Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Patologia Veterinária | Profª Valíria Cerqueira | Medicina Veterinária UFPA 2019 | @drabichinho A lesão celular ocorre quando as células são estressadas e se tornam incapazes de se adaptar, podendo avançar de um estágio reversível para uma morte celular. Características Lesão celular reversível Morte celular Estágios iniciais → reversível se o estímulo nocivo for removido Persistência do dano → irreversível = morte Redução da fosforilação oxidativa Necrose → danos à célula e digestão por enzimas lisossômicas Depleção do armazenamento de ATP Apoptose → lesão irreparável de DNA/proteínas celulares Alterações nas organelas Necrose = sempre patológico Apoptose = nem sempre Causas de lesão celular: • Privação de oxigênio: a hipóxia é uma deficiência de oxigênio que causa lesão por reduzir a respiração oxidativa aeróbica. Dependendo do estado de hipóxia, as células podem se adaptar ou morrer. o Causas: ▪ Redução do fluxo sanguíneo ▪ Oxigenação inadequada ▪ Redução da capacidade de transporte de oxigênio ▪ Grave perda sanguínea • Agentes físicos: traumatismos mecânicos, temperatura, alterações de pressão atmosférica, radiação e choque elétrico. • Agentes químicos e drogas: pode ocorrer desde substâncias mais simples (glicose, sal, oxigênio) até venenos, poluentes do ambiente, drogas, etc. • Agentes infecciosos: vírus, bactérias, parasitas, etc. • Reações imunológicas: alguns tipos de reação podem ser lesivos para a célula, como em casos de doenças autoimunes. • Defeitos genéticos: desde anomalias mais graves como Síndrome de Down, até mais simples como anemia falciforme. • Desequilíbrios nutricionais; Características microscópicas: • Picnose: núcleo menor e redondo, coloração em HE é azul escuro. Encontrada em células epiteliais mortas, inflamatórias e células nervosas. • Cariorrexe: fragmentação da cromatina e ruptura da membrana nuclear. Encontrada em abcessos/exsudatos purulentos. • Cariólise: dissolução da cromatina nuclear, cromatina vai para citosol/liquido intersticial e membrana nuclear desaparece. Mecanismos de lesão celular: • Depleção de ATP: o ATP é formado por fosforilação oxidativa do difosfato de adenosina e por via glicolítica, gerando ATP na ausência de oxigênio usando glicose. As causas de depleção do ATP são a redução do suprimento de oxigênio e nutrientes, danos mitocondriais e ação de toxinas. • Danos mitocondriais: as mitocôndrias são as principais fornecedoras de energia celular em forma de ATP. Podem ser lesadas por um aumento de cálcio citosólico, privação de oxigênio e mutações nos genes mitocondriais. As principais consequências: o Formação de um canal de condutância na membrana plasmática, perdendo o potencial de membrana na mitocôndria, fazendo com que haja uma falha na fosforilação oxidativa e depleção de ATP. o Ativação de vias apoptóticas que induzem a apoptose por enzimas caspases. • Influxo de cálcio: ativação de enzimas que danificam os componentes celulares e podem também disparar a apoptose. • Acúmulo de radicais livres: radicais livres são espécies químicas que possuem um único elétron não pareado em órbita externa, ou seja, são instáveis. As espécies reativas do oxigênio (ERO) são um tipo de radical livre derivado do oxigênio. Os EROs são produzidos de duas formas: o Reações de oxidação e redução: ocorrem durante a respiração e a geração de energia mitocondrial. Nesse processo, o oxigênio é reduzido nas mitocôndrias pela adição de 4 elétrons para gerar água. Entretanto, essa reação é imperfeita, e pequenas quantidades de intermediários tóxicos altamente reativos são geradas quando o oxigênio é apenas parcialmente reduzido. o Inflamação: EROs são produzidas pelos leucócitos, principalmente neutrófilos e macrófagos, como uma arma para destruição de micróbios e outras substâncias durante a inflamação e defesa do hospedeiro. • Defeitos na permeabilidade da membrana: pode afetar a membrana plasmática, membranas lisossômicas, membranas mitocondriais e culmina em necrose. 3 Patologia Veterinária | Profª Valíria Cerqueira | Medicina Veterinária UFPA 2019 | @drabichinho • Danos ao DNA e às proteínas: células possuem mecanismos que reparam as lesões de DNA, porém se o dano é muito grave para ser corrigido a célula inicia seu programa de suicídio e morre por apoptose. NECROSE Necrose é a desnaturação de proteínas intracelulares e a digestão enzimática das células lesadas. As células necróticas são incapazes de manter a membrana plasmática e os conteúdos, extravasando e causando inflamação. A partir das células lesadas, há a digestão dessas por enzimas provenientes dos lisossomos da própria célula ou por lisossomos dos leucócitos que foram recrutados pela inflamação. Tipos de necrose: • Necrose coagulativa: as células afetadas mantêm a sua conformação. O citoplasma permanece homogêneo, há a desnaturação das proteínas e enzimas e o núcleo se apresenta em picnose, cariorrexe, cariólise OU ausente. Sugere lesão por hipóxia, exotoxinas bacterianas ou químicas, e isquemia (infarto). • Necrose liquefativa: há a digestão das células mortas e formação de uma massa viscosa liquida. Ocorre em infecções bacterianas e fúngicas, pois estas estimulam o acumulo de leucócitos e liberação de enzimas. Nesse tipo de necrose, há a presença de pus, sendo um acúmulo de leucócito mortos. É bem frequente no SNC • Necrose caseosa: é encontrada mais frequentemente em focos de infecção tuberculosa. O termo caseoso (semelhante a queijo) é derivado da aparência friável branco-amarelada da área de necrose. Ao exame microscópico, pela coloração HE, o foco necrótico exibe uma coleção de células rompidas ou fragmentadas, com aparência granular amorfa rósea. A área de necrose caseosa é frequentemente encerrada dentro de uma borda inflamatória nítida e essa aparência é característica de um foco de inflamação conhecido como granuloma. • Necrose gordurosa: refere-se a áreas focais de destruição gordurosa, tipicamente resultantes da liberação de lipases pancreáticas ativadas na substância do pâncreas e na cavidade peritoneal. • Necrose gangrenosa: é um conceito utilizada na prática clínica, não sendo um padrão de morte celular. Pode se dividir em: gangrena seca, úmida e gasosa. o Gangrena seca: é uma necrose de coagulação secundária a um infarto. Ocorre em exterminadas por ingestão de toxinas ou por frio (lesão por frio). Aqui não há proliferação de bactérias, pois o ambiente não é propício. O tecido afetado fica retraído, seco e amarronzado, podendo se desprender. o Gangrena úmida: ocorre posterior a uma ação liquefativa de bactérias saprófitas, causando putrefação. Macroscopicamente, os tecidos ficam macios, úmidos e de odor fétido devido à presença de sulfeto de hidrogênio, amônia e marcaptanas. Esse tecido pode se desprender posteriormente o Gangrena gasosa: ocorre por proliferação de bactérias anaeróbicas produtoras de toxinas. Pode acontecer por ferimentos perfurantes no músculo/subcutâneo. Apresenta uma coloração vermelha/enegrecida com bolhas e gases APOPTOSE É um tipo de "autodestruição celular" que requer energia e síntese proteica para a sua execução. Está relacionado com a homeostase na regulação fisiológica do tamanho dos tecidos, exercendo um papel oposto ao da mitose. Causas da apoptose Fisiológica Patológica Destruição programada de células na embriogênese Lesão de DNA Involução de tecidos dependentes de hormônio por privação hormonal Acúmulo de proteínas dobradas, provenientes de mutações nos genes. Perda celular de células proliferativas Morte celular por infecções, particularmente, virais Eliminação de linfócitos autorreativos e nocivos Atrofia patológica no parênquima de órgãos pós obstrução de ductos Neutrófilos pós resposta inflamatória aguda e linfócitospós resposta imune - É um processo que pode ser revertido, porém não em todos os casos. A lesão caracteriza-se como reversível enquanto houver alterações na membrana plasmática, alterações mitocondriais, dilatação do retículo endoplasmático, degeneração gordurosa e alterações nucleares. Diferença entre apoptose e necrose Característica Necrose Apoptose Tamanho celular Aumentado por tumefação celular Reduzido, retraído Núcleo Picnose → cariorrexe → cariólise Fragmentado Membrana plasmática Rompida Intacta Citoplasma Ocorreu digestão enzimática e a célula pode extravasar Intacta, liberando corpos apoptóticos Inflamação Frequente Nenhuma Fisiológico/ Patológico Patológico Fisiológico, mas pode ser patológico se houver lesão de DNA
Compartilhar