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. 0 UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CURSO DE INFORMÁTICA FRANCISCO LUZIMAR DA SILVA PINHEIRO FORMAÇÃO DE DOCENTE PARA O USO DA INFORMÁTICA EDUCATIVA MAURITI 2013. . 1 FRANCISCO LUZIMAR DA SILVA PINHEIRO FORMAÇÃO DE DOCENTE PARA USO DA INFORMÁTICA EDUCATIVA Monografia apresentada à Universidade Estadual do Ceará como requisito parcial à obtenção do grau (graduado) em Informática. Orientador (a): Prof. Ms. Lorenna Maia Fernandes . MAURITI 2013 . 2 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Estadual do Ceará Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho Bibliotecário(a) Responsável – Giordana Nascimento de Freitas CRB-3 / 1070 P654f Pinheiro, Francisco Luzimar da Silva Formação de docente para o uso da informática educativa / Francisco Luzimar da Silva Pinheiro. — 2013. CD-ROM. 50 f. ; 4 ¾ pol. “CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico, acondicionado em caixa de DVD Slin (19 x 14 cm x 7 mm)”. Monografia (graduação) – Universidade Aberta do Brasil, Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências e Tecnologia, Curso de Licenciatura Plena em Informática, Mauriti, 2013. Orientação: Profa. Ms. Lorenna Maia Fernandes. 1. Informática. 2. Educação. 3. Professor. 4. Currículo. I. Título. CDD: 001.6 . 3 . 4 AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me amparado em todos os momentos da minha vida, me ajudando, orientando e incentivando a seguir. A ele meu eterno agradecimento! Aos meus pais Francisco Roldão e Maria Silene, que tanto contribuiu com a minha formação, se fazendo presente em todos os momentos e vibrando pelo meu sucesso. Obrigada por tudo! Ao meu irmão (Edmar) e as minhas irmãs (Eveline e Izabel), que tantas vezes me apoiaram para seguir em frente. Muito obrigada! Aos meus avôs Maria Nilza e José Gentil, pelo carinho, apoio e incentivo para realização deste sonho. Muito obrigada! Aos meus primos e primas, que sempre torceram pela realização deste sonho. Muito obrigada! A minha orientadora, professora Lorena Maia, pela paciência, atenção e dedicação oferecidas durante a construção deste trabalho. Muito obrigada, pelo amparo em todos os momentos! A todos os colegas, pela sincera amizade nos momentos mais difíceis e grande contribuição para a concretização deste curso. Vocês são muito especiais! Ao tutor presencial Felizardo Barbosa e a todas as pessoas que contribuíram para a concretização desta vitória. Muito obrigada! A todos da coordenação na pessoa de Olrandina, pela atenção, compreensão e apoio que tantos nós deu. Muito obrigada! . 5 “Não se poderia pensar hoje numa pedagogia e uma didática de texto sem está consciente das transformações a que a informática submete as praticas da leitura e escrita”. Perrenoud. . 6 "A teoria econômica não oferece um corpo de conclusões estável imediatamente aplicável à formulação de políticas públicas. É um método, mais do que uma doutrina, um aparato da mente que ajuda seu possuidor a alcançar conclusões corretas”. John Maynard Keynes . 7 RESUMO Atualmente as novas tecnologias podem ter um significativo impacto sobre o papel dos docentes, pela reciclagem constante recebida com as TICs, em termos de conteúdos pedagógicos, métodos e uso da tecnologia, assegurando um modelo geral de ensino que encara os discentes como participantes ativos do processo de aprendizagem e não como receptores passivos de informações ou conhecimentos, incentivando os professores a utilizar essas novas técnicas e começarem a remodelar suas aulas e a motivarem seus alunos a participarem de novas experiências. A capacitação e a atuação de docentes para o uso da informática educativa em educação é um processo que inter-relaciona o domínio dos recursos tecnológicos com a ação pedagógica e com os conhecimentos teóricos necessários para refletir compreender, transmitir e transformar essa ação. Esse processo de capacitação impulsiona a articulação do referencial teórico com as ideia de educadores e pesquisadores que trazem contribuições referentes ao uso do ciclo de descrição, execução e reflexão. Para tornar possível essa transformação na atuação do professor é necessário que o mesmo vivencie situações onde possa analisar a sua prática e a de outros professores, estabelecerem relações entre elas e as teorias e desenvolvimento subjacente, participar de reflexões coletivas sobre as mesmas, debater suas perspectivas com os colegas e buscar novas orientações. O professor atua como agente transformador de conhecimento, valorizando os interesses e necessidades de seus alunos ao utilizar como ponto de partida de seu trabalho pedagógico os conhecimentos cotidianos emergentes no contexto, os quais são trabalhados com o uso de todos os meios tecnológicos disponíveis, entre eles os recursos da informática, em busca de melhor compreendê-los e de desenvolver uma educação independente. Ao final deste processo de formação e motivação do professor quanto ao uso dos computadores em suas atividades pedagógicas, espera-se que cada docente encontre sua própria forma quanto ao melhor uso desta ferramenta de trabalho pedagógica, . 8 desenvolvendo um planejamento didático e metodológico diferente com seus alunos que envolva decisões próprias como: 1) escolher o software mais apropriado á sua disciplina; 2) escolher o melhor momento de usar os computadores; 3) como integrar os softwares educativos em suas disciplinas curriculares; 4) quais ações para integração homem/máquina; 5) como proporcionar um trabalho lúdico e criativo; 6) como avaliar o desempenho escolar, técnico, social e afetivo, deste novo recurso no contexto escolar e tecnológico. Palavras-chaves: Informática. Educação. Professor. Currículo. ABSTRACT Currently new technologies can have a significant impact on the role of teachers, the constant recycling received with ICTs in terms of educational contents, methods and use of technology, ensuring a general model of education which sees learners as active participants in the process learning and not as passive recipients of information or knowledge, encouraging teachers to use these new techniques and begin to reshape their classes and motivate their students to participate in new experiences. The capacity and performance of teachers in the use of educational computing in education is a process that relates the field of inter technological resources with pedagogical action and theoretical knowledge needed to understand reflect, transmit and transform this action. This training process drives the articulation of the theoretical with the ideas of educators and researchers who bring contributions for the use of cycle description, implementation and reflection. To make this transformation possible in teacher performance is necessary to experience the same situations where you can analyze your practice and other teachers, establish relationships between them and the underlying . 9 theories and development, participate in collective reflections on them, discuss their perspectives with colleagues and pursue new directions. The teacher acts as a transforming agent of knowledge, valuing the interests and needs of your students to use as a starting point for their work everyday emerging pedagogical knowledge in the context, which are analyzed using all available technological means,including computer resources, seeking to better understand them and develop an independent education. At the end of this process of training and motivation of teachers regarding the use of computers in their teaching activities, it is expected that each teacher finds his own way as to best use this tool work pedagogical, didactic planning and developing a methodology different with their students involving their own decisions as: 1) choose the most appropriate software to its discipline, 2) choose the best time to use the computers, 3) how to integrate educational software into their curriculum discipline; 4) what actions to integrate human / machine; 5) as providing a playful and creative work; 6) how to evaluate school performance, technical, social and emotional, this new feature in the school context and technological. Keywords: Computer. Education. Teacher. Curriculum. . 10 SUMARIO 1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................... 11 1.1 História e aspecto atual............................................................................................ 12 1.2 Objetivo Geral......................................................................................................... 14 1.3 Objetivo Especifico................................................................................................. 14 1.4 Metodologia.............................................................................................................. 15 2 INFOMÁTICA EDUCATIVA.............................................................................. 16 2.1 Novas Tecnologia na Escola.................................................................................... 17 2.2 Computador x Educação......................................................................................... 22 2.3 As vantagens de se ter um laboratório de informática na escola........................ 23 3 O PROFESSOR DIANTE DAS REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS................ 24 4 A CONCEPÇÃO PIAGET, VIGOTSKY, WOLLON E PAULO FREIRES........................................................................................................................ 27 4.1 Teoria do desenvolvimento Piaget.......................................................................... 28 4.2 Teoria do desenvolvimento de Henry Wollon....................................................... 30 4.3 Teoria do desenvolvimento de Lev’s Vigostsky.................................................... 33 5 O INTERACIONISMO E A MEDIAÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR.................................................. 36 5.1 A capacitação\Formação de professores e as metodologias de informática na educação......................................................................................................................... 38 6. CAPACITAÇÃO PEDAGÓGICA........................................................................... 45 6.1 Paradigma antigo..................................................................................................... 45 6.2 Paradigma novo...................................................................................................... 47 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................... 48 REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS.......................................................................... 49 . 11 1. INTRODUÇÃO A sociedade passa por grandes transformações neste período do século XXI, tanto aspectos econômicos, financeiros, culturais e sociais como também educacionais. Um sistema educacional exigente se faz cada vez mais necessário. Ao longo de muitos anos apresenta uma deficiência, a qual assume hoje uma gravidade maior, não só porque a evolução da sociedade já não aceita mais esse tipo de restrição ao exercício pleno da cidadania, mas também, porque a dinâmica atual do mercado de trabalho requer uma qualificação para o desenvolvimento de qualquer atividade e ou qualquer ramo de trabalho. Para Almeida (1987), a introdução da informática na educação deve ser percebida, levando em consideração o quadro de desenvolvimento e crise mundial. Na visão do autor, faz-se necessária uma nova reorganização das forças produtivas, sendo a informática mais uma etapa neste processo de divisão da força de trabalho a nível mundial. Quando se fala na inserção da informática na educação, em paralelo, levam-se em conta questões mundiais de produção, onde a educação tem um papel importante no desenvolvimento do capitalismo. No contexto educacional a tecnologia deverá ser tratada como processo de desenvolvimento, mas acreditada como resultado de muitas lutas para essa realização. No Brasil, a questão da informática relacionada com a educação já tem sua história (Moraes, 1995), apesar de poder ser ainda considerada como recente, já vem demonstrando sua presença tanto em nível de política pública como de uma prática pedagógica relacionada ao cotidiano de várias escolas. Embora muitos considerem o computador em si mesmo, como ferramentas análogas ao lápis e ao livro, a grande maioria da população não sabe usá-los V. 5 Nº 1, Julho, 2007 3 O computador se tornou um excelente aliado do professor, não apenas no que se refere ao acesso à informação, mas também, no que diz respeito ao . 12 desenvolvimento da autonomia, da e da autoestima do aluno. O aluno deixa de ser um mero receptor de informações e passa a ser responsável pela aquisição de seu conhecimento quando começa a usar o computador para buscar, selecionar e inter- relacionar informações significativas e, também, no momento em que passa a compor suas próprias idéias a partir do resultado de sua busca. Contudo, para que de fato a utilização desta ferramenta como recurso didático pedagógico se dê de forma adequada, mobilizadora, questionadora e desafiante é preciso preparar e sensibilizar o professor para que ele tire o melhor proveito desta tecnologia. Envolver os professores nesse contexto é um grande desafio porque não se trata de ensiná-los somente a manusear a tecnologia, mas sim de indicar o caminho para um novo tipo de produção que pode ser gerada a partir da utilização da mesma no contexto educacional, (Cysneiros 1997) alerta sobre o processo de adaptação da escola para o uso da tecnologia na educação. Este relato apresenta uma experiência de capacitação de professores para o uso da informática como ferramenta de apoio à educação. O mesmo está dividido em três subcapítulos, que no conjunto, tratam da apresentação, descrição, conteúdo e feedback dos alunos. O relato segue com indicação de execução de um projeto e servira como referencia para implantação de praticas futuras voltadas para a estrutura tecnológica educacional com uma ótica para o mercado de trabalho e para um currículo escolar transformador. 1.1 História e Aspecto Atual A História da Informática na Educação no Brasil iniciou a mais de 20 anos. Nasceu no início dos anos 70 a partir de algumas experiências na UFRJ, UFRGS e UNICAMP. Nos anos 80 se estabeleceu através de diversas atividades que permitiram que essa área hoje tivesse uma identidade própria, raízes sólidas e relativa maturidade. Apesar dos fortes apelos da mídia e das qualidades inerentes ao computador, a sua disseminação nas escolas está hoje muito aquém do que se . 13 anunciava e se desejava. A Informática na Educação ainda não impregnou as idéias dos educadores e, por isto, não está consolidada no nosso sistema educacional. Em plena era da Informação, caracterizada pelas tecnologias que surgem a cada dia e pela competitividade. Fatores limitadores são identificados, tal como. A maioria dos professores teme o uso da informática na sala deaula, muitas vezes por medo do novo, ou simplesmente por ver o computador como algo difícil para trabalhar, ou simplesmente porque os alunos conhecem mais o computador do que o próprio professor. Porém o que se sabe é que o computador não veio para dificultar a vida das pessoas, mas sim para ajudar e facilitar muitas atividades que seriam difíceis de serem realizadas sem a informática, como organização de notas dos alunos em planilha eletrônica, produção e correção de trabalho, educação à distância, acessar sua conta bancária, envio arquivos digitais instantâneos, apuração de urnas eletrônicas, utilização de cartão de crédito entre outros. Modernos softwares que são desenvolvidos aumentam as possibilidades que o professor dispõe para o uso do computador na construção mais conhecimento, eles também demandam um discernimento maior por parte do professor e, consequentemente, uma formação mais consistente e mais extensa. Isso deve acontecer tanto no domínio dos aspectos computacionais quanto do conteúdo curricular. Sem esses conhecimentos é muito difícil o educador saber agregar e saber extrair proveito do computador no desenvolvimento dos conteúdos. Esses recursos tecnológicos criam certos problemas, mas facilitam outros. Por exemplo, através da ligação desses computadores na rede mundial de Internet o docente na escola pode estar em permanente contato com os centros de formação. Por meio desses contatos os professores e os pesquisadores dos centros de informática no ensino podem interagir e trocar opiniões, contestar dúvidas, participar de debates via rede, receber e enviar idéias a respeito do andamento de tarefas. Esse contato poderá colaborar tanto para a formação do professor quanto . 14 para auxiliá-lo na resolução de problemas que encontrará na implantação da informática nos exercícios que serão desenvolvidos em sala de aula. 1.2 Objetivo Geral Contribuir para melhoria da qualidade do ensino da rede pública, através da formação continuada dos professores, com foco na utilização dos recursos tecnológicos para a educação na prática pedagógica e nos processos de ensino aprendizagem do educando. É preciso que o professor nesse mundo em constantes transformações saiba aprender e transmitir. Onde o papel do docente na sociedade atual é preparar o aluno para o futuro, que já se faz presente, promovendo e adquirindo novos conhecimentos e agilidades necessárias para enfrentar diversas situações, o que vai determinar transferência e absorção de informações. 1.3 Objetivos Específicos Mostrar a informática educativa como meio para a implementação de um currículo flexível, contextualizado e prazeroso no processo de ensino- aprendizagem. Sensibilizar os professores sobre a importância do uso da informática educativa, para a melhoria da sua prática pedagógica de sala de aula e consequentemente, a melhoria da qualidade da educação; Apresentar algumas estratégias que possibilitem o uso do computador à prática pedagógica do professor em sala de aula, para que esse funcione como um catalisador para a criação de um ambiente de aprendizagem interdisciplinar, cujos, elementos principais desse processo sejam os professores, alunos e os técnicos. . 15 Identificar alguns critérios a serem tomados, alguns princípios a serem respeitados e alguns caminhos a serem evitados quanto à utilização da informática educativa. 1.4 Metodologia A formação foi realizada com dez professores do fundamental I do primeiro ao quinto ano, com regência no laboratório de informática da Escola de Ensino Fundamental José Wilson Barbosa do Sitio Pitombeira Mauriti - CE, com utilização dos recursos que se disponibilizava no laboratório. Neste contexto abordamos os estudos da informática como Objetos de Aprendizagem, apresentando as diversas formas de trabalhar a informática educativa inserida na educação, embora tenha se planejado uma forma prática foi necessário um aprofundamento do conteúdo antes da pratica, apresentado alguns software, jogos que se adéqua ao conteúdo que são ministrados nas disciplinas, professores possuem pouco conhecimento, embora a escola possua laboratório de informática, mas nem todos os professores têm a oportunidade de se utilizar deste recurso, pois os mesmo não têm conhecimento e nem a instituição disponibiliza de profissional com conhecimento na área. Em segundo momento consiste no manuseio da máquina, sua área de trabalho ou desktop, os ícones e a apresentação de botões nas barras de ferramenta que dão acesso as janelas de produção de trabalho. Em terceiro é mostrar sua funcionalidade como realizadora de tarefas automáticas, que economizam tempo e esforço, e estimula os usuários ao uso didático e pessoal. Depois destes momentos realizados o quarto será explorado a digitação e formatação de textos no Word, digitação e criação de tabelas no Excel e realização de desenho e pintura no Power Poit. No quinto será a de pesquisa na internet onde conhecerá tarefas como gravar, reproduzir músicas, pesquisar conteúdos e software educativos. . 16 Quanto ao procedimento adotou-se o pressuposto de uma pesquisa de campo, desenvolvida com recursos tecnológicos disponíveis no laboratório de informática. 2. INFORMÁTICA EDUCATIVA Várias pesquisas mostram que a Informática Educativa apresenta um potencial inesgotável, no que gradualmente vai sendo desvendado por pesquisadores, professores e alunos. Cada vez mais, o computador faz parte de nossas vidas, qualquer que seja nossa atividade profissional, onde quer que estejamos. No entanto, algumas escolas ainda não conseguem ver com clareza como utilizar o computador e a internet de modo a assegurar um melhor desempenho dos alunos. Embora reconheça que nada pode ser feito sem uma qualificação adequada do corpo docente. Portanto, a escola vive em torno dos dilemas que é a inclusão das novas tecnologias da informação e comunicação que tem colocado para os profissionais da educação. Apesar de inúmeras pesquisas mostrarem que a informática educativa tem um potencial enorme para dinamizar o processo de ensino-aprendizagem, na medida em que o computador for empregado adequadamente (Vidal, 2012: p.27): Desmistifica o erro; Elimina o conceito de “burrice”; Valoriza a autonomia e os conhecimentos informais do aluno; Desloca a ênfase do ensinar para aprender; Cede espaço a aprendizagem por livre descoberta, à aprendizagem colaborativa e construtiva; Realimenta e redimensiona a prática do professor; . 17 Permite que a escola extrapole seus limites físicos, interagindo efetivamente com o que se passa fora dela. 2.1 Novas Tecnologias na Escola Segundo Valente, o computador pode ser usado na educação como máquina de ensinar ou como ferramenta para ensinar. O uso do computador como máquina de ensinar consiste na informatização dos métodos de ensino tradicionais. Do ponto de vista pedagógico esse é o método que auxilia na transmissão de informação. 1Alguém programa no computador uma série de informações, que devem ser passadas ao aluno na forma de um tutorial, exercício e prática ou jogo. “Entretanto, é muito comum encontrarmos essa abordagem sendo usada como construtivista, ou seja, para propiciar a construção do conhecimento na "cabeça" do aluno. Como se os conhecimentos fossem tijolos que devem ser justapostos e sobrepostos na construção de uma parede. Nesse caso, o computador tem a finalidade de facilitar a construção dessa "parede", fornecendo "tijolos" do tamanho mais adequado, em pequenas doses e de acordo com a capacidade individual de cada aluno”. (Valente, 1999) Na verdade o construtivismo pensado dessa forma é regredir ao ensino tradicional de forma tecnológica, já que a construção do conhecimento do individuo não está sendo autônoma e sim programada, e a formaçãodo cidadão se tornará obsoleta, atrofiada. O computador deve ser usado como recurso importante para auxiliar o processo de mudança na escola: a criação de ambientes de aprendizagem que enfatizam a construção do conhecimento e não a instrução. 1 Não podemos negar, que nos últimos anos tem havido um grande esforço por parte das autoridades educacionais do país, que tem refletido em políticas educacionais dos governos federal, estadual e municipal, entre tantos, podemos citar o que consideramos mais importante - a CF/88, LDB/96, os PCN/1998, PNE/2000 (novo PNE- 2011/2020), as resoluções que fundamentam e regulam o sistema educacional brasileiro (Resolução Nº 07/2010 – nove anos do EF) e programas voltados para essa área, como o PROINFO, entre outros. . 18 Isso implica entender o computador como uma nova maneira de representar o conhecimento, provocando um redimensionamento dos conceitos básicos já conhecidos e possibilitando a busca e compreensão de novas idéias e valores. Usar o computador com essa finalidade requer a análise cuidadosa do que significa ensinar e aprender, demanda rever a prática e a formação do professor para esse novo contexto, bem como mudanças no currículo e na própria estrutura da escola. (José A. Valente NIED-UNICAMP e CED-PUCSP). “O papel do computador como mediador, interfere de forma complexa e ambivalente em nossos processos mentais por apresentar características ao mesmo tempo semelhantes e diferentes das nossas: transformação da representação e do raciocínio em objetos manipuláveis através do seu poder em registrá-los numa memória ilimitada e inalterada; rapidez de execução dos comandos e efeitos recursivos, ou seja, a volta sistemática da informação sobre si mesma. Tudo isso produz formas de interatividade e ritmos novos, que levam os efeitos diversos, positivos e negativos, não só no plano cognitivo da aprendizagem, como também no plano psico-afetivo e social”. (LINARD, 1990, p.86). Temos que partir do princípio de que o computador é apenas uma ferramenta, sozinho, não é capaz de trazer avanços educacionais. Uma escola que resolve utilizá-lo como recurso didático necessita de bons professores, os quais estejam preparados e capacitados, para utilizar os recursos oferecidos por este sistema tecnológico de forma significativa. Mas, para que essas mudanças intelectuais sejam alcançadas, é necessário que o computador seja adequado à atividade. A simples presença deste recurso na escola não assegura uma melhoria do processo ensino aprendizagem, pois o fundamental é como ele será utilizado por professores e alunos. Essas novas ferramentas dão forma, de certa maneira, ao pensar a possibilidade de interação com o computador criando novas maneiras de organizar o pensar, especialmente no ambiente educacional. O acesso às redes de computadores interconectadas à distância permite que a aprendizagem ocorra freqüentemente no espaço virtual, que precisa ser inserido às práticas pedagógicas. A escola é um espaço privilegiado de interação social, . 19 mas este deve interligar-se e integrar-se aos demais espaços de informação hoje existente e incorporar os recursos tecnológicos e a comunicação via redes, permitindo fazer as pontes entre conhecimentos se tornando um novo elemento de cooperação e transformação. . O professor é fundamental no processo de transformação da escola, sem o seu envolvimento, pouco se pode realizar. Por ser tão importante, o trabalho do educador não pode ser improvisado. É imprescindível que o planejamento das aulas de informática seja feito em conjunto com os professores de outras disciplinas, de modo a estabelecer a conexão entre o conteúdo que se aprende na sala de aula e aquele que é trabalhado na sala informatizada. O objetivo de inserir as novas tecnologias na escola é na educação é para inovar as aulas e pedagogicamente importante que não se pode realizar de outras maneiras. O aprendiz, utilizando metodologias adequadas, poderá utilizar estas tecnologias na integração de matérias estagnadas. A escola passa a ser um lugar mais interessante que prepararia o aluno para o seu futuro. A aprendizagem centra-se nas diferenças individuais e na capacitação do aluno para torná-lo um usuário independente da informação, capaz de usar vários tipos de fontes de informação e meios de comunicação eletrônica. Cabe a escola introduzir as tecnologias e conduzir o processo de mudança da atuação do professor, que é o principal ator destas mudanças, habilitarem os discentes a buscar corretamente as informação e comunicação em fontes diversas. É preciso conscientizar todos os profissionais da educação, especialmente os alunos, da importância da tecnologia para o desenvolvimento social e cultural de cada um. O avanço da qualidade utilizando novas tecnologias poderá acontecer na forma de trabalhar o currículo e através da ação do professor, além de incentivar, apoiar a utilização de novos recursos de ensino, estimulando a pesquisas interdisciplinares adaptadas à realidade brasileira. Os avanços tecnológicos poderão ser empregados para criar, experiência e avaliar produtos educacionais, cujo alvo é avançar em mais um paradigma na Educação, adequando à sociedade escolar informação para redimensionar os valores humanos, aprofundar as . 20 habilidades de pensamento e tornar o trabalho entre docentes e alunos mais participativo e motivador. Com os recursos tecnológicos disponíveis, novas formas de aprender, novas competências são exigidas, outras maneiras de se realizar trabalho pedagógico são necessárias e fundamentalmente, é necessário formar professores para atuar neste ambiente telemático, em que a tecnologia serve como mediador do processo ensino-aprendizagem. Com esses recursos telemáticos os professores devem desenvolver cada vez mais sua capacidade como: a - Localizar e obter informações confiáveis. b – Saber diferenciar as boas informações e as más; c - Discriminar entre informação relevante e informação irrelevante, entre o que é e o que não é pertinente: d - Reter informações críticas; e - Processar ou operar mentalmente por meio de escritos, esquemas, gráficos, diagramas; f - O professor deve participar ativamente, com as informações de que dispõe de grupos nos quais são analisados problemas e tomadas decisões, sem o risco de ser vítima de doutrinação ou manipulação, ostensiva ou velada; g - Criar novas informações, através da invenção, da composição, da análise e da síntese, das múltiplas vias, enfim, que possibilitam a ampliação do bem estar comum e o enriquecimento do conhecimento. “Existe hoje uma infinidade de jogos implementados com a informática: simulação de guerras aventura em busca de tesouros, técnicas entre mestre de artes marciais, prova de automobilismo e muitos outros. A grande maioria se distancia completamente dos propósitos da escola, e são censurados por ela. No entanto podemos contar com inúmeros jogos e softwares, que cultivam no ambiente educacional uma prazerosa aliança entre diversão e aprendizado”. (COX, 2003) . 21 Entre os softwares úteis à educação escolar podemos destacar o Sherlock, por sua proximidade com a realidade e a qualidade atribuída a ele em várias experiências em sala de aula. Trata-se de um software desenvolvido por David Carraher, professor doutor e sociólogo da UFPE onde o detetive Sherlock Holmes das historias policiais é desafiado a desvendar palavras que completam o texto. O Sherlock é apenas um exemplo de inúmeros outros existentes. “Programas de processamento de texto, planilhas, manipulação de banco de dados, construção e transformação de gráficos, sistemas de autoria, calculadores numéricos, são aplicativos extremamente úteis tanto ao aluno quanto ao professor. Talvez estas ferramentas constituam uma dasmaiores fontes de mudança do ensino e do processo de manipular informação. As modalidades de softwares educativos descritas acima podem ser caracterizadas como uma tentativa de computadorizar o ensino tradicional”. (VALENTE, 1999) Os programas que estão disponíveis nos computadores são de suma importância na formação de cidadão para a vida, onde essas ferramentas auxiliam o professor e facilita na compreensão de conteúdos para o aluno. “Como afirma Wissmann a internet consiste em um sistema de comunicação, onde podemos encontrar informações sobre qualquer assunto e em qualquer língua, onde podemos nos comunicar com pessoas de qualquer parte do mundo e em qualquer língua. E ao contrario do que muitas pessoas pensam não é necessário fazer um curso de informática para que possa acessar a rede, basta ter tempo e curiosidade. A riqueza de imagens e sons nos ajudará e guiará neste processo de descobrimento”. (WISSMANN, 2002). Vivemos em uma sociedade de informação e ensinar utilizando a internet pressupõe um professor diferente, sobrecarregado de informações advindas tanto da sua própria experiência pessoal como dos seus alunos, tendo um perfil animador e coordenador de atividades e integrador. A utilização da internet também é um caso importante. De nada adianta pedir para um aluno fazer uma pesquisa na Internet sem as devidas orientações. Cabe ao docente ensinar aos discentes para que estes não façam simples cópias de textos encontrados em sites. Apenas copiando, os alunos não vão aprender. As . 22 orientações devem ser no sentido de como elaborar uma pesquisa, como encontrar sites confiáveis, como gerar conhecimentos com o material pesquisado, etc. 2.2 Computador X Educação O computador é, sem dúvida alguma, uma ferramenta que veio para ficar. Não importa o tipo de atividade, quando o computador entra em cena nela sua produtividade/eficiência tende a melhorar significativamente. Entretanto, para que essa melhora ocorra é necessário haver pessoas que dominem o uso do computador e atividades envolvidas em sua implementação, pois caso contrário, o investimento feito para adquirir as máquinas não terá valido de nada. Desde que o Ministério da Educação (MEC) anunciou sua intenção de levar milhares de computadores a escolas públicas, urbanas e rurais, via seu programa de inclusão digital denominado Proinfo que é uma ação da Secretaria de Educação a Distância (SEED) lançado oficialmente em 1997, com o objetivo de instalar laboratórios de computadores nas escolas urbanas e rurais do ensino básico brasileiro. Tal método de ensino e aprendizagem, vem fomentando a incorporação das tecnologias de informação e comunicação (TICs) e das técnicas de educação à distância aos métodos didático-pedagógicos. Além disso, promove a pesquisa e o desenvolvimento voltados para a introdução de novos conceitos e práticas nas escolas públicas brasileiras. É, portanto, um programa educacional com o fim de promover o uso pedagógico da informática na rede pública de educação básica, levando às escolas computadores, recursos digitais e conteúdos educacionais. Em contrapartida os estados, o Distrito Federal e os municípios devem garantir a estrutura adequada, segundo orientação do MEC, para receber os laboratórios e capacitar os educadores para o uso das máquinas e tecnologias. Entender o binômio "Computador e Educação", é ter em vista o fato de que o computador se tornou um instrumento, um ferramenta para aprendizagem, desenvolvendo habilidades intelectuais e cognitivas, levando o indivíduo ao desabrochar das suas potencialidades, de sua criatividade, de sua inventividade. O produto final desse processo é a formação de indivíduos autônomos, que . 23 aprendem por si mesmo, porque aprenderam a aprender, através da busca, da investigação, da descoberta e da invenção. O computador é um recurso tecnológico que disponibiliza de ferramentas didática. De fato, ele proporciona facilidade para simular fenômenos e animações. No entanto, esse aspecto leva a uma nova utilização como uma ferramenta de aprendizagem. Deste modo, a informática na educação pode ser vista como um instrumento a mais de aprendizagem que contribui para o desenvolvimento da educação escolar como um todo, e que deve estar contextualizado com a finalidade definidas no plano pedagógico escolar. Ela deve ter em vista e propiciar aos educando e educadores um ambiente no qual a aprendizagem pode ser estimulada pela união dos recursos da informática, visando o desenvolvimento de projetos interdisciplinares e cooperativos ou mesmo através de objetivos reservados de cada disciplina. 2.3 As vantagens de se ter um laboratório de informática na escola Hoje, muitas pessoas ainda não sabem digitar rapidamente, acessar sites na Internet, usar editores de texto (como o Word), montar planilhas no Excel e criar apresentações no PowerPoint. Tais pessoas têm uma dificuldade enorme em se qualificar em uma entrevista de emprego que exija tais requisitos. Mudar essa situação (na teoria) é simples, basta seguir a seguinte “fórmula”: escolas com laboratórios de informática abertas à comunidade + pessoas dispostas a ensinar gratuitamente o que sabem = qualificação solidárias de mão-de-obra. A escola ao introduzir o computador como um meio de aprendizagem não deve deixar que este se torne um artigo de luxo, criando assim adultos egoístas e anti-sociais. Ela deve buscar neste, um meio de desenvolver cidadãos mais críticos, sociais e independentes, repensando assim o seu papel frente a novas tecnologias. . 24 Os alunos do ensino fundamental e do ensino médio, ao utilizarem o computador entram em um ambiente multidisciplinar e interdisciplinar, ou seja, ao invés de apenas receberem informações, os alunos também constroem conhecimentos, formando assim um processo onde o professor educa o aluno e ao educar é transformado através do diálogo com os alunos. Cada geração inventa, cria, inova e a educação tem seu processo também de criação, invenção e inovação, principalmente no campo do conhecimento. É preciso evoluir para se progredir, e aplicação da informática desenvolve os assuntos com metodologia alternativa, o que muitas vezes auxilia o processo de aprendizagem. O papel então dos professores não é apenas o de transmitir informações, é o de faci1itador, mediador da construção do conhecimento. Então, o computador passa a ser o "aliado" do professor na aprendizagem, propiciando transformações no ambiente de aprender e questionando as formas de ensinar. Se a educação se esgotar no processo de transmissão dos conhecimentos e dos valores criados por gerações passadas sem a elaboração de conhecimentos novos, sem questionamento de valores, sem inventividade e inovação, não teremos evolução cultural, social, tecnológica e educacional. Deixará de haver progresso e estaremos estagnando ou retrocedendo. Portanto, a informática quando adotada nas escolas deve se integrar ao ambiente e à realidade dos alunos, não só como ferramenta, mas como recurso interdisciplinar, constituindo-se também em alguma coisa a mais com que o professor possa contar para bem realizar o seu trabalho, desenvolvendo com os alunos atividades, projetos e questionamento. 3. O PROFESSOR DIANTE DAS REVOLUÇÕES TECNOLÓGICAS Estamos diante de um novo século, com uma nova sociedade, a sociedade da informação, com novo formato de receber e transmitir informação, e de uma busca de conhecimento. As pessoas hoje em dia, têm acesso ao mundo e as suas . 25 tradições culturais, com muita mais eficácia e rapidez que ontem. Com a explosão da computação e, consequentemente da Internet, passou-se a considerar que disponibilizar informação em uma página da Internet seria um processo educativo contínuo e a formação da língua escrita dessa pessoa, estariasendo realmente transmitida, de forma correta. Será mesmo? E qual seriam realmente as vantagens e desvantagens dessa interferência digital em nossos dias? As recordações da Educação nos dizem que, educar não é adestrar, nem governar informações para um indivíduo e sim servir como mediador desse processo. A Educação um processo composto de detalhes que se utiliza de algum meio de comunicação como instrumento ou suporte visando alcançar a qualidade no processo de ensino/aprendizagem e objetivando o melhor desempenho na ação do professor, na interação pessoal e direta com seu público. “A educação é um processo complexo que utiliza algum tipo de meio de comunicação como complemento ou apoio à ação do professor em sua interação pessoal e direta com os estudantes”. (BELLONI,1999.p.54). As ferramentas tecnológicas vêm provocando visíveis transformações nos métodos de ensinar e na própria forma do discurso escrito que apresentam considerável adaptação ás novas tecnologias. A resistência à aquisição de novos conhecimentos é um fator negativo no processo de formação cultural intelectual do individuo na relação ensino-aprendizagem. Assim, como enfrentar os novos desafios? Como mostrar para seus alunos os caminhos da inclusão e participação social? “Ensinar com a internet será uma revolução, se mudamos simultaneamente os paradigmas do ensino. Caso contrário servirá somente como um verniz, um paliativo ou uma jogada de marketing para dizer que o nosso ensino é mordeno e cobra preços mais caros nas já salgadas mensalidade”. (MORAN,2008.p.8). O papel dos professores tem que mudar também, e os cursos superiores precisam preparar esses novos docentes para não perderem o controle das tecnologias digitais que são requeridas ou se dispõem a usar em suas salas de aulas. Os professores precisam aprender a manusear as novas tecnologias e ajudar . 26 os alunos a, e eles também, aprenderem como manipulá-las e não se permitirem serem manipulados por elas. Mas para tanto, precisam usá-las para educar, saber de sua existência, aproximar-se das mesmas, familiarizar-se com elas, apoderar-se de suas potencialidades, e dominar sua eficiência e seu uso, criando novos saberes e novos usos, para poderem estar, no domínio das mesmas e poderem orientar seus alunos a “lerem” e “escreverem” com elas. Os professores não devem simplesmente substituir as “velhas tecnologias” pelas “novas tecnologias”, devem, antes de tudo, se apoderar das novas para aquilo que elas são únicas e resgatar os usos das velhas em organização com as novas, isto é, usar cada uma naquilo que ela tem de peculiar e, portanto, melhor do que a outra. O uso e influência das novas tecnologias devem servir ao docente não só em relação à sua atividade de ensino, mas também na sua atividade de pesquisa continuada. E a pesquisa com as novas tecnologias tem características diferentes que estão diretamente ligadas à procura de constante informação. A educação precisa repensar seus métodos curriculares e preparar seus docentes tanto para se apropriarem das novas tecnologias de informação e comunicação quanto para a prática da educação a distância que se vê viabilizada. Os Cursos de Educação à Distancia são exemplos desta iniciativa. Também o Ministério da Educação, através da Secretaria de Educação à Distância - SEED, estão apoiando com seus vários “sistemas de formação de professores” que envolve o ensino a distância por seus diversos programas por essas novas tecnologias digitais, tais como o Pró-infantil, Pró-formação, Pró-licenciatura, Pró- letramento, Atendimento Educacional Especializado e tantos outros. Até o inicio do século passado à escola apresentava-se com prática pedagógica hegemônica e para poucos, ligada ao poder religioso e dos governantes, cujo papel do professor, era o de transmitir um conhecimento já pronto e voltado aos interesses do estado e da igreja, quase sempre revestida de caráter autoritário e dogmático, mas a escola visava atender a demanda de mão- de-obra da emergente Revolução Industrial, caracterizava-se pela concepção da qual a ciência como o “objeto de conhecimento” e dogmática segundo Ripper (1994, p. 60). O professor tinha a missão de transmitir esse saber enciclopédico a um ideal de aluno padronizado. Neste cenário há um círculo vicioso, pois o . 27 professor é também submetido ao mesmo tratamento do de seu aluno, recebendo esse conhecimento já pronto. 4. A CONCEPÇÃO PIAGET, VIGOTSKY , WALLON E PAULO FREIRE Para Paulo freire em um diálogo com Papert, cujo o tema foi o futuro da escola e o impacto dos novos meios de comunicação no modelo de escola atual, Paulo Freire faz a seguinte constatação: a minha questão não é acabar com escola, é mudá-la completamente, é radicalmente fazer que nasça dela um novo ser tão atual quanto a tecnologia. Eu continuo lutando no sentido de pôr a escola à altura do seu tempo. E pôr a escola à altura do seu tempo não é soterrá-la, mas refazê-la. (FREIRE & PAPERT, 1996) . “No processo de ensino e aprendizagem, a curiosidade é fator fundamental para que o docente possa buscar novas formas de fundir as tecnologias de informação e comunicação em sua prática adotando sustentada por ambientes virtuais colaborativos, “faço questão de ir me tornando um homem do meu tempo. Como indivíduo recuso o computador porque acredito muito na minha mão. Mas como educador, acho que o computador, o vídeo, tudo isso é muito importante” (FREIRE, 2001b, p. 198). Para Paulo Freire a tecnologia pó si só não provoca mudança no processo de ensino e preciso que responda os questionamentos para que aja conquista ao logo da história. A tecnologia, por si só, não responde aos questionamentos que fazem parte do processo, tanto da sociedade quanto da escola, geradas e impulsionadas por seres humanos em suas manifestações, propostas, reivindicações, lutas e conquistas ao longo da história. A história tem uma horizontalidade que não significa repetição, nem perpetuação, mas continuidade. Ou seja, há uma relação de continuidade no processo histórico que não pode . 28 sofrer uma ruptura que signifique o advento de algo absolutamente inédito (FREIRE, 2001b, p. 213). Com os novos recursos de comunicação que a cada dia estão sendo mais explorados, sistematizarei alguns pressupostos básicos das teorias do desenvolvimento de Piaget, Wallon e Vygotsky. Após, farei algumas reflexões sobre a integração de computadores nas escolas e as contribuições da teoria do desenvolvimento de Vygotsky, a qual explica a interatividade e a construção coletiva do conhecimento em um meio sócio-histórico cultural, propiciada pela mediação aluno/aluno; aluno/professor; aluno/computador; enfim, aluno/conhecimento. 4.1. Teoria do Desenvolvimento de Piaget Formado em Biologia, Piaget especializou-se nos estudos do conhecimento humano, concluindo que, assim como os organismos vivos podem adaptar-se geneticamente a um novo meio, existe também uma relação evolutiva entre o sujeito e o seu meio, ou seja, a criança reconstrói suas ações e ideias quando se relaciona com novas experiências ambientais. Para ele, a criança constrói sua realidade como um ser humano singular situação em que o cognitivo está em supremacia em relação ao social e o afetivo. Na perspectiva construtivista de Piaget, o começo do conhecimento é a ação do sujeito sobre o objeto, ou seja, o conhecimento humano se constrói na interação homem-meio, sujeito-objeto. Conhecer consiste em operar sobre o real e transformá-lo a fim de compreendê-lo, é algo que se dá a partir da ação do sujeito sobre o objeto de conhecimento. As formas de conhecer são construídas nas trocas com os objetos, tendo uma melhor organização em momentos sucessivos de adaptação ao objeto. A adaptação ocorre através da organização, sendo que o organismo discrimina entre estímulose sensações, selecionando aqueles que irá organizar em alguma forma de estrutura. A adaptação possui dois mecanismos opostos, mas complementares, que garantem o processo de desenvolvimento: a http://coral.ufsm.br/lec/02_00/Cintia-L&C4.htm . 29 assimilação e a acomodação. Segundo Piaget, o conhecimento é a equilibração/reequilibração entre assimilação e acomodação, ou seja, entre os indivíduos e os objetos do mundo. A assimilação é a incorporação dos dados da realidade nos esquemas disponíveis no sujeito, é o processo pelo qual as idéias, pessoas, costumes são incorporadas à atividade do sujeito. A criança aprende a língua e assimila tudo o que ouve, transformando isso em conhecimento seu. A acomodação é a modificação dos esquemas para assimilar os elementos novos, ou seja, a criança que ouve e começa a balbuciar em resposta à conversa ao seu redor gradualmente acomoda os sons que emite àqueles que ouvem, passando a falar de forma compreensível. “Segundo FARIA (1998), os esquemas são uma necessidade interna do indivíduo. Os esquemas afetivos levam à construção do caráter, são modos de sentir que se adquire juntamente às ações exercidas pelo sujeito sobre pessoas ou objetos. Os esquemas cognitivos conduzem à formação da inteligência, tendo a necessidade de serem repetidos (a criança pega várias vezes o mesmo objeto). Outra propriedade do esquema é a ampliação do campo de aplicação, também chamada de assimilação generalizada (a criança não pega apenas um objeto, pega outros que estão por perto). Através da discriminação progressiva dos objetos, da capacidade chamada de assimilação recognitiva ou reconhecedora, a criança identifica os objetos que pode ou não pegar, que podem ou não dar algum prazer à ela”. FARIA (op.cit.) salienta que os fatores responsáveis pelo desenvolvimento, segundo Piaget, são: maturação; experiência física e lógica- matemática; transmissão ou experiência social; equilibração; motivação; interesses e valores; valores e sentimentos. A aprendizagem é sempre provocada por situações externas ao sujeito, supondo a atuação do sujeito sobre o meio, mediante experiências. A aprendizagem será a aquisição que ocorre em função da experiência e que terá caráter imediato. Ela poderá ser: experiência física - comporta ações diferentes em função dos objetos e consiste no desenvolvimento de ações sobre esses objetos para descobrir as propriedades que são abstraídas . 30 deles próprio é o produto das ações do sujeito sobre o objeto; e experiência lógica- matemática – o sujeito age sobre os objetos de modo a descobrir propriedades e relações que são abstraídas de suas próprias ações, ou seja, resulta da coordenação das ações que o sujeito exerce sobre os objetos e da tomada de consciência dessa coordenação. Essas duas experiências estão inter-relacionadas, uma é condição para o surgimento da outra. Para que ocorra uma adaptação ao seu ambiente, o indivíduo deverá equilibrar uma descoberta, uma ação com outras ações. A base do processo de equilibração está na assimilação e na acomodação, isto é, promove a reversibilidade do pensamento, é um processo ativo de auto-regulação. Piaget afirma que, para a criança adquirir pensamento e linguagem, deve passar por várias fases de desenvolvimento psicológico, partindo do individual para o social. Segundo ele, o falante passa por pensamento autístico, fala egocêntrica para atingir o pensamento lógico, sendo o egocentrismo o elo das operações lógicas da criança. No processo de egocentrismo, a criança vê o mundo a partir da perspectiva pessoal, assimilando tudo para si e ao seu próprio ponto de vista, estando o pensamento e a linguagem centrados na criança. Para Piaget, o desenvolvimento mental dá-se espontaneamente a partir de suas potencialidades e da sua interação com o meio. O processo de desenvolvimento mental é lento, ocorrendo por meio de graduações sucessivas através de estágios: período da inteligência sensório-motora; período da inteligência pré-operatória; período da inteligência operatória-concreta; e período da inteligência operatório-formal. 4.2. Teoria do Desenvolvimento de Henry Wallon A criança, para Wallon, é essencialmente emocional e gradualmente vai constituindo-se em um ser sócio-cognitivo. O autor estudou a criança contextualizada, como uma realidade viva e total no conjunto de seus comportamentos, suas condições de existência. . 31 “Segundo GALVÃO (2000), Wallon argumenta que as trocas relacionais da criança com os outros são fundamentais para o desenvolvimento da pessoa. As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no qual ficarão envolvidas em um "sincretismo subjetivo", por pelo menos três anos. Durante esse período, de completa indiferenciação entre a criança e o ambiente humano, sua compreensão das coisas dependerá dos outros, que darão às suas ações e movimentos formato e expressão”. Antes do surgimento da linguagem falada, as crianças comunicam-se e constituem-se como sujeitos com significado, através da ação e interpretação do meio entre humanos, construindo suas próprias emoções, que é seu primeiro sistema de comunicação expressiva. Estes processos comunicativos-expressivos acontecem em trocas sociais como a imitação. Imitando, a criança desdobra, lentamente, a nova capacidade que está a construir (pela participação do outro ela se diferenciará dos outros) formando sua subjetividade. Pela imitação, a criança expressa seus desejos de participar e se diferenciar dos outros se constituindo em sujeito próprio. Wallon propõe estágios de desenvolvimento, assim como Piaget, porém, ele não é adepto da idéia de que a criança cresce de maneira linear. O desenvolvimento humano tem momentos de crise, isto é, uma criança ou um adulto não são capazes de se desenvolver sem conflitos. A criança se desenvolve com seus conflitos internos e, para ele, cada estágio estabelece uma forma específica de interação com o outro, é um desenvolvimento conflituoso. No início do desenvolvimento existe uma preponderância do biológico e após o social adquire maior força. Assim como Vygotsky, Wallon acredita que o social é imprescindível. A cultura e a linguagem fornecem ao pensamento os elementos para evoluir, sofisticar. A parte cognitiva social é muito flexível, não existindo linearidade no desenvolvimento, sendo este descontínuo e, por isso, sofre crises, rupturas, conflitos, retrocessos, como um movimento que tende ao crescimento. De acordo com GALVÃO (op.cit.), no primeiro ano de vida, a criança interage com o meio regida pela afetividade, isto é, o estágio impulsivo- . 32 emocional, definido pela simbiose afetiva da criança em seu meio social. A criança começa a negociar, com seu mundo sócio-afetivo, os significados próprios, via expressões tônicas. As emoções intermédia sua relação com o mundo. Do estágio sensório-motor ao projetivo (1 a 3 anos), predominam as atividades de investigação, exploração e conhecimento do mundo social e físico. No estágio sensório-motor, permanece a subordinação a um sincretismo subjetivo (a lógica da criança ainda não está presente). Neste estágio predominam as relações cognitivas da criança com o meio. Wallon identifica o sincretismo como sendo a principal característica do pensamento infantil. Os fenômenos típicos do pensamento sincrético são: fabulação, contradição, tautologia e elisão. Na gênese da representação, que emerge da imitação motora-gestual ou motricidade emocional, as ações da criança não mais precisarão ter origem na ação do outro, ela vai “desprender-se” do outro, podendo voltar-se para a imitação de cenas e acontecimentos, tornando-se habilitada à representação da realidade. Este salto qualitativo da passagem do ato imitativo concreto e a representação é chamado de simulacro. No simulacro, que é a imitação em ato,forma-se uma ponte entre formas concretas de significar e representar e níveis semióticos de representação. Essa é a forma pela qual a criança se desloca da inteligência prática ou das situações para a inteligência verbal ou representativa. Dos 3 aos 6 anos, no estágio personalístico, aparece a imitação inteligente, a qual constrói os significados diferenciados que a criança dá para a própria ação. Nessa fase, a criança está voltada novamente para si própria. Para isso, a criança coloca-se em oposição ao outro num mecanismo de diferenciar-se. A criança, mediada pela fala e pelo domínio do “meu/minha”, faz com que as idéias atinjam o sentimento de propriedade das coisas. A tarefa central é o processo de formação da personalidade. Aos 6 anos a criança passa ao estágio categorial trazendo avanços na inteligência. No estágio da adolescência, a criança volta-se a questões pessoais, morais, predominando a afetividade. Ainda conforme GALVÃO, é nesse estágio que se intensifica a realização das diferenciações necessárias à redução do . 33 sincretismo do pensamento. Esta redução do sincretismo e o estabelecimento da função categorial dependem do meio cultural no qual está inserida a criança. 4.3. Teoria do Desenvolvimento de Lev’s Vigotsky Para Vygotsky, a criança nasce inserida num meio social, que é a família, e é nela que estabelece as primeiras relações com a linguagem na interação com os outros. Nas interações cotidianas, a mediação (necessária intervenção de outro entre duas coisas para que uma relação se estabeleça) com o adulto acontece espontaneamente no processo de utilização da linguagem, no contexto das situações imediatas. Essa teoria apóia-se na concepção de um sujeito interativo que elabora seus conhecimentos sobre os objetos, em um processo mediado pelo outro. O conhecimento tem gênese nas relações sociais, sendo produzido na intersubjetividade e marcado por condições culturais, sociais e históricas. Segundo Vygotsky, o homem se produz na e pela linguagem, isto é, é na interação com outros sujeitos que formas de pensar são construídas por meio da apropriação do saber da comunidade em que está inserido o sujeito. A relação entre homem e mundo é uma relação mediada, na qual, entre o homem e o mundo existem elementos que auxiliam a atividade humana. Estes elementos de mediação são os signos e os instrumentos. O trabalho humano, que une a natureza ao homem e cria, então, a cultura e a história do homem, desenvolve a atividade coletiva, as relações sociais e a utilização de instrumentos. Os instrumentos são utilizados pelo trabalhador, ampliando as possibilidades de transformar a natureza, sendo assim, um objeto social. Os signos também auxiliam nas ações concretas e nos processos psicológicos, assim como os instrumentos. A capacidade humana para a linguagem faz com que as crianças providenciem instrumentos que auxiliem na solução de tarefas difíceis, planejem uma solução para um problema e controlem seu comportamento. Signos e palavras são para as crianças um meio de contato . 34 social com outras pessoas. Para Vygotsky, signos são meios que auxiliam/facilitam uma função psicológica superior (atenção voluntária, memória lógica, formação de conceitos, etc.), sendo capazes de transformar o funcionamento mental. Desta maneira, as formas de mediação permitem ao sujeito realizar operações cada vez mais complexas sobre os objetos. Segundo Vygotsky, ocorrem duas mudanças qualitativas no uso dos signos: o processo de internalizarão e a utilização de sistemas simbólicos. A internalizarão é relacionada ao recurso da repetição onde a criança apropria-se da fala do outro, tornando-a sua. Os sistemas simbólicos organizam os signos em estruturas, estas são complexas e articuladas. Essas duas mudanças são essenciais e evidenciam o quanto são importantes as relações sociais entre os sujeitos na construção de processos psicológicos e no desenvolvimento dos processos mentais superiores. Os signos internalizados são compartilhados pelo grupo social, permitindo o aprimoramento da interação social e a comunicação entre os sujeitos. As funções psicológicas superiores aparecem, no desenvolvimento da criança, duas vezes: primeiro, no nível social (entre pessoas, no nível interpsicológico) e, depois, no nível individual (no interior da criança, no nível intrapsicológico). Sendo assim, o desenvolvimento caminha do nível social para o individual. Como visto, exige-se a utilização de instrumentos para transformar a natureza e, da mesma forma, exige-se o planejamento, a ação coletiva, a comunicação social. Pensamento e linguagem associam-se devido à necessidade de intercâmbio durante a realização do trabalho. Porém, antes dessa associação, a criança tem a capacidade de resolver problemas práticos (inteligência prática), de fazer uso de determinados instrumentos para alcançar determinados objetivos. Vygotsky chama isto de fase pré-verbal do desenvolvimento do pensamento e uma fase pré-intelectual no desenvolvimento da linguagem. Por volta dos 2 anos de idade, a fala da criança torna-se intelectual, generalizante, com função simbólica, e o pensamento torna-se verbal, sempre mediado por significados fornecidos pela linguagem. Esse impulso é dado pela inserção da criança no meio cultural, ou seja, na interação com adultos mais . 35 capazes da cultura que já dispõe da linguagem estruturada. Vygotsky destaca a importância da cultura; para ele, o grupo cultural fornece ao indivíduo um ambiente estruturado onde os elementos são carregados de significado cultural. Os significados das palavras fornecem a mediação simbólica entre o indivíduo e o mundo, ou seja, como diz VYGOTSKY (1987), é no significado da palavra que a fala e o pensamento se unem em pensamento verbal. Para ele, o pensamento e a linguagem iniciam-se pela fala social, passando pela fala egocêntrica, atingindo a fala interior que é pensamento reflexivo. A fala egocêntrica emerge quando a criança transfere formas sociais e cooperativas de comportamento para a esfera das funções psíquicas interiores e pessoais. No início do desenvolvimento, a fala do outro dirige a ação e a atenção da criança. Esta vai usando a fala de forma a afetar a ação do outro. Durante esse processo, ao mesmo tempo que a criança passa a entender a fala do outro e a usar essa fala para regulação do outro, ela começa a falar para si mesma. A fala para si mesma assume a função auto-reguladora e, assim, a criança torna-se capaz de atuar sobre suas próprias ações por meio da fala. Para Vygotsky, o surgimento da fala egocêntrica indica a trajetória da criança: o pensamento vai dos processos socializados para os processos internos. A fala interior, ou discurso interior, é a forma de linguagem interna, que é dirigida ao sujeito e não a um interlocutor externo. Esta fala interior, se desenvolve mediante um lento acúmulo de mudanças estruturais, fazendo com que as estruturas de fala que a criança já domina, tornem-se estruturas básicas de seu próprio pensamento. A fala interior não tem a finalidade de comunicação com outros, portanto, constitui-se como uma espécie de “dialeto pessoal”, sendo fragmentada, abreviada. A relação entre pensamento e palavra acontece em forma de processo, constituindo-se em um movimento contínuo de vaivém do pensamento para a palavra e vice-versa. Esse processo passa por transformações que, em si mesmas, podem ser consideradas um desenvolvimento no sentido funcional. VYGOTSKY (op.cit.) diz que o pensamento nasce através das palavras. É apenas pela relação da criança com a fala do outro em situações de interlocução, que a criança se . 36 apropria das palavras, que, no início, são sempre palavras do outro. Por isso, é fundamental que as práticas pedagógicas trabalhem no sentido de esclarecer a importância da fala no processode interação com o outro. “Segundo VYGOTSKY (1989), a aprendizagem tem um papel fundamental para o desenvolvimento do saber, do conhecimento. Todo e qualquer processo de aprendizagem é ensino-aprendizagem, incluindo aquele que aprende, aquele que ensina e a relação entre eles. Ele explica esta conexão entre desenvolvimento e aprendizagem através da zona de desenvolvimento proximal (distância entre os níveis de desenvolvimento potencial e nível de desenvolvimento real), um “espaço dinâmico” entre os problemas que uma criança pode resolver sozinha (nível de desenvolvimento real) e os que deverá resolver com a ajuda de outro sujeito mais capaz no momento, para em seguida, chegar a dominá-los por si mesma (nível de desenvolvimento potencial)”. 5. O INTERACIONISMO E A MEDIAÇÃO DAS NOVAS TECNOLOGIAS NA PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO ESCOLAR A integração dos recursos tecnológico nas escolas precisa dar ênfase na seriedade do contexto sócio-histórico-cultural em que os dicentes vivem e a aspectos afetivos que suas linguagens imaginam. O uso de computadores como um meio de interação, onde o conflito cognitivo, os riscos e desafios e o apoio recíproco entre pares está presente, é um meio de aumentar culturalmente a linguagem e propiciar que a criança construa sua próprio informação. Segundo RICHTER (2000), as crianças precisam correr riscos e desafios para serem bem sucedidas em seu processo de ensino-aprendizagem, produzindo e interpretando a linguagem que está além das certezas que já tem sobre a língua. Vygotsky avalia o trabalho grupal, cooperativo, ao contrário de Piaget, que considera a criança como construtora de sua informação de forma particular. O ambiente computacional proporciona transformações qualitativas na zona de desenvolvimento proximal do aluno, os quais não acontecem com muita freqüência em salas de aula “tradicionais”. A cooperação entre crianças pressupõe . 37 um trabalho de parceria unida para produzir algo que não poderiam brotar individualmente. Na zona de desenvolvimento proximal, possibilita a intercâmbio entre sujeitos, permeada pela linguagem humana e pela linguagem da máquina, força o atuação intelectual porque faz os sujeitos reconhecerem e coordenarem os conflitos provocados por uma situação problema, construindo um conhecimento novo a partir de seu nível de capacidade que se desenvolve sob a influência de um determinado contexto sócio-histórico-cultural. Wallon acredita que o processo de construção do conhecimento passa por conflitos, momentos de crises e rupturas. Os novos recursos tecnológicos não substituem o professor, mas transformam algumas de suas funções. O docente transforma-se agora no estimulador da curiosidade do aluno por querer conhecer, por pesquisar, por buscar as informações. Ele coordena o método de apresentação dos resultados adquirido pelos alunos, interrogando os dados apresentados, contextualizando os resultados, adaptando-os para a realidade dos alunos. O professor pode estar mais próximo dos alunos, receber mensagens via e-mail com dúvidas, passar informações complementares para os alunos, adaptar a aula para o ritmo de cada um. Assim sendo, o processo de ensino-aprendizagem ganha um dinamismo, inovação e poder de comunicação até agora pouco usados. Os alunos também podem aproveitar o E-mail para trocar informações, dúvidas com seus colegas e docentes, tornando o aprendizado mais cooperativo. A utilização do correio eletrônico proporciona uma rica estratégia para acrescentar as habilidades de comunicação, fornecendo ao aluno oportunidades de acesso a diversas culturas, aperfeiçoando o aprendizado em várias áreas do conhecimento. A utilização da Internet, é caracterizado como uma forma de comunicação que proporciona a formação de um contexto coletivizado, resultado da interação entre participantes. Conectar-se é sinônimo de interagir e compartilhar no coletivo. A navegação em sites transforma-se num jogo discursivo em que significados, comportamentos e conhecimentos são criticados, . 38 negociados e redefinidos. Este jogo comunicativo tende a reverter o “monopólio” da fala do professor em sala de aula. 5.1 A CAPACITAÇÃO/FORMAÇÃO DE PROFESSORES E AS METODOLOGIAS DE INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO A capacitação em informática em educação proporciona certas peculiaridades que devem estar atualizado nos cursos cujo objetivo é formar pessoas neste campo. Inicialmente, a utilização da informática em educação não significa a somatória de informática e educação, mas a integração dessas duas áreas de conhecimento. Para que aja integração é preciso haver domínio dos conteúdos que estão sendo agregados. E a informática, para muitos professores cuja formação é ciências humanas, pode se tornar problemática. Além disto, o domínio da informática implica, entre outras coisas, no domínio do computador. Por outro lado, os aspectos educacionais, psicológicos e sociais para o profissionais que conhecem apenas informática também ocasiona uma serie de problemas. Os participante dos cursos deve vivenciar situações onde a informática é utilizada como recurso educacional, a fim de poder compreender o que expressa o aprendizado através da informática, qual a sua função como docente nessa situação, e que metodologia é mais apropriada a sua maneira de trabalho. Somente com essas experiências o profissional terá condições de assumir uma nova postura como educador que utiliza a informática em educação. Devido á velocidade de renovação do saber e do fazer, baseados em tecnologia, Oliveira (2002) e Dotta (2002) descrevem que a maior parte dos conhecimentos adquiridos por uma pessoa no inicio de sua formação profissional será obsoleta ao iniciar a sua carreira. A nova sociedade baseada na informação insere na educação o desafio de formar continuamente indivíduos capazes de interagir com as tecnologias e de apropriar-se delas. Belloni (2001) afirma que promover a formação contínua dos professores é um dever da sociedade e do estado, tanto para atender às necessidades do sistema econômico, quanto para . 39 oferecer ao indivíduo oportunidades de desenvolver suas competências como trabalhador e cidadão, capaz de viver na sociedade. Sendo assim, transformar a formação inicial em formação ao longo da vida seria o único caminho para alcançar ou manter-se em condições de competitividade em nível individual ou nacional, numa economia globalizada altamente tecnológica. Valente (1993) ensina que poderíamos dividir em duas partes a informática educacional: uma em que o microcomputador assume o papel de ensinar e a abordagem educacional consiste na instrução auxiliada pelo microcomputador, substituindo-se o papel ou livro pelo mesmo, dotado de programas que podem ser tutoriais ou exercícios/prática com base na simulação ou jogos educacionais, e outra, em que o professor utiliza-se de ferramentas computacionais para auxiliar o processo pedagógico de ensino-aprendizagem. Os cursos de formação continuada em tecnologia, segundo Moraes (2002), devem levar os professores a vivenciar situações nas quais a informática deva ser utilizada como recurso educacional, entendendo o significado da tecnologia, o seu papel como educador e determinando qual metodologia melhor se aplica ao seu trabalho. Complementa que o fator mais importante na formação do profissional é a aquisição de conhecimentos e, neste momento, o professor deve estar preparado para: usar a informática com seu(s) aluno(s), observar as dificuldades do aluno frente a máquina, intervir e auxiliar o aluno a superar dificuldades, diagnosticar potencias e problemas do aluno afim de promover os potenciais e superar os problemas. (p. 201) Almeida (2000) ensina que o instrucionismo utilizou o microcomputador para desenvolver a instrução programada; oconteúdo ensinado seria subdividido em módulos, estruturados de forma lógica, de acordo com a perspectiva pedagógica de quem planejou a elaboração do material instrucional. No final de cada módulo, o aluno deveria efetuar uma pergunta ou uma avaliação que o levaria ao módulo seguinte caso as respostas estivessem corretas; em caso contrário ele deveria retornar ao mesmo módulo até que obtivesse sucesso. Complementando, o mesmo autor descreve que a atuação do professor no ensino instrucionista não exigiria muito preparo, pois ele teria apenas de . 40 selecionar o software de acordo com o conteúdo previsto, propondo as atividades para os alunos e acompanhando-os durante a exploração do mesmo. O microcomputador funcionaria como uma máquina de ensinar otimizada, e o software como um produto acabado, ensinado conforme a estrutura do pensamento de quem o elaborou. Uma outra aplicação pedagógica é o construcionismo, que, segundo Gómez (2004), diz que o papel do educador se representa em função da necessidade de estimular processos cognitivos dos estudantes, os quais por sua vez, assumem o papel ativo em virtude desse desenvolvimento. Cabe aos educadores experimentar novas formas conscientes e reflexionistas sobre as diversas formas de aprender de seus alunos, muito particularmente dos mecanismos. Uma das formas dos professores utilizarem o ambiente construcionista, segundo Rocha (2003), seria desenvolver, construir, aplicar, refletir e depurar o conhecimento utilizando o microcomputador na escola. Almeida (2000) sugere que as formas de emprego do microcomputador como ferramenta educacional propiciam ao aluno a construção de conhecimentos a partir de suas próprias ações (físicas e mentais); isto pode ocorrer através do uso de aplicativos como o processador de texto, a planilha eletrônica, o gerenciador de banco de dados, ou mesmo através de uma linguagem de programação que favoreça a aprendizagem ativa; ou quando o aluno interage com o microcomputador desenvolvendo atividades de pesquisa. Weiss (2004) complementa que, no construcionismo, o professor é um facilitador, com o objetivo de enriquecer o ambiente, provocando situações para que o aprendiz possa se desenvolver de forma ativa, realizando também suas próprias descobertas, ao invés de somente assimilar conhecimentos prontos, baseados na memorização. “Paralelamente, há uma confusão na forma de aplicar os métodos construcionistas. Em muitos casos, os professores utilizam os métodos tradicionais, trabalhando com o microcomputador com software organizado para seguir de acordo com a capacidade do aluno. Esses programas, do modo seqüenciado de perguntas e respostas, que avançam em níveis e retornam . 41 quando há erro, não podem ser tratados como construcionistas, pois somente ocorre a interação com o aluno, sem instigá-lo a refletir e a desenvolver o seu processo mental”. (VALENTE, 1993). Oliveira (1997) questiona qual seria a melhor maneira de dotar o professor dos conhecimentos necessários ao uso frente à tecnologia. Segundo o autor, um modelo ideal de capacitação a ser seguido consiste naquele, promovendo as atitudes de desmistificação do uso do microcomputador, diminui a resistência à informática e quebra o ceticismo em relação às contribuições do microcomputador na educação, o que pode ser conseguido através de debates seminários. Também é recomendável que cada país, a exemplo do Brasil, pesquise formas próprias de formação dos professores ao invés de simplesmente importar soluções encontradas em outras culturas. “Os cursos de formação e capacitação docentes podem levar a mudanças substanciais no meio educacional desde que desenvolvidos em conjunto com a prática pedagógica realizada na escola. Adiciona-se a essas mudanças o desenvolvimento de trabalhos coletivos a fim de contribuir para a profissionalização dos professores”. (BEHRENS,1996). Jonassen (1996), descreve em seu estudo que seria necessário separar os tipos de aprendizagem relacionada ao uso da tecnologia em quatro classes : 1. Aprender a partir da tecnologia (learning from), em que a tecnologia apresenta o conhecimento e o papel do aluno é receber esse conhecimento, como se ele fosse apresentado pelo próprio professor; 2. Aprender acerca da tecnologia (learning about), em que a própria tecnologia é objeto de aprendizagem; 3. Aprender através da tecnologia (learnin by), em que o aluno aprende ensinando o microcomputador (programando o microcomputador através de linguagens como BASIC ou o LOGO); . 42 4. Aprender com a tecnologia (learning with), em que o aluno aprende usando as tecnologias como ferramentas que o apóiam no processo de reflexão e de construção do conhecimento (ferramentas cognitivas). Nesse caso, a questão determinante não é a tecnologia em si mesma, mas a forma de encarar essa mesma tecnologia, usando-a, sobretudo, como estratégia cognitiva de aprendizagem. Essas classes de aprendizagens em tecnologias podem ser adotadas aos cursos de capacitação como referências para que os cursos de capacitação, direcionando a metodologia a ser empregada. Valente (2003) destaca que os alunos somente devem acessar a internet se dispuserem um projeto pedagógico, pois teriam assim o acompanhamento do professor e seriam orientados sobre a maneira correta de utilizar a informação. Estas preocupações somam-se ao fato de os alunos acessarem as informações sobre algo que o professor solicitou e simplesmente imprimirem, sem critério ou seleção, deixando para ler mais tarde aquilo que foi impresso/obtido, até mesmo após a devolução do professor. Litwin (1997) destaca que os materiais escritos tem um papel fundamental, seja através das clássicas propostas dos impressos (papéis), ou através das produções mais sofisticadas que permitem integração em programas, sendo que professores e alunos não podem se ater exclusivamente apenas ao virtual. Uma pesquisa de um trabalho não deve se ater somente ao conteúdo proposto na disciplina e para que essas informações possam ser compreendidas e explicadas, devem identificar a construção de conhecimentos, desenvolvendo atividades e projetos sob a orientação dos professores. “É necessário realizar uma correta seleção bibliográfica... e assegurar que os materiais de leitura selecionados para um curso respeitem certos critérios básicos; por exemplo, que sejam centrais à relação e conteúdos da disciplina referida; que sejam acessíveis e legíveis em termos das possibilidades de compreensão dos alunos”...(LITWIN,1997 p 77). Capacitar professores apenas quanto ao uso de aplicativos, ou preparar para trabalhar com a máquina, sem qualquer envolvimento pedagógico, pode . 43 gerar a insatisfação de ambas as partes (professores e alunos) e um sentimento de impossibilidade de uso da tecnologia. Para não correr riscos, um curso de capacitação, segundo Valente (2003), deveria seguir os seguintes pontos fundamentais: Propiciar ao professor condições para entender o microcomputador como uma nova maneira de representar o conhecimento, provocando um redimensionamento dos conceitos já conhecidos e possibilitando a busca e compreensão de novas idéias e valores; Propiciar ao professor a vivência de uma experiência que contextualiza o conhecimento que ele constrói; Prover condições para o professor construir conhecimento sobre as técnicas computacionais, entender por que e como integrar o microcomputador em sua prática pedagógica e ser capaz de superar as barreiras de ordem administrativas e pedagógicas; Criar condições para que o professor saiba recontextualizar o que foi aprendido e a experiências vivida durante a formação para a sua realidade de sala de aula, compatibilizando o que se dispõe a atingir (p 3) Com isso, o autor expressa a sua concordância de que a formação não pode
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