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Problema 7 - Diarreia aguda e crônica

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Carla Bertelli – 4° Período 
1 – Compreender a epidemiologia, etiologia, fisiopatologia, 
manifestações clínicas associadas a diarreia aguda e crônica 
2 – Entender o diagnóstico e tratamento da diarreia 
3 – Diferenciar os mecanismos fisiopatológicos: osmóticas, 
inflamatórias, disabsortivas, secretórias e funcionais 
 
A diarreia é uma manifestação comum de doença 
gastrointestinal e é uma das principais causas de utilização 
de cuidados de saúde. Diarreia consiste na alteração do 
hábito intestinal por diminuição da consistência das fezes 
e aumento da frequência e do volume das evacuações. 
Apesar de a quantidade do peso fecal ser a forma mais 
precisa para definir diarreia, está medida é pouco prática 
e restrita ao academicismo necessário às pesquisas. 
Alterações intestinais são caracterizadas por variações na 
consistência e pela presença de produtos patológicos nas 
fezes. Estes são definidos pela presença de muco, pus, 
sangue, resíduos alimentares ou fezes brilhantes e/ou 
flutuantes (esteatorreia). Os três primeiros estão 
frequentemente associados a diarreias de origem 
inflamatória, enquanto os dois últimos estão associados às 
síndromes disabsortivas. 
A investigação das características clínicas da diarreia 
auxilia na compreensão da fisiopatologia envolvida no 
processo e até mesmo das etiologias mais prováveis. Em 
muitos casos, terapêutica sintomática e específica pode 
ser introduzida com esses dados iniciais. Sempre que 
possível, no entanto, deve-se definir a etiologia para se 
conduzir a terapêutica de forma mais dirigida. 
 
çã
O intestino tema função de secretar substâncias que 
auxiliam no processo digestivo e absortivo de líquidos, 
eletrólitos e nutrientes. Fisiologicamente, a absorção de 
nutrientes e líquidos excede a secreção. O intestino 
delgado recebe aproximadamente 10l de líquidos por dia, 
absorve cerca de 6l no jejuno e 2,5l no íleo. O cólon 
recebe do delgado em torno de 1,5l e apenas 100ml são 
eliminados nas fezes. A capacidade absortiva total do 
cólon é de 4 a 5l/24horas, e quando essa quantidade é 
ultrapassada sugere diarreia. 
 
O principal mecanismo pelo qual a água é absorvida e 
secretada se faz segundo o gradiente osmótico pelo 
transporte ativo de sódio. O sódio é absorvido associado 
ao cloro ou a alguns nutrientes. A absorção de Na/Cl 
pelas vilosidades leva a água passivamente através da 
mucosa. 
A absorção acoplada de Na com glicose, galactose e 
aminoácidos é ativa e não sofre influência dos agentes 
infecciosos, por isso é utilizado para restaurar as perdas 
nas diarreias infecciosas. 
A secreção entérica depende da secreção ativa de Cl, 
que se acompanha da aliminação de Na e H20 para o 
lúmen intestinal pelas células das criptas. Assim a água 
acompanha o movimento do Na+ e a absorção de faz 
pelas células do ápice das vilosidades intestinais, enquanto 
a secreção é realizada pelas células das criptas. 
No cólon há vários mecanismos de transporte de sódio, 
através dos quais ocorre a absorção de água. A absorção 
e a secreção acontecem concomitantemente com 
predomínio do conteúdo absorvido. A diminuição da 
absorção ou o aumento da secreção ou a alteração de 
ambas produzem diarreia. 
Muitos microrganismos alteram o equilíbrio de absorção 
e secreção no intestino delgado e são capazes de 
provocar diarreia. Alguns produzem enterotoxinas que 
ativam o mecanismo secretor e outros, por alterarem as 
vilosidades, prejudicam a absorção. 
No íleo distal e no cólon, a diarreia é causada 
principalmente por invasão e destruição do epitélio, que 
resulta em ulceração, infiltração da submucosa com 
eliminação do soro e sangue. Além disso, podem 
estimular uma resposta inflamatória local, que resulta na 
produção de vários secretagogos, como as 
prostaglandinas e interleucinas, e contribuem para a 
perda de líquidos para o lúmen intestinal. 
A fisiopatologia da diarreia envolve 5 mecanismos 
básicos, sendo possível a concomitância de mais de um 
deles no desencadeamento de determinado tipo de 
diarreia. 
 
 
 Carla Bertelli – 4° Período 
Diarreia Secretora 
Resulta da Hipersecreção de água e eletrólitos pelo 
enterócito, como ocorre pela ação das enterotoxinas 
bacterianas. Podem também resultar da produção 
excessiva de hormônios e outros secretagogos, como 
no gastrinoma (gastrina), na síndrome carcinoide 
(serotonina, prostaglandina e calcitonina), na cólera 
pancreática (VIPomas), no adenoma viloso, na insuficiência 
adrenal e no hipoparatireoidismo. 
 
Diarreia Osmótica 
O processo da digestão determina fisiologicamente a 
transformação do conteúdo intestinal em material 
isosmótico. Distúrbios da digestão presentes nas 
deficiências das dissacaridases, que mantêm um 
conteúdo hiperosmolar, determinam a passagem de 
líquidos parietais para o lúmen intestinal e, 
consequentemente diarreia. O mesmo pode acontecer 
pela ingestão de agentes osmoticamente ativos como 
lactulose, o manitol, o sorbitol e os sais de magnésio. 
 
Diarreia Motora 
Resulta de alterações motoras com trânsito intestinal 
acelerado, como ocorre nas enterocolopatias funcionais 
ou doenças metabólicas e endócrinas. Surge também, 
por redução da área absortiva consequente de 
ressecções intestinais ou de fístulas enteroentéricas. 
 
Diarreia Exsudativa/Inflamatória 
Decorre de enfermidades causadas por lesões da 
mucosa resultantes de processos inflamatórios 
infiltrativos, que podem levar a perdas de sangue, muco 
e pus, com o aumento do volume e fluidez das fezes. É 
encontrada nas doenças inflamatórias intestinais, 
neoplasias, shigelose, colite pseudomembranosa, 
linfangiectasia intestinal 
 
Diarreia Disabsortiva 
Resulta de deficiências digestivas e lesões parietais do 
intestino delgado que impedem a correta digestão ou 
absorção. Este processo pode causar diarreia com 
esteatorreia e resíduos alimentares. 
 
Existem várias formas de classificar as diarreias. A 
definição que apresenta maior relevância clínica é a que 
distingue tipos de diarreia de acordo com o seu 
çã . Assim, define-se diarreia , uma diarreia 
com duração no máximo de 30 dias, ficando restrita 
principalmente a duas semanas. A diarreia considerada 
ô é quando tem duração superior a 1 mês. 
As diarreias agudas devem ser consideradas como 
urgência médica devido aos riscos inerentes 
especialmente relacionados com a desidratação habitual. 
A principal etiologia é a infecciosa, contudo, são 
processos autolimitados, na maioria das vezes, e a 
conduta primordial é a manutenção da homeostase com 
o equilíbrio eletrolítico. 
As diarreias crônicas apresentam condições mais 
complexas, porém raramente de abordagem 
emergencial. Com isso, a necessidade de tratamento 
empírico inicial é reduzida e o médico tem condições de 
conduzir investigação adequada. 
Também é importante entender sobre a relação do local 
de origem da diarreia: 
• Diarreia Alta – relacionada com o intestino delgado 
• Diarreia baixa – relacionada com o intestino grosso 
Essa classificação é importante para a diferenciação de 
causas mais frequentes em cada loca, dirigindo melhor 
conduta médica investigativa e terapêutica iniciais. 
 
 
 
 
 
 Carla Bertelli – 4° Período 
Quadro de instalação súbita em resposta a estímulos 
variáveis, sendo os principais associados a agentes 
infecciosos com evolução autolimitada. As principais 
causas de diarreia infecciosa estão relacionadas à í
(norovírus, rotavírus, adenovírus, astrovírus), é 
(salmonella, campylobacter, shigela) e á
(giárdia, entamoeba, cylospora). 
Além disso, causas como sobrecarga de solutos 
hiperosmolares por abusos alimentares ou 
farmacológicos (diarreia osmótica) e estímulos de 
peristalse exacerbados como os induzidos por estresse 
emocional (diarreia motora) também pode acarretar 
casos agudos. 
A maioria dos casos de diarreia aguda é provavelmente 
viral. 
A falha em mecanismos de defesa como o suco gástrico 
(letal paramuitos organismos), a motilidade intestinal (que 
dificulta a aderência) e os sistemas linfáticos e imunes 
(defesa celular e humoral), faz com que seja mais 
suscetível a ocorrência de um estímulo agressor 
causando a diarreia. 
Os mecanismos fisiopatológicos das diarreias infecciosas 
são o secretório e o inflamatório. 
 
 – Prevalência mundial de 3 a 5 bilhões de 
casos ao ano, associada a 5 a 10 milhões de morte/ano. 
Dados brasileiros de 2007 mostram que 5 em cada 1000 
mortes no país foram causados por diarreia aguda 
infecciosa. Existe uma relação que fiz que em populações 
mais pobres predomina infecção de etiologia bacteriana 
e em populações de melhor nível social prevalece a 
causa viral. 
ó í – Deve-se investigar o local e as 
condições em que a diarreia foi adquirida. Perguntar sobre 
a ingestão recente de água, frutas ou verduras 
contaminadas, alimentos suspeitos, viagens recentes, 
pessoas próximas também acometidas, uso recente de 
antibióticos ou outros fármacos, história sexual, banho em 
locais públicos e contato com animais. Na avaliação da 
origem da diarreia, é importante considerar o período de 
incubação no caso de infecções intestinais, normalmente 
podendo levar de horas até 2 semanas. 
ó – se apresenta mais grave e exige 
tratamento criterioso. É causado por bactérias invasivas, 
parasitos e bactérias produtoras de citotoxinas que 
afetam preferencialmente o íleo e cólon. Promovem a 
ruptura do revestimento mucoso e perda de soro, 
hemáticas e leucócitos para o lúmen. Manifesta-se por 
diarreia, em geral de pequeno volume, com muco, pus 
ou sangue, febre, dor abdominal (quadrante inferior 
esquerdo), tenesmo, dor retal. 
ã ó – em geral moderada, 
podendo provocar grandes perdas de volume. É causada 
por vírus ou bactérias produtoras de enterotoxinas e 
afeta preferencialmente o intestino delgado. Os 
microrganismos aderem ao epitélio intestinal sem destruí-
lo, determinando uma diarreia secretora, com fezes 
aquosas, de grande volume e sem sangue, pode estar 
associada a náuseas e vômitos. As cólicas quando 
presentes são discretas. 
Na avaliação clínica, é necessário definir o padrão da 
diarreia aguda e se atentar aos sinais de desidratação. 
Relato de diurese concentrada, boca seca, sede, oligúria 
+ pele e mucosas desidratadas, hipotensão estrutural e 
taquicardia demonstrar desidratação e gravidade. 
Sinais de toxemia indicam quadro mais grave com 
necessidade de maior cuidado clínico. Presença de febre 
alta, taquipneia, vasodilatação periférica com hipotensão 
e pulsos rápidos e finos são sinal de alerta. 
O exame físico do abdome existe dor leve difusa à 
palpação, com possibilidade de descompressão busca 
levemente dolorosa. Ruídos hidroaéreos vão estar 
aumentados. 
ó – Na maioria dos casos, a avaliação clínica é 
suficiente para definição diagnóstica. O estado 
 Carla Bertelli – 4° Período 
imunológico do hospedeiro também é importante na 
conduta diagnóstica e terapêutica. 
Hemograma – Pacientes que evoluem para formas mais 
graves, pode-se identificar anemia e hemoconcentração. 
Em diarreia por vírus pode ter linfocitose presente, já a 
presença de leucocitose e neutrofilia remetem a 
infecções bacterianas. 
Função renal e Eletrólitos – A desidratação causa 
hipovolemia que altera a perfusão renal, fazendo com 
que haja elevação da creatinina e principalmente da ureia. 
Essa complicação pode ser diagnosticada principalmente 
em idosos. O distúrbio eletrolítico tem relação com as 
perdas entéricas e deve ser corrigido. 
Leucócitos Fecais – Teste mais utilizado na avaliação da 
diarreia aguda e identificação de processos inflamatórios 
intensos. Entretanto, a presença de polimorfonucleares 
nas fezes não caracteriza diarreia infecciosa pois pode 
estar presente em outras afecções do intestino grosso. 
Coprocultura – Deve ser reservada em casos suspeitos 
de diarreia infecciosa por bactérias invasivas, na presença 
de sangue oculto e leucócitos fecais. Quando se pede 
esse exame no laboratório é necessário informar qual o 
agente etiológico suspeito a fim de adequar o meio da 
cultura. 
Pesquisa de Toxinas e Antígenos de Patógenos – Pode 
ser mais útil do que a tentativa de cultura. O principal 
exemplo são as cepas patogênicas do Clostridium difficile 
que produz toxinas A e B. Essas toxinas são identificadas 
nas fezes por ELISA que comprova a presença da 
infecção. 
Além disso, o exame ELISA ainda detecta infecção por 
rotavírus, giárdia e Cryptosporidium. 
O uso de PCR é outra metodologia para pesquisa de 
antígenos nas fezes, diagnosticando inúmeros 
microrganismos. Restrito por seu alto custo. 
 – Radiografia simples de abdome, nos 
casos mais graves, é útil para avaliar complicações como 
íleo paralítico e megacólon tóxico. 
 – A retossigmoidoscopia flexível deve ser 
feita em pacientes com clínica de proctite (tenesmo, dor 
retal) e, também, se há suspeita de colite 
pseudomembranosa. Nesses casos, a biópsia é 
importante para excluir DII. 
 – A imunidade do hospedeiro, na maioria 
das vezes, é capaz de eliminar infecção gastrointestinal, 
sem necessidade de terapêutica específica. Assim, o 
objetivo terapêutico está relacionado com a reposição 
das perdas hidreletrolíticas. 
çã : na maioria dos casos a reidratação oral é 
suficiente. A solução deve conter glicose (para favorecer 
a absorção de sódio). Quando as perdas forem mais 
importantes a reposição deve ser feita com soluções 
contendo eletrólitos (Na+, K+, HCO3- e Cl-) em 
concentrações aproximadas aquelas perdidas na diarreia. 
Para pacientes hipovolêmicos deve-se fazer hidratação 
venosa com soluções isotônicas contendo glicose e 
eletrólitos. 
 o paciente deve ser orientado para continuar se 
alimentando durante o episódio de diarreia. Aqueles que 
tem náuseas ou vômitos devem dar preferência aos 
líquidos em pequenas quantidades de cada vez. Os 
alimentos visam a reposição calórica, compensando assim 
o estado catabólico produzido pela diarreia. 
: em alguns casos é 
recomendável diminuir o número das evacuações, 
principalmente em diarreias infecciosas. 
Com a diarreia moderadamente grave, afebril e não 
sanguinolenta, os agentes antissecretores e antimotilidade 
(como a loperamida) podem ser medidas adjuvantes 
úteis para controlar os sintomas. Esses fármacos devem 
ser evitados nos casos de disenteria febril, que pode ser 
exacerbada ou prolongada por eles. O subsalicilato de 
bismuto pode reduzir os sintomas de vômito e diarreia, 
mas não deve ser usado no tratamento de pacientes 
imunossuprimidos ou portadores de insuficiência renal 
devido ao risco de encefalopatia por bismuto. 
Os , embora aumentem a 
consistência das fezes, têm pequeno efeito sobre seu 
volume. Eles agem devido ao caulim parece adsorver 
bactérias e toxinas e diminuir a perda de água. A pectina 
é agente formador de massa. 
Fibras solúveis medicinais como (uma medida de 
até 3x ao dia) e absorventes de água como 
de cálcio (1/2 comprimidos até 4x no dia) podem ser 
utilizados para reter água e aumentar a consistência das 
fezes. 
 é bactericida e antissecretor por 
bloquear o efeito das enterotoxinas, além de estimular a 
reabsorção intestinal de sódio e água. Devido seu baixo 
 Carla Bertelli – 4° Período 
custo, eficácia e segurança representa uma boa opção 
para o tratamento sintomático da diarreia aguda 
infecciosa. Administrado para adultos na dose de 30ml, ou 
2 comprimidos de 30 em 20 min, até completar 8 doses. 
Possui diversos mecanismos de ação, como a normalização do 
movimento dos fluidos por um mecanismo antissecretor, ligação às 
toxinas bacteriana, com efeito antimicrobiano. 
Os derivados sintéticos do Ópio – 
– inibem a motilidade intestinal, aumentam o tempo de 
contato para absorção de água e eletrólitos, e diminuem 
o número de evacuações intestinais e cólicas. A dose 
inicial de loperamida é de 4 e, posteriormente, 2mg após 
cada evacuação diarreica, nãodevendo ultrapassar 
16mg/dia, administrada no máximo por 2 a 3 dias. O 
difenoxilato deve ser usado na dose de 4mg na primeira 
tomada e depois 2mg até 4x no dia e por até 2 dias. 
 é uma gente antissecretor que funciona 
através da inibição da encefalinase, enzima responsável 
pela inativação do neurotransmissor encefalina. Essa ação 
seletiva protege as encefalinas endógenas, que são 
fisiologicamente ativas, e reduz a hipersecreção de água 
e eletrólitos causada pelas toxinas bacterianas. A dose 
habitual para adultos é de 100mg, 3x/dia durante 2 a 3 
dias. 
ê – Como a maioria das 
diarreias infecciosas tem evolução autolimitada, o uso de 
antibióticos deve ser restrito á condições específicas. O 
uso empírico de Sulfametoxazil-trimetoprima (TMP-
SMZ) ou de quinolona pode ser efetuado em pacientes 
com quadros clínicos importantes de desinteria e possível 
bacteremia. 
Muitos médicos tratam de forma empírica, sem avaliação 
diagnóstica, os pacientes moderada a gravemente 
enfermos com disenteria febril usando uma quinolona, 
como ciprofloxacino (500 mg, 2×/dia, durante 3-5 dias). 
O tratamento empírico com metronidazol (250 mg, 
4×/dia, durante 7 dias) também pode ser considerado se 
houver suspeita de giardíase. Por outro lado, a escolha 
dos antibióticos e seus esquemas posológicos é orientada 
com base nos patógenos específicos, nos padrões 
geográficos de resistência e nas condições encontradas. 
Situações específicas de Diarreia Aguda – Intoxicação 
alimentar, Intoxicação por Staphylococcus aureus, 
intoxicação por Clostridium botulinum, intoxicação por 
Clostridium perfringens, diarreia pelo rotavírus, diarreia do 
viajante, diarreia pela Escherichia coli, E. coli 
enterotoxigênica, E. coli enteropatogênica, E. coli êntero-
hemorrágica, E. coli enteroinvasiva, E. coli 
enteroagregativa, diarreia infecciosa invasiva, diarreia pela 
Shigella, diarreia por Salmonela, Salmonelose tifoide, 
Salmonelose não tifoide, diarreia por clostridium difficile. 
 
Regina LaRocque, & Jason B Harris. (2022). Abordagem do 
adulto com diarreia aguda em ambientes ricos em 
recursos. https://www.uptodate.com/contents/approach-to-
the-adult-with-acute-diarrhea-in-resource-rich-
settings?source=bookmarks_widget 
DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. 
Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo GEN, 2011. 
978-85-277-1970-4. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/978-85-
277-1970- 
 
Existem inúmeras causas de diarreia crônica, ligadas ora 
ao intestino delgado, ora cólon, criando dificuldades na sua 
identificação e terapêutica. A diarreia que se estende por 
> 4 semanas exige avaliação para excluir uma patologia 
subjacente grave. Em contraste com a diarreia aguda, a 
maioria das causas de diarreia crônica não é de origem 
infecciosa. A classificação da diarreia crônica com base no 
mecanismo fisiopatológico facilita a abordagem racional 
ao tratamento, embora muitas doenças causem diarreia 
por mais de um mecanismo 
 – Ocorre principalmente em países 
industrializados. Nos EUA estima-se que a prevalência da 
diarreia crônica seja de 5% na população adulta. Com 
base em uma definição comumente usada (ou seja, a 
presença de frequência excessiva de evacuações), uma 
aproximação razoável é que a diarreia crônica afeta 
aproximadamente 3 a 7 por cento da população 
As da diarreia crônica são síndrome do 
intestino irritável (SII), doença inflamatória intestinal (DII), 
síndrome da má absorção e infecção crônica. Esta última, 
mais relacionada a regiões de condições sanitárias 
inadequadas, com possibilidade de infecções bacterianas, 
por protozoários ou helmintos. 
 Em ambientes com muitos recursos, as causas comuns 
são síndrome do intestino irritável (SII), doença 
inflamatória intestinal, síndromes de má absorção (como 
intolerância à lactose e doença celíaca) e infecções 
crônicas (particularmente em pacientes 
imunocomprometidos) 
https://www.uptodate.com/contents/approach-to-the-adult-with-acute-diarrhea-in-resource-rich-settings?source=bookmarks_widget
https://www.uptodate.com/contents/approach-to-the-adult-with-acute-diarrhea-in-resource-rich-settings?source=bookmarks_widget
https://www.uptodate.com/contents/approach-to-the-adult-with-acute-diarrhea-in-resource-rich-settings?source=bookmarks_widget
 Carla Bertelli – 4° Período 
Em ambientes com recursos limitados, a diarreia crônica 
é frequentemente causada por infecções bacterianas, 
micobacterianas e parasitárias crônicas, embora distúrbios 
funcionais, má absorção e doença inflamatória intestinal 
também sejam comuns. 
Portadores de imunodeficiência apresentam 
frequentemente diarreia associada a infecções 
oportunistas crônicas. 
O câncer colorretal pode apresentar-se com diarreia 
crônica, habitualmente com sinais de perda de sangue. 
O uso de medicamentos também deve ser investigado, 
visto que algumas drogas têm efeitos secretórios direto 
no intestino delgado e cólon, principalmente fenolftaleína 
e derivados antraquinônicos, como o sene. O uso 
excessivo de dissacarídeos não absorvíveis, como o 
sorbitol, em dietas com restrição de açúcar, pode causar 
diarreia osmótica à semelhança de laxativos, como o 
manitol e sulfato de magnésio. 
Tumores neuroendócrinos produtores de 
neurotransmissores com ação secretagoga, como o 
peptídeo vasoativo intestinal, nos VIPomas e serotonina 
na síndrome carcinoide, estão associados á diarreia 
crônica e intensa. Apesar de constituírem enfermidades 
mais raras, devem ser lembrados nessas situações. 
História Clínica – A definição diagnóstica exclusivamente 
pelo quadro clínico é mais difícil na diarreia crônica devido 
as suas possíveis etiologias de grande complexidade. 
Entretanto, a avaliação clínica acurada pode direcionar a 
investigação complementar. 
Na qualificação da diarreia, devemos ter atenção para 
portadores de incontinência anal. Esses indivíduos 
apresentam o que denominamos pseudodiarreia. Existe 
um aumento na frequência das evacuações por 
incapacidade de conter as fezes na ampola retal. Nesta 
condição, não há aumento na quantidade de água nas 
fezes, nem do seu volume global – portanto, não há 
diarreia. 
Ausência de perda ponderal e de sinais de desnutrição, 
presença de sintomas predominantemente diurnos, 
alternância do hábito intestinal com períodos de 
constipação intestinal, além de crise de dor associada à 
distensão do abdome e aliviada pela evacuação são 
sugestivas de Síndrome do Intestino Irritável. O início dos 
sintomas ocorre em períodos de instabilidade emocional 
e predominam em adultos jovens. 
O médico deve pesquisar viagens a áreas endêmicas 
para parasitoses, sintomas precipitados ou agravados pelo 
uso de determinado alimento, comorbidades como 
diabetes ou hipertireoidismo (que causam diarreia), 
história familiar de DIII ou doença celíaca, exposição a 
fatores de risco para contaminação por HIV, uso de álcool 
em doses potencialmente lesivas ao pâncreas, história 
medicamentosa. 
Ao exame físico podemos encontrar sinais 
extraintestinais de determinadas doenças. Na DIII, além de 
massas inflamatórias, podem ocorrer lesões perianais, 
lesões cutâneas, aftas orais, olho vermelho. Nas 
síndromes de má absorção e no câncer de cólon deve-
se procurar sinais de desnutrição como edema e anemia. 
ó – As orientações do diagnóstico necessitam 
seguir parâmetros clínicos objetivos, em função da 
complexidade da propedêutica específica. Quando 
necessária, a solicitação de exames complementares 
deve guiar-se inicialmente pelas características de quadro 
diarreico, se é alta ou baixa. 
 
– São úteis para avaliação inicial da 
diarreia crônica, especialmente para avaliar a presença de 
atividade inflamatória e/ou comprometimento nutricional 
• Hemograma – Pode ser encontrado anemia, 
deficiência de ferro (em casos de perda sanguínea), 
deficiência nutricional específica (dependendo do 
local do intestino acometido), alteraçãona série 
branca indicam diarreia de origem inflamatória, 
eosinofilia indica parasitose. 
• Prova de Atividade Inflamatória – Proteína C Reativa, 
velocidade da hemossedimentação e alfa-1 
 Carla Bertelli – 4° Período 
glicoproteína ácida são bons marcadores de atividade 
inflamatória. 
• Perfil nutricional/metabólico – A albumina é nutriente 
nobre e de meia vida longa. Sua deficiência está 
associada a perda nutricional significativa. O perfil 
lipídico também se altera. Em diarreias intentas, 
alterações hidreletrolíticas e disfunção renais são 
frequentes. 
• Marcadores Específicos – Para doença celíaca tem 
importância o antiendomísio IgA e a anti-
transglutaminase IgA. 
O anticorpo anti-Saccharomyces cerevisiae e 
anticorpo anticitoplasma de neutrófilo perinuclear 
podem auxiliar no diagnóstico diferencial de RCU e 
DC 
Hormônios tireoidianos 
 
A coleta de fezes para análise encontra frequente 
resistência por parte dos pacientes. Ela traduz vários 
problemas do TGI e é valiosa ferramenta diagnóstica. 
• Pesquisa de Agentes Infecciosos – A entamoeba 
hystolistica e a giárdia lamblia são os mais frequentes 
(o exame parasitológico tem baixa sensibilidade para 
essas infecções). 
• Sangue Oculto – Possibilita a detecção de sangue 
em níveis baixos. Nesta reação imunológica, não há 
possibilidade de falso-positivos por fatores da dieta ou 
reação com hemoglobinas 
• Leucócitos – O método-padrão para sua pesquisa 
nas fezes tem sua acurácia dependente da 
experiência do examinador. Considerada quando há 
mais de 3 por campo. A lactoferrina fecal é o 
marcador para leucócitos fecais mais sensível e 
específico 
• Gordura – Análise quantitativa baseada na pesquisa 
microscópica de gordura corada por Sudan IIII. O 
paciente deve ingerir 70g a 100g de gordura por dia 
durante o período de coleta das fezes, de 2 a 3 dias. 
A excreção normal corresponde cerca de 9% da 
gordura ingerida, ficando em torno de 7g/dia. Valores 
superiores a esse são considerados anormais e 
significam esteatorreia. 
• Eletrólitos e Osmolaridade – As concentrações de 
eletrólitos são medidas nas fezes após a sua 
homogeinização e centrifugação da amostra. Na 
diarreia secretora, os eletrólitos não absorvidos são 
os responsáveis, e na osmótica, são os outros 
elementos osmoticamente ativos, como os 
carboidratos. 
• pH fecal – Indicado diante suspeita de diarreia 
causada por má absorção de carboidratos, como nos 
casos relacionados com o uso de sorbitol ou lactulose. 
Nestas condições o pH é <6. Nas diarreias 
envolvendo perda de aminoácidos e ácidos graxos o 
pH fica elevado (6 a 7,5) 
• Teste para Pesquisa de Carboidratos Fecais – 
Podem ser feitos para identificar carboidratos mal 
absorvidos 
 
• Endoscopia Digestiva Alta – Avaliação da mucosa do 
intestino delgado proximal e análise por biópsia em 
casos de diarreia alta 
• Colonoscopia – Usada em casos de diarreia baixa. 
• Cápsula Endoscópica – Ferramenta de grande valia 
na investigação de doenças de grande parte do 
delgado, inacessível aos métodos endoscópicos 
habituais. A visualização da mucosa pode definir 
diagnóstico de enterites em geral. 
• Enteroscopia com Duplo Balão – Permite o alcance 
de porções mais distais do Intestino Delgado. Exame 
detalhado da mucosa 
 
• Trânsito de Intestino Delgado – principal exame 
complementar para estudo do intestino delgado. 
Apresenta alta sensibilidade para avaliação de 
desordens do jejuno e íleo 
• TC 
 
 – Quando a causa é bem definida, o controle 
clínico dependerá do êxito da terapêutica específica 
instituída ou da exclusão de agentes causadores da 
diarreia. Para pacientes em investigação diagnóstica, 
deve-se prescrever inicialmente dieta pobre em 
resíduos, restrição de leite e derivados, utilizando-se 
medicamentos sintomáticos para diarreia. 
Os agentes antimotilidade derivados do ópio também 
atuam em receptores específicos na membrana celular, 
inibindo a atividade da adenilciclase, diminuindo a 
concentração intracelular de cAMP, tendo assim atividade 
antissecretora e inibidora da motilidade intestinal. Embora 
 Carla Bertelli – 4° Período 
a Loperamida e o Difenoxilato sejam mais utilizados, a 
morfina e a codeína, por terem ação central e periférica, 
são mais potentes e eficazes em diarreias persistentes 
de aidéticos. 
Os alfa2 adrenorreceptores estão presentes no intestino 
e medeiam os efeitos pró-absortivos e antimotilidade das 
catecolaminas. A clonidina, agonista alfa2-adrenérgico, 
tem atividade antidiarreica, sendo utilizada com sucesso 
na diarreia dos diabéticos. 
A somatostatina e o octreotídio tem ação diversificada 
no tubo digestivo. Inibem a motilidade e a secreção 
gástrica e pancreática com favorecimento da absorção 
de água e eletrólitos. O octreotídio é poderoso inibidor 
da liberação de gastrina, VIP e 5-HT. 
 
BONIS, P., & LAMONT, J. T. (2022). Abordagem do adulto 
com diarreia crônica em ambientes com recursos 
abundantes. Julho de 2022. 
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DANI, Renato; PASSOS, Maria do Carmo F. 
Gastroenterologia Essencial, 4ª edição. Grupo GEN, 2011. 
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