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Ergonomia 1 - 2021

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Ergonomia 
Adelton Andrade Barbosa 
 O que é Ergonomia ? 
 
Etimologia: 
ERGOS = TRABALHO 
NOMOS = LEI, REGRA 
O trabalho tem todo um pano de fundo de sofrimento: 
 * Em latim: trabalho = tripalium 
 trabalhar= tripaliare (torturar com o tripalium) 
 * Na bíblia: “ganharás o pão com o suor de teu rosto” 
 
 
 
 
 
Conceitos 
 
 “As relações do homem durante o trabalho com o seu 
ambiente natural” 
 
 A. Jastrzebowski (1857) 
 
 
 
“Conceber para o uso do homem” 
Mc Cormick 
 
 "Conjunto de conhecimentos científicos relativos ao 
homem e necessários para conceber as ferramentas, as 
máquinas e os dispositivos que podem ser utilizados com o 
máximo de conforto, segurança e eficiência” 
 
Alain Wisner 
“ A ergonomia é o estudo do relacionamento entre o 
homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, 
e particularmente a aplicação dos conhecimentos 
de anatomia, fisiologia e psicologia na solução 
surgida neste relacionamento”. 
 
Conceito da Ergonomics Research 
Society 
“ A ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem 
e seus meios, métodos e espaços de trabalho. Seu objetivo é 
elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas 
científicas que a compõem, um corpo de conhecimentos que, 
dentro de uma perspectiva de aplicação, deve resultar em 
uma melhor adaptação ao homem dos meios tecnológicos e 
dos ambientes de trabalho e de vida”. 
 
Conceito da International Ergonomics 
Association (IEA) 
“A ergonomia é o estudo da adaptação do 
trabalho às características fisiológicas e 
psicológicas do ser humano”. 
 
Conceito da Associação Brasileira de 
Ergonomia (ABERGO) 
Objetivo da Ergonomia 
Adaptar o trabalho ao homem (não o contrário) 
 
Estuda o complexo formado pelo operador humano e 
seu trabalho 
 
 
Origem e evolução da ergonomia 
O termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez, em 1857, 
pelo polonês W. Jastrzebowski, que publicou um artigo 
intitulado “Ensaio de ergonomia ou ciência do trabalho 
baseada nas leis objetivas da ciência da natureza”. 
 
Quase cem anos mais tarde, em 1949, um engenheiro inglês 
chamado Murrel criou na Inglaterra a primeira sociedade 
nacional de ergonomia, a “Ergonomic Research Society”. 
 
Posteriormente, a ergonomia desenvolveu-se em 
numerosos países industrializados, como a França, Estados 
Unidos, Alemanha, Japão e países escandinavos. 
Em 1959 foi fundada a “International Ergonomics 
Association”. 
Em 31 de agosto de 1983 foi criada a “Associação 
Brasileira de Ergonomia”. 
Em 1989 foi implantado o primeiro mestrado do país no 
PPGEP/UFSC. 
 
Desenvolvimento atual da ergonomia 
Pode ser caracterizado segundo quatro níveis de 
exigências: 
 
As exigências tecnológicas: técnicas de produção 
 
As exigências econômicas: qualidade e custo de 
produção 
 
As exigências sociais: melhoria das condições de 
trabalho 
 
As exigências organizacionais: gestão participativa 
 
Por que usar a Ergonomia ? 
Novas tecnologias, competitividade de mercado, 
produtividade x qualidade 
 
Necessidade de melhoria das práticas das tarefas com: 
 
 Eficácia 
 Segurança 
 Qualidade 
Aborda questões relativas ao trabalho 
como por exemplo: 
 alto índice de acidentes de trabalho; 
 problemas associados a doenças do trabalho; 
 questões relacionadas à redução da produtividade no local de 
trabalho, alto índice de absenteísmo, retrabalhos, diminuição de 
motivação, etc; 
 Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), proporcionando mais do 
que um posto de trabalho melhor, mas também uma vida melhor no 
trabalho. 
 
A ergonomia se esforça para conhecer o 
comportamento do operador 
 
 
Diferença entre: 
 
o trabalho prescrito = tarefa 
o trabalho real = atividade 
Atividade é a expressão do 
funcionamento do homem 
na execução de sua tarefa. 
Abordagem Ergonômica 
Considera as capacidades humanas e seus 
limites: 
 capacidade física, 
 força muscular, 
 dimensões corporais, 
 possibilidades de interpretação das informações pelo 
aparelho sensorial (visão, audição), 
 capacidade de tratamento das informações em termos 
de rapidez e de complexidade 
Analisa as exigências das tarefas e os diferentes fatores que 
influenciam as relações 
 homem x trabalho 
as características materiais do trabalho: (apresentação espacial 
e temporal) 
peso dos instrumentos 
forças a exercer 
disposição dos comandos 
dimensões dos diferentes elementos constituintes do posto 
e do sistema 
Abordagem Ergonômica 
Existem vários tipos de sinais de alarme ou indicadores 
para um estudo ergonômico: 
 
Fisiológicos 
 
 aceleração dos batimentos cardíacos 
 quantidade de ar respirado 
 atividade elétrica cerebral 
 temperatura corporal 
Sinais de Alarme 
 Em nível do trabalho 
 
repetitividade de erros cometidos em uma tarefa 
as baixas na produtividade e na qualidade da performance 
do operador 
aumento do índice de retrabalhos 
incidentes de trabalho 
acidentes de trabalho (importância vital) 
 
 Subjetivos 
 
queixas eventuais dos trabalhadores 
 
 (contraste entre a percepção objetiva e a subjetiva) 
 
 “a noção de conforto” 
 
Mudanças de comportamento 
 
ansiedade e irritação 
 
Diferentes tipos de abordagens da 
ergonomia 
Quanto a abrangência 
 Ergonomia do posto de trabalho: 
abordagem microergonômica 
 Ergonomia de sistemas de produção: 
abordagem macroergonômica 
Diferentes tipos de abordagens da 
ergonomia 
Quanto à contribuição 
 Ergonomia de concepção: 
normas e especificações de projeto 
 Ergonomia de correção: 
modificações de situações existentes 
 Ergonomia de arranjo físico: 
melhoria de sequências e fluxos de produção 
 Ergonomia de conscientização: 
capacitação em ergonomia 
 
Diferentes tipos de abordagens da ergonomia 
Quanto a interdisciplinaridade 
 
Engenharia: 
projeto e produção ergonomicamente seguros 
Design: 
metodologia de projeto e design do produto 
Psicologia: 
treinamento e motivação do pessoal 
Medicina e enfermagem: 
prevenção de acidentes e doenças do trabalho 
Administração: 
projetos organizacionais e gestão de R.H. 
 
Macroergonomia 
Conceito 
Pesquisa desenvolvida e aplicada na interface da 
tecnologia - organização/máquinas ou projeto do sistema 
de trabalho, buscando alcançar uma total harmonia entre o 
sistema de trabalho e o enfoque em nível micro e 
macroergonômico. 
 H. Hendrick 
A primeira geração - engenharia humana - concentrou-se no 
projeto de trabalhos específicos, interfaces homem-
máquinas, incluindo controles, painéis, arranjo do espaço e 
ambientes de trabalho. 
A segunda geração - ergonomia cognitiva - se inicia com a 
ênfase na natureza cognitiva do trabalho. Tal ocorreu em 
função das inovações tecnológicas e, em particular, do 
desenvolvimento de sistemas automáticos e informatizados. 
A terceira geração-macroergonomia 
Resultante do aumento progressivo da automação de 
sistemas em fábricas e escritórios, do surgimento da robótica 
 
Percepção de que era possível fazer um trabalho em 
microergonomia, projetando os componentes de um sistema, 
mas falhava-se no que diz respeito ao sistema como um todo, 
por desconhecimento do nível macroergonômico 
Estrutura geral da macroergonomia 
Compreende quatro etapas: 
1. Levantamento inicial das necessidades de tecnologia da 
organização 
2. Projeto de uma estrutura organizacional e uma intervenção 
apropriada 
3. Implantação do processo 
4. Mensuração e avaliação da efetividade organizacional 
Ergonomia participativa 
Consiste dos próprios trabalhadores estarem envolvidos 
na implementação dos conhecimentos e procedimentos 
ergonômicos em seus postos de trabalho. 
 Noro (1998) 
A premissa é que os trabalhadores conhecem seus postos 
de trabalho melhor que qualquer outra pessoa e que este 
conhecimento permite-lhes desenvolver umamaior 
compreensão e aproximação com seu trabalho 
 
Abordagens para gerenciamento que 
estimulam a participação dos trabalhadores 
 Envolvimento paralelo 
 Envolvimento no trabalho 
 Alto envolvimento 
Envolvimento paralelo 
 Os trabalhadores são questionados a visualizar e 
resolver problemas e produzir idéias que irão influenciar 
a operação do sistema organizacional. 
 
Ex.: Programas de QVT, planos de recompensa a 
sugestões. 
Envolvimento no trabalho 
 Focam o projeto do mesmo modo que isto 
motive o melhoramento do desempenho no 
trabalho. 
 
Ex.: Enriquecimento do trabalho, grupos semi-
autônomos 
Alto envolvimento 
Foi construída sobre o que foi aprendido das abordagens 
anteriores. 
O alto envolvimento sugere uma organização em que as 
pessoas dos níveis mais baixos tenham um senso de 
envolvimento, não somente em quão bem eles façam o seu 
trabalho ou quão efetivamente funcionam seus grupos, mas 
em termos do desempenho da organização como um todo. 
Descrédito da difusão da ergonomia segundo 
H. Hendrick (1996). 
1o – Exposição de pessoas ou organizações a uma má ergonomia, a 
chamada “voodoo ergonomics”, praticada por pessoas sem a 
qualificação adequada. 
2o – Por todos serem operadores e operarem sistemas todos os dias, 
assume-se ingenuamente que os fatores humanos são apenas uma 
questão de “senso comum”. 
3o – A esperança de convencer a alta administração das organizações 
sobre o potencial da ergonomia, simplesmente porque esta é a coisa 
certa a fazer. 
4o – Talvez a mais importante das razões seja que os ergonomistas 
fazem poucos trabalhos de documentação e divulgação do 
custo/benefício ergonômico, devendo passar a divulgar que boa 
ergonomia é boa economia. 
 
A maioria das intervenções ergonômicas oferece um 
campo comum para a colaboração dos funcionários e da 
administração e, invariavelmente, ambos podem se 
beneficiar; seja em termos de redução de custos e aumento 
de produtividade ou em termos de melhoria na qualidade de 
vida no trabalho. 
Ao tomar a decisão de optar por uma intervenção 
ergonômica, as empresas devem estar cientes de que não se 
está incorrendo ou incorporando novas despesas, dispêndios 
ou custos, e sim, optando por investimentos e inversões em 
otimização de recursos produtivos 
 
O que se observa, é que a implantação e o 
desenvolvimento de um programa ergonômico muitas 
vezes encontra dificuldades na sua implantação, 
decorrentes de vários fatores que podem ser canalizados 
tanto na cultura organizacional, na metodologia de 
implantação ou na justificação de seus custos. 
 
Problema – necessidade de mensurar os custos 
relacionados a problemas e recursos ergonômicos quando 
da demanda pela realização de uma ação ergonômica 
Como calcular ? 
O tempo perdido, as despesas com primeiros socorros, os danos aos 
bens e às matérias primas ou os novos investimentos em 
treinamentos para substituição de mão-de-obra no caso de um 
acidente de trabalho? 
Quanto um problema de cunho não-ergonômico está custando para a 
empresa? Quanto custaria solucioná-lo? 
Quais os benefícios da solução dos problemas relacionados à falta de 
ergonomia? E como prever os prejuízos com o desgaste de uma 
companhia exposta negativamente pela mídia? 
Considerando a grande diversidade de questões, cabe ainda 
perguntar, os benefícios superarão os custos? 
A Prioridades é o esforço para justificar o custo 
de melhorias ergonômicas (saúde e segurança). 
É importante também assegurar que o custo 
destas seja o mais baixo possível. 
Prudente obter a melhor relação 
custo/benefício. 
Justificação de melhorias ergonômicas 
 O manuseio da técnica de custo/benefício; 
 O desenvolvimento do custo de melhorias 
ergonômicas; 
 O desenvolvimento do benefício de 
melhorias ergonômicas. 
 
Análise de Custo/Benefício 
É a forma predominante, entre outras existentes, para 
justificar os gastos com mudanças propostas pela 
ergonomia. 
 diminuição de custos 
Benefícios melhoria de desempenho 
 
Limitada quando necessita quantificar custos e benefícios 
intangíveis 
Redução de custos 
diminuir custos com horas extras (trabalhadores 
substitutos); 
custos de seguros e/ou custos de compensação 
relacionados a acidentes ou lesões; 
ações judiciais; 
melhorar a qualidade e a quantidade da produção, 
prover treinamento adicional; 
etc. 
Benefícios 
Ganhos de fácil mensuração 
aumentos de produtividade e de qualidade; 
a redução dos desperdícios; 
as economias de energia; mão-de-obra, manutenção, etc 
Ganhos de difícil mensuração 
redução do absenteísmo devido a acidentes e doenças 
ocupacionais 
Benefícios intangíveis 
 satisfação do trabalhador; 
 o conforto; 
 a redução do turnover; 
 o aumento da motivação dos trabalhadores 
As 10 principais causas de acidentes e doenças 
profissionais nos EUA são responsáveis por 86% dos US$ 
38,7 bilhões pagos em indenizações em 1998. 
 
Quando os custos indiretos gerados por estes acidentes são 
somados aos US$ 38,7 bilhões de custos diretos, a 
economia resultante pode atingir um total aproximado de 
US$ 125-155 bilhões 
(Liberty Mutual Research Center, 2002) 
Custos diretos gerados pelas 10 principais causas de acidentes 
e doenças profissionais nos EUA -1998 
Causas de acidentes
% de custos diretos 
para compensação de 
trabalhadores no ano de 
1998
Estimativa nacional de 
custo direto para 
compensação de 
trabalhadores
Lesões causadas pelo 
excesso de levantamentos, 
puxões, arremesso, tempo 
segurando objetos pesados
25.57% $ 9.8 bilhões
Quedas 11.46% $ 4.4 bilhões
Lesões resultante de maus 
jeitos e escorregões, perda 
de equilíbrio sem queda
9.35% $ 3.6 bilhões
Quedas em nivel mais baixo 
(escada, ou sobre grades)
9.33% $ 3.6 bilhões
Quedas de objetos sobre o 
trabalhador
8.94% $ 3.4 bilhões
Movimentos repetitivos 6.10% $ 2.3 bilhões
Acidentes no caminho do 
trabalho
5.46% $ 2.1 bilhões
Lesões por choques, batidas 
contra equipamentos pesados
4.92% $ 1.9 bilhões
Esmagamento por máquinas 
ou equipamentos
4.18% $ 1.6 bilhões
Contato c/ temperaturas 
extremas que resultam em 
choque térmico e 
queimaduras (gelo, calor)
0.92% $ 3.0 bilhões
Todas causas de acidentes 100.00% $ 38.7 bilhões

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