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Gastroenterologia Resumo P2 Wagner Ana Caroline Silva Rocha Unirg 2019/2 Ana Caroline S. Rocha - Turma XXXI Medicina Cirrose hepática Introdução - Definição de cirrose: é a via final comum de uma lesão hepática crônica e persistente em indivíduo geneticamente predisposto e que, independentemente da etiologia, acarretará fibrose e formação nodular difusas, com consequente desorganização da arquitetura lobular e vascular do órgão. Obs: a composição da matriz extracelular e a estrutura do fígado cirrótico são as mesmas, quer a lesão tenha sido causada por álcool, vírus, doença genética ou metabólica. Aula: definição de cirrose doença crônica do fígado, caracterizada pela inflamação e fibrose difusa do que resultam alterações estruturais drásticas e uma significativa perda da função hepática. - Epidemiologia: Distribuição global; Prevalência entre 4,5 e 9,5%; Em 2001 foi a 14° causa de morte no mundo (771.000 mortes); 12° causa de morte até 2020. - Redução dos casos de óbitos por causa de: melhoria na abordagem das complicações, principalmente das relacionadas com a hipertensão portal (medicamentos mais potentes, tratamento endoscópico, colocação de TIPS pré-transplante), melhor controle das condições causais (redução global na prevalência e tratamentos mais efetivos das hepatites virais e modificações no hábito de consumir bebida alcóolica). - A cirrose tem fator genético importante já que apenas 30% dos pacientes alcoolistas crônicos ou infectados cronicamente pelo vírus da hepatite C evoluem para cirrose. Etiologia e classificação - Antiga classificação: classificação morfológica em micronodular e macronodular (de acordo com os tamanhos dos nódulos de regeneração e com a distribuição do tecido fibroso). Obs: essa classificação não auxilia na compreensão etiopatogênica da doença. - Classificação de acordo com os agentes etiológicos: Metabólicos = erros congênitos ou adquiridos do metabolismo, pode acometer crianças ou adultos jovens (galactosemia, tirosinemia, doença de Wilson), ou em pacientes com idade mais avançada (hemocromatose, deficiência de alfa 1-antitripsina e esteato-hepatite não alcoólica); Virais = vírus B (associado ou não ao vírus D ou Delta) ou C da hepatite; Alcóolico = principal agente etiológico entre pacientes adultos. Ocorre após período médio de 5 a 10 anos de ingestão de quantidade diária superior a 80 g de etanol (homens) e 60 g (mulheres); Induzida por fármacos = metotrexato, isoniazida, oxifenisatina e alfametildopa. Autoimune = consequente à evolução da hepatite ou da colangiopatia autoimune, (afeta mulheres em idade jovem ou na pós-menopausa com fenômenos autoimunes concomitantes). Há pelo menos 3 tipos de hepatite autoimune (HAI) bem caracterizados que podem causar cirrose; Biliares = cirrose biliar primária (só resolve com transplante), cirrose biliar secundária (processo final de doenças crônicas que acometem a árvore biliar com colangite de repetição, como na colangite esclerosante e na obstrução das vias biliares). Aula: nas causas biliares a cirrose por causa de complicação pós-cirúrgica é a causa mais comum (estenose da via biliar). Obstrução do fluxo venoso hepático = causa anóxia congestiva no fígado, ex: síndrome de Budd-Chiari, doença veno-oclusiva, pericardite constritiva; Criptogênicas = 5 a 10% das cirroses permanecem com a etiologia indeterminada. Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina Aula: causas mais prevalentes (na ordem) álcool, hepatite C (principalmente) e B, fígado gordo não alcóolico, cirrose biliar e hemocromatose. Obs: sobre fígado gordo não alcóolico não se pode esquecer os fatores de risco obesidade, diabetes mellitus e hipertrigliceridemia. Bypass jejuno-ileal (fobi capella) também pode causar cirrose. Outras causas que não estão no livro: * Infecções = causa prevalente no sudeste asiático esquistossomose, sífilis terciária e congênita, brucelose, equinococose; * Cardíaca = insuficiência cardíaca direita, pericardite constritiva, doença valvular grave da válvula (tricúspide) e trombose da veia porta. Fisiopatogenia - Principais achados morfológicos da cirrose hepática: Fibrose difusa; Nódulos regenerativos; Arquitetura lobular alterada; Estabelecimento de derivações vasculares intra-hepática; Capilarização dos sinusoides; Fibrose perissinusoidal; Trombose vascular; Lesões obliterativas no trato portal e veias hepáticas. Aula: fisiopatologia processos patogênicos da cirrose: * Morte dos hepatócitos; * Deposição de matriz extracelular; * Reorganização vascular. Dano hepático ativação das células estreladas assumem comportamento miofibroblástico proliferação e aumentam a expressão de proteínas na MEC (fibrogênicas) deposição de colágeno no espaço de Disse + perda das fenestrações das células endoteliais sinusoidais (capilarização dos sinusoides, por causa da produção de miofibroblastos fibrogênese). As células estreladas ativadas tornam-se contráteis, capazes de comprimir os canais vasculares sinusoidais e aumentar a resistência vascular no interior do parênquima. Há reorganização vascular. A regeneração dos hepatócitos sobreviventes leva a formação de nódulos de regeneração (nódulos parenquimatosos contendo hepatócitos circundados por fibrose). Fibrose hepática e fibrogênese - Fibrose: representa o acúmulo relativo e absoluto dos componentes da matriz extracelular, em detrimento do componente celular. Esse acúmulo de tecido conjuntivo no fígado decorre de uma maior síntese e/ou menor degradação desses componentes. Aula: METAVIR define o padrão de fibrose na cirrose: * Fibrose septal; * Nódulos de regeneração; * Desorganização da arquitetura hepática. - Os mecanismos que determinam a reparação do tecido ou sua progressão para fibrose são mediados pelas citocinas decorrentes da necrose e da inflamação local, liberadas pelos linfócitos e monócitos/macrófagos, que podem estimular ou inibir a proliferação, a síntese proteica e a movimentação das células responsáveis pela fibrogênese e fibrólise. - Fatores, citocinas: TGF-beta 1 (fator transformador do crescimento) PRINCIPAL MEDIADOR DA FIBROGÊNESE!!! TNF (fator de necrose tumoral); Interleucinas; Fibronectina; Fator de crescimento plaquetário. AS CÉLULAS EFETORAS DO PROCESSO SÃO OS MIOFIBROBLASTOS REGULAM TANTO A FIBROGÊNESE E A FIBRÓLISE. - Os miofibroblastos são originados primariamente pela ativação das células estreladas dos sinusoides ou dos fibroblastos portais, das células derivadas da medula óssea e também da transição epitelial mesenquimal. - Células estreladas: sintetizam as proteínas da matriz extracelular e estão diretamente associadas à degradação da matriz (fibrólise) produzem miofibroblastos e metaloproteases - A fibrólise depende da ativação das enzimas metaloproteases (ex: colagenases). A ativação das prometaloproteases para se transformar em metaloproteases é feita pelo inibidor da C1- esterase e pelo PAI-1 (inibidor da ativação do Essas alterações são responsáveis pelo desenvolvimento de hipertensão portal e suas alterações. Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina plasminogênio). E os agentes que INIBEM a liberação ou bloqueiam diretamente a atividade dessa enzima são o TIMPs (inibidor tecidual das metaloproteases) e a alfa-2 macroglobulina. - Metaloproteases e TIMPssão produzidos pelas células estreladas (através da regulação de citocinas inflamatórias) e pelos macrófagos hepáticos – células de Kupffer (através da liberação de metaloproteases e citocinas anti- inflamatórias, principalmente a IL-10). - Assim, a progressão de uma lesão hepática crônica para fibrose hepática ou para reparação do tecido depende do: tipo de estímulo desencadeado pela lesão e da genética do indivíduo. - Outro mecanismo fibrogênico: estresse oxidativo (EOx) hepático e redução do óxido nítrico (ON) na circulação porto-esplênica. Obs: o óxido nítrico é agente vasodilatador. Além da participação no processo fibrogênico, esses dois agentes tem papel na disfunção endotelial hepática que acompanha a progressão da doença até o estabelecimento da cirrose e da hipertensão portal (HP). - A ativação do sistema de EOx resulta na produção de espécies reativas de oxigênio, que culminam em destruição e necrose celular por meio da peroxidação lipídica (lipoperoxidação). - Produtos da lipoperoxidação: Malonaldeído; 4-hidroxinoneal; Super óxido dismutase (SOD). - A lipoperoxidação só ocorre na FALHA do sistema antioxidante hepático: Sistema da glutationa; Licopenos; Betacarotenos; Vitaminas E e C. - A redução da biodisponibilidade do ON aumenta a atividade do sistema pró-oxidativo, já que o ON se liga ao superóxido dismutase (SOD) sendo capaz de modular a produção do peroxinitrito (ONOO-), um potente agente oxidante com fundamental papel na lesão oxidativa hepática. - As alterações da matriz extracelular determinadas pela fibrose auxiliam a perpetuar o processo fibrótico. Os componentes da matriz extracelular (colágenos, proteoglicanos, glicoproteínas) encontram-se em concentração elevada no tecido hepático e podem mediar esse processo (fibrose). - O desenvolvimento do processo fibrogênico hepático incluem ainda o papel da microbiota intestinal e da hipóxia tecidual estabelecimento de um microambiente anaeróbico pró-inflamatório. - Além disso, deve-se sempre lembrar da influência das modificações epigenética na progressão da fibrose. Manifestações clínicas e classificação - Manifestações: ICTERÍCIA; HEMORRAGIA DIGESTIVA; ENCEFALOPATIA. - De acordo com as formas clínicas de apresentação, os pacientes cirróticos podem ser classificados em: Compensados; Descompensados = presença de ascite, encefalopatia e/ou icterícia. Aula: forma assintomática 45% e forma sintomática: manifestações gerais, manifestações decorrentes de disfunção hepatocelular e disrupção do parênquima hepático (hipertensão portal) e descompensações. Obs: 35% assintomáticos e 30-35% oligossintomáticos (dispepsia, febre, cansaço, fraqueza, indisposição) 80% Diagnóstico da forma assintomática (45%): * Exame clínico de rotina; * Alterações persistentes da função hepática; * Biópsia hepática; * Autópsia. Forma sintomática manifestações gerais (tanto da cirrose descompensada quanto da compensada): * Astenia; * Anorexia; * Emagrecimento; * Perda de massa muscular; * Osteoporose. Forma sintomática manifestações decorrentes da disfunção hepatocelular e hipertensão portal (>30 cm H2O) (descompensada): * Icterícia; * Prurido; * Equimoses fáceis; * Edemas membros inferiores. Têm elevado potencial fibrogênico ativam as células estreladas. Atuam como aceptores dos radicais livres, impedindo a lipoperoxidação . Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina Descompensações: * Ascite peritonite bacteriana espontânea (complicação da ascite devido à translocação bacteriana “líquido parado dá bicho”); * Síndrome hepatorrenal = por causa da hipertensão portal, há obstrução das arteríolas e o rim entende que está faltando volume no vaso e isso piora a insuficiência renal; * Encefalopatia hepática = confusão mental, desorientação, podendo chegar ao coma (por causa da hipertensão portal e da insuficiência hepática); * Hemorragia digestiva. Obs: drenagem de ascite é somente para diagnóstico ou para alívio do desconforto respiratório. - Classificação de Child-Turcotte modificada por Pugh (demonstra valor prognóstico além de classificar o paciente, não se utiliza somente para cirrótico se utiliza para hepatopatias com insuficiência hepática em geral o MELD tb): Pontos 1 2 3 Bilirrubina (mg/dL) < 2 2-3 > 3 Albumina (mg/L) > 3,5 2,8-3,5 < 2,8 RNI < 1,7 1,71-2,20 > 2,20 Ascite Ausente Controlada (medicação) Refratária Encefalopatia Ausente Graus I e II Graus III e IV Child-Pugh A = escore 5 a 6 (sobrevida em 1 ano: 100%; sobrevida em 2 anos: 85%; mortalidade cirúrgica: 80%); Child-Pugh B = escore 7 a 9 (sobrevida em 1 ano: 81%; sobrevida em 2 anos: 57%; mortalidade cirúrgica: 30%); Child-Pugh C = escore > 9 (sobrevida em 1 ano: 45%; sobrevida em 2 anos: 35%; mortalidade cirúrgica: 10%). - Classificação MELD (superior à Child-Pugh) envolve: Bilirrubina; Creatinina; RNI do tempo de protrombina. MELD = 0,957 + log (creatina mg/dL) + 0,378 x log (bilirrubinas mg/dL) + 1,120 x 10g (RNI) + 0,643. - O MELD isolado ou associado à concentração sérica de sódio plasmático é considerado o melhor preditor de sobrevida nos próximos 3 meses para os pacientes (o MELD avalia a gravidade, usado muito na alocação de pacientes na fila de transplante hepático). - Complicações da doença hepática: Varizes esofágicas; Ascite; Hemorragia digestiva. Aula: Complicações: * Ascite; * Hemorragia digestiva; * Peritonite bacteriana espontânea; * Encefalopatia hepática; * Síndrome hepatorrenal (insuficiência renal * funcional); * Síndrome hepatopulmonar = doença hepática crônica, hipoxemia e evidências de alteração vascular intrapulmonar. Um fígado fibrótico independente da causa (hepatite B, C, criptogênica, medicamento, alcóolico) SEMPRE tem risco de evoluir para um hepatocarcinoma. Cirrose sempre tem um risco. Álcool pode evoluir para hepatocarcinoma sem cirrose? NÃO. Esteatose hepática e hepatites B e C (a C principalmente) até podem, mas o álcool não. Sobrevida dos pacientes cirróticos de acordo com quatro estágios clínicos consecutivos Estado clínico Definição Probabilidade cumulativa de sobrevida em um ano Cirrose compensada Estágio 1 Sem varizes ou ascite 99% Estágio 2 Varizes sem ascite 96,6% Cirrose descompensada Estágio 3 Ascite ± varizes 80% Estágio 4 Hemorragia varizes ± ascite 43% Aula: se um paciente já teve hemorragia ele já é classificado como estágio 4. No estágio 2 pode ser varizes sem ascite ou ascite sem varizes. Pode haver regressão de estágio caso o paciente faça ligadura das varizes regressão para o estágio 2. Diagnóstico - O diagnóstico da cirrose pode ser feito através das manifestações clínicas da doença (icterícia, hemorragia digestiva e encefalopatia). É obtido em consequência do acompanhamento da doença de base (hepatite crônica viral, doença metabólica, alcoolismo, etc). Mas, em 45% o diagnóstico acaba sendo feito por exame clínico Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina ou complementar solicitado em decorrência de sintoma não relacionado à hepatopatia. Ex: Elevação das aminotransferases séricas ou plaquetopenia em exames rotineiros; Encontrar varizes esofágicas em EDA para investigação dispéptica; Achados de sinais de hepatopatia em USG ou TC solicitados para investigação de outras lesões abdominais ou na propedêutica de dor abdominal. - O diagnóstico é ANATOMOPATOLÓGICO. A forma mais corretaseria através da biópsia hepática com agulha. Porém, por causa das alterações da coagulação que esses pacientes apresentam e pelas alterações vasculares hepáticas e peri-hepáticas há elevado riscos de complicações desse procedimento. - Então o diagnóstico pode ser feito através de: Alterações encontradas no exame físico = hepatoesplenomegalia, fígado nodular, sinais periféricos de insuficiência hepática; E/OU Alterações encontradas nos exames de imagem = alteração da ecogenicidade e retração do parênquima com superfície nodular e os sinais de hipertensão portal; EDA = varizes esofagogástricas. Aula: Exame físico: * Icterícia = bilirrubinas totais acima de 3 (nível normal é 1,2; entre 1,2-3 é icterícia subclínica); * Ascite e edemas dos MMII; * Circulação venosa colateral na parede abdominal (caput medusa) = ligamento redondo recanalizado; * Hepatomegalia = SOMENTE NO ESTÁGIO INICIAL, depois não é nem palpável (obs: no início da cirrose alcóolica o lobo esquerdo é palpável, o direito não, pois começa a ficar com hipertensão portal e o sangue desvia para o lado E e ele aumenta de tamanho até se tornar cirrótico). * Esplenomegalia; * Asterixis = sinal de encefalopatia hepática; * Factores hepaticus = odor característico do paciente cirrótico pelo acúmulo de amônia, o paciente exala odor de amônia pela respiração. Acontece em paciente mais graves, é uma descompensação da encefalopatia hepática; * Sopro de Curveilhier-Baumgarten; * Aranhas vasculares e telangiectasias; * Eritema palmar; * Ginecomastia; * Atrofia testicular; * Virilização; * Contractura de Dupuytren = acontece só nos pacientes etilistas, calcificação do tensão do 4° dedo; * Alterações ungueais (unhas de Muehrcke e unhas de Terry, unha em vidro de relógio; * Osteoartropatia hipertrófica. - Quando usar a biópsia? Dúvida etiológica, utilizar a biópsia por via laparoscópica ou transjugular. Devido ao risco da biópsia, vários marcadores têm sido desenvolvidos para o estudo dos pacientes hepatopatas. Aula: Diagnóstico: * EDA = útil para avaliar varizes esofagogástricas; * USG abdominal = avalia ascite, VMG, massas, ecotextura e tamanho dos lobos hepáticos. Importante no screening de CHC; * USG + doppler = avalia hipertensão porta, oclusão venulares, permeabilidade das veias supra-hepáticas, dilatação dos vasos; * TC e RNM = importante no estadiamento; * FibroScan = avaliação da elasticidade do tecido hepático; * Biópsia hepática. Exames laboratoriais (está em ordem de gravidade, quanto mais grave o paciente vai descendo os exames): * Hemograma com plaquetas = hemograma para avaliar anemia, geralmente o paciente tem plaquetopenia. A hipertensão portal faz o baço crescer e ele é responsável por destruir células sanguíneas velhas, incluindo plaquetas, chama- se isso de sequestro de plaquetas, por isso que elas abaixam; * Transaminases (AST e ALT) = lesão hepática se TGO e TGP estiverem elevados. Mas pacientes com TGO e TGP normais podem ter cirrose pois na cirrose o paciente tem uma fibrose no fígado de tal maneira que o restante hepático calcificado não está sofrendo tanto mais, então depois não está tendo mais lesão. Mas numa fase inicial eu tenho que avaliar; * glutamil-transpeptidade = avalia obstruções canaliculares (+ sensível para uso d álcool); * Fosfatase alcalina = avalia obstruções canaliculares; Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina * Bilirrubinas total, direta e indireta = avalia função hepática; * Eletroforese proteínas = avalia função hepática; * Tempo de protrombina = avalia função hepática; * Alfa feto-proteína = marcador de hepatocarcinoma (complicação); * Amônia = avalia encefalopatia hepática (complicação). Suspeita de etilismo: transminases e GGT. Outros exames: ureia, creatinina, sorologia para hepatites. AVALIAÇÃO DE FUNÇÃO HEPÁTICA: BILIRRUBINA, ALBUMINA E RNI (TAP, TEMPO DE PROTROMBINA). AVALIAÇÃO DE LESÃO HEPÁTICA: AST E ALT. PADRÃO OURO: BIÓPSIA HEPÁTICA! MELHOR MÉTODO: FIBROSCAN! EDA: INDICADA PARA TODO O PACIENTE COM CIRROSE PARA VERIFICAR A PRESENÇA DE VARIZES ESOFAGOGÁSTRICAS. USG ABDOMINAL: INDICADA PARA TODO PACIENTE COM CIROSE DE 6 EM 6 MESES TODOS OS PACIENTES DEVEM FAZER SCREENING DE HEPATOCARCINOMA ALFA FETO- PROTEÍNA + USG ABDOMINAL PARA AVALIAR HEPATOCARCINOMA A CADA 6 MESES NO BRASIL, FORA SÓ USA USG!!! Marcadores não invasivos de fibrose hepática - Dois tipos básicos de marcadores: Biomarcadores diretos = envolvidos com a síntese e a degradação da matriz extracelular. Ex: ácido hialurônico, procolágeno tipo III, metaloproteases; Biomarcadores indiretos = compostos por parâmetros não diretamente relacionados à matriz, mas que refletem as alterações bioquímicas da fibrose. Ex: níveis de AST, ALT, bilirrubinas, proteínas e contagem de plaquetas. - Os parâmetros são selecionados de acordo com a sua atuação na identificação, no estadiamento e na capacidade de graduação da fibrose hepática, podendo ser agrupados na forma de índice. - Entre os marcadores DIRETOS, os mais utilizados no estudo da fibrose hepática são: Colágenos = propeptídeo N-terminal do procolágeno tipo III (PIIINP) e colágeno tipo IV; Glicoproteínas = laminina e fibronectina; Glicosaminoglicano, ácido hialurônico (AH); Proteínas envolvidas na degradação da matriz = TIMPs e metaloproteinases. Obs: esses marcadores NÃO são utilizados na prática médica. - Os melhores resultados foram obtidos com a determinação sérica do ácido hialurônico um glicosaminoglicano sintetizado pela célula estrelada e degradado pelas células endoteliais dos sinusoides hepáticos. Com a lesão cirrótica e colagenização dos sinusoides, sua depuração hepática pelas células endoteliais fica comprometida. - A relação AST/ALT é um dos biomarcadores INDIRETOS mais conhecidos, mostra-se útil na IDENTIFICAÇÃO NÃO INVASIVA DA CIRROSE HEPÁTICA (principalmente quando apresenta valores > 1) ***o prof fala que é maior que 2***. Obs: a relação AST/ALT pode ser influenciada pela ingestão de álcool e apresenta alta especificidade mas baixa sensibilidade. - Índice APRI: associação de AST com a contagem de plaquetas. APRI = AST (limite Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina superior da normalidade) x 100/contagem de plaquetas). Vantagens do APRI: incluir somente dois testes laboratoriais, fácil acesso e pode ser facilmente incorporado à prática médica “à beira do leito”. - O FIB4 é um outro escore que combina os marcadores séricos AST, ALT e plaquetas em fórmula específica. - O Fibrotest é um biomarcador não invasivo que combina parâmetros séricos: haptoglobina, bilirrubinas, GGT, alfa-2 macroglobulina, apolipoproteína A1. Obs: patente pertence a um grupo francês, o teste apresente elevada sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de cirrose. - Testes respiratórios utilizando carbono marcado 13C ou 14C: são medidas quantitativas que permitem uma avaliação dinâmica da massa hepática funcional, por meio da mensuração da capacidade de metabolização e de eliminação de determinada substância exógena, quase exclusivamente metabolizada pelo fígado. A substância exógena utilizada tem sido a metacetina pois tem rápida metabolização hepática e não é tóxica nas doses habitualmente utilizadas. O teste respiratório da metacetina (TRM), nas doenças hepáticas crônicas, tem se correlacionado com a fibrose do órgão, encontrou-se acurácia diagnóstica de 0,853 e E = 77% e S = 81% na identificação de cirrose (F4) em portadoresde hepatite C crônica. - O elastograma usando o FibroScan ou outras metodologias de shear wave é o novo método não invasivo MECÂNICO para avaliação de fibrose hepática pela medida da elasticidade do tecido. Quanto menor a elasticidade (mais firme é o tecido), maior a velocidade de propagação da onda (expressa em kilopascal - kPa, ou em m/s). Logo, a velocidade de propagação da onda produzida, está diretamente relacionada à elasticidade hepática. A elastografia teve o melhor desempenho no diagnóstico PRECOCE de cirrose em pacientes com hepatite crônica C (evitou a biópsia em 90% dos casos, contra 80% do Fibrotest e 70% do APRI). - Acoustic radiation force impulse (ARFI) Siemens Acuson S2000: alternativa à elastografia transitória pelo FibroScan, modalidade de avaliação de fibrose hepática que utiliza o mesmo princípio de velocidade de propagação da onda (m/s) através do tecido hepático, porém, no modo ultrassonográfico B, permitindo também a avaliação ultrassonográfica do fígado como um todo (vantagem). Dessa maneira, pode-se escolher o ponto e a profundidade de avaliação, evitando artefatos pelo caminho, vasos, nódulos e outras estruturas (vantagem). - O ARFI é superior à FS pois consegue avaliar pacientes obesos, com espaço intercostal estreito e em pacientes com ascite (limitações da FS). - Hoje há uma tendência na utilização combinada e escalonada dos marcadores NÃO INVASIVOS na avaliação da fibrose hepática. A combinação de método mecânico como a elastografia hepática com biomarcador (Fibrotest ou APRI ou Fibrometer) ou até dois biomarcadores (Fibrotest e APRI), mostram-se as melhores opções para avaliar os pacientes. A biópsia hepática pôde ser evitada em 67 a 77% dos pacientes, sendo indicada somente nos pacientes em que os testes eram discordantes. - Novos métodos de imagem acoplados à ressonância magnética (RM) estão em desenvolvimento elastografia por RM e RM por difusão. Vantagem da elastografia por RM: avaliar a elasticidade de todo o parênquima hepático e não apenas de uma área do fígado, como os outros métodos de elastografia. Tratamento geral da cirrose - Objetivo: ERRADICAÇÃO DO AGENTE CAUSAL DA CIRROSE (sempre que possível). Aula: Das três causas principais (álcool, hepatite C e B) só o álcool pode ser erradicado, as demais são tratadas. Aula: tratamento: transplante indicações: * Hepatite fulminante; * Cirrose descompensada; * Carcinoma hepatocelular. O transplante obedece os critérios de MELD, logo não é todo paciente cirrótico que vai para o transplante. É O ÚNICO TRATAMENTO QUE CURA. - Há a possibilidade de regressão da cirrose após tratamento da doença de base (principalmente das hepatites virais e Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina autoimunes). Antes achava-se que uma vez atingindo o estágio da cirrose, a fibrose seria irreversível. Isso era atribuído a erros de amostra da biópsia e reforçado de pacientes permanecerem cirróticos anos após a erradicação viral ou remissão da hepatite autoimune. Hoje, resta compreender até qual momento da cirrose a fibrose pode ser reversível. - Quando a cirrose é MAIS HISTOLÓGICA do que CLÍNICA regride mais. - Quando a cirrose já apresenta GRANDE RETRAÇÃO DO ÓRGÃO e HIPERTENSÃO PORTAL bem estabelecida possibilidade de regressão menor (se existir). Por que isso? A desorganização estrutural do fígado e/ou a maturidade do colágeno depositado no órgão estão relacionadas à irreversibilidade da lesão. - AINDA NÃO HÁ NENHUMA DROGA ANTIFIBROGÊNICA!!! - Estudos mostram melhora dos parâmetros bioquímicos e sobrevida dos pacientes com cirrose em uso de colchicina. - Metionina sulfatada: estimulador da síntese de glutationa, quando usada na doença hepática alcóolica indicou menor mortalidade e indicação de transplante em portadores de cirrose hepática Child A e B. - Lecitina poli-insaturada: NÃO PRESTA! - Hepatoprotetores: NÃO alteram o curso da doença e nem detém a necrose hepatocelular. NÃO SÃO INDICADOS. - Bloqueadores de receptores tipo 1 da angiotensina II (ATI): capacidade em atenuar a fibrose (em estudo), observou-se redução dos biomarcadores séricos de fibrose hepática com seu uso regular além da expressão hepática de genes envolvidos na cascata fibrogênica em pacientes portadores de hepatite crônica C. Demonstrou-se redução dos marcadores de fibrose hepática em pacientes portadores de hapatopatia alcoólica compensada, por intermédio de avaliação histológica e marcadores diretos de fibrose. Nutrição na doença hepática crônica - Como o fígado participa do metabolismo de carboidratos, proteínas, lipídios, proteínas, vitaminas e minerais (ou seja, de tudo) doenças hepáticas podem afetar significativamente o estado nutricional e o equilíbrio orgânico corporal. - ALTERAÇÕES NO METABOLISMO ENERGÉTICO E PROTEICO em pacientes cirróticos (independentemente da etiologia) podem contribuir para a PIORA DO ESTADO NUTRICIONAL. - INTOLERÂNCIA À GLICOSE, AUMENTO DA OXIDAÇÃO DE LIPÍDIOS E AMINOÁCIDOS geram perdas energéticas e consequentemente depleção nos depósitos de gorduras e de proteínas. - Tanto o álcool quanto o vírus podem ocasionar HIPERMETABOLISMO gera mais desnutrição se comparado à pacientes normometabólicos. - Patogênese da desnutrição nos portadores de doença hepática crônica (DHC): multifatorial = Ingestão dietética inadequada em virtude da anorexia e restrição alimentar; Alteração na biossíntese de nutrientes; Absorção intestinal comprometida; Utilização inadequada de substratos; Anormalidades no metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios; Aumento no nível de citocinas pró- inflamatórias, resultando em estado hipercatabólico. Obs: Todos esses fatores ocasionam alterações dos indicadores antropométricos, bioquímicos e clínicos evidenciando importante comprometimento nutricional. A desnutrição está presente em 20% dos pacientes com doença hepática COMPENSADA e em 80% com cirrose DESCOMPENSADA. Classificação do estado nutricional dos 300 pacientes cirróticos, de acordo com a função hepática, avaliada pela classificação de Child-Pugh Classificação Child-Pugh Estado nutricional A (N=52) B (N=170 C (N=78) Eutrófico 53,8% 15,9% 5,1% DPC leve 25% 31,8% 37,2% DPC moderada 19,2% 44,7% 47,4% DPC grave 2% 7,6% 10,3% Obs: DPC = Desnutrição proteico-calórica. - Terapêutica nutricional: imprescindível para esses pacientes, contribui para MELHOR QUALIDADE DE VIDA e REDUÇÃO DA TAXA DE COMPLICAÇÕES E MORTALIDADE. - A DPC associa-se geralmente à deficiência de vitaminas e minerais COMPLICAÇÃO COMUM DA CIRROSE HEPÁTICA!!! Tem Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina impacto na morbidade e mortalidade dos pacientes. - Identificar o status nutricional é difícil na DHC, por causa da: Retenção hídrica; Função hepática comprometida sobre a síntese de proteínas plasmáticas. Obs: esses fatores além de dificultarem o diagnóstico nutricional, interferem na eficácia e na necessidade da intervenção nutricional. - Medidas antropométricas: % de peso corporal ideal e índice de massa corpórea (IMC) NÃO SÃO MEDIDAS PRECISAS (subestimam a gravidade da desnutrição e sua prevalência) em razão da retenção hídrica, edema e ascite. - Como mensurar a gordura subcutânea? POR MEIO DAS DOBRAS CUTÂNEAS (TRICIPTAL, BICIPTAL E SUBESCAPULAR) E DA MASSA MAGRA INDICADORES QUE MENOS SOFREM INTERFERÊNCIA DA RETENÇÃO HÍDRICA!!! - Dinamômetro ou força do aperto de mão não dominante (FAM): utilizados na avaliação nutricional efetivocomo medida da força muscular, marcador do status nutricional e preditor da descompensação hepática. - Avaliação multicompartimental: baseia-se na observação das alterações presentes nos compartimentos corporais. Exames utilizados em hepatopatas: Bioimpedância elétrica (BIA) = método seguro, barato, não invasivo e rápido para a determinação do compartimento de água corporal total. Seu uso é limitado em pacientes cirróticos com ascite ou retenção hídrica pois os pacientes apresentam alterações na distribuição da água intracelular e extracelular (valores da BIA não são confiáveis); Método absortímetro de dupla energia de RX (DEXA) = avalia a gordura corporal e o conteúdo mineral do osso a partir da emissão de RX. Bom método de avaliação. Limitação igual da BIA: não distinção entre a água intracelular e extracelular além de alto custo dos equipamentos, falta de disponibilidade e exposição à radiação. - Escores de DPC: análise dos parâmetros (peso, DCT, CB, CMB, albumina, contagem de linfócitos e ICA), os quais são valorizados igualmente, permitindo a classificação do paciente em diferentes graus de desnutrição. Estudos consideram a análise dos parâmetros antropométricos um método confiável e seguro para a avaliação do estado nutricional em hepatopatas. - As recomendações de energia e proteína dos pacientes com doença hepática variam em função do estado nutricional e do tipo de doença. - Consenso elaborado pela Sociedade Internacional de Encefalopatia Hepática e Metabolismo de Nitrogênio (2013): necessidade energética de 30-40 kcal/kg de peso ideal, proteínas de 1,2-1,5 g/kg de peso ideal e pequenas refeições distribuídas durante o dia, com atenção ao lanche noturno com carboidratos complexos, para minimizar a perda proteica. - Estimular a dieta com alto teor de proteínas vegetais e lácteas pesquisas mostram que essas fontes proteicas são mais toleradas que outras fontes (proteína da carne). - Suplementação de aminoácidos essenciais de cadeia ramificada (AACR) auxilia na retenção de nitrogênio. Obs: estudos não mostraram benefício nessa suplementação, mas pode ser sugerida em pacientes cirróticos com encefalopatia hepática. - Restrição proteica NÃO RECOMENDADA, exceto em: curto período de tempo em casos de hemorragia gastrintestinal. - Pacientes com encefalopatia graus I e II: respondem bem à administração de uma dieta com proteína animal (10-30 g/d) e o restante com proteína vegetal (rica em aminoácidos de cadeia ramificada) até atingir as necessidades proteicas. - Pacientes com encefalopatia graus III ou IV: indicação de uso de nutrição enteral exclusiva com solução rica em aminoácidos de cadeia ramificada na proporção de 3:1 (aa ramificados/aa aromáticos). O emprego de solução intravenosa de aa ramificados está indicado apenas nos pacientes em que a nutrição enteral esteja contraindicada. - Devem-se utilizar suplementos orais com soluções ricas em AACR ou com leite de soja em pacientes com encefalopatia crônica ou quando déficit nutricional a ser corrigido é mais intenso. - Restrição de gorduras na dieta: INJUSTIFICAVÉL!!! Não há base científica e agrava mais o déficit nutricional. - Sódio: restrição NÃO deve ser inferior a 2000 mg/d alimentos ficam menos saborosos resultando em déficit calórico agravando ainda mais a desnutrição. A restrição excessiva de sódio não adiciona eficácia ao tratamento com Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina diuréticos podendo resultar em maior incidência de insuficiência renal induzida por diurético e hiponatrenia. - Restrição hídrica: NÃO DEVE SER IMPLEMENTADA exceto nos pacientes em que a concentração sérica do sódio for inferior a 120 mEq/L. - Deficiência de vitaminas hidrossolúveis, principalmente a tiamina SINTOMAS NEUROPSIQUIÁTRICOS. - Deficiência de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K) observada nos pacientes portadores de doença hepática alcoólica. A deficiência de vitamina K é frequentemente observada em indivíduos com cirrose hepática descompensada. O uso de suplementos vitamínicos pode ser justificável em pacientes com cirrose descompensada. - Suplementação com Probióticos (Enterococcus faecium): efetiva em cirróticos com encefalopatia mínima (graus I e II) igualmente quanto a lactose na redução do nível de amônia e melhora no status mental. Probióticos mais eficientes: lactobacilos e bifidobactérias. Indicação de acordo com o Projeto Diretrizes: SUPLEMENTAÇÃO DE PROBIÓTICOS, PREBIÓTICOS E SIMBIÓTICOS ESTÁ INDICADA NA PREVENÇÃO E NO TRATAMENTO DA ENCEFALOPATIA HEPÁTICA!!! - Zinco: está deficiente nos cirróticos e sua suplementação reduziu o nível sérico de amônia. - Manganês: depósito detectado em pacientes cirróticos na RM. Recomenda-se quelantes de manganês para aliviar os sintomas da encefalopatia hepática. Obs: no caso do zinco e do manganês ainda é necessário estudos para adotar as condutas. - Novas perspectivas de tratamento: suplementação oral de L-ornitina-L-aspartato na redução dos níveis de amônia no sangue. - Há alterações nos níveis de cálcio, ferro e magnésio podem acarretar distúrbios neuropsiquiátricos, como alterações na personalidade, comportamento e redução da cognição na encefalopatia hepática, sendo importante monitorar o nível desses nutrientes. - Benefícios de alimentos com propriedades antioxidantes, ex: vitaminas C, E, ácido fólico, polifenois do chá-verde, chocolate amargo e uvas pretas atenuação da inflamação, no estresse oxidativo e na promoção de biossíntese de óxido nítrico em cirróticos. - Consumo regular do café (cafeína) em portadores de DHC diminui a progressão da fibrose hepática e previne cirrose e carcinoma hepatocelular. - NÃO HÁ ESTUDOS QUE COMPROVEM A EFICÁCIA DA MUDANÇA DO ESTILO DE VIDA (MEV) INCLUINDO ATIVIDADE FÍSICA, ASSIM COMO SUPLEMENTAÇÃO DE ALIMENTOS COM PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES NO TRATAMENTO E NA PREVENÇÃO DA CIRROSE HEPÁTICA MAS TAIS CONDUTAS SERÃO IMPORTANTES NA QUALIDADE DE VIDA DOS PACIENTES. Aula: antigamente restringia-se gordura e proteína, pois proteína leva à encefalopatia hepática. Hoje, sabe-se que restringir proteína ou gordura é complicado pois os pacientes são desnutridos e um paciente cirrótico é imunosuprimido e um paciente desnutrido também, então a restrição acabaria agravando a situação. HOJE NÃO SE PRECONIZA A RESTRIÇÃO PROTEICA PARA TODOS. Quando restringir? Em caso de pacientes com encefalopatia hepática, mas ainda sim tem vias alternativas. Aula: prof disse que nenhum desses tratamentos que o livro fala é efetivo, TODOS ESTÃO EM ESTUDO e NÃO HÁ NENHUM PROTOCOLO DE TRATAMENTO QUE ENVOLVE ESSES MEDICAMENTOS. Prof disse que não vai cobrar os biomarcadores. Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina Introdução Obs: quando está dessa cor no resumo são comentários do prof durante a aula. E o que está nos quadrados são os slides (as vezes os comentários do prof estão dentro dos slides). Bons estudos, vai dar tudo certo!!! Aula: hipertensão portal não existe por si só, se ela existe é por que algo está errado. Cirrose é a principal causa, esquistossomose, insuficiência cardíaca, derrame pericárdico e trombose das veias supra-hepáticas também. Classificação da hipertensão portal segundo o local de obstrução (local de aumento da resistência) = * Pré-hepática (pré-sinusoidal); * Intra-hepática (pré-sinusoidal, sinusoidal, pós sinusoidal); *Pós-hepática (pós sinusoidal). Maiores consequências clínicas da hipertensãoportal: * Varizes esofágicas (mais comum); *Ascite (segunda mais comum; *Encefalopatia hepática; *Esplenomegalia; *Circulação colateral portossistêmica. Veias que formam a veia porta = veia mesentérica superior + veia esplênica. Veias principais do sistema porta = veia mesentérica superior e inferior e veia esplênica (a mesentérica inferior desemboca na esplênica). Fluxo sanguíneo hepático = 1500 ml/min (20% do débito cardíaco). Veia porta = 6,5 cm de extensão e 0,8 cm de diâmetro (veia curta e calibrosa). Pressão portal é dinâmica = 10-15 cm de água. Hipertensão portal = > 25-30 cm de água (o dobro da normal). A pressão até 20 não causa repercussões, acima de 20 tem hipertensão portal. - Hipertensão portal (HP): síndrome clínica caracterizada pelo aumento de pressão no sistema porta, com consequentes alterações hemodinâmicas esplâncnicas e sistêmicas, que originam as principais complicações das hepatopatias crônicas: Hemorragia digestiva alta; Ascite; Peritonite bacteriana espontânea; Síndrome hepatorrenal; Encefalopatia hepática; Síndrome hepatopulmonar. Obs: todas essas complicações clínicas da HP se relacionam com a formação de veias colaterais e com a circulação hiperdinâmica em nível esplâncnico e sistêmico. Aula: Hipertensão portal pré-hepática * Trombose da veia porta = sepse umbilical no neonato, estados de hipercoagulabilidade, pancreatite aguda ou crônica, tumores pancreáticos, trauma, metástases linfonoidais no hilo hepático; Trombose da porta tem sempre uma causa, e deve-se procurar essa causa, uma das mais comuns é neoplasia, a síndrome paraneoplásica paciente com câncer tende a fazer estado de hipercoagulabilidade e fazer trombose de veia porta. Normalmente a trombose de veia porta é um quadro agudo (congestão e dilatação súbita dos vasos e maior risco de hemorragia). * Trombose da veia esplênica = pancreatite aguda ou crônica, tumores pancreáticos, traumas; P: pode ter varizes esofágicas sem hipertensão portal? R: sim, no caso da trombose da veia esplênica. A veia esplênica pode trombosar e leva à varizes esofágicas porém não leva à hipertensão portal. Prof deu ênfase nessa parte que varizes esofágicas não são causadas somente por hipertensão portal!!! Ex: pancreatite aguda cisto trombose da v. esplênica varizes esofágicas. * Compressão extrínseca da veia porta ou dos seus ramos; * Malformações arteriovenosas esplâncnicas; * Esplenomegalia de grande monta. Hipertensão portal intra-hepática * Pré-sinusoidal = esquistossomose, sarcoidose, hiperplasia nodular regenerativa, fibrose hepática congênita, fase inicial da cirrose biliar; Lembrar da esquistossomose, Hipertensão portal Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina perguntar ao paciente se ele veio de zonas endêmicas. O Schistosoma mansoni vai para o sistema porta, põe seus ovos, os ovos drenam para a mesentérica superior, vão para o fígado e entopem a região pré- sinusoidal, levando à hipertensão portal. É um paciente que não tem distúrbio de coagulação, não tem hipoalbuminemia, previamente é hígido, mas ele tem hipertensão portal violenta e faz toda a síndrome de ascite, varizes esofágicas, hemorragia. É um paciente melhor de ser conduzido porque não tem outra patologia. * Sinusoidal = cirrose de qualquer etiologia; * Pós-sinusoidal = doença veno-oclusiva, esclerose da veia centrolobular (álcool). Hipertensão portal pós-hepática * Causas cardíacas = ICC de VD, pericardite constritiva, doença valvular grave (tricúspide); * Trombose de veias suprahepáticas = síndrome de Budd-Chiari; É um pouco mais comum. * Obstrução da veia cava inferior = trombose, membranas. PROF DEU MUITA ENFÂSE NESSA PARTE!!! - Consequências clínicas da circulação hiperdinâmica: Aumento da volemia; Aumento do débito cardíaco; Queda da pressão arterial. Obs: as manifestações clínicas da circulação hiperdinâmica tornam-se relevantes apenas nas fases descompensadas ou terminais da cirrose, mas são detectáveis nos estudos hemodinâmicos de qualquer tipo de hipertensão portal. P: se aumenta a volemia e o débito, como que diminui a PA? R: porque é um fluxo hiperdinâmico. A pressão arterial é dada pelo débito cardíaco e pela resistência vascular periférica. Nesse caso, há queda da resistência vascular periférica, pois as anastomoses desviam o sangue da região do fígado, essa situação gera um fluxo hiperdinâmico, o sangue flui com rapidez e faz com que a pressão caia. Lembrando que para ter pressão depende da resistência vascular periférica. - As manifestações clínicas da circulação hiperdinâmica posem se agravar com o tempo ou surgir após episódios de hemorragia digestiva, infecções bacterianas ou uso de medicamentos (AINES). - As consequências mais graves da circulação hiperdinâmica são: síndrome hepatorrenal e síndrome hepatopulmonar. Obs: diferenciar a síndrome hepatopulmonar da hipertensão portopulmonar (menos frequente mas também associada à hipertensão portal). Aula: quadro clínico * Ascite; * Varizes = dos plexos hemorroidários (menos comum), esofagogástricas (pode romper e fazer HDA), em parede abdominal (circulação colateral periumbilical em cabeça de medusa); * Encefalopatia hepática; * Esplenomegalia com ou sem hiperesplenismo; * Estigmas de insuficiência hepática = aranhas vasculares, eritema palmar, ginecomastia, atrofia testicular, encefalopatia hepática. Porque acontece ascite? Aumento da pressão dos capilares que formam o sistema porta. O que mantém os fluídos dentro dos vasos é a pressão oncótica em equilíbrio com a pressão hidrostática. Quando há desequilíbrio entre essas pressões, extravasa plasma, não é soro, é plasma, pois tem albumina, proteína. Esse extravasamento vai se acumulando na região peritoneal causando a ascite. Essa ascite pode ser de pequeno, médio ou grande volume, e pode trazer uma série de infecções. As vezes os médicos puncionam demais a ascite, o líquido está lá pois a fisiologia está fazendo com que esteja, não adianta ficar tirando. Só tira líquido ascítico para duas coisas: *Análise da etiologia da ascite ou para descartar a possibilidade de uma peritonite bacteriana; * Para alívio do desconforto respiratório. A margem de segurança para retirada de líquido ascítico é de 2 litros, acima disso deve-se fazer reposição de albumina (um frasco de albumina para cada litro retirado acima dos dois permitidos). Porque há esplenomegalia? Acontece em casos mais avançados, quando o comprometimento do fígado é tão grande, que levou à hipertensão portal e ela levou ao comprometimento do baço. Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina A telangiectasias, eritema palmar e ginecomastia, acontecem no paciente etilista antes dele ser cirrótico. O principal alvo do hiperesplenismo são as plaquetas, mas ele também aumenta a hemocaterese (mecanismo pelo qual o baço sequestra as hemácias do sangue periférico através do sistema retículo endotelial) e esse é um dos motivos pelo qual o paciente começa a aumentar bilirrubina. Aula: avaliação da hipertensão portal * Diagnóstico clínico = anamnese e EF; * Avaliação da hemodinâmica portal = medida do gradiente de pressão venosa hepática; O USG com doppler consegue estimar o gradiente de pressão e consegue ver o fluxo hepatofugal MELHOR EXAME. Diâmetro normal da veia porta: 0,8 e é considerado normal até 1,2 acima disso a porta está dilatada. * Exames de imagem (importantes para o planejamento cirúrgico) = angiografia visceralseletiva (é o padrão-ouro), angiografia por TC ou RNM, USG com doppler (indispensável para o planejamento cirúrgico); * Investigação de episódios de hemorragia digestiva = EDA e sempre nas primeiras 12 horas; *Estimativa de reserva hepática funcional = classificação de Child-Pugh. Gradiente de pressão é da pressão da veia porta para o átrio (acima de 12 mmHg). Pressão na veia porta é a pressão que está dentro dela (pressão normal é até 10 mmHg, acima de 20 mmHg é hipertensão portal). Paciente cirrótico deve ter sempre fazer uma EDA de base e de acordo com a classificação de Child ir acompanhando, ex: Child A de 2 em 2 anos, Child C a cada ano. Aula: Medida do gradiente de pressão venosa hepática * Passagem do cateter com balão por via transjugular até a veia hepática; * Pressão com o balão insuflado = pressão nos sinusoides hepáticos; * Pressão com o balão desinsuflado = pressão na VCI; * O diferencial de pressão é o gradiente de pressão venosa hepática; * Correlação com eventos clínicos; * Baixa acurácia na hipertensão portal pré- sinusoidal; * Pouco realizado na prática. Aula: Angiografia visceral seletiva * PADRÃO-OURO PARA AVALIAÇÃO ANATÔMICA DO SISTEMA PORTAL; * Exame invasivo, vem perdendo lugar para outros métodos menos agressivos; * Melhor método para planejamento cirúrgico quando uma derivação porto- sistêmica está sendo considerada. Não é utilizada mais na prática apesar de ser o padrão-ouro, quando se precisa de um estudo mais detalhado faz a angiografia por TC. Angiografia por TC ou RNM * Visualização da anatomia venosa portal; * Método NÃO invasivo de avaliação da anatomia portal. USG com doppler * Exame fundamental na avaliação da hipertensão portal; * Técnica não invasiva e de baixo custo; * Permite avaliar a patência e calibre da veia porta, direção e velocidade de fluxo, presença de ascite, esplenomegalia, tamanho e morfologia hepática; * Muito útil na avaliação de hipertensão portal pré-hepática; * Limitações pela presença de gás intestinal e experiência do examinador. Hemorragia digestiva alta varicosa: conceitos e conduta, diagnóstico-terapêutica - A mais característica complicações da HP é a hemorragia digestiva alta varicosa (HDAV). - Veias colaterais (unem o sistema porta à circulação sistêmica): Varizes gastroesofágicas (mais importantes) sistema porta-veia ázigos Colaterais da região retal varizes hemorroidárias (possibilidade pequena Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina de sangramento) sistema porta-ilíaco interno Ligamento falciforme (veia umbilical obliterada) recanalização veias paraumbilicais Síndrome de Cruveilhier-Baumgarten (conexão dessas veias com a circulação sistêmica pelas veias da parede anterior do abdome, ao redor do umbigo) ligamento redondo com a parede umbilical Obs: além do fluxo hepatofugal (avaliado na USG com doppler), clinicamente é possível auscultar um ruído nessa região ou visualizar varicosidades superficiais (caput medusae). O sangue vai tentar desviar do fígado para chegar ao coração, por isso que a hipertensão portal gera as veias colaterais, o sangue tem que fluir, e flui para onde tem anastomoses entre os sistemas venosos. P: porque a síndrome de Cruveilhier- Baumgarten é uma síndrome? R: pois traz uma série de consequências: Recanalização do ligamento redondo; Fluxo das veias umbilicais é da parede abdominal anterior para o umbigo, sendo assim, quando a síndrome acontece, vai fazer um fluxo retrógrado, do umbigo para o tronco; Circulação hiperdinâmica. P: inaudível. R: o fluxo da região umbilical por causa da recanalização do ligamento redondo acaba fazendo com que as veias que antes drenavam em um sentido, drenem no sentido oposto. Então, nas varizes da parede abdominal consegue-se ver que o fluxo está sendo do umbigo para o tórax, esse fluxo se dá através dos vasos superficiais que não estavam preparados para isso, e por isso eles ficaram varicosos, dilatados, salientes, de coloração esverdeada, azulada. O sangue vem pela região umbilical, vai pela parede, entra na circulação da musculatura torácica e drena para veia cava superior. Então, o sangue não conseguiu trafegar pela veia cava inferior e chegou no coração através da veia cava superior. Isso na verdade é uma fístula, que se formou de maneira natural mas ela não existia, essa comunicação anômala é considerada uma fístula. Aula: principais sistemas colaterais porto- sistêmicos * Veias de Sappey = entre os ligamentos hepáticos e o diafragma; * Sistema retroperitoneal de Retzius; * Recanalização (do ligamento redondo antiga veia umbilical) da veia umbilical = ligando ramo esquerdo da veia porta e as veias epigástricas; * Anastomose entre as veias hemorroidais superiores com as médias e inferiores; * Anastomose entre as veias coronária e gástricas curtas com a veia ázigos. P: quando há hemorragia digestiva, geralmente é alta ou baixa? R: Alta. A hipertensão portal pode dar hemorroidas e elas sangram, mas isso é muito menos frequente. O sangramento da hemorroida é característico = sangue vivo, em pequena quantidade, ao redor das fezes (hematoquezia). Quando se fala em hemorragia por varizes esofágicas, há melena (fezes escurecidas) ou enterorragia (sangue vivo misturado com as fezes). O sangramento que se preocupa mais é o alto. Hemorragia digestiva alta acontece basicamente por dois motivos mais comuns: varicoso e não varicoso, se não varicoso = úlcera péptica (a que mais sangra é a duodenal a gástrica perfura mais e sangra menos), na hemorragia por úlcera duodenal, o duodeno é pós-pilórico, é mais comum melena e não haver hematêmese. Se a hemorragia é varicosa, o sangramento é alto, antes do piloro, costuma ter como primeiro sintoma a hematêmese, pois o sangue na cavidade gástrica é irritativo e causa vômito. Então o primeira sintoma que o paciente tem é hematêmese e depois melena. - Prevalência de varizes: 30% na cirrose compensada e 60% na cirrose descompensada. - Fatores preditivos para o sangramento das varizes: Calibre das varizes; Tensão sanguínea das varizes; Presença de sinais vermelhos na superfície das varizes indicam fragilidade da parede; Gravidade da doença hepática (avaliação prognóstica de Child-Pugh); Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina Gradiente de pressão venosa entre a circulação portal e a sistêmica (GPVH) preditivo de HDAV quando igual ou superior a 12 mmHg. Fatores de risco independentes para hemorragia digestiva alta varicosa Varizes grandes Varizes com sinais vermelhos Cirrose avançada (Child C) Ascite GPVH ≥ 12 mmHg Obs: voltar no capítulo de cirrose e verificar novamente a classificação de Child, lembrar ainda que ela correlaciona-se com a previsão do resultado operatório e com a sobrevida em pacientes não operados. Aula: varizes esofagogástricas * Causa de 90% dos casos de HD (varizes esofágicas em 80% e gástricas em 20%); * 90% dos pacientes cirróticos apresentarão varizes em sua evolução e destes, 1/3 apresentarão sangramento; * A hemorragia varicosa tem uma mortalidade de 30% e um risco de recidiva de em 6-12 meses; * O risco de sangramento correlaciona-se com o calibre das varizes, presença de manchas vermelhas e reserva funcional hepática (classificação de Child); * Varizes gástricas isoladas = sugestivo de trombose da veia esplênica (hipertensão portal segmentar). - Confirmação do diagnóstico de cirrose compensada, sem quaisquersinais clínicos da doença: ELASTOGRAFIA HEPATICA TRANSITÓRIA. - Após o diagnóstico DEVE ser solicitada a EDA para avaliar a presença ou não de varizes esofágicas (indicativas de hipertensão portal). - Quando o resultado do FibroScan for inferior a 20 kpa + plaquetas superior a 150.000/mm3 EDA para procura de varizes pode ser adiada. - Quem tem acesso fácil ao FibroScan o acompanhamento deve ser anual + exames laboratoriais. - O aumento da fibrose (em kpa) ou a diminuição das plaquetas indica a realização do exame endoscópico. - Letalidade da hemorragia digestiva por hipertensão portal 14% (antes era 43%). - HDAV é uma das principais causas de mortalidade, não só nos cirróticos, mas também nos esquistossomóticos com hipertensão portal. - Nos pacientes cirróticos de etiologia alcóolica estudo angiográfico garante aferições seguras da pressão portal desenvolvimento de varizes depende da ultrapassagem de um limiar pressórico (HDAV ocorre nos casos com gradiente de pressão maior que 12 mmHg). - 30% dos pacientes com varizes de médio calibre teriam possibilidade de sangramento, anualmente. - O rastreamento e a vigilância de varizes esofágicas, varizes gástricas, varizes ectópicas são feitos pela EDA. - O intervalo de tempo para fazer a EDA varia com a presença e tamanho das varizes e eventuais fatores de melhor ou pior prognóstico (reunião de Baveno 6 – 2015). Aula: investigação de lesões esofagogástricas * Exame de escolha = EDA permite uma abordagem diagnóstica e terapêutica da HDA; * A causa mais comum de HDA no paciente com hipertensão portal é o sangramento de varizes esofagogástricas; * Alguns pacientes sangram por gastropatia hipertensiva portal e o restante por condições não relacionadas à hipertensão portal (úlcera péptica e lacerações de Mallory-Weiss – laceração da transição esofagogástrica devido a vômitos). Cuidados terapêuticos emergenciais na HDAV - Cuidados preferencialmente realizados na UTI. Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina - Ressuscitação volêmica mantém a hipovolemia relativa níveis de PAS entre 90 e 100 mmHg e FC menor que 100 bpm. - Proteção das vias aéreas: MANDATÓRIA!!! Principalmente nos pacientes com diminuição do nível de consciência e/ou hematêmese maciça. - Quando usar o balão de Sengstaken- Blakemore? Hemorragia maciça com instabilidade hemodinâmica não responsiva a volume (precisa de proteção de vias aéreas). Obs: é um tratamento emergencial que deve ser considerado apenas como ponte para o tratamento definitivo, pode ser usado por no máximo 24 horas. - Reposição sanguínea: depende da presença de comorbidades, sangramento ativo, idade e estado hemodinâmico do paciente deve-se ter altos níveis de hemoglobina (entre 7 e 9 g/dL). Tratamento de urgência na HDAV Medidas gerais Atendimento na Unidade de Terapia Intensiva Reposição volêmica criteriosa Hb entre 7 e 9 g/dL, dependendo de comorbidades, idade estado hemodinâmico Proteção de vias aéreas MANDATÓRIA Diminuição do nível de consciência Hemorragia maciça Uso de balão esofágico Rastrear e prevenir infecções bacterianas - Estancar hemorragias por varizes: 2 abordagens Em primeiro lugar = atitudes que visam diminuir os níveis pressóricos no sistema portal uso de drogas vasoativas e desvio do fluxo portal hipertenso para circulação sistêmica. Depois = oclusão venosa pela EDA estanca a HDAV sem modificar os níveis pressóricos do sistema portal. Formas de estancar a HDAV Diminuir a pressão e fluxos portais Vasoconstritores esplâncnicos pressão Anastomoses/TIPS desviam fluxo Oclusão venosa Ligadura elástica das varizes Escleroterapia - Deve-se iniciar o emprego de vasoconstritores esplâncnicos o mais precocemente possível nos pacientes com HDAV, de preferência antes da realização da EDA. Drogas disponíveis para uso: Terlipressina; Somatostatina; Octreotide. Tratamento farmacológico de urgência na HDAV Esquemas terapêuticos Terlipressina (Glypressin) 1 a 2 mg IV 4/4 h até 48 h após cessar sangramento Manutenção 1 mg IV 4/4 h durante 2-5 dias Somatostatina (Stilamin) 250 mcg em bolus Manutenção 250 mcg/h em infusão contínua Dobrar a dose insucesso inicial Octreotide (Sandostatin) 50 mcg/h em infusão contínua por 48 h Manutenção bolus de 100 mcg por 8 h (SC) até 5 dias - Vasopressina seu uso foi abolido, mesmo se associado a nitratos, pois causa intensos e frequentes efeitos colaterais sistêmicos. - Terlipressina análogo de ação prolongada da vasopressina com efeitos colaterais cardiovasculares de menor frequência e intensidade. Ação: reduzir a pressão portal, intravaricosa e do sistema ázigos, duração aproximada de 4 horas (por isso o uso intermitente de 1 a 2 g a cada 4 h). Efeitos colaterais: Dor abdominal; Angina pectoris; IAM; Bradicardia; Isquemia de MMII; Isquemia mesentérica; Hipertensão arterial não controlada. A terlipressina é o único vasoconstritor que mostrou melhora da sobrevida no controle da HDAV. Se chega um paciente com HDA e você já sabe que é por varizes esofágicas, já entra com a terlipressina antes da EDA, se você não sabe a causa, faz a EDA, se for por varizes esofágicas, entra com terlipressina. Mantém a terlipressina nas primeiras 48 horas com dose dobrada e depois que para o sangramento mantém a droga por mais 3-5 dias. - Somatostatina Ação: reduz significativamente a pressão portal, as pressões nas varizes e na veia ázigos. Rápida eliminação, por isso no início é usada em bolus, seguida de infusão contínua na dose habitual de 250 mcg/kg/hora (um estudo que Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina sugere eficácia quando se administram 500 mcg/kg/h). - Octreotide análogo da somatostatina. Ação: redução transitória da pressão portal e previne a elevação pós-prandial da pressão portal. Pode ser iniciada em bolus de 50 a 100 mcg, seguido de infusão contínua de 20 a 50 mcg/hora. Efeitos colaterais (somatostatina e seus análogos): Dor abdominal; Diarreia; Hiperglicemia; Cefaleia. - O uso do vasoconstritor deve ser PROLONGADO por 5 dias, visando evitar a recidiva hemorrágica (mais frequente durante esse período). - EDA: deve ser realizada dentro das primeiras 12 horas de sangramento em todo paciente com HDAV. - Durante a EDA (diagnóstica e terapêutica) a proteção de via aérea é recomendada quando há presença de sangue maciço, encefalopatia hepática graus III e IV, insuficiência respiratória, sendo dispensável nos demais casos. - A ligadura elástica de varizes esofágicas (LEVE) é a MELHOR POSTURA TERAPÊUTICA PARA HEMOSTASIA ENDOSCÓPICA EM HDAV. - Escleroterapia: em casos de indisponibilidade ou impossibilidade técnica de realização da LEVE. - Tratamento combinado terapia farmacológica + terapia endoscópica é superior a cada uma das modalidades terapêuticas isoladamente, sendo ideal que o tratamento farmacológico PRECEDA o endoscópico e seja mantido APÓS ele. Medidas específicas na HDAV Esquemas terapêuticos Iniciar vasoconstritores esplâncnicos Precocemente antes do exame endoscópico EDA Nas primeiras 12 horas Tratamento endoscópico Preferencial LEVE (ligadura elástica) Escleroterapia na indisponibilidade ou impossibilidade técnica de ligadura - As infecções bacterianas constituem causa frequente de morbidade e mortalidade em cirróticos com HDAV. - 20% dos pacientes com sangramento varicosoapresentam infecções bacterianas à admissão hospitalar e 50% desenvolvem infecções durante a hospitalização. - Rastrear os processos infecciosos: Trato urinário; PBE; Bacteremias; Infecções do trato respiratório. - Rastreamento deve incluir: Coleta de hemoculturas; Punção de líquido ascítico com citologia diferencial e cultura (semeada em balão de hemocultura); Sumário de urina; RX de tórax. - O emprego profilático de ATB é MANDATÓRIO pois reduz a frequência de eventos infecciosos e aumenta a sobrevida nos pacientes tratados redução de 58% no risco de infecções e de 29% na mortalidade. - Pode-se usar: Quinolonas orais (norfloxacino 400 mg, 2x/d; Cefalosporinas de 3° geração (Ceftriaxona 1 g, IV/d). - Período de tratamento: 7 dias. - Paciente com ascite e/ou desnutrição e/ou encefalopatia hepática e/ou bilirrubina > 3 g/dL devem ser tratados preferencialmente com ceftriaxona IV. - Nas instituições hospitalares com alta prevalência de infecções bacterianas resistentes às quinolonas e nos pacientes em prévio uso profilático de quinolonas, o uso profilático das cefalosporinas também é preferencial durante HDA, principalmente nos cirróticos Child B e C. - HDAV é fator precipitante de encefalopatia hepática (EH) em cirróticos. - Profilaxia de EH: Controle do sangramento (elimina o fator precipitante); Medidas gerais de limpeza dos cólons. - Lactulose e rifaximina previnem a EH em cirróticos com sangramento digestivo (estudos), mas o encontro Baveno 6 ainda não faz essa recomendação, logo, não se pode recomendar medicamento profilático visando a proteção de EH em pacientes com HDAV. - O tipo mais frequente de insuficiência renal no cirrótico é a azotemia pré-renal, sem lesão Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina glomerular ou tubular¸ desencadeada por hipoperfusão renal. Obs: muitas vezes esse tipo é induzido por hemorragia digestiva e por infecções bacterianas. - A restauração hemodinâmica pode reverter casos de hipoperfusão leve ou moderada. - Casos mais graves podem evoluir para síndrome hepatorrenal ou necrose tubular aguda. - A prevalência de IR em pacientes com HDAV é de 11% com taxas de mortalidade de 55%. - Expansão com coloides está indicada em casos de IR. Obs: cuidado em HDAV pois há risco de rebote da pressão portal com ressangramento. - Deve-se afastar e/ou corrigir causas de falência renal ou aguda, principalmente as pré-renais. Porém, empregados os critérios do Clube Internacional de Ascites para o diagnóstico de síndrome hepatorrenal, o uso de vasoconstritores e albumina está indicado. - Outra fonte de HDA: gastropatia da hipertensão portal (GHP). - Quando é GHP? Achados endoscópicos sugestivos: Aspectos em mosaico; Pontos em cereja no corpo e no antro gástrico; Achados histológicos: Vasos dilatados na submucosa; Ectasia da mucosa; Escassez ou ausência de sinais inflamatórios. - É importante fazer o diagnóstico diferencial com a ectasia vascular gástrica (EVG), pois esta também provoca sangramentos digestivos eventuais em cirróticos, porém não tem relação com a hipertensão portal. - A GHP com manifestações de hemorragia aguda ou perdas sanguíneas crônicas, NÃO responde ao tratamento antiacidez das lesões pépticas. - O controle da hipertensão portal (BB ou derivações cirúrgicas que descomprimam o sistema porta) costuma controlar sangramentos devidos à GHP. - Indicação de TIPS (transjugular intrahepatic portosystemic shunt): casos de GHP com dependência de transfusões sanguíneas, nos quais a terapia com BBNS esteja contraindicada ou tenha falhado. Aula: Gastropatia hipertensiva portal * Responde por 2,3%dos episódios de sangramento em cirróticos; * Secundária a hiperemia e congestão da mucosa gástrica; * Aparência endoscópica de uma trama reticular esbranquiçada com áreas eritematosas; * Mucosa de aspecto granular e pontos vermelho-cereja indicam maior risco de sangramento. Falha terapêutica e opções de tratamento de resgate - Tratamento de PRIMEIRA LINHA na HDAV: COMBINAÇÃO DOS TRATAMENTOS ENDOSCÓPICOS E FARMACOLÓGICO (eficácia de hemostasia em 80-90% dos casos). - Cerca de 10-20% não respondem ao tratamento de primeira linha, com persistência da HDA ou novas hemorragias. - Ressangramento nas primeiras 48 horas após o tratamento adequado está associado à: Estigmas de sangramento recente nas varizes esofágicas; Cirróticos classificados como Child- Pugh C; Gradiente de pressão entre veia hepática e porta (GPVH) maior ou igual a 20 mmHg; Presença de infecções; Trombose da veia porta. - Consenso de Baveno considera falha terapêutica quando há: Sangramentos significativos que provocam queda da hemoglobina > 2 g/dL; Necessidade de duas ou mais unidades de transfusão sanguínea em 24 horas; Pulso > 100 bpm e PAS < 100 mmHg. - Uma segunda abordagem endoscópica é indicada, precedida ou não de tamponamento esofágico para se conseguir estabilidade hemodinâmica. - O TRATAMENTO COM BALÃO É TRATAMENTO DE PONTE, É TRANSITÓRIO PARA UM SEGUNDO TRATAMENTO ENDOSCÓPICO OU TRATAMENTO DE RESGATE. - Próteses metálicas autoexpansivas: eficazes em estancar HDAV opção mais segura nos Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina sangramentos refratários, enquanto SE ESPERA O TRATAMENTO DEFINITIVO. - Dois tipos de resgate possíveis: Colocação de TIPS; Tratamento cirúrgico. - TIPS (anastomose portossistêmica intra- hepática via transjugular): procedimento vascular INVASIVO, NÃO CIRÚRGICO cria uma comunicação no interior do parênquima hepático, unindo o ramo da veia porta com o ramo da veia hepática, por meio de uma prótese vascular expansível, com a finalidade de descomprimir o sistema porta. Indicação do TIPS: tratamento de RESGATE após fracasso do tratamento de primeira linha e pacientes com alto risco de persistência de sangramento (TIPS deve ser indicado precocemente pois diminui a morbidade e a mortalidade). Contraindicações do TIPS: Encefalopatia hepática; ICC; Hipertensão pulmonar grave; Infecções sistêmicas. Efeitos tardios preocupantes (efeitos colaterais): Encefalopatia hepática; Disfunção da prótese por estenose ou oclusão. Obs: o controle do calibre da prótese (para evitar encefalopatia) e o uso de novos modelos de prótese com revestimento interno propicia menores taxas desses efeitos colaterais. - Anastomose portocava terminolateral: eficaz no controle do sangramento e previne a recidiva hemorrágica em 100% dos casos. Obs: não existem diferenças estaticamente significantes quanto à sobrevida, quando se compara a anastomose portocava ao tratamento clínico, ou à anastomose mesocava. Principal complicação: encefalopatia hepática. - Para estancar sangramento ativo as cirurgias de derivação (portocava ou esplenorrenal distal) são as preferidas, apesar da possibilidade pós-operatória de encefalopatia. Obs: somente em centros de referência para o tratamento dessa doença são relatadas séries de anastomoses seletivas de urgência. Profilaxia da HDAV - Pode ser: Pré-primária = evitar o surgimento ou o crescimento de varizes esofágicas que nunca sangraram (nenhum estudo comprovou que o tratamento farmacológico PRECOCE com BBNS é eficaz. Pode usar ligadura ou BB, ligadura resolve); Primária; Secundária = tratamento eletivo após um primeiro episódio de hemorragia. - O tratamento primário (creio que é em pacientes que já possuem varizes mas elas ainda não sangraram, o tratamentopré-primário seria então seria quando o paciente nem varizes tem): estudos comprovam que a utilização dos BBNS em pacientes com varizes de vários calibres é eficaz, existe diminuição significativa de incidência do primeiro sangramento. - Logo, a profilaxia com BBNS (propanolol) reduz a mortalidade de pacientes cirróticos com varizes de qualquer tamanho, sem sangramentos prévios. - Mecanismo de ação dos BBNS (propanolol, nadolol, timolol): induzem a queda do débito cardíaco por sua ação beta-1 e promovem vasoconstrição arteriolar esplâncnica por sua ação beta-2, as quais provocam redução do fluxo venoso e da pressão portal. Obs: a diminuição de 25% no débito cardíaco (ação EXCLUSIVA beta-1) não é parâmetro suficiente para avaliar queda eficaz da pressão portal. Assim, as doses precisam ser aumentadas até níveis toleráveis, com FC NÃO inferior a 50 bpm. - Pela metabolização lenta do cirrótico, o propanolol pode ser tomado de 12/12 h (em pessoas normais é 3-4 tomadas por dia). O nadolol só toma 1 vez ao dia (ação mais prolongada). - Propanolol: inicia o tratamento com doses de 20-40 mg/d em duas tomadas. Cirróticos precisam em média de 120 mg de propanolol ao dia. - Contraindicações aos BBNS: Broncoespasmo; Psicose; Diabéticos insulinodependentes; Bloqueios da condução cardíaca; Insuficiência aórtica; Bradicardia constitucional. - Efeitos colaterais (15% dos casos): Tonturas; Cansaço; Falta de ar. Obs: podem ocorrer no início ou no aumento de doses e melhoram com a sua redução. Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina Propanolol na profilaxia da HDAV Vantagens Manuseio fácil – VO Segurança da droga Ausência de intervenção Eficácia comprovada Desvantagens Aderência – uso contínuo Contraindicações Não respondedores BB é profilaxia!!! Se o paciente chegar sangrando, suspende BB, entra com terlipressina, faz EDA e ligadura, espera o paciente estabilizar e depois de 5-7 dias de terlipressina volta com BB. - Ligadura elástica: tem efeitos colaterais menos deletérios que a escleroterapia bom método para profilaxia primária e secundária de sangramento digestivo, principalmente nos casos com risco iminente de HDAV. (Ligadura tem menos efeitos colaterais, melhor resolução do quadro e a longo prazo sai mais barata). - Nos consensos: uso de BBNS como procedimento clínico menos invasivo continua sendo a primeira opção para o tratamento profilático. - Nos casos que apresentam sinais vermelhos em varizes de grande calibre MELHOR INDICAR LEVE DE IMEDIATO. - Nos casos de varizes menos calibrosas e sem outros fatores de risco TRATAMENTO MEDICAMENTOSO É PREFERIDO. Obs: nos casos de varizes de pequeno calibre não há consenso sobre o uso de BBNS, mas alguns estudos mostram vantagens. - Há a hipótese de ação deletéria do propanolol na sobrevida de pacientes cirróticos com ascite refratária. Suspender ou não o propanolol quando o paciente evoluir para ascite refratária? - Baveno 6 confirmado o diagnóstico de ascite refratária, os BBNS deveriam ser reduzidos ou descontinuados em casos de: Queda da pressão sistólica < 90 mmHg; Hiponatremia < 130 mEq/L; Lesão renal aguda. Obs: os diuréticos e os AINES podem precipitar essas complicações devem ser suspensos. - Nas complicações da cirrose, como a hemorragia digestiva e a peritonite bacteriana espontânea (PBE), os BBNS são temporariamente suspensos e reiniciados após a normalização do quadro. - Caso se interrompa definitivamente o uso de BBNS deve-se estudar a possibilidade de indicar TIPS, mesmo que a ascite refratária esteja respondendo às paracenteses de repetição. - Justificativa da profilaxia da primeira hemorragia por ruptura de varizes esofágicas em pacientes cirróticos: altas taxas de mortalidade e morbidade do processo hemorrágico. - Escleroterapia e os métodos de terapia de resgate (tratamentos cirúrgico ou TIPS) NÃO ESTÃO INDICADOS NA PROFILAXIA PRIMÁRIA DE HDAV apresentam efeitos colaterais maiores que os benefícios. - Após hemorragia: iniciar profilaxia secundária com BBNS a partir do sexto dia. Se o paciente já estiver fazendo tratamento medicamentoso, deve-se interromper o uso durante o episódio de HDAV e reiniciar apenas no SEXTO dia, ultrapassados os 5 DIAS INICIAS DE MAIORES RISCO DE RECIDIVA DA HEMORRAGIA. - Melhor profilaxia secundária de sangramento varicoso em cirróticos LEVE + BBNS. O uso de BBNS deve ser ajustado para não desencadear efeitos colaterais e devem ser usados de forma contínua e ininterrupta, pois a suspensão da droga pode induzir a aumento rebote da pressão portal com surgimento de hemorragia. - LEVE é primeira linha na profilaxia secundária do sangramento digestivo, mas de preferência não isolada. Como as ligaduras elásticas NÃO conseguem erradicar as varizes finas, LEVE + escleroterapia tem sido utilizada. Obs: não tem mais eficácia que a LEVE. - Mononitrato de isossorbida + BBNS indicado para queda da pressão portal menor que 20% do valor basal. Obs: pode comprometer a função renal. - No tratamento de urgência e nas terapias de resgate (insucesso da associação entre BBNS e LEVE) deve-se fazer a colocação de TIPS ou o tratamento cirúrgico. - Vantagens do tratamento medicamentoso com BBNS: CAPACIDADE DE DIMINUIR A PRESSÃO PORTAL E, ASSIM, CONTROLAR OUTRAS COMPLICAÇÕES DA HIPERTENSÃO PORTAL. Estudos demonstraram menor incidência de HDAV, ascite, peritonite bacteriana espontânea, encefalopatia hepática e síndrome hepatorrenal, além de aumento de sobrevida. Ana Caroline S. Rocha – Turma XXXI Medicina Aula: tratamento da hipertensão portal * Profilaxia do primeiro episódio hemorrágico; * Tratamento do episódio de HDA; * Tratamento de manutenção, para profilaxia da recidiva hemorrágica. Profilaxia do primeiro episódio hemorrágico * Único método que demonstrou diminuição efetiva dos índices de sangramento é o tratamento com betabloqueadores (quando o débito-FC diminui 20%); * O objetivo é manter o gradiente de pressão venosa portal abaixo de 10 mmHg; * Na prática, busca-se reduzir a frequência cardíaca basal em 20-25%; * A associação com nitratos de ação prolongada é descrita mas necessita de estudos para demonstrar um benefício no seu uso. EDA * MÉTODO INICIAL DE AVALIAÇÃO DA HEMORRAGIA EM PACIENTES COM HIPERTENSÃO PORTAL POR POSSIBILITAR DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO; * Pode ser feita escleroterapia ou ligadura elástica das varizes, ambas eficazes em 80ª 90% das varizes esofágicas sangrantes; * Complicações = Menores dor retroesternal, úlcera esofágicas, febre; Maiores perfuração esofágica, piora do sangramento das varizes e broncoaspiração (mortalidade de 1 a 3%); * Resultados ruins em varizes gástricas e NUNCA indicada no sangramento por gastropatia hipertensiva. Tratamento farmacológico * Principais fármacos = vasopressina, terlipressina e octreotide; * Mecanismo de ação = vasoconstrição esplâncnica, diminuição do fluxo portal e da hipertensão portal. A vasopressina tem efeitos vasoconstritores sistêmicos como hipertensão, queda do DC, bradicardia e vasoconstrição coronariana, devendo ser sempre associada à nitroglicerina. * São o tratamento inicial na hemorragia por varizes gástricas ou por gastropatia hipertensiva; * A vasopressina e a terlipressina são inferiores ao tratamento endoscópico na hemorragia por varizes esofágicas, mas o octreotide tem resultados semelhantes. Balão de Sengstaken-Blakemore