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Fisiopato Doenças intestinais mal absortivas Introdução - Podem ocorrer por ma digestão (quebra de alimentos inadequada, não permitindo a formação de produtos absortiveis) ou ma absorção (mucosa com alteração, dificultando a captação e transporte de nutrientes quebrados adequadamente) - São elas : fibrose cística, doença celíaca, abetalipoproteinemia, intolerância à lactose e enteropatia ambiental - Sinais e sintomas comuns : diarreia (causada pela ma absorção de nutrientes e secreção intestinal excessiva), flatulência, dor abdominal e perda de peso. A absorção inadequada de vitaminas e minerais pode resultar em anemia e mucosite - Decorrem de alterações em ao menos 1 das quatro fases de absorção de nutrientes : 1. Digestão intraluminal = proteínas, carboidratos e gorduras são degradados em formas absorvíveis 2. Digestão terminal = envolve a hidrólise de carboidratos e peptídeos por dissacaridases e peptidases, respectivamente, na borda em escova da mucosa do intestino delgado 3. Transporte transepitelial = nutrientes, líquido e eletrólitos são transportados pelo epitélio do intestino delgado e processados nele 4. Transporte linfático = lipídios absorvidos Diarreia - É o aumento na massa, frequência ou fluidez das fezes para volumes maiores do que 200 ml por dia - Decorre da diminuição na absorção ou o aumento na secreção, o que resulta em um fluido adicional dentro do lúmen - Disenteria = diarreia dolorosa, sanguinolenta e de pequeno volume - Pode ser classificada em 4 categorias : Diarreia secretora . Caracterizada por fezes isotônicas e persistes durante o jejum . Decorre do aumento da secreção intestinal de água e eletrólitos Fisiopato Diarreia osmótica . Ocorre na deficiência de lactase . Decorre da retenção de líquidos dentro do lumen intestinal, devido à presença de solutos osmoticamente ativos não absorvidos Diarreia disabsortiva . É causada pela absorção inadequada de nutrientes . Está associada a esteatorreia . É aliviada por jejum Diarreia exsudativa . É causada por doença inflamatória . É caracterizada por fezes purulentas, sanguinolentas, que continuam durante o jejum . Decore de lesões na célula epitelial do intestino que impedem a absorção de nutrientes Fibrose cística - Devido à ausência do regulador de condutância transmembranar de fibrose cística epitelial (CFTR), as pessoas com fibrose cística têm defeitos na secreção intestinal e ductal pancreática de cloreto (o que resulta em uma interferência na secreção de bicarbonato, sódio e água resultando em hidratação luminal defectiva) - Ocorrem alterações no transporte de membrana (muita produção de muco e pouca produção de água) - Acomete glândulas exócrinas, trato respiratório, trato gastrointestinal e tratos reprodutivos Patogênese 1- Defeito nos canais de cloreto (diminuição ou alteração das bombas de cloreto) 2- Redução na liberação de cloreto (cloreto não sai da célula e fica acumulado, o sódio entra e se conjuga com o cloreto) 3- Desidratação (o cloreto de sódio não sai da célula não havendo absorção de água) 4- Aumento na secreção de muco (para tentar suprir a desidratação) 5- Ma digestão de nutrientes 6- Ma absorção de nutrientes Características clínicas No intestino - Redução na secreção de água - Aumento na secreção de muco (muco mais espesso) - Obstrução do intestino delgado e grosso Na árvore biliar - Retenção de secreção biliar - Cirrose biliar focal - Proliferação do ducto biliar - Colecistite crônica - Colelitíase No pâncreas - Deficiência da bomba de cloreto-bicarbonato - Retenção de enzimas no pâncreas - Destruição de tecido pancreático - Insuficiência pancreática exócrina - Má absorção de proteína e gordura - Fezes volumosas e malcheirosas frequentes - Má absorção de vitamina A, D, E, K Fisiopato Doença celíaca - É uma enteropatia imunomediada (reação imune intestinal) - É desencadeada pela ingestão de cereais que contém gluten (trigo, cevada, centeio) - Possui risco de neoplasia maligna (pode evoluir para um linfoma T ou adenocarcinoma) - Ocorre absorção defeituosa de gorduras, vitaminas lipo e hidrossolúveis, proteínas, carboidratos, eletrólitos, minerais e água - Está relacionada com a alterações na digestão terminal e no transporte transepitelial Patogênese 1- O glúten é digerido por enzimas luminais e de borda em escova e transformado em um peptídeo chamado gliadina 2- A gliadina é absorvida e apresentada ao linfócitos T 3- Os linfócitos T reagem a gliadina resultando em lesão e dano tecidual OU 1- O glúten é digerido por enzimas luminais e de borda em escova e transformado em um peptídeo chamado gliadina 2- A gliadina é quebrada e se transforma em uma proteína (gliadina desaminase) 3- Essa proteína é identificada pelo sistema imunológico e os linfócitos TCD4 produzem substâncias tóxicas que resultam em lesão e dano tecidual das células que tiveram contato com a gliadina Marcadores genéticos - IGA anti-tTG - IGG anti-tTG - IGA anti-endomisio - Anti-gliadina - HLA-DQ2 e HLA-DQ8 Manifestações clínicas - Diarreia crônica - Esteatorreia - Perda de peso - Anorexia - Distensão abdominal - Fraqueza muscular - Evacuação volumosa, espumante e de cor amarela - Distúrbio do crescimento em crianças Microscopia - Aumento no número de linfócitos TCD8 intraepiteliais - Linfocitose intraepitelial - Hiperplasia das criptas - Atrofia das vilosidades - Aumento no número de células plasmáticas, mastócitos e eosinófilos Fisiopato Abetalipoproteinemia - É uma doença autossômica recessiva - É caracterizada pela incapacidade de secretar lipoproteínas ricas em triglicerídeos - Acomete principalmente os enterocitos - Decorre de um defeito transepitelial que leva à ma absorção Patogênese 1- Mutação na proteína microssomos de transferência de triglicerídeos (MTP) 2- Defeito na produção de lipoproteína 3- Acúmulo de lipídios no enterocito 4- Ma absorção de lipídeos (não ocorre formação de HDL, LDL) Microscopia - Vacúolos lipídios em células epiteliais do intestino delgado * A falha em absorver os ácidos graxos essenciais leva a deficiências de vitaminas lipossolúveis e defeitos de lípidos em membranas plasmáticas produzem frequentemente glóbulos vermelhos acantocíticos em esfregaços de sangue periférico Manifestações clínicas - Distúrbio do crescimento - Diarreia - Esteatorreia Intolerância à lactose - É a impossibilidade de absorção da lactose - Não ocorre produção ou há produção insuficiente da lactase (enzima que digere e quebra a lactose) - Pode ser de 2 tipos : Deficiência adquirida de lactase primária . Também conhecida como intolerância à lactose primária . É causada por alterações genéticas que resultam na baixa produção de lactase . É comum em populações indígenas americanos, afro-americanos e chineses . A diminuição da produção de lactase intestinal pode ocorrer durante o meio da infância (5 anos) ou durante o desenvolvimento (baixos níveis de lactase como consequência da prematuridade) Deficiência adquirida de lactase secundária . Também conhecida como intolerância à lactose secundária . Decorre de uma lesão da mucosa do TGI causada por uma infecção bacteriana, que resulta em achatamento das vilosidades ou dano epitelial . O supercrescimento bacteriano resulta no aumento da fermentação da lactose dietética no intestino delgado, levando à sintomas d intolerância à lactose . A lesão da mucosa pode causar também doença celíaca, doença de crohn, doença de whipple * Em pacientes com intolerância à lactose não há lactase, portanto o açúcar (lactose) fica Fisiopato acumulada e não é degradada. Esse acúmulo aumenta a osmolaridade, podendo resultar no quadro clínico de acúmulo de liquido e diarreia * No caso de infecção bacteriana, as bactérias impedem a absorção da lactose, fazendo com que ela se mantenha na luz intestinal e resultado no quadro clínicode flatulência, diarreia e dor abdominal Alergia a proteína do leite de vaca - É desencadeada pela presença de 3 proteínas : caseína, alfa-lá to albumina e beta-lactoglobulina (a que mais causa quadros alérgicos) - Decorre de uma resposta imune aberrante à administração oral de antígenos dietéticos, que ocorre quando barreiras imunológicas são quebradas Patogênese 1- Lactose é absorvida e apresentada ao sistema monocitico fagcitario 2- O sistema monocitico fagócitario estimula as células T 3- As células T estimulam os linfócitos B a produzirem IGE 4- A IGE se liga aos mastocitos que em uma segunda apresentação podem causar uma reação de angioedema, lesão de mucosa, dermatites Manifestações clínicas - Dor abdominal - Dermatites - Angioedema Enteropatia ambiental - Também conhecida como espru tropical - É a síndrome de atrofia do crescimento e comprometimento da função intestinal - Fatores de risco = ma condição sanitária, defeitos na função da barreira intestinal, exposição crônica a patogênese fecais e outros contaminantes microbiais, retidos surtos de diarreia nos 2 a 3 primeiro anos de vida, falta de higiene Manifestações clínicas - Má absorção - Desnutrição - Atraso no crescimento - Defeitos na função de imunidade da mucosa intestinal Fisiopato Enteropatia autoimune - É uma desregulação autoimune ligada ao cromossomo X - Pode acometer crianças jovens - A terapia inclui medicamentos imunossupressores (como a ciclosporina) e em raros casos, o transplante de células‐ tronco hematopoiéticas Patogênese 1- Mutação no gene FOXP3 2- Alteração na transcrição das células TCD3 e TDC4 (células reguladoras que perdem a capacidade de reconhecimento dos enterocitos) 3- Produção de autoanticorpos para os enterocitos e para as células caliciformes 4- Lesão da mucosa Microscopia - Linfócitos intraepiteliais podem estar aumentados - Neutrófilos frequentemente presentes Referências - Patologia – Bases Patológicas das Doenças; Robbins & Cotran; 9ª ed.; 2016; Capítulo 17. - Patologia; Bogliolo; 7ª ed.; 2006; Capítulo 21.
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