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1. AS AFRONTAS AO CONTRATO SEGUNDO THOMAS HOBBES 1.1 Contrato para Thomas Hobbes: Explanação e contextualização. Hobbes constrói suas ideias acerca do contratualismo em meio a uma crise em seu país durante o século XVII. Sua obra “o leviatã” propunha confrontar o modelo de monarquia da época e legitimar o absolutismo através de um contrato social. (MANENT, 1990). Hobbes já dava brechas do contrato abrangendo a natureza humana em seu livro anterior intitulado “Do cidadão”, na obra ele se contrapõe as ideias de Aristóteles a respeito da formação do Estado. Enquanto o grego procura sempre enaltecer a sociedade como indivíduos que tendem a coletividade, o inglês procura avidamente dissipar as ideias otimistas, afirmando que existe uma violência mútua e que ela sim dá origem a sociedade política. (CARNEIRO, 2015). Logo no primeiro capítulo, Hobbes afirma que “a tendência da natureza humana seria muito mais ávida pelo domínio do que pela construção de uma sociedade” e ainda que “todos os homens no Estado de natureza têm o desejo e a vontade de se ferir”. Assim, ele reafirma suas ideias de que os homens estão numa disputa constante entre si, que se ferem e que preferem dominar-se uns aos outros do que se reunir em sociedade. (DO CIDADÃO, CAP I) Na obra Leviatã, o contrato social toma um maior direcionamento, separando os dois estados propostos por Hobbes: estado de natureza e estado de sociedade. O primeiro tem fundamento numa humanidade que vive livre de regras e o segundo, após o contrato, define a civilidade humana, onde o homem está sujeito a uma relação e tem deveres para com ela. (HOBBES,1983) Para Hobbes esse contrato é exatamente o processo transitório, que livra o homem de sua natureza egoísta. Ele propõe um método governamental que está acima de todos, controlando assim a essência competitiva dos que estão abaixo de seu poder. Através da metáfora do monstro marinho mitológico, ele abrange a ideia de que a sociedade necessita de um poder superior para deter a maldade natural do homem, e que esse poder é o próprio Leviatã. (HOBBES,1983) Na referida obra, Hobbes ainda cita “a guerra de todos contra todos”, uma guerra que somente um poder maior poderia libertar os homens e que sem ele, a sociedade seria unicamente uma guerra. Novamente ele faz referência a disputa imbatível entre os homens, que são tomados unicamente pela violência. (Leviatã, CAP XVIII) Sob uma perspectiva analógica, o leviatã nada mais é, que o Estado criado a partir do consenso, ou mesmo contrato social, que se torna responsável por todos os indivíduos, sendo o único a poder se utilizar da força dentro da sociedade, deliberando o bem comum. O homem renuncia a seus direitos e os repassa para o Estado, que agora os defenderá, pois este é o maior poder de todos segundo Hobbes. (Leviatã, CAP XIV) Ainda que o Estado seja responsável pelos sujeitos, isso lhe dá poder ilimitado sobre os direitos individuais tornando-se absolutista. Sendo assim, o Estado pode agir como bem entender, desde que garanta o direito à vida, e mesmo contra a vontade dos próprios indivíduos submissos ao Estado. O contrato afinal representa um pacto mútuo entre os homens e o Estado, os homens renunciam seus direitos e o Estado lhes assegura a vida. (Leviatã, CAP XIV) 1.2 Afrontas ao contrato: homem x Estado. Se o contrato representa um acordo entre homem e Estado, somente uma desestrutura entre os dois culminaria em afrontas a esse pacto. As diferenças entre os dois lados do contrato se iniciam quando os interesses são mais conflitantes do que harmoniosos, se os direitos do indivíduo passam a pertencer unicamente ao Estado, então o descumprimento desses leva o indivíduo ao medo. E para Hobbes “O medo e a liberdade são compatíveis”, sendo assim o medo leva o homem a liberdade, uma liberdade que já não o pertence. (Leviatã, Cap. XXI, p. 73) A partir do momento em que o homem requer sua liberdade, ele vai contra a própria política imposta pelo contrato, como quando os súditos entendem que não poderão se defender caso “não houver uma espada nas mãos”. Entendem que as leis são insuficientes, e, portanto, o contrato não os garante a vida que é seu principal propósito. Sendo assim, sua liberdade está condicionada a ações que somente o soberano permite. (Leviatã, Cap. XXI, p.74) A liberdade então não é dos indivíduos, e sim do Estado, mas segundo Hobbes “é coisa fácil os homens se deixarem iludir pelo especioso nome de liberdade e, por falta de capacidade de distinguir, tomarem por herança pessoal e direito inato seu aquilo que é apenas direito do Estado.” Dessa forma, a liberdade individual tende a ser uma afronta ao Estado, pois por mais que seja entendida como sendo dos homens, ela não os pertence, foi dada por eles através do contrato para o soberano, e só pode ser retirada por ele. (Leviatã, Cap. XXI, p.75) “Embora a soberania seja imortal, na intenção daqueles que a criaram, não apenas ela se encontra, por sua própria natureza, sujeita à morte violenta através da guerra exterior, mas encerra também em si mesma, devido à ignorância e às paixões dos homens, e a partir da própria instituição, grande número de sementes de mortalidade natural, através da discórdia intestina.” Hobbes cita exatamente nessa parte, outra ameaça ao contrato e consequentemente ao Estado, a guerra. Se a liberdade individual causa conflitos dentro do próprio Estado, a guerra desestabiliza uma sociedade política de fora para dentro. ( Leviatã, Cap. XXI, p.76,77) No que dispões sobre as coisas que enfraquecem o Estado, Hobbes afirma que “Finalmente, quando numa guerra (externa ou intestina) os inimigos obtêm uma vitória final, a ponto de (não se mantendo mais em campo as forças do Estado), não haver mais proteção dos súditos leais, então está o Estado dissolvido, e todo homem tem a liberdade de proteger-se a si próprio por aqueles meios que sua prudência lhe sugerir.” Dessa forma a guerra confronta o contrato social anteriormente estabelecido e se torna uma ameaça. Se o Estado foi vencido, não há mais necessidade proteção do Estado, mas de si mesmo, e havendo esse cunho, o pacto entre sociedade e soberano, ou homem e Estado já não tem mais serventia, pois o segundo não cumpriu seu papel de defesa a vida devolvendo a liberdade de seus súditos. (Leviatã, Cap. XXIX, p.112) Nesse mesmo capítulo, Hobbes ainda elenca enfermidades que levam o declínio de um Estado, são elas: negar devido poder “é necessário para a paz e defesa do Estado”; doutrinas em que o homem se considera “Todo indivíduo particular é juiz das boas e más ações”; a falsa ideia de que “o detentor do poder soberano está sujeito às leis civis”; a doutrina de que “todo indivíduo particular tem propriedade absoluta de seus bens, a ponto de excluir o direito do soberano”; outra que afirma que “o poder soberano pode ser dividido”; e “também a popularidade de um súdito poderoso”.(Leviatã, Cap. XXIX) REFERÊNCIAS MANENT, P. História intelectual do liberalismo: dez lições. Rio de Janeiro: Imago, 1990. CARNEIRO, Alexandre. A cidadania em questão - entre a benevolência e a precaução - Aristóteles e Hobbes. Revista DIÁLOGO JURÍDICO Ano XIV – Nº 18 – 2015: http://fbuni.edu.br/sites/default/files/dialogo_juridico_no_18.pdf HOBBES, Thomas. Leviatã. Matéria, forma e poder de um Estado eclesiástico e civil. (Tradução de João Paulo Monteiro e Maria Beatriz Nizza da Silva). 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983. Col. Os Pensadores. PASSOS, Prof. Matheus. O contrato social em Thomas Hobbes. Fonte: Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=Uj0o6sy18Q8 CANTARINO, Mariana. Thomas Hobbes e o contrato social. Fonte: Blog do QG do Enem: https://blog.enem.com.br/thomas-hobbes-e-o-contrato-social/ LUCATE, Felipe. O contrato social em Hobbes e a permuta da liberdade natural pela segurança do estado civil. Revista Filogênese– Revista Eletrônica de Pesquisa na Graduação em Filosofia da UNESP- Vol.8 -2015: https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/FILOGENESE/4_felipelucate. pdf ALMEIDA AQUINO, Rodrigo. Fichamento do cap. I e II livro do Cidadão de Thomas Hobbes. Fonte: Passei Direto: https://www.passeidireto.com/arquivo/17876987/fichamento-do-cap-i-e-ii-livro-do-cidadao- de-thomas-hobbes RODRIGUES, Hygor. Thomas Hobbes: Leviatã – Livro II: Do Estado, Cap. XVII ao XXI. Fonte: StuDocu – 2015/2016: https://www.studocu.com/pt- br/document/universidade-de-pernambuco/teoria-politica-classica/tarefas- obrigatorias/fichamento-thomas-hobbes-leviata-livro-ii/4529640/view TELES, Idete. Tese de Doutorado - o contrato social de Thomas Hobbes: alcances e limites. Fonte: Repositório UFSC: https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/99363/313749.pdf?sequence=. DALSOTTO, Lucas Mateus. Hobbes: uma educação para a paz. Fonte: IX ANPED SUL -Seminário de Pesquisa em Educação da Região Sul -2012: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/195/8 53 http://fbuni.edu.br/sites/default/files/dialogo_juridico_no_18.pdf https://www.youtube.com/watch?v=Uj0o6sy18Q8 https://blog.enem.com.br/thomas-hobbes-e-o-contrato-social/ https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/FILOGENESE/4_felipelucate.pdf https://www.marilia.unesp.br/Home/RevistasEletronicas/FILOGENESE/4_felipelucate.pdf https://www.passeidireto.com/arquivo/17876987/fichamento-do-cap-i-e-ii-livro-do-cidadao-de-thomas-hobbes https://www.passeidireto.com/arquivo/17876987/fichamento-do-cap-i-e-ii-livro-do-cidadao-de-thomas-hobbes https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-de-pernambuco/teoria-politica-classica/tarefas-obrigatorias/fichamento-thomas-hobbes-leviata-livro-ii/4529640/view https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-de-pernambuco/teoria-politica-classica/tarefas-obrigatorias/fichamento-thomas-hobbes-leviata-livro-ii/4529640/view https://www.studocu.com/pt-br/document/universidade-de-pernambuco/teoria-politica-classica/tarefas-obrigatorias/fichamento-thomas-hobbes-leviata-livro-ii/4529640/view https://repositorio.ufsc.br/bitstream/handle/123456789/99363/313749.pdf?sequence=. http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/195/853 http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/anpedsul/9anpedsul/paper/viewFile/195/853
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