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IST's - Sífilis, Herpes e Gonorreia

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SÍFILIS
Introdução
A sífilis, doença sexualmente transmitida causada pela bactéria Treponema pallidum, se apresenta como um desafio à saúde pública em todo o mundo. É uma doença transmitida por via sexual (sífilis adquirida) e vertical (sífilis congênita) pela placenta da mãe para o feto. Outras formas de transmissão podem ser por via indireta (objetos contaminados) e por transfusão sanguínea.
Apesar de possuir agente etiológico bem definido, formas conhecidas de transmissão e tratamentos com excelentes índices de cura, nota-se ainda índices elevados de incidência da doença. Esse fato é a tradução da carência total de aplicação de protocolos, que, se fossem cumpridos, permitiriam a redução da disseminação da doença.
No Brasil, a notificação atinge somente 32% dos casos de sífilis gestacional e apenas 17,4% de sífilis congênita. Esses dados reforçam a falta de qualidade nos serviços de assistência pré-natal e para o parto. Como a maioria das gestantes encontra-se na fase latente da sífilis, torna-se necessária a adoção de testes sorológicos para o diagnóstico.
A não realização de pré-natal, a gravidez na adolescência, o uso de drogas ilícitas pela mãe ou pelo parceiro (principalmente crack/cocaína), a ausência de parceiro sexual fixo e/ou a existência de múltiplos parceiros, baixa escolaridade e nível socioeconômico, multiparidade, acesso limitado aos serviços de saúde e presença de outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) na mulher ou no parceiro são fatores de risco associados à infecção congênita.
Na presença de infecção por sífilis, o rastreio para afastar outras DSTs é preconizado. A sífilis aumenta cerca de 10 vezes o risco de infecção pelo HIV (e em 18 vezes na presença de úlceras genitais). Deve-se sempre descartar a possibilidade da coinfecção da sífilis com o HIV pelo risco de transmissão vertical.
Segundo o Ministério da Saúde, entre o ano de 1998 e junho de 2012 foram notificados 80.041 casos de sífilis congênita em menores de um ano de idade, sendo 45,9% desses casos provenientes da região Sudeste, onde o estado do Rio de Janeiro apresentava, em 2011, uma das maiores taxas de incidência (9,8 por mil nascidos vivos). Foram avaliados os óbitos notificados por sífilis congênita no mesmo período, evidenciando 1780 casos no país, sendo 758 óbitos provenientes do Estado do Rio de Janeiro, correspondendo a 42% dos óbitos do Brasil.7 A prevalência da sífilis em gestantes no Brasil, segundo o Ministério da Saúde, é de 1,6%.
O custo da prevenção da sífilis congênita é menor que U$ 1,50 com teste e tratamento por pessoa. É um contrassenso uma doença de fácil diagnóstico e terapêutica medicamentosa de tão baixo custo apresentar incidência tão elevada na nossa população. As consequências são desastrosas, principalmente para as pacientes em idade reprodutiva, pelos riscos de transmissão vertical nos casos de sífilis congênita.
Aspectos clínicos
A sífilis pode ser classificada como primária, secundária, latente, terciária ou congênita.
A sífilis primária ocorre após três semanas de exposição; há o aparecimento de úlcera, única, medindo entre 0,3 e 3,0 cm, indolor, no local da inoculação, com resolução espontânea em três a seis semanas, podendo ocasionalmente aparecer lesões múltiplas, sendo mais comuns quando associadas à coinfecção pelo HIV.
A sífilis secundária ocorre após seis semanas a seis meses da infecção primária não tratada, manifestando-se como rash cutâneo eritematoso e simétrico em tronco e extremidades, notadamente nas regiões palmar e plantar. Os sintomas gerais mais relatados são mal-estar, cefaleia, febre, prurido (42%) e hiporexia. Outros, menos comuns, são dor nos olhos, dor óssea, artralgia, meningismo, irite e rouquidão. O paciente nessa fase é muito contagioso.
A fase latente da doença inclui os pacientes assintomáticos, sem envolvimento sistêmico da doença, com sorologia positiva. Pode ser precoce (menos de um ano de evolução) ou tardia (mais de um ano de evolução).
A sífilis terciária ocorre em 1 a 10 anos, com casos de até 50 anos para que a evolução se manifeste. É caracterizada pela formação de gomas sifilíticas, que podem acometer principalmente pele, mucosas, esqueleto. As manifestações mais graves da sífilis terciária são o acometimento neurológico (paralisia geral progressiva, pupilas de Argyll Robertson, tabes dorsalis) e cardiovascular (aortite, aneurisma de aorta, regurgitação aórtica). Aproximadamente 40% dos pacientes com complicações cardiovasculares possuem acometimento neurológico associado.
A sífilis congênita é adquirida usualmente pelo feto no útero materno, quando o Treponema atravessa a barreira transplacentária, apesar de excepcionalmente poder ser transmitida no nascimento. O risco de transmissão na gestação varia de acordo com o estágio da infecção materna e da idade gestacional em que ocorre a exposição fetal, podendo chegar de 70 a 100% nos casos de sífilis recente e 30 a 40% nos casos de sífilis tardia.
O quadro clínico do recém-nato variará de acordo com a fase da gestação em que a infecção tiver ocorrido. Quando a infecção se instalar no último trimestre, a criança apresentará maior probabilidade de nascer assintomática. A sífilis congênita pode se apresentar com quadro clínico variável: desde rinite hemorrágica, erupção eritematopapulosa, placas mucosas, condiloma plano, fissuras periorificiais radiadas, pênfigo sifilítico, microadenopatia e hepatoesplenomegalia, choro intenso e plaquetopenia, entre outras manifestações possíveis na sífilis congênita recente, até ceratite intersticial, tíbia em sabre, gomas, hidrartrose bilateral de Clutton e ainda outras manifestações tardias. Estigmas como os dentes de Hutchinson, nódulos de Parrot no crânio, nariz em sela, fronte olímpica e alterações no exame de fundo de olho, apresentando aspecto em “sal e pimenta”, podem estar presentes.
Gestantes com sífilis possuem 12 vezes mais chances de terem algum evento adverso, mesmo após tratamento, do que uma paciente soronegativa. Nas gestantes com sífilis não tratada ou inadequadamente tratada, a taxa de abortamento ou natimortalidade é de 25%, prematuridade ou baixo peso ao nascer, de 13%, neomortalidade, de 11%, e 20% dos lactentes são sintomáticos.
Diagnóstico
O diagnóstico da sífilis pode ser realizado pela visualização direta do treponema em campo escuro ou imunofluorescência direta, sendo tais técnicas indicadas na sífilis primária, lesões mucocutâneas e na sífilis congênita recente. A microscopia em campo escuro é o padrão ouro para o diagnóstico da sífilis recente, pois os testes sorológicos podem ser negativos neste estágio.
As provas sorológicas são as mais utilizadas no diagnóstico da sífilis e dividem-se em: testes não treponêmicos, que são utilizados no diagnóstico e seguimento pós-tratamento, dos quais fazem parte o VDRL (Venereal disease research laboratory) e o RPR (Rapid plasma reagin), e os testes treponêmicos, válidos para confirmação da infecção, que incluem o FTA-ABS (Fluorescent treponemal antibody absorption) e TPHA (Treponema pallidum hemagglutination assay). Além destes, o imunoensaio enzimático (EIA) vem se tornando popular nos Estados Unidos como exame para rastreamento e poderá substituir os testes não treponêmicos para esse fim. É mais específico que o RPR e mais sensível que o FTA-ABS para infecções passadas. A técnica de PCR é pouco empregada na prática, porém pode ser aplicada, sobretudo, nas lesões de sífilis primária, congênita e neurossífilis. O Western-blot é outro teste ainda sem aplicação rotineira.
Os testes não treponêmicos são testes de floculação quantitativa e seus títulos estão relacionados à atividade da doença e são utilizados no acompanhamento do tratamento. O VDRL é o mais utilizado para confirmação diagnóstica, pois apresenta boa sensibilidade e especificidade, podendo permanecer reagente mesmo após a cura da infecção (cicatriz sorológica), porém com queda progressiva das titulações. Os testes treponêmicos são qualitativos e aferem a presença de anticorpos contra os antígenos de superfície do agente etiológico.Esses testes não se relacionam com a atividade da doença e não são úteis para detectar a reinfecção. Permanecem positivos por toda a vida e, quando negativos, excluem infecção prévia.
O diagnóstico de sífilis na gestação em nosso país pode ser feito utilizando-se teste não-treponêmico de floculação do tipo VDRL, para triagem. Em caso de positividade, recomenda-se a confirmação diagnóstica com teste treponêmico por aglutinação de partículas (TPHA) ou teste fluorescente por absorção de anticorpos (FTAAbs), entretanto a ausência desses não deve retardar o tratamento. Se o VDRL é reagente, e o teste treponêmico não reagente, trata-se de falso positivo, fato que ocorre em até 30% dos casos, após a confirmação por teste treponêmico.
Pode-se utilizar também teste rápido por tiras de imunocromatografia, treponêmico, exame simples que pode ser realizado ambulatorialmente, com sangue total ou gota obtida da ponta do dedo, sendo vantajosa a sua utilização em lugares sem recursos laboratoriais, obtendo-se o diagnóstico em até 20 minutos.
A introdução do teste rápido no arsenal diagnóstico para melhorar a cobertura de triagem para sífilis na gravidez, permitindo tratamento imediato, é sugestão na literatura internacional e já tem sido discutida para ser adotada em território nacional, à semelhança do que se faz com o teste rápido de HIV. Compõe a proposta de qualificação da atenção pré-natal dentro do projeto Rede Cegonha, do Ministério da Saúde. A portaria do Ministério da Saúde, de 30 de dezembro de 2011, estabelece a possibilidade da utilização de teste rápido para diagnóstico de sífilis na gestante e no parceiro, por profissionais capacitados, nas unidades de saúde, na etapa I do diagnóstico de sífilis. O teste rápido seria utilizado quando a gestante comparece para consulta pré-natal tardiamente ou quando não há acesso ao laboratório para realização do teste não-treponêmico (VDRL). Nestas situações, seria realizado o teste rápido e dada a conduta imediatamente, com aplicação da primeira dose de penicilina, se a amostra for reagente. Se possível, deve ser realizada a coleta de sangue por punção venosa para a etapa II.
O Ministério da Saúde preconiza que durante a assistência pré-natal toda gestante seja submetida a pelo menos dois exames de VDRL, um por ocasião da primeira consulta e outro por volta da 28a semana gestacional. Deve-se ainda realizar novo VDRL no momento do parto para garantir ao recém-nascido a possibilidade de tratamento precoce, caso a gestante não tenha sido tratada ou tenha se reinfectado após o tratamento.
O diagnóstico diferencial da sífilis primária deve incluir herpes genital, cancro mole, linfogranuloma venéreo, donovanose, granuloma inguinal, erupções medicamentosas, carcinoma, infecções fúngicas superficiais e líquen plano. Na sífilis secundária deve-se fazer diagnóstico diferencial com pitiríase rósea, erupções medicamentosas, psoríase, líquen plano, escabiose, exantemas do sarampo e rubéola.
Tratamento
O tratamento da gestante infectada pelo Treponema é igual ao de não gestantes e de acordo com o preconizado: penicilina benzatina IM na dose de 2.400.000 UI (1.200.000 UI em cada glúteo), com uma aplicação na sífilis primária, duas na sífilis secundária e três na sífilis terciária, com intervalos semanais entre as aplicações. Qualquer outro tratamento é considerado inadequado para a prevenção da sífilis congênita. O tratamento com penicilina somente é considerado eficaz, tanto para a mulher quanto para o feto, se administrado com mais de 30 dias antes do parto.
A elevação de títulos do VDRL em quatro ou mais vezes (por exemplo, de 1:2 para 1:8) em relação ao último exame realizado, justifica novo tratamento. Verificar se o tratamento do parceiro foi realizado. Estes devem ser tratados mesmo quando apresentam VDRL negativo, com dose única de penicilina benzatina 2.400.000 UI IM; sendo o VDRL positivo, em qualquer titulação, o tratamento deve ser igual ao da sífilis terciária. A condição de parceiro não tratado caracteriza tratamento materno inadequado e, por conseguinte, a criança será considerada caso de sífilis congênita.
No caso de alergia à penicilina, a gestante deverá ser dessensibilizada por meio da administração oral de penicilina V em diluições gradativamente menores e em volumes inversamente maiores, devendo ser realizada em ambiente hospitalar para melhor manejo de possíveis reações. A administração da penicilina parenteral deverá ser feita somente 30 minutos após o término do processo de dessensibilização. Em casos de reações, a mesma deverá ser interrompida e deverá ser instituído um tratamento alternativo. O tratamento das gestantes alérgicas com estearato de eritromicina poderá levar à cura da gestante, mas não do feto. É feito na dose de 500 mg a cada 6 horas, por 15 dias na sífilis primária, secundária e latente precoce, ou durante 30 dias na sífilis latente tardia. Deve-se ter em mente a possibilidade de falência terapêutica nos casos de coinfecção pelo HIV.
Quando o tratamento é feito na fase secundária da doença, é maior a possibilidade de ocorrência da reação de Jarisch-Herxheimer, devido à liberação maciça de antígenos treponêmicos mortos na circulação. Os sintomas mais comuns são calafrios, febre, dor de cabeça e dores musculares, que, em geral, aparecem 4-6 horas após a administração da penicilina benzatina. Na gestante, tal reação pode levar à morte fetal, indicando necessidade de acompanhamento rigoroso no tratamento das portadoras de sífilis secundária com títulos altos de VDRL. O tratamento durante o pré-natal pode resultar em falha em até 14% dos casos e ainda há a possibilidade de reinfecção, caso o parceiro não tenha sido tratado simultaneamente. Por isso, o seguimento pós-tratamento deve ser realizado, segundo o Ministério da Saúde, com repetição da sorologia em 3, 6, 9, 12 e 18 meses. Considera-se cura quando há queda de três a quatro diluições no VDRL em relação à titulação inicial no prazo de um ano.
Apesar de a sífilis apresentar recursos diagnósticos e terapêuticos simples e de baixo custo, seu controle na gestação mostra-se um desafio para profissionais de saúde e gestores. Este fato ocorre devido aos entraves para a realização do seu diagnóstico e tratamento, assim como, dificuldade de abordagem das doenças sexualmente transmissíveis, principalmente durante a gestação; parceiros sexuais que não são diagnosticados e/ou tratados e provavelmente pelo desconhecimento da magnitude desse agravo e dos danos que ele pode causar à saúde da mulher e do bebê pela população e até mesmo pelos profissionais de saúde.
HERPES GENITAL
Possui elevada prevalência a nível mundial, sua causa, na maioria dos casos, se dá pelo vírus Herpes simplex tipo 2, embora, segundo pesquisas, um número crescente de ocorrências vem resultando da infecção por HSV tipo 1.
O HG causa diversas manifestações clínicas e persistem de forma latente no hospedeiro na raiz dos nervos sensoriais e gânglios dorsais. O período de incubação é de 1 a 26 dias, sendo que, em boa parte dos episódios, há manifestação dentro dos oito primeiros dias de infecção. O período de transmissão varia de 4 a 12 dias após o surgimento dos primeiros sintomas, podendo ocorrer disseminação transitória do vírus nas infecções assintomáticas.
A patologia causada pelo HSV distingue-se por ser incurável, o vírus penetra no organismo através do contato direto com secreções ou mucosas, todavia, não atravessa pele e mucosas íntegras. No primeiro contato (denominado primoinfecção), o vírus infecta as células epiteliais e as terminações nervosas que se situam imediatamente abaixo da pele. Tem como principal característica biológica a capacidade de latência no tecido nervoso (gânglios sensitivos), transformando o portador em um potencial propagador durante os períodos de reativação da doença e da viremia.
A infecção aumenta duas a três vezes mais o risco de aquisição do Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), podendo ser responsável por 40 a 60% das novas infecções em uma população com alta prevalência pelo HSV-2. Existeuma chance seis vezes maior de transmissão do herpes do homem para a mulher, comparada com a da mulher para o homem. Ainda, contágio prévio com HSV-1 atua como fator protetor, provavelmente devido à imunidade cruzada, reduzindo a incidência de HSV-2, para tanto, desenvolve em três vezes a taxa de infecção assintomática.
Cerca de 60% a 90% dos pacientes sofrem reativação do vírus nos primeiros 12 meses após a infecção primária genital. As recorrências acontecem em 20-50% dos doentes infetados, numa média de 4-5 episódios no primeiro ano após o primeiro evento sintomático.
As recidivas são desencadeadas por diversos fatores como exposição à radiação ultravioleta, traumatismos, estresse físico ou emocional, menstruação, febre, baixa imunidade e antibioticoterapia prolongada.
O vírus, uma vez em contato com o organismo, este, dificilmente será eliminado, porque o mesmo se aproveita do material fornecido pelas células do hospedeiro para sua replicação. Além disso, como se esconde dentro das raízes nervosas, o sistema imunológico não tem acesso a ele, sendo difícil o seu diagnóstico laboratorial.
Fatores de Ricos
A literatura evidencia que entre os fatores de riscos existentes estão incluídos: início da atividade sexual precoce, história prévia de abortos, multiplicidade de parceiros sexual, infecção pelo HIV, baixo nível socioeconômico, idade avançada, raça negra ou hispânica. Os fatores econômicos, sociais, culturais e comportamentais influenciam, decisivamente, o acesso à informação adequada, o que consequentemente age como fator de risco para adesão da patologia.
Fisiopatologia
A infecção primária por HSV resulta de uma pessoa previamente não exposta em contato próximo com alguém que está ativamente abandonando o vírus da pele ou secreções. Pode ser um pródromo de horas a dias consistindo em dor, formigamento, coceira ou queimação no local de exposição. Dano epitelial no portal de entrada leva à erupção de vesículas que se abrem, ulcerar e reepitelizar durante um surto que dura cerca de duas semanas. Durante a infecção inicial, o DNA viral viaja por axônio para o gânglio sensorial da medula espinhal onde persiste para a vida. A reativação do HSV causa a migração de volta através do axônio, seus ramos ou axônios contralaterais à pele e mucosa.
Manifestação Clínica
As manifestações clínicas da doença apresentam grande variação nos sintomas, podendo ocorrer durante a infecção primária ou recidivas, sendo que na primeira as complicações são mais graves.
O Herpes Genital primário apresenta lesões cutaneomucosas vesiculares, agrupadas ou pápulas eritematosas de 2 a 3 cm que se rompem dando origem a ulcerações, levando a necrose das células infectadas. Sobre a base eritematosa aparecem vesículas agrupadas, que permanecem por 4 a 5 dias e em seguida ocorre erosão. O processo descrito pode durar de 2 a 3 semana e o surgimento de lesão única ocorre em alguns casos.
Apresenta sintomas como eritema, ardor, discreto prurido, dor com alto potencial de complicação. Dentre as sintomatologias destacam-se: herpes genital primário clássico, herpes genital recorrente, herpes anogenital, lesões cutâneas extragenitais, ceratoconjutivite, gengivoestomatite, meningite, encefalite, eczema herpético, eritema multiforme, faringite herpética, proctite herpética, vulvovaginite em crianças, cervicite herpética. Não é raro que o acometimento genital seja acompanhado de febre, mal-estar geral e mialgias.
A primeira infecção pode ser muito agressiva e longa, em média seis dias, isso porque o organismo reconhece o vírus como estranho e o sistema de defesa não está preparado ou ainda não teve tempo de desenvolver estratégias para combatê-lo. Em geral, o quadro local na primoinfecção costuma ser bastante sintomático, na maioria dos casos possui sintomas como febre, mal-estar, mialgia e disúria, com ou sem retenção urinária. As mulheres podem apresentar quadro de infeção urinária, corrimento vaginal intenso e abundante. Entre os homens, quando acometido a uretra, pode provocar corrimento uretral e raramente lesões extragenitais. O quadro pode durar de duas a três semanas.
As gestantes portadoras de herpes simples apresentam risco acrescido de complicações obstétricas, sobretudo quando a infecção ocorre no final da gestação. Nos pacientes com imunodepressão, podem ocorrer lesões ulceradas ou hipertróficas, apresentando grandes dimensões e persistindo na ausência de tratamento local ou até mesmo sistêmico.
Herpes genital na gravidez
As infecções por herpes genital têm aumentado em todo o mundo (principalmente devido ao vírus do herpes tipo 2, HSV-2, e cada vez mais devido ao HSV 1). Em 75% dos infectados, a infecção é atípica, de modo que um diagnóstico exato não pode ser feito. Quase 90% das mães de crianças com herpes neonatal não apresentam sintomas no momento do nascimento.
A infecção intrauterina por transmissão transplacentária é rara. A principal via de infecção neonatal é o contato periparto direto com as secreções genitais maternas. Com uma taxa de infecção neonatal de 40–50%, a mortalidade é de 40% e a morbidade é de 20%. Em contraste, a infecção recorrente só leva a uma infecção neonatal em cerca de 1–5% dos casos, devido a anticorpos IgG maternos e pequenas quantidades de vírus. O conceito terapêutico inclui inicialmente informações detalhadas para a futura mãe e o parceiro.
No caso de infecção sintomática, a cesariana abdominal deve ocorrer no máximo 4 a 6 horas após o rompimento da bexiga, caso contrário, nenhum benefício para a criança é esperado. A história de infecção recorrente não é uma indicação para cesariana profilática. A terapia supressiva com aciclovir a partir da 36ª semana de gestação reduz os sintomas e a frequência de recorrências e leva à diminuição da cesariana. Nem a cesariana primária nem a terapia com aciclovir excluem a transmissão maternofetal.
Diagnóstico
O diagnóstico clínico evidencia-se através da observação de características clínicas das lesões presentes na região perianal, perigenital e genital do paciente. Estas podem se apresentar em fases diferentes vesículas pequenas, amareladas e agrupadas na mucosa ou úlceras de evolução como máculas eritematosas, vesículas e crostas. Mas, para confirmação do diagnóstico pode ser necessária à realização de exames laboratoriais complementares, pois as características da lesão podem ser confundidas com outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST).
O diagnóstico laboratorial pode ser realizado através de várias técnicas que incluem desde isolamento viral a imunofluorescência direta, Reação em Cadeia Polimerase, sorologia, biopsia a detecção de anticorpos. Utiliza-se também o citodiagnóstico Tzank, que consiste no rompimento da vesícula transferindo-se o material cuidadosamente para a lâmina com um Swab de algodão, em seguida, realiza-se o esfregaço corando-se com Gimsa e analisando-o microscopicamente. A microscopia é considerada positiva pela presença de células gigantes, com multinucleares com degeneração celular. Entretanto, as técnicas que representam maior eficácia são detecção de anticorpos e isolamento viral, sendo o isolamento viral a técnica padrão.
Tratamento
Transmissão
Estas infecções são transmitidas através de relações sexuais (vaginal e anal) sem proteção, contato direto com as lesões ou objetos contaminados. Pode também ser transmitido da mãe para o filho durante o parto, nesse caso, o maior risco de transmissão do vírus acontece no momento da passagem do feto pelo canal de parto, para evitar a contaminação, recomenda-se, a realização de cesariana sempre que houver lesões herpéticas ativas. Vale ressaltar que a transmissão pode ocorrer também através de paciente assintomático.
Prevenção
Pacientes com Herpes Genital são orientados a evitar práticas sexuais ou contatos muito íntimos quando as lesões estão presentes. Uma das formas de profilaxia é evitar o contato direto com as secreções infectadas, fazer uso de roupas íntimas folgadas; evitar uso de roupas íntimas de terceiros; realizar uma boa higiene local para prevenir uma superinfecção;fazer uso de preservativos (porém, estes protegem somente as áreas recobertas) ou evitar ter relações sexuais até que os sinais e sintomas desapareçam.
GONORREIA
A gonorreia é uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria chamada Neisseria gonorrhoeae (gonococo). É adquirida, principalmente, por contato sexual com outro individuo contaminado, mas também pode ser transmitido por via placentária, contato com uma lesão ativa (boca, pele e olho) transfusão sanguínea e acidentes laboratoriais.
É a segunda infecção bacteriana sexualmente transmissível mais prevalente globalmente, ficando atrás apenas da Clamídia. A doença está associada com alta morbidade e consequências socioeconômicas e continua a ser um problema de saúde pública em todo o mundo.
Se a doença não for tratada, o agente etiológico progride sua multiplicação podendo se instalar e comprometer o funcionamento de tecidos e órgãos. O local infectado de maior prevalência pela N. gonorrhoeae é a uretra, causando ardor e secreção purulenta. Esta doença pode ser semelhante com muitas outras, portanto, o diagnóstico deve primeiro passar pela suspeita clínica através de uma boa anamnese com enfoque principal no sexo desprotegido e nos sintomas de lesões genitais e manifestações na pele. E para diferenciar de outras doenças sexualmente transmissíveis (DST), como AIDS, sífilis e clamídia, são necessárias obter teste especifica para esta doença.
O tratamento recomendado para essas infecções é um medicamento de terceira geração de cefalosporinas ou adição de fluoroquinolona ao antibiótico (ex. ertitromicina) contra co-infecções possíveis de Chlamydia trachomatis. Parceiros sexuais devem ser avaliados e tratados. Nos EUA, os agentes antimicrobianos recomendados são: cefitriaxona; cefixima; ou, oflaxacina.
A N. gonorrhoeae já apresentou resistência a estes antibióticos de terceira geração e atualmente se teme uma pandemia de gonorreia intratável. Não há vacina efetiva para proteção específica contra a gonorreia. Vacinas que consistem de proteínas PilE ou Por são pouco eficazes, devido à grande potência que esta bactéria possui em sofrer mutações que interfiram na resistência a medicamentos. A evolução da resistência aos antimicrobianos da N. gonorrhoeae tem ultimamente afetado seu controle.
DISCUSSÃO
A existência da Neisseria gonorrhoeae resistente a antibióticos espalhada por diversos países já é uma realidade alarmante em âmbito mundial. Médicos, cientistas e pesquisadores temem que esta superbactéria se torne uma ameaça maior do que o HIV.
Por ser na maioria das vezes uma doença silenciosa, 70% a 80% das mulheres infectadas são assintomáticas, torna-se mais difícil o seu diagnóstico, consequentemente aumenta o risco de disseminação devido à alta prevalência de infecção em mulheres jovens e sexualmente ativas.
Para retardar a propagação da super Neisseria gonorrhoeae, é necessário reduzir a disseminação da bactéria em âmbito global através da prevenção da doença e das atividades de controle bacteriano, como por exemplo, incluir a gonorreia na lista de doenças de notificação compulsória. E também, mudar o foco da saúde pública global para o desenvolvimento de novos medicamentos eficazes para o tratamento.
Apesar da gonorreia não ser uma doença que leve as pessoas constantemente a óbito, existem outras bactérias que possuem um grande potencial lesivo ao homem, e a única maneira de combater estes antígenos é através dos antibióticos. Entretanto, como se sabe, existe a possibilidade de troca de material genético (transformação, conjugação ou transdução) entre as mais variadas espécies de bactérias, o que permite que uma bactéria que anteriormente não possuía resistência a determinado antibiótico comece a possuir. Isso sem dúvida seria funesto para a humanidade, deixamos uma bactéria de fácil eliminação desenvolver uma mutação genética que a permite ser imune a todos os antibióticos conhecidos pelo homem e ainda, esta tem o poder de transmitir resistência para outra bactéria extremamente lesiva ao homem.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A gonorreia é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae adquirida na maior parte das vezes por contato sexual com outra pessoa contaminada, sendo relativamente marcante entre as doenças infecciosas nas suas amplas variedades de apresentações clínicas.
A via placentária (Gonorreia congênita), o contato íntimo com uma lesão ativa, por transfusão de sangue, ou, ainda, por inoculação acidental direta (raro). A grande maioria dos casos de transmissão ocorre por relações sexuais desprotegidas (sem preservativos).
A doença em questão, se não tratada, progride tornando-se crônica e com manifestações sistêmicas, comprometendo várias partes do corpo.
O tratamento deve ocorrer o mais cedo possível, porque com a progressão disseminada, os danos causados poderão ser irreversíveis. Em virtude da grande capacidade de essas bactérias desenvolverem resistência aos diversos antibióticos utilizados em seu tratamento, faz-se necessária observação constante dos resultados terapêuticos obtidos no intuito de detectar eventuais falhas.

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