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1 de 8 Cosme Rezende Laurindo1 Data:19/03/2021 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO PACIENTE EM CHOQUE TIPOS DE CHOQUE Choque cardiogênico Choque hipovolêmico Choque distributivo ❖ CHOQUE CARDIOGÊNICO Hipoperfusão tecidual devido a alteração primária dos músculos cardíacos de fornecer débito cardíaco adequado às necessidade do organismo em repouso. A hipoperfusão e o débito prejudicados levam a hipóxia e ao aparecimento de várias substâncias endógenas que debilitam ainda mais a função cardíaca, podendo levar a um aumento da área de necrose e aparecimento de arritmias. A função ventricular pode ser ainda mais prejudicada pelo desenvolvimento de mecanismos compensatórios que levam a um maior consumo de oxigênio. Principais causas: obstrução do fluxo sanguíneo (embolia); lesão do miocárdio (IAM), arritmias. ❖ CHOQUE HIPOVOLÊMICO Déficit de volume ou falta de oxigênio sendo transportado -> Ø hemoglobina (transportador). A hipoperfusão é causada devido a diminuição do volume de líquido corporal. Tipos: Hemorragia; Perdas externas ou por redistribuição intersticial. Fisiopatologia: • O sistema hematológico responde a uma perda de sangue severa, ativando a cascata de coagulação contraindo os vasos da hemorragia e ativando as plaquetas. • O sistema cardiovascular devido à diminuição do volume sanguíneo e consequente diminuição do oxigênio estimularão o SNC, liberando as catecolaminas que provocam o aumento da frequência cardíaca e vasoconstrição periférica. • Os rins respondem a hemorragia estimulando um aumento da secreção de renina, que converte o angiotensinogênio em angiotensina I que é convertida subsequentemente em angiotensina II pelos pulmões e fígado. A angiotensina II promove secreção de aldosterona e é esta responsável pela reabsorção de sódio e conservação de água. • O sistema neuroendócrino aumenta o hormônio antidiurético circulante (ADH), que promoverá um aumento de reabsorção de água e sal (NaCl). Todos estes sistemas agem na tentativa de evitar uma maior perda de líquidos, tentando reverter o processo hipovolêmico Risco: recém-nascidos; idoso (↓ de volume natural) Causas: ▪ Grandes perdas de sangue; ▪ Síndrome compartimental (↑ pressão, ↓ irrigação); ▪ Exposição a altas temperaturas; ▪ Diarreia; ▪ Vômito; ▪ Queimaduras. 1 Enfermeiro, Especialista em Saúde Mental – modalidade residência multiprofissional, Mestrando em Saúde Coletiva pela Universidade Federal de Juiz de Fora. CV: http://lattes.cnpq.br/9954590863114471. Orcid iD: https://orcid.org/0000-0001-6878-3791. E-mail: cosmelaurindo@outlook.com. Orientação: hemorragia -> perda de volume e hemoglobina – reposição de hemocomponentes!. Problema colaborativo http://lattes.cnpq.br/9954590863114471 https://orcid.org/0000-0001-6878-3791 mailto:cosmelaurindo@outlook.com 2 de 8 ❖ CHOQUE DISTRIBUTIVO Taquicardia Ø deposição de O2 e retirada de CO2. Caracterizado por queda do tônus vasomotor, com expansão do leito vascular (vasodilatação) e hipovolemia relativa (retenção da volemia em vasos periféricos). Pode ser causado tanto por perda do tônus simpático quanto pela liberação de mediadores químicos pelas células. 1. Choque Séptico Mais comum de choque distributivo. É causado por endotoxinas bacterianas. Resulta da disseminação e expansão de uma infecção inicialmente localizada para a corrente sanguínea. Os principais agentes responsáveis pela gênese do choque séptico são os bacilos aeróbios Gram negativos. Fisiopatologia: 2. Choque Anafilático Reação de hipersensibilidade tipo I (Ag-Ac) Proteína no interstício: edema. Deve-se adm. albumina humana p/ que o sg puxe a água e em seguida adm. diurético. Endotoxina -> Células endoteliais -> Leucóticos -> ↑ permeabilidade da membrana Bactéria gram - Leucócitos -> Cascata de coagulação -> ↑ coagulação intravascular; ↑ formação de trombos transmigração ↑ mastócitos -> degranulam -> ↑ estamina -> ↑ sg local -> saída do líquido para o interstício ↑ eosinófilos -> quadro inflamatório da mucosa brônquica. Contração muscular 3 de 8 3. Choque Neurogênico Hipotensão associada a bradicardia, por interrupção traumática da eferência simpática. Etiologia: ▪ Lesões medulares (traumáticas, em que serão desprezadas as "porteiras" da dor); ▪ Acidentes anestésicos regionais. Fisiopatologia: ❖ O QUE AVALIAR? Regra geral: ↓ PA, palidez, ↑ sudorese, prostração, náuseas, pulso fraco, inconsciência. Parâmetros: ▪ Hematócrito: transporte de O2; ▪ Leucócitos: ↑ = quadro de infecção em curso; ▪ Hipertermia: choque séptico Mec. Termorreguladores -> calafrio e tremor (contração mm = ↑ T ºC) ▪ Hipotensão: PA = débito cardíaco x resistência periférica Reflexo barorreceptor: sinaliza para o bulbo (S2 lento; ↓ contração cardíaca) ▪ Oligúria/Anúria: Controle renal: responsável pelo controle em longo prazo da PA Mec: hemodinâmico (H2O e Na+) -> PA > normal. Hormonal: renina e angiotensina -> ↓ PA = ↑ H2O e Na+ no sg -> ↑ vol. sg. ▪ Pressão Arterial Média: ▪ Gasometria Arterial: choque hipovolêmico GASOMETRIA (amostra de sangue arterial) pH < 7,35 pH > 7,45 ACIDOSE ALCALOSE HCO3 < 22 mEq/L PCO2 > 45 mmHg HCO3 > 27mEq/L PCO2 < 35 mmHg Acidose Metabólica Acidose Respiratória Alcalose metabólica Alcalose Respiratória PCO2 < 35 mmHg HCO3 > 27mEq/L PCO2 > 45 mmHg HCO3 < 22mEq/L Compensação RESPIRATÓRIA (↓ FR, retém O2) Compensação RENAL Compensação RESPIRATÓRIA (↑ FR, retém CO2) Compensação RENAL Ø inervação simpática -> Vasodilatação -> ↓ Retorno venoso -> ↓ PA -> ↓ Pressão tissular -> Dano tecidual -> Morte Periférica Generaliza da ↓ Volume sistólico ↓ Débito cardíaco Pressão < 70 ou > 10s Nível de perfusão cerebral 4 de 8 Pressão Venosa Central (PVC)¹ 1 – Preencher o circuito: abre-se a via do soro, o suspiro e por último a vida do paciente. 2 – Aferir a PVC: mantém-se a via do soro fechada, abre-se o suspiro e depois a via do paciente, identificando, através da coluna d’água, qual o valor da pressão. ▪ Oximetria de Pulso: diferencia a saturação da hemoglobina com dessaturação de O2 ❖ DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM ✓ Risco para Choque Hipotensão; hipovolemia; Hipoxemia. ✓ Risco para Perfusão Renal Ineficaz Síndrome de má perfusão: 1º indicativo é a ↓ da diurese, sinal renal de que os órgãos nobres estarão sofrendo, sendo grande indicativo de risco. ✓ Risco para Perfusão Tissular (renal, cerebral, cardiopulmonar, gastrointestinal) Ineficaz ✓ Risco para Perfusão Tissular Alterada Intervenções Controle de arritmias Controle do choque cardiogênico Cuidados Cardíacos: fase aguda Regulação hemodinâmica CC: insuf. arterial e/ou venosa Cuidados Circulatórios: insuficiência arterial Precauções circulatórias Monitorização de SSVV Controle ácido-base Cuidado com embolia pulmonar Obs: sustentação da vida = cérebro; estômago; fígado; coração; pulmão; rim. ✓ Perfusão Tissular Alterada: cerebral Intervenções: CC: insuf. arterial e/ou venosa Promoção da perfusão cerebral Monitorização da PIC Monitorização da perfusão cerebral Valores de Referência: 6 – 10 cm H2O (através da coluna d’água) ou de 3 – 6 mmHg (através do transdutor eletrônico). Em paciente críticos, atentar-se a: - PA - Oximetria de Pulso - Exames a beira do leito - Diurese horária - PVC - Balanço Hídrico CUIDADO ↑ pressão ABD = ↑ pressão cerebral Medir resíduo gástricopara id. pressão (máx = 200) Ø dobrar duas pernas no banho (risco de ↑ Pabd) 5 de 8 ✓ Risco para Perfusão Tissular Alterada: gastrointestinal Intervenção: Controle de líquido e eletrólitos CC: insf. arterial e venosa Controle de hipovolemia Terapia intravascular ✓ Perfusão Tissular Alterada: periférica Controle da sensibilidade periférica; Monitorização neurológica; Úlcera vasculogênica. DROGAS UTILIZADAS EM SITUAÇÕES DE CHOQUE 1) Coma Induzido: ↓ exposição a ambiente estressante; ↓ gasto energético; ↓ O2 é preciso. 2) ↑ diurese: marcador; 3) Atuar sobre a PA: marcador. Dopamina Precursora da norepinefrina Ø = doença de Parkinson Efeitos Colaterais: 1 SNC: cefaleia; 2 SCV: arritmia; taquicardia; hipotensão; vasoconstrição; bradicardia; hipertensão 3 AR: dispneia 4 SGI: náusea e vômito EFEITOS α – adrenérgico Adrenérgico Dopaminérgico Dose ≥ 10μg/Kg/min ↑ resistência periférica e vasoconstrição renal; PA: ↑ como resultado do incremento do gasto cardíaco e resistência periférica. Simpático; ↑ PA. Ação no leito dos vasos: vasodilatação renal; Mantem-se o volume de sg, ↑ PA devido a ↓ vaso; ↑ sg no rim -> ↑ filtrado -> ↑ diurese. Cuidados de Enfermagem: Veia de grosso calibre Extravasamento: necrose no tecido (Ø puncionar mão) Monitorização: PA; ECG; PVC; DC; FC; BHE; características da urina; Tº C extremidades; Não infundir simultaneamente dopamina – solução alcalina (diluição em SF 0,9% ou, preferencialmente, SG 5%); Não adicionar o soro ao frasco, pois podem ocorrer reações. ORIENTAÇÃO: dose dependente, logo, se mudar a dose, muda o efeito. Apenas adm. com bomba de infusão. DIFERENÇA DE EFEITO DEVIDO A DOSE! 6 de 8 Dobutamina Ação: ↑ volume de ejeção do ♡; Vasodilatador periférico (coração se esforça ↓ p/ ejeção); Cronotrópico + (↑ FC). Efeitos: Adrenérgico: ação inotrópica direta (↑ força de contração) ↑ intensidade em β-1 e ↓ em β-2 e α – adrenérgico: ↑ força de contração e volume sistólico enquanto produz apenas leves efeitos cronotrópicos, pressóricos, arritmogênicos e vasodilatadores renais (↑ sg rim -> ↑ filtrado -> ↑ diurese). Indicação: problemas em que haja má perfusão (IAM, AVE, angina) - ↓ gasto de O2 Midazolam Ação: Miorrelaxante Sedativa com eficiência em dose 0,1mg/kg – obs: efeito colateral = aminésia retrograda Indutor do sono: ação rápida; breve permanência no organismo. ↓ tempo necessário para adormecer, efeito de duração prolongada no sono: não interfere quantitativamente no sono REM. Propriedades anticonvulsivantes, ansiolíticas e miorrelaxante. Obs: deve ser contínua a administração por apenas induzir , mas não manter, o sono = infusão. Efeitos colaterais: 1 SNC: tonturas; cefaleia; ataxia; convulsões tônico-clônicas; tremores musculares; 2 SCV: ↓ PA; ↓ FC; 3 AR: ↓ FR; insuficiência respiratória; 4 PELE: reações cutâneas (exantema que some após pressão e retorna ao cessá-la.) Cuidados de Enfermagem: Dependência quando associado com benzodiazepínico (BDZ) Adm. com precaução: pessoa debilitada e com insuficiência respiratória e renal (devido a depressão das funções, pode ser que retenha medicação); Uso exclusivo hospitalar; Adotar medidas de apoio nos casos de insuficiência cardiorrespiratória; Fentanil Utilizado em associação com outros anestésicos para obter analgesia eficiente. Ação: Ação rápida, curta duração, ↑ potência; Duração de analgesia: depende da intensidade do estímulo; Causa depressão respiratória e euforia. Cuidados de Enfermagem: Ter em mãos naloxona (antagonista) quando EV; Monitorizar SSVV; Atentar-se ao padrão respiratório e circulatório. Efeitos colaterais: 1 SNC: sedação; tontura; discinesia; 2 SCV: bradicardia; taquicardia; arritmia; hipotensão; hipertensão; dor na veia; 3 AR: apenia; broncoespasmo; laringoespasmo; 4 SGI: náuse e vômito; 5 PELE: dermatite alérgica. ORIENTAÇÃO: ADMINISTRAR MIDAZOLAM + FENTANIL 7 de 8 Atropina Ação: Ø acetilcolina no parassimpático -> Ø efeito nódulo AS -> ↑ condução do nódulo AV e ↑ FC. Efeito colateral: 1 SNC: cefaléia, sonolência, fadiga, desorientação, nervosismo, insônia, perda temporária da memória, confusão mental e excitação especialmente em pacientes geriátricos. Altas doses podem ocasionar estimulação do Sistema Nervoso Central (inquietação e tremores). 2 SCV: palpitação, bradicardia (baixas doses de atropina), taquicardia (altas doses). 3 SGI: xerostomia, náusea, vômito, disfagia, azia, constipação, íleo paralítico. 4 SGU: retenção urinária, impotência. Cuidados de Enfermagem: Observar taquicardia (precipita fibrilação ventricular); Rigorosa monitorização cardíaca e neurológica; Monitorização BH (retenção urinária); Administração EV em veia de grosso calibre; (mínimo 2 min) Uso exclusivo hospitalar, necessidade de monitorização cardíaca e neurológica. Bibliografia HINKIE, L. J.; CHEEVER, K. H.. Brunner & Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. Rio de Janeiro, RJ: GEN Guanabara Koogan, 2020. RITTER, J. M. et al. Rang & Dale: Farmacologia. 9. ed. Rio de Janeiro, RJ: GEN Guanabara Koogan, 2020.
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