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Seção 5 
SUA PETIÇÃO 
DIREITO DO 
TRABALHO 
 
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Bem-vindo, aluno! 
Nas seções anteriores, você fez ora as vezes de advogado de Pedro Castilho, ora da Construtora 
Viver Bem Ltda., o que foi esclarecido que somente pode ocorrer para fins didáticos. 
Na Seção 3, houve a apresentação de Recurso Ordinário por parte do trabalhador, e na Seção 4, a 
interposição de contrarrazões ao referido recurso, desta vez pela reclamada. 
O Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região proferiu acórdão, mantendo integralmente a 
sentença, que declarou a existência do vínculo de emprego entre 7 de janeiro de 2019 e 19 de janeiro 
de 2020, assim como determinou o pagamento das verbas rescisórias, isto é, negou provimento do 
Recurso Ordinário obreiro. 
Pedro Castilho lhe comunica, então, que não pretende levar a demanda para o Tribunal Superior do 
Trabalho, uma vez que entende que não há chances de reversão da decisão regional, pois se trata 
de matéria fática. A Construtora Viver Bem Ltda. teve entendimento semelhante, razão pela qual a 
decisão transitou em julgado. 
Realizada a fase de cálculos, apurou-se R$ 22.500,00 (vinte e dois mil e quinhentos reais) como o 
valor devido pela executada. Os cálculos neste montante foram homologados, tendo sido a 
Construtora Viver Bem Ltda. intimada a pagar a quantia no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, sob 
pena de penhora, nos termos do art. 880 da CLT. 
A empresa quedou-se inerte, razão pela qual a 100ª Vara do Trabalho de São Paulo/SP determinou 
a penhora de dinheiro na sua conta bancária, via sistema eletrônico de bloqueio de valores, 
conhecimento como “BacenJud”. Todavia, nada foi encontrado nas contas bancárias da empresa. 
Ato contínuo, tentou-se a penhora de bens na sede da empresa, assim como de veículos de sua 
propriedade. Entretanto, mais uma vez, nada foi encontrado. 
 
 
Seção 5 
DIREITO DO TRABALHO 
Sua causa! 
 
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Esgotadas as possibilidades de recebimento do crédito junto à executada, o reclamante requereu a 
desconsideração da personalidade jurídica da Construtora Viver Bem Ltda., nos termos do art. 855-
A da CLT, a fim de atingir o patrimônio pessoal dos sócios. 
O pedido foi deferido, e o trâmite previsto no texto celetista e nos arts. 133 a 137 do Código de 
Processo Civil foi rigorosamente cumprido, culminando com a inclusão dos Srs. Anderson Figueiras 
e Célio Ribas no polo passivo da execução, uma vez que sempre foram os sócios da construtora, 
desde a sua fundação. 
Diante do exposto, o reclamante requereu a penhora de bens de propriedade dos sócios da 
reclamada, tendo sido expedido mandado de penhora e avaliação de imóvel localizado na Rua 
Capote Valente, nº 20, apartamento 101, bairro Pinheiros, São Paulo/SP. 
O oficial de justiça esteve no referido local, tendo lavrado o competente auto de avaliação e penhora 
do apartamento em questão, avaliado em R$ 300.000,00 (trezentos mil reais). O documento foi 
assinado pelo Sr. Célio Ribas, no dia 24 de agosto de 2020. 
Assustado com a visita do oficial de justiça, Célio lhe procura para que você analise as medidas 
jurídicas que são cabíveis para evitar que o apartamento vá a leilão. Ele afirma que reside no local 
há 20 anos, não tendo qualquer outro bem. 
Para provar este fato, entrega-lhe certidões de todos os cartórios de imóveis da cidade de São Paulo, 
sendo que em somente uma delas consta o apartamento localizado na Rua Capote Valente. As 
demais são negativas, isto é, não se verifica o registro de outro bem em seu nome. Além disso, Célio 
lhe mostra as cinco últimas declarações de Imposto de Renda, pelas quais se comprova que o 
apartamento penhorado é o único de sua propriedade. Por fim, entrega-lhe cópias de conta de 
energia, condomínio, telefonia e cartão de crédito, para demonstrar que reside naquele apartamento. 
Agora, aluno, na qualidade de advogado de Célio Ribas, você deve analisar a medida judicial cabível, 
a fim de evitar que o bem penhorado seja levado a leilão. 
 
 
 
Aluno, o primeiro passo é descobrir a peça processual adequada ao caso em concreto. Para tanto, 
é necessária a leitura do art. 884 da CLT. 
 
Vamos, agora, analisar suas principais disposições? 
 
Fundamentando! 
 
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1. Peça processual 
 
No caso em tela, houve a desconsideração da personalidade jurídica da Construtora Viver Bem Ltda., 
razão pelas quais os sócios Anderson Figueiras e Célio Ribas forma incluídos no polo passivo da 
lide. 
 
Conclui-se, portanto, que Anderson e Célio não são terceiros, uma vez que já estão integrados à lide. 
 
Não se pode perder de vista que a reclamação trabalhista se encontra na fase de Execução, já tendo 
ocorrido a penhora de apartamento de propriedade de Célio Ribas. 
 
A fase de Execução se iniciou na Vara do Trabalho prolatora da decisão na fase de conhecimento. 
Neste caso, foi a 100ª Vara do Trabalho de São Paulo/SP que proferiu sentença, estando nela 
tramitando a presente Execução. Assim, a peça processual deve ser endereçada a esta Vara, eis 
que ela é quem julgará o recurso em questão. 
 
O recurso a ser interposto é o previsto no art. 884 da CLT, no prazo nele estabelecido, sob pena de 
preclusão. 
 
A petição deve conter todos os fundamentos jurídicos necessários para se tentar desconstituir a 
penhora. 
 
Deve-se ressaltar que neste momento processual é vedado rediscutir o mérito da demanda, pois já 
houve o trânsito em julgado da reclamação trabalhista, com o reconhecimento do vínculo de emprego 
e a determinação de pagamento de verbas rescisórias. 
 
Neste contexto, o rol de possibilidades jurídicas de cabimento do recurso constante no art. 884 da 
CLT não é taxativo, isto é, doutrina e jurisprudência admitem seu manejo em outras situações, como 
a que envolve o caso sob exame. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. Penhora 
 
A penhora é ato processual de constrição de bens, que tem por objetivo garantir o pagamento de 
uma dívida. 
 
Trata-se de dívida decorrente do reconhecimento do vínculo empregatício pela Justiça do Trabalho. 
 
Tendo em vista o trânsito em julgado e a homologação dos cálculos na fase de execução, não resta 
dúvida de que, no atual momento processual, há execução de título executivo judicial. Diante do 
inadimplemento da executada, houve a desconsideração da personalidade jurídica da construtora, 
com a consequente penhora de apartamento de propriedade do sócio Célio Ribas. 
 
Uma vez formalizada a penhora, o que se dá pelo auto de penhora, quando se trata de bem móvel, 
é nomeado um depositário. Este é a pessoa que fica responsável pela posse e conservação do bem 
enquanto não há o leilão ou a adjudicação do objeto penhorado. Na situação sob exame, o Sr. Célio 
foi nomeado depositário fiel do bem penhorado. 
 
Todavia, outra pessoa poderia ter sido nomeada como depositário, por exemplo, o credor. 
 
Caso o depositário não cumpra com o dever de guarda de conservação dos bens penhorados, restará 
caracterizado ato atentatório à dignidade da justiça, como prevê o art. 774 do Código de Processo 
Civil, aplicável subsidiariamente do Direito Processual do Trabalho, por força do art. 769 da CLT. 
 
Embora o inciso LXVIII do art. 5º da Constituição Federal de 1988 contenha previsão de prisão civil 
para o depositário infiel, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula Vinculante nº 25, cujo teor é: 
 
A peça processual prevista no art. 884 da CLT pode ser utilizada 
para diversos fins, dentre os quais destaca-se: combater 
irregularidade nos cálculos homologados, equívocos na avaliação 
dos bens, erros na penhora dos bens, excesso de penhora, etc. 
PONTO DE ATENÇÃO 
 
 6 
“É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito” (BRASIL, 
2009, [s.p.]). 
 
Entretanto, qual é o vício que pode existir na penhora do imóvel de propriedade de Célio Ribas? 
 
Para responder a esta indagação, éimprescindível a leitura atenta da Lei nº 8.009/90, que trata da 
impenhorabilidade do bem de família. A análise do art. 6º da Constituição da República Federativa 
do Brasil de 1988 também é fundamental. 
 
Você deve, portanto, verificar se o caso concreto se amolda nas disposições da referida legislação. 
 
Para melhor compreensão do tema, sugere-se a leitura do acórdão proferido pelo Tribunal Superior 
do Trabalho, no processo RR-130400-56.2007.5.15.00211, cuja publicação ocorreu em 21 de 
fevereiro de 2020. 
 
Figura 5.1 | Quadro sinótico da legislação e jurisprudência consolidada aplicável (Referidos e não referidos nas 
explicações anteriores) 
Assunto CRFB/88 CLT CPC/2015 TST Outros 
Embargos à 
Execução 
- Art. 879; Art. 
880; Art. 
884. 
 
- - 
 
- 
Penhora Art. 6º. Art. 769; Art. 
774; Art. 
882. 
Arts. 133 a 
137. 
Acórdão nº 
130400-
56.2007.5.1
5.0021. 
Súmula Vinculante nº 
25, do STF. 
Fonte: elaborada pelo autor. 
 
 
 
Aluno, como já informado, a peça recursal deve ser endereçada para o juízo que prolatou a decisão. 
Nela, é fundamental que se combata a penhora realizada, dispondo de todos os argumentos 
possíveis. 
 
1 Disponível em: https://jurisprudencia-
backend.tst.jus.br/rest/documentos/9c348f61c2809a201cb8715e23a66fb1. Acesso em: 5 jan. 2021. 
Vamos peticionar! 
https://jurisprudencia-backend.tst.jus.br/rest/documentos/9c348f61c2809a201cb8715e23a66fb1
https://jurisprudencia-backend.tst.jus.br/rest/documentos/9c348f61c2809a201cb8715e23a66fb1
 
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Tendo em vista que a tempestividade é um dos requisitos do recurso, é necessário, para fins 
didáticos, que a peça processual tenha tópico relativo a ela, a fim de demonstrar que o recurso foi 
interposto no momento adequado. 
No seu recurso, elenque os argumentos fáticos e os fundamentos jurídicos que amparam a pretensão 
de seu cliente. 
Vamos lá? 
 
Referências 
 
BRASIL. Decreto-lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do Trabalho. 
Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm. Acesso em: 5 jan. 2021. 
 
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: 
Presidência da República, [2021]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 5 jan. 2021. 
 
BRASIL. Lei nº 8.009, de 29 de março de 1990. Dispõe sobre a impenhorabilidade do bem de 
família. Brasília, DF: Presidência da República, [2021]. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8009.htm. Acesso em: 5 jan. 2021. 
 
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula Vinculante nº 25. É ilícita a prisão civil de depositário 
infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito. Brasília, DF: STF, 2009. Disponível em: 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1268&termo=. Acesso em: 5 
jan. 2021. 
 
BRASIL. Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência 
da República, [2021]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-
2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 5 jan. 2021. 
 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8009.htm
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumario.asp?sumula=1268&termo=
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm

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