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portadores de duodenojejunopatia. Caracteriza-se pela grande quantidade de fezes e, geralmente, normais ou pastosas. Desnutrição é frequente. Não há alívio da dor após evacuação. Na diarreia “baixa” (proveniente do cólon), as evacuações são em pouca quantidade, mas muito frequentes e ainda associadas a tenesmo (desconforto ao evacuar) e urgência fecal, sintomas clássicos de irritação do reto. Se o problema for exclusivo do cólon, o total de líquido eliminado não excede 1,5 litros. É comum presença de sangue e muco nas fezes. Raramente há desnutrição associada. Alívio da dor após evacuação. Características da apresentação Intestino Delgado Intestino Grosso Número de Evacuações Pouca Grande Volume das fezes e consistência Grande e fezes normais ou pastosas Pequena e fezes líquidas não consistentes Coloração das fezes Normal ou brilhante Normal Puxo e Tenesmo Não Sim Urgência para evacuação Rara Frequente Dor abdominal Periumbilical e/ou dor na FID Dor localizada na FIE Alívio da dor após evacuação Não Sim Muco Não Sim Sangue nas fezes Raro Comum Resíduos alimentares visíveis Frequente Raro Desnutrição associada Frequente Raro A terceira forma de classificar as diarreias enfoca o mecanismo fisiopatológico das mesmas, permitindo a divisão em 5 grandes grupos: 1. Diarreia Osmótica Existe alguma substância osmoticamente ativa e não absorvível pelo epitélio intestinal. O que isso quer dizer? Em termos práticos, significa que uma quantidade maior de água obrigatoriamente será retida na luz do tubo digestivo (equilibrando a osmolalidade de seus conteúdos inabsorvíveis com a do meio extracelular, a qual está em torno de 290 mOsm/L). Tanto o delgado quanto o cólon não são capazes de sustentar um gradiente osmótico, e por isso não conseguem evitar que o equilíbrio entre os dois lados da mucosa seja atingido! Aproximadamente 3,5 litros de água são perdidos para cada 1 mOsm de aumento na osmolalidade intraluminal... Principais exemplos: ingestão ou clister de sais de magnésio, sais de fosfato, sorbitol, manitol, glicerina, lactulose; deficiência de lactase (intolerância à lactose), forma primária ou secundária às enteropatias (lesão da borda em escova dos enterócitos); diarreia dos antibióticos. A deficiência de lactase é o principal exemplo da “diarreia dos carboidratos”, de mecanismo osmótico. Além da diarreia, o paciente apresenta um grande acúmulo de gás intestinal, provocando cólica abdominal e intensa flatulência, pela fermentação bacteriana no cólon. A fermentação dos carboidratos produz ácidos graxos de cadeia curta (acetato, propionato, butirato), gerando fezes ácidas (pH fecal < 5,5). A “diarreia dos antibióticos” geralmente é leve e explicada na maioria das vezes pela redução da flora colônica, prejudicando a metabolização dos carboidratos (que não foram absorvidos no delgado) em ácidos graxos de cadeia curta que seriam prontamente absorvidos pelo cólon. A sobra desses carboidratos provoca um efeito osmótico no lúmen colônico, explicando a diarreia. A diarreia osmótica cessa completamente com o estado de jejum, logo, não há diarreia noturna, ao contrário das diarreias secretórias! A suspensão da substância incriminada – por exemplo: lactose na deficiência de lactase – também melhora rapidamente o quadro. Como a absorção de eletrólitos está intacta nas diarreias osmóticas, a quantidade de sódio e potássio tende a ser reduzida nas fezes. Por causa disso, observamos um gap osmolar fecal elevado (> 125 mOsm/L). Este parâmetro é calculado pela fórmula: 290 – 2 x (Na + K), que utiliza a dosagem do sódio e potássio fecal – ver adiante. Diarreia aquosa pode ser decorrente de alteração osmótica, secretora, ou mecanismos inflamatórios. Com a ingestão do pouco absorvido (p. ex., Mg2+) ou não absorvível (polietileno glicol, lactulose ou, em indivíduos deficientes em lactase, lactose) de soluto, a força osmótica do soluto puxa a água e secundariamente os íons de sódio e cloreto para o lúmen intestinal. Uma proporção considerável da osmolalidade das fezes resulta de solutos não absorvidos. Esse hiato entre a osmolalidade fecal e a soma dos eletrólitos nas fezes causa a diarreia osmótica (CECIL). 2. Diarreia Secretória não Invasiva Algum fator, geralmente uma toxina, droga ou substância neuro-hormonal, está estimulando a secreção ou inibindo a absorção hidroeletrolítica pelo epitélio intestinal. Pode ser uma diarreia “alta” ou “baixa”, ou as duas ao mesmo tempo. Principais exemplos: laxativos estimulantes (fenoftaleína, bisacodil), bactérias produtoras de toxinas (cólera), VIPoma, síndrome carcinoide, diarreia dos ácidos biliares e diarreia dos ácidos graxos. A “diarreia dos ácidos biliares” acontece toda vez que estas substâncias atingem o cólon, o que pode ser decorrente de sua absorção parcial no íleo (doença ileal leve a moderada), ou do lançamento súbito de uma grande quantidade dessas substâncias no TGI, excedendo a capacidade absortiva ileal (diarreia pós-vagotomia troncular, diarreia pós-colecistectomia). Uma vez no lúmen colônico, os ácidos biliares provocam secreção de cloreto e água e, portanto, diarreia, que melhora quase sempre com o uso da colestiramina, um quelante de ácidos biliares. Lembre-se que os ácidos biliares são reabsorvidos exclusivamente no íleo... A “diarreia dos ácidos graxos” ocorre nos estados mais acentuados de má absorção de lipídios e no supercrescimento bacteriano. Os ácidos graxos (exceto os de cadeia curta) são hidroxilados pelas bactérias colônicas, tornando-se substâncias secretórias. A diarreia secretória não cessa com o jejum e possui um gap osmolar fecal baixo (< 50 mOsm/L), pela riqueza de Na e K nas fezes. 3. Diarreia Invasiva ou Inflamatória Decorrente da liberação de citocinas e mediadores inflamatórios por lesão direta da mucosa intestinal (enterite, colite ou enterocolite), o que estimula a secreção intestinal e o aumento da motilidade. O marco deste tipo de diarreia é a presença de sangue, pus e muco nas fezes, podendo ser chamada de disenteria. Pode ser infecciosa ou não infecciosa (ex.: doença inflamatória intestinal). O exame que avalia a presença de sangue, pus e muco nas fezes é o EAF (Elementos Anormais nas Fezes). A lactoferrina fecal (marcador de ativação leucocitária) também está aumentada nas disenterias. Diarreias inflamatórias, que podem ser aquosas ou com presença de sangue, caracterizam-se por lesão e morte de enterócitos, atrofia das vilosidades e hiperplasia das criptas. A membrana danificada do enterócito do intestino delgado diminui a atividade da hidrolase dissacaridase e peptídeo hidrolase, com redução ou ausência dos mecanismos de transporte de açúcares ou aminoácidos ligados ao Na+ e redução ou ausência de transportadores de absorção de cloreto de sódio. Por outro lado, as criptas hiperplásicas preservam sua capacidade de secretar Cl- (e talvez HCO3 -). Se a Inflamação for grave, a lesão vascular imunomediada ou a ulceração permite a perda de sangue, pus e extravasamento de proteína (exsudato) dos capilares e linfáticos, o que contribui para a diarreia. A ativação de linfócitos, fagócitos e fibroblastos liberam vários mediadores inflamatórios que induzem a secreção de cloreto intestinal. lnterleucina-1 (IL) e TNF também são liberados no sangue, causando febre e mal-estar. (CECIL) 4. Diarreia + Esteatorreia (Síndrome disabsortiva) A presença de esteatorreia (aumento da eliminação fecal de lipídios) sempre tem origem numa doença do intestino delgado. Principais exemplos: doença celíaca, espru tropical, doença de Crohn, doença de Whipple, giardíase, estrongiloidíase, linfangiectasia, linfoma intestinal. O mecanismo da diarreia na síndrome disabsortiva inclui o mecanismo secretório colônico (“diarreia dos ácidos graxos”), o mecanismo osmótico da má absorção de carboidratos dissacarídeos (deficiência secundária de lactase) e, em menor