organização do trabalho e nas atribuições e responsabilidades do Estado. O Estado passa a ser concebido em torno do princípio do Estado Mínimo. 1.1 O trabalho no Século XXI As últimas décadas do século XX foram marcadas por profundas transformações que anunciavam a chegada do Século XXI. Período de importantes movimentos sociais, revolução tecnológica e mudanças econômicas que impactaram a política. O sistema capitalista precisou se reestruturar com a mundialização do capital. E o capitalismo busca novas estratégias com o neoliberalismo. 1010 ASSIMILE “O neoliberalismo tem sido uma espécie de releitura atualizada do liberalismo a partir das concepções econômicas neoclássicas. Trata-se, pois, de uma determinada visão social do capitalismo a partir da ótica dos capitalistas, portanto, da burguesia. Assim, tornou-se um conjunto de ideias capitalistas de políticas e economia fundadas principalmente na não participação do Estado na economia e na liberalização total do comércio (mercado livre) em nível mundial. Enfim, defende a livre circulação de capitais internacionais, abertura das economias nacionais para a entrada de multinacionais, a implantação de ações que impeçam o protecionismo econômico, adoção de política de privatização de empresas estatais etc.” (OLIVEIRA, 2015, p. 230). O trabalho, suas relações e a sua organização sofrem mudanças significativas. A organização do trabalho, num modelo fordista e taylorista, não cabe nesta nova dimensão; necessita-se de outro modelo de organização do trabalho e de formação do trabalhador, pois para conseguir e/ou manter um emprego e para ser cidadão do século XXI é necessário dominar novos códigos. As pessoas precisam buscar o desenvolvimento de competências tanto técnicas, quanto comportamentais para ter sucesso na moderna organização do mundo do trabalho (PINTO, 2011). A Internet e o mundo digital provocam transformações rápidas e intensas na forma de se comunicar, relacionar, trabalhar. Ela passa a estar presente no nosso cotidiano, as mensagens fluem de muitos para muitos e de forma interativa. Conceitos como Polivalência aparecem como premissa para o trabalhador. Polivalência apresenta “caráter flexível, obedece a uma racionalização de tipo pragmático, utilitarista e instrumental, que exige do trabalhador, principalmente, capacidades de abertura, de adaptação às mudanças e de lidar com situações diferenciadas” (PINTO, 2011, p. 29). 1111 11 Este contexto com novas dinâmicas impactaram os empregos. O emprego formal reduziu e outras formas como a terceirização e a prestação de serviços ganharam espaços. Os indivíduos foram obrigados a repensar o conceito tradicional de emprego, com horário, carteira, direitos, entre outros. E não parou por aí! Os avanços continuam, a revolução digital avança numa velocidade incrível, os interesses, as relações mundiais, sem fronteiras, a rapidez da informação. Zygmunt Bauman (2000) em seu livro Modernidade Líquida, por meio de uma metáfora com a liquefação, expõe suas percepções e estudos sobre o indivíduo no mundo moderno, o indivíduo do século XXI. Conceitos como fluidez, maleabilidade, flexibilidade, são muito utilizados neste novo contexto, como a capacidade do indivíduo se moldar e adaptar às transformações que a sociedade vem passando de forma acelerada. Ressalta que a cultura do EU passa a prevalecer sobre o NÓS, e o relacionamento eu/outro ganha dimensão mercantilista. Muitas patologias intensificam-se na modernidade líquida como a depressão, solidão, desamparo, isolamento, entre outros. A sensação de liberdade é também exclusão ou inclusão perversa. Imagem 1 – Revolução Digital Fonte: gorodenkoff/Istock.com. 1212 1.2 Os desafios atuais do profissional As transformações continuam! Ouvimos tantos termos e conceitos defendidos por diferentes estudiosos, das mais diversas formações, na tentativa de compreender e explicar as transformações e os caminhos que devemos seguir. As empresas tradicionais são cada vez mais escassas. Atualmente, temos as holdings financeiras, que só lidam com “intangíveis”, com gestão, promoção, organização, deixando a produção para empresas subcontratadas; empresas que se concentram apenas no core business, na atividade nuclear, terceirizando o resto; empresas com poder econômico enorme que fazem fusões com marcas diferentes e criam dependência quase total de um único comprador; cooperativas de nova geração e produções conveniadas de vários tipos; prestação de serviços de diversos tipos por meio de franquias ligadas a um franqueador; a Startup, que num cenário de tantas incertezas, buscam “soluções” a serem desenvolvidas, por meio de inovação. Importante ressaltar as relações de trabalho a partir da atualização da Consolidaçãodas leis do Trabalho (CLT) em 2018. A CLT foi criada no século XX pelo Decreto-lei de 5.452, de 1º de maio de 1943, sancionada pelo presidente Getúlio Vargas, durante o período do Estado Novo. A consolidação foi um marco nas relações trabalhistas brasileira, pois, pela primeira vez, garantiam-se, em forma de lei, os direitos trabalhistas, regulamentando as relações individuais e coletivas do trabalho. Um dos fatores que proporcionou a criação da CLT foi a ebulição dos movimentos sindicais dos operários na cidade de São Paulo. Os conflitos entre empresários e trabalhadores no mundo são antigos e se intensificaram com a Revolução Industrial. No Brasil, somente após a Revolução Industrial de 1930 é que os movimentos pela luta dos direitos dos trabalhadores despontaram. 1313 13 Portanto, diante de tantas transformações na organização do trabalho em mais de 75 anos de CLT, atualizá-la se fez necessário. Porém, é sempre importante fazer uma reflexão crítica e ampla compreendendo se a reforma realizada na CLT beneficia empregadores e empregados ou apenas um dos lados. Vamos conhecer as principais mudanças na CLT. Tabela 1 – Principais mudanças da Reforma CLT 2018: Fim da contribuição sindical obrigatória Antes, a cobrança sindical era obrigatória, mesmo que o trabalhador não fosse filiado a nenhum sindicato. A partir de 2018, o desconto anual feito pelas empresas na folha de pagamento do mês de março será efetuado apenas aos que quiserem dar a contribuição. Prática do contrato intermitente Não estava previsto na CLT antiga e passa a ser praticado a partir de agora pelas empresas. O contrato de trabalho intermitente é destinado ao trabalhador que alterna períodos de inatividade e atividade. Nesse caso, ele recebe apenas quando trabalha e não fica à disposição do patrão. O modelo também é chamado de “contrato-zero”, pois o empregado é contratado para não trabalhar até que seja convocado. Teletrabalho/ home-office A modalidade passa a ser prevista na nova lei trabalhista. O tele trabalhador é o funcionário que executa seus serviços preponderantemente fora do estabelecimento do empregador, por meio da informática ou da telemática. Foi acrescido o inciso III ao artigo 62 da CLT para excluir esse trabalhador do capítulo “Da Duração do Trabalho”, o que significa que ele não terá direito às horas extras, noturnas, aos intervalos intrajornadas ou interjornadas. Mesmo que sejam monitorados, controlados, fiscalizados e trabalham em jornadas extenuantes, os funcionários em regime de home-office não receberão horas extras. Férias fracionadas Antes, os 30 dias de férias por ano podiam ser divididos em até duas vezes, sendo que o menor período era de, no mínimo, dez dias. O artigo 134, no parágrafo 1º da CLT, modificado pela Reforma Trabalhista, autoriza o fracionamento em até três períodos o gozo das férias, desde que o empregado concorde. 1414 Jornada de trabalho e banco de horas A jornada continua a mesma, conforme estabelece a Constituição Federal. Isso é, a jornada diária é de oito horas, limitadas em 44 horas semanais. A novidade trazida pela lei 13.467/17 diz respeito às formas de ajuste da compensação da jornada. A partir da sua vigência, será possível ajuste individual entre patrão e empregado para o banco de horas, desde que compensado no semestre. A MP 808/17 alterou o artigo 59-A da CLT, acrescido pela lei 13.467/17, para autorizar a compensação pelo sistema 12x36, mas só por norma coletiva. Também foi admitido o acordo tácito, desde que a compensação ocorra dentro do mês. Processo de demissão Em caso de demissão sem justa causa, o trabalhador tem direito às verbas rescisórias, como a multa de 40% sobre o FGTS, além do seguro-desemprego. A nova lei mantém esses direitos para essas situações e criou a rescisão de comum acordo. Pelo sistema, o trabalhador pode sacar 80% do FGTS, acrescido da multa, e receber metade do aviso prévio, se for indenizado. Porém, não tem direito ao seguro-desemprego. Rescisão contratual Pela antiga lei, a homologação da rescisão contratual de trabalhador com mais de 12 meses de emprego tinha que ser feita em sindicatos. Agora, a rescisão poderá ser na empresa, na presença dos advogados do patrão e do funcionário, que pode contar com assistência do sindicato. Local de trabalho para grávidas A MP 808 de 14.11.17 corrigiu algumas injustiças praticadas pela lei 13.467/17, como, por exemplo, o trabalho da grávida. Antes, ela poderia trabalhar em local insalubre, salvo se o médico recomendasse seu afastamento. Agora, a grávida será afastada de qualquer ambiente insalubre. Ela só poderá retornar para o local de insalubridade média ou mínima se o médico de sua escolha expressamente autorizar. Também foi revogado o inciso XIII do artigo 611-A e modificado o inciso XII do mesmo artigo. A partir da Medida Provisória, a norma coletiva só poderá alterar o grau de insalubridade ou autorizar a prorrogação do trabalho insalubre se isso não violar normas de medicina e segurança do trabalho. Fonte: Nova lei trabalhista – principais mudanças para o trabalhador. LFG. Publicado em: 12 de jan. de 2018. Disponível em: https://www.lfg.com.br/conteudos/artigos/geral/nova- lei-trabalhista-principais-mudancas-para-o-trabalhador. Acesso em: 30 de jan. 2019. https://www.lfg.com.br/conteudos/artigos/geral/nova-lei-trabalhista-principais-mudancas-para-o-traba https://www.lfg.com.br/conteudos/artigos/geral/nova-lei-trabalhista-principais-mudancas-para-o-traba 1515 15 PARA SABER MAIS Para maiores informações sobre a Reforma da CLT procure consultar a legislação na íntegra, buscando em sites oficiais, como do planalto federal, que é o portal oficial da Presidência da República. O quadro apresenta apenas algumas mudanças desta reforma, nas relações empregador e empregado. Porém, outras alterações aconteceram. As atualizações necessitam ser realizadas de acordo com as mudanças na dinâmica social, política e econômica. Mas, os empregados precisam estar atentos aos seus direitos e continuar reivindicando os mesmos, caso sejam feridos. O fato é que, desde a Era Industrial, vivenciam-se mudanças intensas, porém que ainda não atendem às expectativas da sociedade quando se refere à melhor distribuição de renda, melhores oportunidades, maior inclusão. Embora a riqueza aumente para alguns, cresce também a desigualdade, a deterioração do meio ambiente e a fragmentação social. É difícil saber quais os caminhos que ainda vamos trilhar no mundo do trabalho, porém é importante olhar para a história e compreender o que alguns estudiosos abordam sobre as revoluções industriais. A primeira Revolução Industrial iniciou no final do Século XVIII. A evolução da ciência proporcionou a descoberta de novas tecnologias que transformaram a vida do homem e o modo de produzir mercadorias. Os avanços nesta época giraram em torno da energia mecânica e motores a vapor. A segunda Revolução Industrial, que aconteceu durante o século XIX, é decorrente da primeira revolução, pois a busca por novas tecnologias para tornar mais eficiente a produção de mercadorias tornou-se uma 1616 constante. Os avanços deste período estão relacionados à eletrificação da fábrica e utilização dos métodos científicos de produção, culminando com a fábrica de produção em massa. A terceira Revolução Industrial inicia após a segunda metade do século XX, depois da Segunda Guerra Mundial, quando profundas evoluções no campo tecnológico são desencadeadas pela junção entre conhecimento científico e produção industrial. A informatização chega à fábrica para automatizar tarefas mecânicas e repetitivas. Já a quarta Revolução Industrial iniciou-se no Século XXI e tem provocado impactos profundos, devido aos avanços tecnológicos que têm transformado a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Trata-se de uma transição em direção a novos sistemas construídos sobre a infraestrutura da revolução digital. Exemplos das principaistecnologias que permitem a fusão dos mundos físico, digital e biológico: a Manufatura Aditiva, a IA, a IoT, a Biologia Sintética e os Sistemas Ciber Físicos (CPS). Tabela 2 – Principais tecnologias que permitem a fusão dos mundos físico, digital e biológico. Tecnologias Definição Manufatura Aditiva Chamada também de Impressão 3D, caracteriza-se pela adição de material para fabricar objetos, formados por várias peças, constituindo uma montagem. Inteligência Artificial Segmento da computação que busca simular a capacidade humana de raciocinar, tomar decisões, resolver problemas, dotando softwares e robôs de uma capacidade de automatizarem vários processos. Internet das Coisas Representa a possibilidade de que objetos físicos estejam conectados à internet, podendo assim executar de forma coordenada a uma determinada ação. Um exemplo seriam carros autônomos que se comunicam entre si e definem o melhor momento (velocidade e trajeto, por exemplo) de fazer um cruzamento em vias urbanas. 1717 17 Biologia Sintética Convergência de novos desenvolvimentos tecnológicos nas áreas de química, biologia, ciência da computação e engenharia, permitindo o projeto e construção de novas partes biológicas tais como enzimas, células, circuitos genéticos e redesenho de sistemas biológicos existentes. Sistemas Ciber-físicos Sintetizam a fusão entre o mundo físico e digital. Dentro desse conceito, todo o objeto físico (seja uma máquina ou linha de produção) e os processos físicos que ocorrem, em função desse objeto, são digitalizados. Ou seja, todos os objetos e processos na fábrica têm um irmão gêmeo digital. Fonte: Agenda brasileira para a indústria 4.0. ABDI. Disponível em: http://www.industria40.gov.br/. Acesso em: 18 de fev. 2019. A quarta revolução tem provocado rápidas transformações no mercado de trabalho e profissões. Com todos os avanços tecnológicos e digitais, algumas profissões já desapareceram, outras tendem a desaparecer e, muitas outras deverão surgir. As competências que devem ser desenvolvidas pelos profissionais, atualmente, precisam estar conectadas com a robótica, tecnologias digitais, entre outros. Um exemplo, de acordo com a Classificação Internacional Padronizada da Educação (ISCED), de profissão do futuro: Agricultura e Veterinária g Agricultor digital Será o novo perfil de agricultor, pois junta tecnologias inovadoras que utilizam sistemas de geolocalização, internet, computador, smartphone e outros recursos digitais que tornam tudo mais fácil no campo. Conhecimentos necessários: Tecnologia, métodos de agricultura de precisão, controle de drones que monitorem plantações, sistemas de análise de clima e tempo, estatística e Big Data1. 1 Agenda brasileira para a indústria 4.0. ABDI. Disponível em: http://www.industria40.gov.br/. Acesso em: 18 de fev. 2019. http://www.industria40.gov.br/ http://www.industria40.gov.br/ 1818 PARA SABER MAIS Para compreender melhor a quarta Revolução Industrial ou Indústria 4.0, assista o vídeo “Indústria 4.0: Preparados para revolução?” produzido pela empresa Deloitte. O vídeo apresenta os desafios e oportunidades para as empresas em todo o mundo e a necessidade das organizações se adequarem às novas demandas da Quarta Revolução Industrial. Portanto, os profissionais que possuem o desafio de formar, desenvolver, treinar, capacitar pessoas dentro das organizações precisam conhecer todo o contexto das relações de trabalho, os avanços, as perspectivas de futuro, proporcionando condições aos indivíduos de lidarem e se desenvolverem neste contexto de incertezas e insegurança. O caminho é, com certeza, a aprendizagem. A aprendizagem dos indivíduos e a aprendizagem das organizações. Todos precisam estar preparados para aprender e desaprender, para reinventar-se, para repensar conceitos há tanto tempo estabelecidos, a compreender que não há verdade absoluta e que a aprendizagem contínua e coletiva é fundamental. A verdadeira aprendizagem chega ao coração do que significa ser humano. Através da aprendizagem nos recriamos. Através da aprendizagem tornamo-nos capazes de fazer algo que nunca fomos capazes de fazer. Através da aprendizagem percebemos novamente o mundo e nossa relação com ele. Através da aprendizagem ampliamos nossa capacidade de criar, de fazer parte do processo gerativo da vida. Existe dentro de nós uma intensa sede para este tipo de aprendizagem. (SENGE, 2006, p. 47). Você estudou as principais transformações no mundo do trabalho até os dias atuais. Os conhecimentos sobre o mundo do trabalho e os principais desafios para o trabalhador e organizações proporcionarão a você compreender melhor a importância dos profissionais que estudam os processos de aprendizagem e desenvolvimento dentro das organizações. 1919 19 TEORIA EM PRÁTICA Um Pedagogo recém-formado deseja atuar nas organizações com o processo de aprendizagem de adultos. Se interessou pela área ainda na graduação, quando cursou uma disciplina optativa chamada Psicologia Organizacional e identificou a necessidade de profissionais que atuem com o processo de desenvolvimento das pessoas, dentro das organizações. Começou então a buscar vagas e, após verificar algumas descrições de cargo, percebeu que precisava de maiores conhecimentos. Ou seja, precisava conhecer o contexto das organizações e como promover o desenvolvimento de profissionais. Reflita sobre os conteúdos que envolvem as transformações do mundo do trabalho e os desafios dos profissionais e organizações e, porque um Pedagogo que deseja atuar no desenvolvimento de pessoas dentro das organizações deve estudá-los e conhecê-los? Esses conhecimentos irão agregar na sua atuação como Pedagogo em empresas? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. A Revolução Industrial aconteceu em qual período da história? a. Antiguidade, até o século XV. b. Século XVII. c. Entre os Séculos XVIII e XIX. d. Século XX. e. Século XXI. 2020 2. O controle do trabalho humano foi instaurando-se por meio dos processos de produção. O primeiro estudioso que se destacou nos estudos sobre os processos de produção foi: a. Henry Ford. b. Frederick Taylor. c. Adam Smith. d. Stuart Mil. e. Karl Marx. 3. Zygmunt Bauman (2000), em seu livro Modernidade Líquida, utiliza uma metáfora para expor suas percepções e estudos sobre o indivíduo no mundo moderno, o indivíduo do século XXI. Qual metáfora o autor utiliza? a. Solidificação. b. Gaseificação. c. Liquefação. d. Sublimação. e. Ebulição. Referências bibliográficas DOWBOR, Ladislau. O que acontece com o trabalho? 3ª edição revisada e atualizada. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2017. Disponível em http://cdn-html5. s3.amazonaws.com/new-client/senac/index.html?#biblioteca/users/115359. Acesso em: 28 jan. 2019. MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA, COMÉRCIO E SERVIÇOS. Agenda brasileira para a Indústria 4.0. Disponível em: http://www.industria40.gov.br/. Acesso em: 19 fev. 2019. http://cdn-html5.s3.amazonaws.com/new-client/senac/index.html?#biblioteca/users/115359 http://cdn-html5.s3.amazonaws.com/new-client/senac/index.html?#biblioteca/users/115359 http://www.industria40.gov.br/ 2121 21 OLIVEIRA, Ariovaldo Umbelino de. A mundialização do capital e a crise do neoliberalismo: o lugar mundial da agricultura brasileira. Geousp – Espaço e Tempo (Online), v. 19, n. 2, p. 229-245, ago. 2015. ISSN 2179-0892. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/geousp/ article/view/102776. Acesso em: 28 jan. 2019. PINTO, Geraldo Augusto. A organização do trabalho no século 20: taylorismo, fordismo e Toyotismo. 1ª ed. São Paulo: Expressão Popular, 2007. PINTO, Rosângela de Oliveira. Educação profissional: a avaliação da aprendizagem e a lógica das competências. Dissertação de Mestrado. Campinas: PUC-Campinas, 2011. 133p. SENGE, Peter M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. Trad. OP Traduções; consultoria Zumble Aprendizagem Organizacional. 22ª ed. Rio de Janeiro: Best-Seller, 2006. ZANELLI, JoséCarlos; BORGES-ANDRADE Jairo Eduardo; BASTOS, Antonio Virgílio Bittencourt (Org.). Psicologia, Organização e Trabalho no Brasil. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. ZYGMUNT, Bauman. Modernidade Líquida. Trad. Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. Gabarito Questão 1 – Resposta: C Entre os séculos XVIII e XIX acontece a Revolução Industrial, que foi um conjunto de mudanças na Europa, em que a principal foi a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas. Questão 2 – Resposta: B O primeiro que se destacou foi Frederick Taylor com seus estudos defendendo a divisão técnica do trabalho humano dentro da produção industrial, com especialização extrema de todas as funções e atividades e como elemento prático central o “estudo do tempo”. Estas defesas tiveram como foco a redução da quantidade de operações desnecessárias, do tempo de execução, dos gastos de energia física e mental dos trabalhadores, da ociosidade dos equipamentos, dos intervalos entre uma operação e outra, entre outros objetivos. http://www.revistas.usp.br/geousp/ article/view/102776 2222 Questão 3 – Resposta: C Zygmunt Bauman (2000), em seu livro Modernidade Líquida, por meio de uma metáfora com a liquefação, expõe suas percepções e estudos sobre o indivíduo no mundo moderno, o indivíduo do século XXI. Conceitos como fluidez, maleabilidade, flexibilidade, são muito utilizados neste novo contexto como a capacidade do indivíduo se moldar e adaptar às transformações que a sociedade vem passando de forma acelerada. 2323 23 A ciência Pedagogia e a Pedagogia Empresarial Autora: Rosângela de Oliveira Pinto Objetivos A temática que será estudada tem como principais objetivos: • Apresentar a ciência Pedagogia, proporcionando a compreensão da importância dos conhecimentos desta ciência dentro das organizações. • Discutir a atuação do Pedagogo em espaços não escolares. • Apresentar quem é o Pedagogo Empresarial e quais suas contribuições e desafios dentro das organizações. 2424 1. A ciência Pedagogia O termo pedagogo surgiu na Grécia Clássica, da palavra παιδαγωγός, cujo significado etimológico é preceptor, mestre, guia, aquele que conduz. Como ciência, a Pedagogia organizou-se somente a partir dos pressupostos da ciência positivista. O positivismo, como sabemos, foi uma ampla corrente de pensamento que durante o século XIX teve uma repercussão na Europa, e assentava- se na ideia de que a ciência é o nosso único meio de construção do conhecimento verdadeiro, ou seja, pregava uma espécie de primazia da ciência em detrimento de outras formas do conhecimento humano. Baseado no enorme avanço que as ciências naturais vinham conquistando, o positivismo vai encontrar nessas ciências o único método de conhecer digno de confiança, qual seja: a construção de leis que possam explicar os fatos. A pretensão do positivismo foi estender tal método para os estudos humanos e sociais. O que significa dizer que os fenômenos humanos e sociais seriam, assim como os fenômenos naturais, submetidos a um único método científico. O positivismo, portanto, vai postular uma unidade metodológica das ciências. (BRANDÃO, 2011, p. 80). De acordo com Libâneo (2011, p. 6), a Pedagogia como ciência da educação pode ser definida como “um campo de conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e historicidade e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação educativa.” Porém, o reconhecimento da cientificidade das Ciências Humanas é questionado desde muito tempo. Olhando para a história da ciência, até o século XV prevaleceu a Metafísica Medieval, e somente com Descartes e os racionalistas em geral houve o rompimento com esta concepção criacionista e religiosa do mundo. Os empiristas no Século XVIII e a Filosofia Positivista de Comte no Século XIX também influenciaram fortemente a ciência moderna. Neste período, as ciências naturais, sustentadas pelo “método experimental” tornaram-se o modelo de cientificidade, fundamentadas na observação e na experimentação, tendo a objetividade e a neutralidade como pressupostos básicos. 2525 25 Assim como as demais ciências, as humanas utilizavam o mesmo método experimental, porém, em decorrência das especificidades das ciências humanas, aplicar esse método foi sempre um grande desafio. Iniciou-se então, no Século XX, uma grande discussão epistemológica sobre a cientificidade ou não das ciências humanas. Nas ciências naturais o objeto de estudo é a própria natureza, uma realidade dada, exterior ao homem e o sujeito do conhecimento se põe fora dela para estudá-la. Já nas ciências humanas, o objeto de estudo é o próprio homem, vivendo em sociedade, ou seja, o homem nas suas relações com os outros homens e com a própria natureza. (CAMARGO; ELESBÃO, 2004, p. 7). As Ciências Humanas possuem uma linguagem própria, gera um corpo de conhecimentos, uma série de experimentações e de técnicas necessárias para os estudos dos seus fenômenos e objetos. E, portanto, necessitam de métodos mais adequados e específicos aos seus estudos, que se desenvolveram mais para o final do século XX. A Pedagogia, como ciência, estuda o fenômeno educativo em todas as suas dimensões, compreendendo os elementos da ação educativa e sua contextualização. De acordo com Pimenta (1996), nos estudos da Pedagogia, o sujeito e o objeto se inter-relacionam e se constituem um ao outro e, sendo sua natureza de prática social, possibilita a relação com outras ciências. ASSIMILE A Pedagogia “é a ciência que tem na prática da educação razão de ser – ela parte dos fenômenos educativos para a eles retornar.” A práxis educativa tem o sentido de transformação das condições da realidade que impedem a humanização dos homens (PIMENTA, 1996, p. 53). 2626 O conceito de práxis foi elaborado por Karl Marx e “compreende uma ação transformadora realizada pelo ser humano, pela qual transforma o mundo e se transforma e, é a capacidade de transformação (do mundo e de si mesmo) que faz a sua história” (COUTINHO, 2012, p. 128). Perante as ambiguidades do termo Pedagogia, (...) certos pensadores de ontem e de hoje mostraram a sua preferência por uma noção que é simultaneamente mais extensa e menos ambiciosa: a de Ciências da Educação. (...) Empreendimento de equipes de especialistas que se encontram na encruzilhada das diversas ciências humanas, as Ciências da Educação realizam incontestavelmente uma promoção da pedagogia, assegurando-lhe condições de objetividade e de rigor científico. (AMADO, 2007, p. 6). A Pedagogia, em primeiro lugar, se ocupa do ato educativo na atividade humana e da vida social do indivíduo. Considerando a educação como uma prática humana e social, que transforma os seres humanos, são estas transformações o objeto de estudo da Pedagogia, visando o entendimento global e intencionalmente dirigido, dos problemas educativos e, para isso, recorre aos aportes teóricos providos pelas demais ciências da educação. “A pedagogia, como teoria da educação, busca equacionar, de alguma maneira, o problema da relação educador-educando, de modo geral, ou, no caso específico da escola, a relação professor-aluno, orientando o processo de ensino e aprendizagem” (SAVIANI, 2001, p. 102). Mas o Pedagogo pode e deve atuar apenas no âmbito escolar e na educação formal? 2. O pedagogo em espaços não escolares A ação educativa e o processo de ensino-aprendizagem se dão em diferentes espaços, escolares ou não. Por muitos anos, a prática pedagógica ficou restrita ao âmbito escolar, porém, a partir das 2727 27 mudanças tecnológicas, relações sociais numa nova organização capitalista, relações e organização do trabalho, entre outras, surgiu a necessidade de novos aprendizados e saberes aos indivíduos e profissionais não somente nas Instituições Educacionais. A educação é um fenômeno plurifacetado e extensivo em diversas esferas da sociedade e, portanto, possível de promover a educabilidade humana em facede demandas que marcam os contextos de inserção do sujeito nas dinâmicas sociais (SEVERO, 2015). Nesse contexto, o Pedagogo é um profissional importante em diferentes espaços onde há uma ação educativa intencional para a formação e desenvolvimento dos sujeitos, não só no âmbito escolar, mas também no social, hospitalar, empresarial, entre outros. Na escola, na sociedade, na empresa, em espaços formais ou não formais, escolares ou não escolares, estamos constantemente aprendendo e ensinando. Assim, como não há forma única nem modelo exclusivo de educação, a escola não é o único em que ela acontece e, talvez, nem seja o mais importante. As transformações contemporâneas contribuíram para consolidar o entendimento da educação como fenômeno multifacetado, que ocorre em muitos lugares, institucionais ou não, sob várias modalidades. (FRISON, 2004, p. 88). É importante ressaltar que a formação do Pedagogo no decorrer da história do curso até os dias atuais não contribui com a preparação deste profissional para atuação em outros campos que não o escolar. Desta forma, se faz necessário que os profissionais Pedagogos interessados na atuação em outros espaços que não sejam os escolares, busquem capacitação e formação complementar. Mesmo assim, a formação do Pedagogo possui uma base ampla, passando por diversas ciências como a Sociologia, Filosofia, Psicologia, Antropologia, entre outras, que proporciona um conhecimento amplo sobre os sujeitos e o seu contexto. 2828 O pedagogo gerencia muito mais do que aprendizagens, gerencia um espaço comum, o planejamento, a construção e a dinamização de projetos, de cursos, de materiais didáticos, as relações entre o grupo de alunos ou colaboradores. Isso significa que não basta possuir inúmeros conhecimentos teóricos sobre determinado assunto, é preciso saber mobilizá-los adequadamente. (FRISON, 2004, p. 89). Assim, pode-se afirmar que o Pedagogo possui competências básicas fundamentais para a atuação em espaços não escolares. Tardif (2003) afirma que o saber do pedagogo é um saber diversificado, pois sua prática implica vários saberes inter-relacionados, direta ou indiretamente. 3. A pedagogia empresarial E o Pedagogo no ambiente empresarial? Em todo lugar que houver prática educativa com intencionalidade, haverá a necessidade do Pedagogo. As empresas/organizações há algumas décadas vêm passando por transformações nas suas estruturas, organização do trabalho e gestão, necessitando de pessoas com saberes diversificados que precisam ser atualizads constantemente; a capacidade de aprendizagem contínua torna-se um diferencial. Portanto, profissionais como o pedagogo, adquiriram importância num cenário em que se valoriza cada vez mais o conhecimento, levando as empresas a investir na formação e desenvolvimento dos seus profissionais. A pedagogia empresarial torna-se um ramo da pedagogia responsável pelo desenvolvimento dos profissionais como um diferencial da empresa, ligada às atividades que estimulam o desenvolvimento profissional e pessoal. O pedagogo começou a atuar nas empresas no final da década de 1960, pois as escolas, na época, não davam conta de preparar mão de obra para as fábricas, contribuindo para a aceleração e desenvolvimento econômico do país. 2929 29 No final do Século XX e início do Século XXI, diante de todas as mudanças que estavam ocorrendo no Brasil e no mundo, “as empresas percebem que o seu sucesso não está restrito somente à força física do trabalhador, mas sim à sua capacidade inventiva e dedutiva, ou seja, buscam-se profissionais com a facilidade de aprender e aplicar o que foi aprendido” (CARVALHO; SILVA, 2016, p. 16). O pedagogo, neste contexto, ganha mais espaço no ambiente empresarial. O conceito de competência que começou a ser utilizado na Europa nos anos de 1980, após a crise do sistema fordista e taylorista e mundialização da economia, invade as organizações no Brasil e a educação na década de 1990. A competência como “a capacidade de mobilizar, articular os conhecimentos e habilidades necessárias para o desempenho eficiente das atividades requeridas pela natureza do trabalho” (CARVALHO; SILVA, 2016, p. 36). [...] na fábrica fordista o trabalhador não cessava de recomeçar um mesmo trabalho (com algumas variações), já nas empresas contemporâneas a condição típica é a instabilidade, a mudança contínua, ou seja, tudo é passível de revisão, de remodulação contínua, seja o conteúdo do trabalho, sejam as metas ou as aquisições cognitivas do indivíduo. (Zarifian, 2002 apud Lima, Zambroni-de-Souza & Araújo, 2015, p. 1225). A perspectiva do desenvolvimento das competências exige dos formadores/educadores metodologias centradas no sujeito que aprende, a partir de ações desencadeadas por desafios, problemas e projetos, com o objetivo de formar indivíduos com autonomia, iniciativa e com a capacidade de solucionar problemas. Na área administrativa, é muito comum ouvirmos a sigla CHA para denominar o desenvolvimento de competências. Por meio deste ideograma CHA, refere-se ao conhecimento, habilidade e atitude. O conhecimento corresponde ao domínio de um determinado know-how, 3030 é o saber. A habilidade diz respeito à capacidade em realizar uso real do conhecimento e produzindo algo efetivamente, é o saber fazer. E a atitude, que deve ser assertiva e proativa, ser capaz de fazer o que precisa ser feito de forma assertiva. É o querer fazer. Os termos como sociedade do conhecimento, qualidade total, pedagogia das competências e empregabilidade são comuns no mercado de trabalho e na preparação dos indivíduos para o trabalho. Do ponto de vista do trabalhador assalariado, “a garantia do emprego como direito social desmanchou-se diante da nova promessa de empregabilidade como capacidade individual para disputar as limitadas possibilidades de inserção que o mercado oferece” (GENTILI apud FRIGOTTO, 1998, p. 89). Portanto, a manutenção do emprego diante de um contexto com escassez de oportunidades, leva os indivíduos a buscarem um desenvolvimento eficiente e eficaz do ofício, com postura flexível e dinâmica e, uma incessante atualização e aprimoramento intelectual e emocional. A competitividade, não somente interempresarial, mas interpessoal e fortemente individualizante (PINTO, 2011, p. 28). Do ponto de vista das empresas/organizações, estão em busca de profissionais cada vez melhor preparados, polivalentes, flexíveis e dispostos ao aperfeiçoamento constante para o desenvolvimento de novas competências que atendam ao mercado de trabalho. Capacidades como adaptação às mudanças e saber lidar com situações diferenciadas passaram a ser valorizadas, uma vez que as empresas se encontram neste contexto. Do ponto de vista dos trabalhadores assalariados, as habilidades exigidas para o século XXI não os tornam, necessariamente, “mais hábeis” para nós mesmos, mas mais “bem encaixados” no ritmo da produtividade neoliberal” (DEMO, 2008, p. 5). 3131 31 A organização do trabalho nas empresas deixou de necessitar de uma divisão técnica totalmente marcada, mas sim do trabalho em equipe e funções mais polivalentes. O trabalho passou a ficar mais intelectualizado, autônomo, coletivo e complexo, relacionado às informações, signos e linguagens simbólicas. O desenvolvimento de habilidades cognitivas e comportamentais, entre as quais estão: analises, síntese, criatividade, rapidez de respostas, comunicação clara e interpretação das diferentes formas de linguagem, o gerenciamento de processos, a avaliação de procedimentos, enfim, tudo o que envolve o aprimoramento contínuo, são exigidas nas organizações do Século XXI. As empresas/organizações necessitam manter a competitividade numa economia mundial, com base na evolução tecnológica e, portanto, exige que novas competências sejam desenvolvidas nos funcionários. Profissionais como o Pedagogo podem contribuir de forma significativa nas empresas/organizações, atuando no diagnóstico das necessidades,na aprendizagem, no desenvolvimento e na avaliação dos profissionais. A ramificação da Pedagogia que, na grande maioria, acontece por meio de pós-graduação lato sensu, é a Pedagogia Empresarial. A possibilidade da existência do pedagogo nas empresas traz uma nova área de atuação formada por uma equipe multidisciplinar, composta, na maioria das vezes, por psicólogos, administradores e, pedagogos. Segundo Ribeiro (2003), o pedagogo empresarial necessita de uma formação que inclua a didática aplicada ao treinamento, jogos e simulações empresariais, administração do conhecimento, ética nas organizações, comportamento humano nas organizações, educação e dinâmica de grupos, relações interpessoais nas organizações, desenvolvimento organizacional e avaliação do desempenho. Observe que está é uma formação humanística e técnica voltada para a atuação junto aos recursos humanos da empresa. (CARVALHO; SILVA, 2016, p. 38). 3232 O Pedagogo empresarial atua na aprendizagem dos colaboradores por meio de treinamentos e capacitações, mas também nos processos de conscientização, com as lideranças argumentando e defendendo as necessidades de capacitação e formação dos funcionários de acordo com cada momento e contexto, na inovação e formação dentro das universidades corporativas, nos programas de especialização de mão de obra, nos projetos educacionais para públicos externo e interno, orientação para o desenvolvimento gerencial e educação continuada, entre outros. O Pedagogo empresarial pode e deve contribuir na melhoria do clima organizacional, atento às relações interpessoais e intersetoriais e atuando na administração de conflitos. Figura 1 – Aprendizagem dentro das organizações Fonte: https://media.istockphoto.com/photos/eager-to-absorb-the-information- picture-id892252504. Acesso em: 16 fev. 2019. A atuação do pedagogo se dá em todas as áreas de Recursos Humanos, porém é no Treinamento, Desenvolvimento e Educação (T, D & E) e Desenvolvimento Organizacional (DO) sua maior atuação. Sua atuação deve estar intrinsecamente ligada às estratégias definidas pela direção da empresa. https://media.istockphoto.com/photos/eager-to-absorb-the-information- picture-id892252504 https://media.istockphoto.com/photos/eager-to-absorb-the-information- picture-id892252504 3333 33 O principal desafio da área de Recursos Humanos é defender uma cultura organizacional voltada à gestão do conhecimento, promovendo o desenvolvimento de uma cultura da aprendizagem e o compartilhamento do conhecimento dentro da organização, além das políticas de recursos humanos. PARA SABER MAIS Leia o artigo “Pedagoga Empresarial: contribuições do pedagogo na gestão de pessoas” (verifique indicação na referência bibliográfica) que apresenta uma pesquisa bibliográfica sobre a atuação do pedagogo nas empresas, por meio da análise de publicações relacionadas ao tema do ano de 2006 a 2012. Os resultados identificaram que os conhecimentos pedagógicos são de suma importância para a organização. A cultura organizacional é o que é compartilhado com relação às crenças, suposições e expectativas dos indivíduos da organização e a percepção e sentimento sobre as normas, valores e ambiente da empresa. Segundo Freeman e Gilbert (1995), a cultura como um todo é menos explícita que os procedimentos e as regras, podendo ser comparada a um iceberg em que, na superfície, estão os aspectos visíveis, formais, e abaixo dela os aspectos ocultos e não formais (FERREIRA, 2017). Pode-se afirmar que, para este século XXI, são o conhecimento e a aprendizagem os grandes diferenciais para o profissional e para a empresa. Por isso, o desenvolvimento dos diversos saberes (teórico, prático, emocional, social, digital, entre outros) é de fundamental importância, bem como as estratégias para disseminar a aprendizagem. O papel do pedagogo nunca foi tão valorizado e desafiador, pois cabe a ele propor ações efetivas para o desenvolvimento e gestão do conhecimento dentro do meio organizacional. 3434 Portanto, o Pedagogo que deseja atuar nas empresas/organizações com a aprendizagem e desenvolvimento das pessoas deve estar consciente dos conhecimentos e saberes que deverá adquirir, complementando a sua formação. Conhecimentos e saberes que envolvem a educação de adultos e profissionais, organização empresarial, desenvolvimento de competências, entre outros. Nesta temática, você estudou a Pedagogia como ciência, o foco dos seus estudos e como as mudanças sociais, econômicas e políticas levaram à percepção dos processos de ensino e aprendizagem em vários espaços além do escolar, formal. Espaços estes cada vez mais diversos como organizações não-governamentais, hospitais, museus e, entre outros, as empresas. Os ambientes empresarias com trabalho basicamente operacional, fragmentando, perdeu espaço há muitas décadas. A evolução tecnológica e, atualmente, digital, têm exigido cada vez mais dos indivíduos e empresas competências mais abstratas e complexas onde diversos saberes se fazem necessários, principalmente o conhecimento. Espero que você tenha compreendido este contexto e identificado as possibilidades de atuação do Pedagogo e também os desafios deste profissional dentro das organizações. TEORIA EM PRÁTICA Uma empresa no seguimento alimentício está com um projeto para implantação da Universidade Corporativa. A empresa possui 3.000 funcionários, que atuam nos setores administrativos, produção e pesquisa e funciona em três turnos. O projeto para a Universidade Corporativa prevê modalidades de educação presencial e a distância e oferta de treinamento, capacitação cursos livres e formação técnica (por meio de parcerias). 3535 35 O conceito de universidade corporativa surgiu nos Estados Unidos, no início da segunda metade do século XX, e vem sendo discutido desde que a General Eletric (GE) lançou a Crotonville Management Development Institute, em 1955. Para coordenar o projeto de implantação da Universidade Corporativa, a empresa contratou duas pedagogas com especialização em pedagogia empresarial. Quais os primeiros passos das duas pedagogas para dar andamento ao projeto de implantação da Universidade Corporativa na empresa? Quais os principais desafios que poderão enfrentar? Quais as possibilidades de inovação? Como promover por meio da UC a aprendizagem individual e coletiva na empresa? VERIFICAÇÃO DE LEITURA 1. Como ciência, a Pedagogia organizou-se somente a partir dos pressupostos da ciência positivista. O que foi o positivismo? a. Corrente filosófica que atribui particular confiança à razão humana e baseia-se no princípio de que a razão é a principal fonte de conhecimentos e que essa é inata aos humanos. b. Ampla corrente de pensamento que, durante o século XIX, teve uma repercussão na Europa e assentava- se na ideia de que a ciência é o nosso único meio de construção do conhecimento verdadeiro. 3636 c. Posição filosófica que aceita a experiência como base para a análise da natureza, procurando rejeitar as doutrinas dogmáticas. Defendem que o conhecimento é primariamente obtido pela experiência sensorial. d. Influente processo cultural, social, filosófico e político que tem suas origens ainda no século XVII, com a Revolução Científica. e. Corrente filosófica com base nas crenças religiosas e o conhecimento clássico, influenciados pelas obras de Aristóteles e Platão. 2. O Pedagogo pode atuar em outros espaços que não sejam escolares, nos âmbitos sociais e empresarias. Para que sua atuação seja necessária nestes espaços é preciso que haja primeiramente: a. Ação educativa intencional. b. Necessidade de Mediação. c. Necessidade de um docente. d. Necessidade de planejamento e avaliação. e. Ação educativa não intencional. 3. A ramificação da Pedagogia que atua nas organizações é a Pedagogia Empresarial. O que é correto afirmar sobre a atuação do Pedagogo Empresarial? I. Atuar no treinamento, jogos e simulações empresariais. II. Mediar e promovermelhorias nas relações interpessoais nas organizações. 3737 37 III. No processo seletivo dos profissionais. IV. Nos projetos e programas educacionais nas organizações. Assinale a alternativa com a sequência correta: a. I, II, III, IV. b. I, II, IV. c. I, II, III. d. I, III, IV. e. II, III, IV. Referências bibliográficas AMADO, Casimiro Manuel Martins. HISTÓRIA DA PEDAGOGIA E DA EDUCAÇÃO. Évora: Universidade de Évora, 2007. Disponível em: http://home.dpe.uevora. pt/~casimiro/HPE-%20Guiao%20-%20tudo.pdf. Acesso em: 07 fev. 2019. ANTONELLO, Claudia Simone [et al.]. Aprendizagem organizacional no Brasil. Porto Alegre: Bookman, 2011. BRANDÃO, Ana Rute Pinto. A postura do positivismo com relação às ciências humanas. Theoria - Revista Eletrônica de Filosofia, v. 03, n. 06, 2011. Disponível em: http://www.theoria.com.br/edicao0611/a_postura_do_positivismo.pdf. Acesso em: 10 fev. 2019. CAMARGO, José Carlos Godoy; ELESBÃO, Ivo. O problema do método nas ciências humanas: o caso da Geografia. Mercator - Revista de Geografia da UFC, Rio Claro: UNESP, ano 03, n. 06, 2004. Disponível em file:///C:/Users/Eduardo-Dell/ Downloads/120-1-400-1-10-20081119.pdf. Acesso em: 11 fev. 2019. CARVALHO, Juliana Marques de; SILVA, Carolina Modena da. Pedagogia empresarial. São Paulo: Cengage Learning, 2016. COUTINHO, Suzana Costa. A práxis educativa popular. Theoria - Revista Eletrônica de Filosofia. Pouso Alegre: Faculdade Católica de Pouso Alegre, v. 04, n. 10, ano 2012. Disponível em: http://www.theoria.com.br/edicao10/a_praxis_educativa_ popular.pdf. Acesso em: 11 fev. 2019. http://home.dpe.uevora.pt/~casimiro/HPE-%20Guiao%20-%20tudo.pdf http://home.dpe.uevora.pt/~casimiro/HPE-%20Guiao%20-%20tudo.pdf http://www.theoria.com.br/edicao0611/a_postura_do_positivismo.pdf file:/C:/Users/Eduardo-Dell/Downloads/120-1-400-1-10-20081119.pdf file:/C:/Users/Eduardo-Dell/Downloads/120-1-400-1-10-20081119.pdf http://www.theoria.com.br/edicao10/a_praxis_educativa_popular.pdf http://www.theoria.com.br/edicao10/a_praxis_educativa_popular.pdf 3838 DEMO, P. Habilidades do século XXI. Boletim Técnico do Senac, Rio de Janeiro, v. 34, n. 2, mai/ago., 2008. FERREIRA, Patricia Itala. Clima organizacional e qualidade de vida no trabalho. Rio de Janeiro: LTC, 2017. FRIGOTTO, G. (org.). Educação e crise do trabalho: perspectivas de final de século. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998. FRISON, Lourdes Maria Bragagnolo. O pedagogo em espaços não escolares: novos desafios. Ciência. Porto Alegre: n. 36, p. 87-103, jul./dez. 2004. LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e pedagogos: inquietações e buscas. Educar. n. 17, p. 153-176. Editora da UFPR. Curitiba, 2001. LIMA, Claudia Maria Pereira de; ZAMBRONI-DE-SOUZA, Paulo César; ARAUJO, Anísio José da Silva. A Gestão do Trabalho e os Desafios da Competência: uma Contribuição de Philippe Zarifian. Psicol. cienc. prof., Brasília, v. 35, n. 4, p. 1223-1238, Dec. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932015000401223&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 10 mar. 2019. NASCIMENTO, Aretha Soares; FERNANDES, Fabíola Tunala; FERREIRA, Marta Justo (et al). A atuação do pedagogo em espaços não escolares: desafios e possibilidades. Pedagogia em Ação, v. 2, n. 1, p. 1-103, fev./jun. 2010. Disponível em file:///C:/ Users/Eduardo-Dell/Downloads/4481-17563-1-SM%20(1).pdf. Acesso em 10 de fev. de 2019. PIMENTA, Selma Garrido [et.al.]. Pedagogia, ciência da educação? São Paulo: Cortez, 1996. PINTO, Rosângela de Oliveira. Educação profissional: a avaliação da aprendizagem e a lógica das competências. Orientadora: Maria Silva Pinto de Moura Librandi da Rocha. Dissertação (mestrado). Campinas: PUC-Campinas, 2011. 133p. ROVARIS, Nelci Aparecida Zanette; WALKER, Maristela, Rosso. Formação de professores: pedagogia como ciência da educação. IX Anped Sul, 2012. Disponível em: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/ viewFile/525/640. Acesso em: 08 fev. 2019. SABARAINI, Ramony D. et al. Pedagoga Empresarial: contribuições do pedagogo na gestão de pessoas. In: I CINGEN - Conferência Internacional em Gestão de Negócios 2015. Cascavel, PR, Brasil, 16 a 18 de novembro de 2015. Disponível em: http:// cacphp.unioeste.br/eventos/cingen/artigos_site/convertido/9_Areas_Afins_das_ Ciencias_Sociais_Aplicadas/PEDAGOGA_EMPRESARIAL_contribuicoes_do_pedagogo_ na_gestao_de_pessoas.pdf. Acesso em: 17 fev. 2019. SAVIANI, Dermeval. Pedagogia: o espaço da Educação na Universidade. Cadernos de Pesquisa, v. 37. N. 130, p. 99-134, jan./abr. 2007. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932015000401223&lng=en&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932015000401223&lng=en&nrm=iso file:/C:/Users/Eduardo-Dell/Downloads/4481-17563-1-SM%20%281%29.pdf file:/C:/Users/Eduardo-Dell/Downloads/4481-17563-1-SM%20%281%29.pdf http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/525/640 http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/525/640 http://cacphp.unioeste.br/eventos/cingen/artigos_site/convertido/9_Areas_Afins_das_Ciencias_Sociais_ http://cacphp.unioeste.br/eventos/cingen/artigos_site/convertido/9_Areas_Afins_das_Ciencias_Sociais_ http://cacphp.unioeste.br/eventos/cingen/artigos_site/convertido/9_Areas_Afins_das_Ciencias_Sociais_ http://cacphp.unioeste.br/eventos/cingen/artigos_site/convertido/9_Areas_Afins_das_Ciencias_Sociais_ 3939 39 SEVERO, José Leonardo Rolim de Lima. Educação não escolar como campo de práticas pedagógicas. Rev. Bras. Estud. Pedagog., Brasília, v. 96, n. 244, p. 561-576, dez. 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176- 66812015000300561&lng=pt&nrm=iso. Acesso em: 10 mar. 2019. TARDIF, M. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis: Vozes, 2003. Gabarito Questão 1 – Resposta: B O positivismo foi uma ampla corrente de pensamento que durante o século XIX teve uma repercussão na Europa, e assentava-se na ideia de que a ciência é o nosso único meio de construção do conhecimento verdadeiro, ou seja, pregava uma espécie de primazia da ciência em detrimento de outras formas do conhecimento humano. Questão 2 – Resposta: A O Pedagogo é um profissional importante em diferentes espaços onde há uma ação educativa intencional para a formação e desenvolvimento dos sujeitos, não só no âmbito escolar, mas também no social, hospitalar, empresarial, entre outros. Questão 3 – Resposta: B O pedagogo empresarial possui formação para o atuar no treinamento, jogos e simulações empresariais, administração do conhecimento, ética nas organizações, comportamento humano nas organizações, educação e dinâmica de grupos, relações interpessoais nas organizações, desenvolvimento organizacional e avaliação do desempenho. http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-66812015000300561&lng=pt&nrm=iso http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2176-66812015000300561&lng=pt&nrm=iso 404040 A aprendizagem nas organizações e o desenvolvimento do potencial humano Autora: Rosângela de Oliveira Pinto Objetivos A temática desenvolvida tem como objetivos: • Apresentar e promover o conhecimento e compreensão sobre a aprendizagem nas organizações. • Apresentar e proporcionar conhecimento e compreensão sobre o desenvolvimento do potencial humano. • Proporcionar reflexões importantes sobre a prática da aprendizagem e desenvolvimento do potencial humano nas organizações. 4141 41 1. A aprendizagem nas organizações A quarta Revolução Industrial tem provocado mudanças e transformações nas organizações, sociedade e, consequentemente, na vida profissional e pessoal dos indivíduos. Muitos são os desafios das organizações e dos profissionais neste contexto. O interesse crescente pelos estudos sobre a aprendizagem nas organizações, impulsionadas pela Revolução Tecnológica e Digital, parte da compreensão que o conhecimento é um diferenciale uma vantagem competitiva na sociedade do “conhecimento”. Assim, as organizações precisam aprender constantemente e dependem de conhecimentos aplicados ao seu negócio para se destacar. Alguns autores, entre eles Peter M. Senge, defendem a aprendizagem como o grande diferencial para as organizações e indivíduos, numa sociedade em que o “conhecimento” é um diferencial estratégico. “À medida que o mundo torna-se mais interligado e os negócios mais complexos e dinâmicos, o trabalho precisa ligar-se em profundidade à aprendizagem” (SENGE, 2006, p. 37). A concepção de aprendizagem organizacional ou organizações que aprendem surgiu ainda na década de 1950, mas foi após as décadas de 1980 e 1990 que os estudos sobre a temática expandiram. Na pesquisa e produção do conhecimento sobre a temática, há acadêmicos das diversas áreas do conhecimento como psicologia, sociologia, antropologia e, também, consultores e profissionais da área de administração. A diversidade de áreas estudando sobre a temática, promove diferentes enfoques sobre a aprendizagem nas organizações. A prevalência dos estudos sobre o tema aprendizagem nas organizações está na literatura estrangeira, produzida por autores posicionados nos Estados Unidos. A literatura sobre Aprendizagem Organizacional tem avançado nos últimos tempos, não somente no volume de publicações, mas também descortinando outras dimensões do tema. Ela apresenta um legado 4242 de mais de 30 anos, com crescimento exponencial a partir dos anos 90 (Crossan; Guatto, 1996; Easterby-smith, 1997). Desde então, diversas revisões de literatura contribuíram para a consolidação e o progresso neste campo de estudo (Easterby-smith, 1997; Miller, 1996; Dodgson, 1993, Huber, 1991; Fiol; Lyles,1985). (ANTONELLO; GODOY, 2011, p. 32). Importante ressaltar as diversas linhas de estudos sobre a aprendizagem organizacional e, portanto, a divergência que existe entre o conceito na área, colocando em risco a sua clara compreensão. O processo de aprendizagem nas organizações promovendo uma organização que aprende não é simples e não deve ser apenas um modismo. Conhecer o processo de aprendizagem dos profissionais dentro das organizações é o primeiro passo para promover de forma sustentável a aprendizagem nas organizações e contribuir na construção de uma organização que aprende. Mas, quais concepções e conceitos de aprendizagem estão orientando as organizações? Os estudos sobre aprendizagem têm contribuição de muitos teóricos e estudiosos. No campo educacional, temos vários estudiosos, entre eles, Vygotsky, famoso pelo conceito de zona de desenvolvimento proximal e a interação social no processo de aprendizagem. Para Vygotsky, a aprendizagem é uma experiência social, mediada pela utilização de instrumentos e signos e a ação. A aprendizagem ocorre no intervalo da zona de desenvolvimento proximal (ZDP) – a distância existente entre aquilo que o sujeito já sabe, seu conhecimento real, e aquilo que o sujeito possui potencialidade para aprender, seu conhecimento potencial – e o professor, outro indivíduo e/ou instrumento tem o papel de mediador neste intervalo e promovendo nova ZDP. No campo empresarial, as concepções se diferenciam de acordo com a sua base teórica que, segundo Antonello e Godoy (2011), podem se dividir em: aprendizagem organizacional e a perspectiva 4343 43 psicológica; aprendizagem organizacional e a perspectiva sociológica; aprendizagem organizacional e a perspectiva antropológica; aprendizagem organizacional e a perspectiva da ciência política; aprendizagem organizacional e a perspectiva econômica. Quadro 1 – A Aprendizagem Organizacional em diferentes abordagens teóricas Abordagens Teóricas Linha de raciocínio Aprendizagem organizacional e a perspectiva psicológica A literatura da administração contemporânea contém basicamente duas visões sobre a relação entre Aprendizagem Organizacional e o processo de aprendizagem estudado em Psicologia. Na primeira, a Aprendizagem Organizacional é vista como uma analogia da aprendizagem individual. Sob esta perspectiva, o conhecimento sobre processos de aprendizagem individual pode ser usado para compreender o processo de aprendizagem organizacional (Walsh; Ungson, 1991). Na segunda visão, a aprendizagem individual é a base para a Aprendizagem Organizacional (Argyris; Schon, 1978; Cangelosi; Dill, 1965; Duncan; Weiss, 1979; Hedberg, 1981; March; Olsen, 1976). De acordo com esta visão, o incremento do conhecimento organizacional – um indicador de Aprendizagem Organizacional – está baseado na aquisição de conhecimentos dos indivíduos na organização. Aprendizagem organizacional e a perspectiva sociológica De acordo com Gherardi e Nicolini (2001, p. 47), os “sociólogos não abordam a aprendizagem como algo que acontece na mente, mas como algo produzido e reproduzido nas relações so ciais dos indivíduos quando eles participam de uma sociedade”. Este conceito sugere que a aprendizagem está integrada no cotidiano dos indivíduos. Sugere também, que grande parte da aprendizagem é oriunda da fonte informal das relações sociais, o que introduz, posteriormente, o conceito de prática como um fator proeminente na visão sociológica. Gherardi e Nicolini (2001, p. 49) comentam que “prática é um sistema de atividades no qual saber não está separado do fazer e das situações e poderia ser chamado de conhecimento coproduzido por meio da atividade”. Pressupõe que toda atividade na vida dos indivíduos é uma oportunidade para aprendizagem e que a aprendizagem em situações sociais casuais é tão importante quanto experiências de aprendizagem formais. 4444 Aprendizagem organizacional e a perspectiva antropológica Uma maneira de construir a ponte entre a antropologia e a teoria das organizações foi conceber a organização como processos e não como estruturas. Os próprios antropólogos providenciaram argumentos para tratar esta questão: “culturas são organizações para fazer algo, para perpetuar a vida humana e a si mesmas” (Czarniawska, 2001, p. 24). A antropologia começou a utilizar o termo Aprendizagem Organizacional como uma referência à aprendizagem que o indivíduo realiza em contexto de estruturas sociais. O conceito entrecruza diferentes disciplinas e está focado na maneira como as pessoas aprendem em estruturas sociais. A natureza e o processo da aprendizagem podem variar em culturas e situações diferentes. Aprendizagem organizacional e a perspectiva da ciência política Aprendizagem é percebida como um processo político no qual os atores investem muitos esforços para influenciar uns aos outros, interpretar a experiência e tentar construir coalizões internas. O framework conceitual pelo qual a experiência é interpretada; a comunicação, estruturada; a informação, difundida, torna-se muito importante. Aprendizagem é vista como uma luta interna para o desenvolvimento de novos modelos mentais compartilhados. Uma ênfase é atribuída ao conflito intraorganizacional, isto é, ao conflito entre subgrupos ou partes com interesses políticos diferentes (Lapalombara, 2001). Aprendizagem organizacional e a perspectiva histórica Conforme Weber e Berthoin Antal (2001, p. 358), a “história tem um efeito de identificação para organizações”. A forma como uma organização empregou a aprendizagem no passado pode ser utilizada em oportunidades futuras. A história ou a identidade de uma organização é construída, em parte, sobre a aprendizagem coletiva de indivíduos e grupos, dentro da organização, no transcorrer do tempo. É esta dimensão histórica do tempo que, de fato, capta esses elementos e os apresenta como uma combinação dos efeitos de tempo na habilidade da organização para aprender. Estes autores dizem que “a influência da história na organização pode ser positiva como também disfuncional” (Weber; Berthain Antal, 2001, p. 358). Organizações podem usar sua história para ampliar o potencial de seu conhecimento coletivo armazenado.Porém, elas têm que se precaver da obsolescência que pode ocorrer com a aderência rígida às práticas e aos procedimentos passados, sem a consideração de novas aprendizagens e oportunidades. 4545 45 Aprendizagem organizacional e a perspectiva econômica Nesta perspectiva, a aprendizagem é definida como aquisição e uso do conhecimento existente e/ou criação de novo conhecimento com o objetivo de melhorar o desempenho econômico (Boerner; Macher; Teece, 2001). Apesar da centralidade da aprendizagem em questões econômicas fundamentais, seu tratamento na literatura da economia ortodoxa é escasso e, frequentemente, caricaturado. De certa forma, este descaso da economia para com a aprendizagem organizacional não surpreende. A negligência em relação à aprendizagem em economia sustenta-se, em parte, pelo fato de os teóricos construírem suas suposições a partir dos processos de comportamento e da tomada de decisão dos agentes econômicos. Em um ambiente baseado nestas suposições, os agentes são perfeitamente racionais e capazes de responder ótima e instantaneamente a condições variáveis. A natureza estilizada de tal ambiente é resumida por Nelson e Winter (1982). Fonte: Antonello e Godoy (2011). Importante ressaltar que o quadro apresenta abordagens a partir de estudos realizados por diversos autores e que Antonello e Godoy (2011) realizaram a categorização destes estudos de acordo com as áreas de conhecimento. Porém, na prática, dentro das organizações, nem sempre há esta clareza e as abordagens se misturam e predominam em uma ou outra. De acordo com Coelho Junior e Borges-Andrade, 2008, p. 224: Segundo Auelete (2004), Ausubel, Novak e Hansesian (1983), Ferreira (1999) e Salvador (1994), os principais usos do conceito de aprendizagem na linguagem cotidiana dentro das organizações referem-se a: (1) ação de reter algo, de fixar algo na memória, qualquer ofício, arte, ciência ou uma profissão (saber como, tornar-se capaz de); (2) ato, processo ou efeito de obter conhecimento por meio de escolarização/estudo, ficar sabendo (de algo com alguma finalidade); (3) aprender algo ou alguma coisa (conhecimento ou habilidade) por meio de escolarização e estudo, instruir- se em e instruir-se para; (4) adquirir habilidade prática (em aprender um esporte); (5) conhecimento ou habilidade obtido por meio de treino e/ou estudo, aplicada a principiantes em torno da aquisição de algo; (6) reter algo na memória, esforço deliberado para se obter conhecimento sobre algo e que se relaciona à vontade de aprender; (7) vivência, carga afetiva e de sensibilidade “aprendeu com a vida”. 4646 A aprendizagem dentro das organizações sempre estará ligada às estratégias e objetivos da empresa, ao desempenho que se espera em nível individual e coletivo para se alcançar o organizacional. A aprendizagem organizacional acontece por meio das experiências e das ações dos seus colaboradores. A aprendizagem organizacional é um processo contínuo de apropriação e geração de novos conhecimentos nos níveis individual, grupal e organizacional, envolvendo todas as formas de aprendizagem – formais e informais – no contexto organizacional, alicerçado em uma dinâmica de reflexão e ação sobre as situações-problema (...). (ANTONELLO, 2005, p. 27). Figura 1 – Teia da aprendizagem organizacional Fonte: Antonello, 2005 - adaptado. Observando a imagem que Antonello (2005) apresenta, é possível afirmar que a aprendizagem organizacional, para ser efetiva, deve promover transformações nas concepções, cultura organizacional, rotinas, ações e práticas da empresa por meio dos indivíduos. Como já foi citado, as empresas, muitas vezes compreendem de forma equivocada como ocorre o aprendizado e como incentivá-lo no seu ambiente. 4747 47 Para que a aprendizagem ocorra dentro das organizações, é necessária a criação de processos de gestão do conhecimento, a compreensão do processo de aprendizagem e criação de um clima organizacional propício à aprendizagem contínua e coletiva, à inovação, à criatividade e à criação de comunidades de aprendizagem (ABBAD e BORGES-ANDRADE, 2004). Promover este ambiente de aprendizagem exige conhecimento sobre a complexidade que envolve uma organização. As organizações são formadas por pessoas que representam unidades singulares e únicas, ao mesmo tempo em que faz parte de unidades maiores (departamentos, divisões), também únicas e interdependentes, com finalidades semelhantes e complementares. O modelo de gestão do conhecimento nas organizações deve buscar a criação de uma cultura organizacional que valorize o desenvolvimento e a aprendizagem de forma contínua, desde os cargos estratégicos até os mais operacionais da empresa, envolvendo clientes internos e externos. Garvin (2002, p. 10) afirma que as organizações que aprendem são aquelas mais “hábeis na criação, aquisição, interpretação, transferência e retenção de conhecimento, e na modificação deliberada de seu comportamento para refletir novos conhecimentos e insights”. As velhas abordagens, conceituais e reducionistas sobre a complexidade das organizações e os processos de aprendizagem presentes neste ambiente, estão perdendo espaço. Hoje, a necessidade gira em torno de concepções interativas e integrais sobre os indivíduos e organização. A gestão do conhecimento prezando pela aprendizagem individual, coletiva e organizacional deve promover transformações conscientizando os dirigentes, as equipes e as pessoas sobre a necessidade da aprendizagem contínua: aprender, desaprender e aprender novamente. 4848 Um limitador no processo de aprendizagem nas organizações é não conhecer e/ou considerar o potencial humano. A literatura sobre a temática é bastante limitada e é na literatura da psicologia organizacional que o conceito de potencial é estudado a partir dos trabalhos de Ellliott Jaques e Gillian Stamp que desenvolveram conceitos sobre estruturas organizacionais complexas, sobre a capacidade humana para o trabalho e sobre o crescimento dessas capacidades ao longo do tempo, na Universidade de Brunel, em Londres. E como o potencial humano é compreendido dentro das organizações? 2. O desenvolvimento do potencial humano A definição sobre o Potencial Humano nas organizações, de acordo com os estudos de Elliott Jaques e Gillian Stamp, se refere à capacidade humana que se desdobra em diferentes padrões de crescimento ao longo do tempo. Contudo, o crescimento não acontece no mesmo padrão para todas as pessoas, mas todos temos um potencial que se desdobra e pode ser identificado. ASSIMILE Importante ressaltar que cada indivíduo tem o seu potencial, que é único, pois os indivíduos são diferentes. Isso significa que uma equipe que reúne diferentes pessoas terá um X potencial que é diferente do potencial de outra equipe. Considerando que cada potencial humano é singular, o olhar para as complexidades de cada projeto, atividades e desafios são diferentes. Pode-se afirmar que o Potencial Humano é o intervalo entre a capacidade que indivíduo atua no presente, de acordo com seu histórico, e a capacidade que pode alcançar num intervalo de tempo determinado por meio de mediação humana ou não (livros, entre outros). 4949 49 A equipe de Recursos Humanos deve atuar na identificação e desenvolvimento dos potenciais humanos dentro da organização, utilizando estratégias adequadas alinhadas aos objetivos organizacionais e dos indivíduos. Importante salientar que no século XXI, com os novos paradigmas de carreira, os profissionais passaram a exigir das empresas condições de desenvolvimento e atendimento de suas expectativas. As organizações, portanto, devem promover o alinhamento dos desempenhos individual e institucional, atendendo às expectativas do trabalhador e da empresa, em uma responsabilização de ambos com o objetivo de ganho mútuo. PARA SABER MAIS Assista ao vídeo “Pool de potenciais – Maximize o potencial humano da sua empresa”, publicado por RH 365. O vídeo
Compartilhar