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República Velha

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A República Velha
A República Velha caracteriza-e como uma transição desde o final do Império até que o Brasil tivesse estatutos legais e instituições estáveis, num processo de consolidação da república. No aspecto político, o controle do governo ocorreu inicialmente pelos militares, num período denominado República da Espada, que foi de 1889 até 1894. Com o golpe liderado pelos militares em 1889 para a Proclamação da República algumas providências foram tomadas, como, por exemplo, a expulsão da Família Real e a formação de um governo para o novo regime. Passou-se a aplicar decretos-lei devido à anulação da Constituição de 1824, até que fosse feita uma nova.
Entre as medidas do governo provisório republicano, temos a escolha da República Federativa como regime político; a transformação das províncias em estados; dissolução das Assembleias provinciais e municipais, com nomeação de interventores e intendentes para os municípios; nova bandeira, com um lema positivista “ordem e progresso”.
Convocou-se uma Assembleia Constituinte (1891); consagrou a separação entre Igreja e Estado, com a instituição do casamento civil, secularização dos cemitérios e obrigatoriedade das certidões de nascimento, casamento e óbito civis; 
e por fim a dita “grande naturalização”, pela qual todo estrangeiro que estivesse no país seria considerado brasileiro automaticamente, caso contrário deveria se manifestar. Neste tempo ainda foi reformulado o Código Penal. Dentro do governo provisório, ainda na República da Espada, o autoritarismo do marechal Deodoro da Fonseca crescia na mesma proporção de sua oposição política, fato que geraria conflitos mais tarde.
Com a promulgação da nova Carta Constitucional, mudanças importantes seriam feitas, com a adoção de um regime representativo, com voto universal masculino para os alfabetizados, maiores de 21 anos de idade; ficava claro o federalismo, em que a União só entraria para resolver casos de desordem nos estados, disputas litigiosas, cumprimento das leis ou reprimir uma invasão estrangeira.
O presidente seria eleito pelo voto direto para quatro anos e, caso algo acontecesse, em que ele fosse obrigado a sair antes da metade do tempo previsto para o seu mandato, o vice assumiria e realizaria novas eleições, e caso ele saísse depois da metade do tempo de seu mandato, o vice assumiria até o fim do tempo normal.
O primeiro presidente seria eleito por vias indiretas até se estabelecer uma justiça eleitoral e mudasse o sistema de voto fora das igrejas; com isso o Marechal Deodoro da Fonseca foi eleito pela assembleia, contanto com o apoio dos republicanos históricos e dos militares e a oposição de Prudente de Moraes, candidato dos cafeicultores.
A Crise do Encilhamento
Uma crise econômica provocada pelo ministro Rui Barbosa, chamada de “encilhamento”, onde, para dar apoio à industrialização, foi emitido mais dinheiro, gerando empréstimos às cegas e grande especulação financeira; o resultado era o esperado, a desvalorização da moeda, empresas fantasmas e falências. A crise econômica do Encilhamento veio contribuir fortemente para a queda do velho marechal, que tentou fechar o Congresso em uma manobra precipitada, pois achava ele que os parlamentares estavam querendo tirá-lo do poder, devido às fortes críticas que faziam.
Ao tentar dissolver o Legislativo federal, quis proclamar estado de sítio, mesmo não tendo poder para tanto; como parte dos militares (incluindo a Marinha) foi contra, ele resolveu renunciar, para que não acontecesse uma guerra civil, ou algo do tipo. Assumiu então o marechal Floriano Peixoto no dia 23 de novembro de 1891. Ele não convocou novas eleições, causando um grande mal-estar político; sua atuação para com a sua recém-feita oposição foi forte, com o desterro de civis e reforma dos militares de alta patente ou transferência para a Amazônia como punição.
Floriano Peixoto enfrenta basicamente duas revoltas e as duas ele venceu quase no mesmo momento, sendo elas a Revolução Federalista e a Revolta da Armada. A primeira estoura no Rio Grande do Sul, onde havia uma disputa forte entre dois grupos políticos, os “pica-paus” do Partido Republicano Rio-Grandense, favorável ao presidencialismo e à autonomia estadual. Ele governa até o dia 15 de novembro de 1894, fechando o ciclo da República da Espada. 
Eles ainda foram os realizadores da Constituição estadual de linha positivista, com a reeleição para o cargo de presidente da província e “maragatos”, sendo estes últimos os federalistas, liderados por Gaspar da Silveira Martins, juntamente com João Nunes da Silva Tavares, conhecido como o “Joca Tavares”, que pretendiam derrubar o presidente da Província (nome dado ao governador naquele tempo), Júlio de Castilhos. Os combates atingiram Santa Catarina e também o Paraná, sendo que os revoltosos tentariam ir até o Rio de Janeiro, derrotados na batalha da Lapa, voltaram ao estado catarinense, no qual o governo local foi derrubado e feito um governo provisório revolucionário; com táticas de guerrilhas e massacres perpetuados por ambos os lados. Foi uma luta sangrenta com um fim pesado, devido ao governo mão forte do coronel Moreira César, responsável pelos fuzilamentos, com julgamentos sumários, na ilha de Anhatomirim na Baía Norte da Ilha de Santa Catarina, para com os considerados traidores do regime republicano e do governo de Floriano.
Bases de Dominação 
O controle do poder político era feito pela Constituição de 1891, que, como já se disse anteriormente, dava o controle para as elites rurais, principalmente a do café. As formas de dominação eram simples, passavam do poder local ou regionalista dos coronéis, indo até a troca de interesses entre os poderes estaduais e o federal, culminando na famosa dominação exercida por paulistas e mineiros.
O coronelismo era a dominação local, no qual um grande proprietário de terras ou um grupo pequeno tinha o mando, tendo em suas mãos juízes, delegados, prefeitos e políticos locais em geral; isso quando os próprios não exerciam esses cargos. A maioria da população era controlada através do voto, que era aberto, sendo conhecido como “voto de cabresto”. Conseguindo base eleitoral, essas elites acabavam por dominar a situação política, não admitindo opositores.
Outra forma de dominação do poder era realizada com a “Política dos Governadores”, estabelecida no governo de Campos Sales. Na prática era a troca de apoio político entre o governo federal e os governos estaduais, em que os governadores estaduais, junto com os deputados federais de seus respectivos estados, se reuniam para apoiar o governo federal em várias ocasiões, mas principalmente nas votações do Congresso. Votando com o governo, esses estados, que deram apoio, recebiam em troca ajudas das mais variadas, mas geralmenteeram obras ou verbas. Tal negociação ainda existe em nossos dias só que acontece com os partidos que apoiam o governo. Essa troca de apoio político na República Velha quase não admitia oposições, todos os estados acabavam por apoiar o governo para que não ficasse num ostracismo político-administrativo. Se, por ventura, fosse eleito algum membro indesejável da oposição, era fácil de fazer sua eliminação do Congresso.
Para ser de fato deputado federal era preciso ter uma espécie de diploma conferido pelo governo federal, ou seja, a não obtenção deste representaria a impossibilidade de tomar posse no Congresso; tal corte era conhecido como “degola”; se o governo quisesse não haveria oposição no Congresso, somente situação; mas para manter o ar democrático da República, sempre uma parcela do Congresso era dada à oposição, número esse que girava no máximo em 20% dos congressistas. 
Sobre a política dos governadores, esse fenômeno de alternância no poder logo recebeu a denominação de “política do café com leite”, exatamente porque o café representava a oligarquia paulista, e o leite, a mineira. Entretanto, é importante ponderar a respeito dessa alternância. De fato, esses dois estados do Sudeste eram mais poderosos e com capacidade de articulação maior, mas isso não significava que outros estados não tivessem também força política e econômica e que dependessem totalmente desses dois. Como o próprio Faoro ressaltou, havia nesse contexto o estado do Rio Grande do Sul, cuja tradição positivista resultou em Getúlio Vargas, e também o estado da Bahia, ambos com pujança econômica com a pecuária, no primeiro caso, e com o cacau, no segundo. 
A despeito dessas exceções, a política da República Oligárquica de fato ficava centrada nos acordos entre Minas e São Paulo. Os estados sem a mesma representatividade ficavam orbitando em torno desses dois, com vistas a receber alguma concessão ou regalia.
Movimentos Sociais da República Velha
Os movimentos rurais ocorridos durante a República Velha, basicamente, são resumidos em dois, Canudos e o Contestado; ambos foram formados por sertanejos de condição humilde e com uma previsão de vida melhor nas promessas de alguém. Isso dá aos movimentos um caráter messiânico, ou seja, movimentos religiosos nos quais a Igreja não tem participação direta, mas possuem um líder, considerado por seus seguidores como um homem santo (sendo este um beato, conselheiro ou santo propriamente dito); com promessas de uma justiça divina na Terra, entre outras; ele agrupa em torno de si um grupo de fiéis seguidores, cuja tendência é sempre aumentar, geralmente pelos milagres que lhe são atribuídos ou os seus discursos de um mundo melhor, sempre entoando a palavra de Deus. Tais movimentos eram comuns no interior do Brasil, devido à pobreza e ignorância do povo crente em um paraíso na Terra e cansado da exploração dos “coronéis” e latifundiários.
Logo no início da República aconteceu um movimento que já estava em vias de estourar no nordeste brasileiro, mais especificamente na Bahia, em Canudos. A história de tal movimento começa com Antônio Conselheiro, um beato que perdeu apoio da Igreja Católica e saiu pelo nordeste afora fazendo pregações; quando da queda do império e a criação da monarquia, o beato passou a ligar a república com uma grande seca que o nordeste sofria. A seca provocou um êxodo para a região da amazônica, levando nova mão de obra para a borracha; contudo os nordestinos sofriam com a seca, que, nas palavras de Antônio Conselheiro, era mandada por Deus, como castigo; ele era contra a proclamação da república, o casamento civil e a separação da Igreja e do Estado. Antônio Vicente Mendes Maciel passou a reunir atrás de si pessoas expulsas de suas terras por coronéis e desabrigados em geral. 
Por causa de uma cobrança de impostos municipais, em edital do governo federal, ocorreu o primeiro choque com as autoridades, em que o Conselheiro queimaria os editais de cobrança; com uma perseguição das autoridades, os rebeldes foram se refugiar nas imediações de Canudos, onde passaram a viver em comunidade, com trabalho coletivo em plantações e criação de rebanhos.
Com uma proposta de “sem patrões” e “nem desempregados”, Canudos passou a ser uma salvação para muita gente do interior, seguindo em número expressivo para aquela região, passando a preocupar as autoridades, que viam nisso uma possibilidade de perda da mão de obra. 
As ideias religiosas e o ponto de vista político seriam usados como motivo para o fim do arraial que se formava, sendo que já era a segunda maior cidade da Bahia. Logo foram mandadas expedições militares, que fracassavam uma após a outra, devido ao pouco conhecimento da região. A terceira expedição contou com o então herói da República, o coronel Moreira César, o mesmo que combatera os federalistas e a revolta da Armada no sul do país, sendo famoso pelos seus atos de crueldade. Sua derrota foi vergonhosa, enquanto a imprensa publicava os atos bárbaros dos sertanejos e suas “ideias” monarquistas.
Outra expedição mais preparada partiu em meados de 1897, derrotando com muito custo o arraial em outubro do mesmo ano. Outra manifestação de revolta rural aconteceu em Santa Catarina, sendo também um movimento messiânico, com a participação de um líder religioso, o monge José Maria. A região ficaria conhecida como Contestado, por causa da disputa de terras entre o Paraná e Santa Catarina. 
Ambos se diziam donos das terras em litígio; a disputa durou de 1912 até 1916. Os problemas com as terras na região eram antigos e os conflitos esporádicos eram, de certa forma, comuns, mas a situação ficou pior quando da construção de uma estrada de ferro que ligaria São Paulo ao Rio Grande do Sul. Com denúncias de corrupção, o americano Percival Faquhar ganhou a licitação para a construção Ele já era famoso pela construção de estrada de ferro Madeira-Mamoré.
Os conflitos começaram com a concessão de uma faixa de 30 km ao redor da linha férrea para a companhia construtora (Brazil Railway Company), de onde a população local seria expulsa. Os operários recrutados ficaram abandonados após o término da obra, e uma subsidiária da construtora, a madeireira Southern Lumber Company, ganhou um gigantesco lote de terras na região de Três Barras/Canoinhas.
A Guerra do Contestado 
O monge José Maria via na república a causadora de todos os males que o povo passava, considerando-a a “lei do diabo”; seu nome estaria ligado ao de outro monge importante da região, João Maria, que estava ligado ao do federalista Gumercindo Saraiva; dizia-se irmão do primeiro monge; sua liderança não foigrande, pois morreu logo no início do conflito. Acusado de monarquista, o motivo já estava dado para um combate mais forte. Usando armas pesadas e até avião de reconhecimento, o governo venceu e os bandos de revoltosos foram sendo derrotados numa região de guerra no Planalto de Santa Catarina e o Sul do Estado do Paraná. 
Movimentos Sociais Urbanos na República Velha
Não foi no campo a insatisfação com a situação governista da elites brasileiras, também nas cidades ocorreram movimentos populares e militares contra a ordem estabelecida. Um dos primeiros e mais importantes foi a Revolta da Vacina. Sua origem remonta à situação das camadas inferiores no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. 
As elites sempre viram com olhos tortos o povão; com a situação econômica melhorando graças ao “Funding Loan”, de Campos Salles, ao entrar no governo, o presidente Rodrigues Alves passou a fazer obras na capital federal, entre elas estavam um sistema de água e esgotos e a abertura de avenidas. O então prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, deu início às obras de melhorias, que obviamente não incluíam o povo, que morava em favelas e cortiços espalhados pelo centro da cidade maravilhosa e, com as obras, foi transferido ou enxotado para os morros e para a periferia (Baixada Fluminense). Tal descontentamento explodiu quando o ministro da saúde da época, Osvaldo Cruz, conseguiu aprovar a vacinação obrigatória contra a varíola, doença essa altamente contagiosa.
A população não entendeu o processo e pensou que a vacina com os anticorpos passaria a doença e passou a não querer a vacinação. O que ocorreu foi uma série de distúrbios, em que até o exército foi chamado, resultando em várias mortes. Havia pessoas que falavam que o governo queria matar de vez o povo com a vacina, lembrando as obras de Pereira Passos e suas consequências. A oposição durante o desenrolar da revolta se pôs ao lado do povo, vendo nela uma forma de até tomar o poder. Outro movimento foi a Revolta da Chibata, ocorrida na Marinha do Brasil em 1910, durante a presidência de Hermes da Fonseca, quando os marinheiros cansados dos castigos corporais fizeram eclodir o movimento para a surpresa de muitos. Apesar de ser umas das maiores marinhas do mundo, a brasileira ainda tinha os temidos castigos corporais, entre outros. Conta-se que uma punição breve era motivo de solitária a pão e água e uma pena grave seria paga com as chicotadas.
Na data marcada para uma punição em frente da guarnição teve início a revolta; dominados os oficiais, os marinheiros deslocaram os dois maiores navios da marinha (São Paulo e Minas Gerais) e abriram fogo na capital, lançando um manifesto pedindo o fim dos castigos corporais, melhores soldos, mudanças no recrutamento e anistia geral aos participantes. Seria difícil para o governo aceitar tais condições, mas, por outro lado, não havia muita escolha. 
A revolta foi comemorada e seu líder, João Cândido, apelidado de “o almirante negro”, ganhou fama; porém a anistia dada seria retirada logo. Uma revolta ocorrida na ilha Fiscal – RJ, pôs o governo em ação, ligando-a aos marinheiros da Chibata; teve início uma série de perseguições e banimentos, sendo a maioria para a Amazônia, onde na viagem foram fuzilados cerca de dez marinheiros pelos motivos mais variados e nenhum totalmente justificado.
Mais uma vez nas cidades seria deflagrado outro movimento, desta vez totalmente urbano, pois ocorreu em São Paulo, em 1917. A cidade estava em pleno crescimento com o afluxo de imigrantes, e a Primeira Guerra Mundial provocou um crescimento no número de indústrias, pois era necessária uma substituição de produtos que não vinham mais para o Brasil devido ao conflito europeu. Com isso também crescia o operariado paulista, que, ligado aos imigrantes italianos e espanhóis, passava a protestar por melhores condições de trabalho, incluindo os salários. O princípio da greve foi em uma tecelagem do grupo Klabin. Juntaram-se a ela várias outras fábricas, incluindo a dos Matarazzo. A greve tomou a cidade, parando-a logo em seguida; em todo país seus efeitos não foram duradouros, apesar de durar três meses (mas não diretos), contudo sua importância está no fato de ter conquistado algum benefício para os operários.
Dois anos depois, em 1919, outra série de greves agitou o país, mas sem uma duração de destaque, apesar de elas também serem lideradas por anarquistas, tendo a participação de socialistas marxistas. Com esse movimento, os trabalhadores tomaram consciência de sua força e união, lutando pelos seus direitos; mas sempre combatidos pela polícia ligada aos patrões. Inúmeros líderes seriam deportados, pois eram todos estrangeiros, com isso os governos acharam um meio de enfraquecer os movimentos operários, com a criação de cotas nas indústrias para trabalhadores brasileiros, diminuindo gradativamente o número de vagas para os imigrantes.
Fim da República Velha
O rompimento do acordo entre São Paulo e Minas Gerais para as eleições presidenciais de 1930 quebrou a aliança que sustentava a República Velha (1889/1930). Em 1929, o presidente Washington Luís indicou outro paulista, Júlio Prestes, para sucedê-lo. O presidente do Estado de Minas Gerais, Antonio Carls, sentindo-se traído, buscou o apoio dos governantes do Rio Grande do Sul e da Paraíba e formaram a Aliança Liberal, com Getúlio (RS) e João Pessoa (PB) à frente. Iniciava-se uma das mais acirradas disputas eleitorais daquele período. A crise da Bolsa de Nova York, em outubro de 1929, só fez contribuir para a intransigência paulista em torno de seu candidato. Depois da "aterrissagem" forçada da Bolsa, as exportações brasileiras de café para os EUA caíram de forma inédita. 
Os cafeicultores paulistas perceberam rapidamente que precisariam de todo apoio para superar as dificuldades que se avizinhavam. Assim, para a oligarquia paulista, depois de outubro de 1929, a eleição de Júlio Prestes visava garantir no comando do Estado republicano um presidente articulado com os interesses da cafeicultura. Ele, certamente, não pouparia esforços para mobilizar todos os recursos ao alcance do governo, a fim de atenuar os efeitos da crise.
Apesar da vitória de Júlio Prestes nas eleições de 1930, era evidente para outros setores das oligarquias brasileiras, para a burguesia industrial emergente, para setores do Exército e para as classes médias que a economia brasileira não poderia continuar a depender de um único produto. Era necessário buscar alternativasde desenvolvimento mais diversificadas, que tornassem o país menos vulnerável às crises externas, como aquela que nos atingia, o que implicava por fim à hegemonia paulista sobre o estado republicano.
Um incidente, o assassinato de João Pessoa, candidato a vice-presidente na chapa da Aliança Liberal, catalisou a indignação contra o governo de Washington Luís e criou condições favoráveis para o golpe de Estado que colocou Getúlio Vargas no poder, e que foi denominado por ele próprio de "Revolução de 30". À parte a polêmica que cerca este acontecimento, não há como negar que tem início aí uma das fases mais importantes de modernização do Estado e da economia brasileiros. 
Em 1930, a crise que se configurava ao longo da década atingiu sua culminância: as oligarquias regionais dissidentes optavam pela luta armada, o descontentamento militar ganhava novo alento, as classes médias urbanas, insatisfeitas, constituíam um amplo setor de apoio. Nesse momento, o setor cafeeiro era atingido pelos primeiros efeitos da Crise de 1929 e se distanciava do Governo Federal. Portanto, um fator externo - a Crise Mundial de 1929 - combinou-se com o agravamento de contradições internas. O setor cafeeiro continuou representando o papel fundamental na economia do País, mas, com a derrota, perdeu a hegemonia política. A Revolução levou a uma nova composição de equilíbrio entre setores da classe dominante. Não houve uma ruptura no processo histórico, e sim apenas uma acomodação de interesses e uma atualização de instituições.

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