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1 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT-CUS 2020 Tocotraumatismos são lesões resultantes de uma ação contundente direta sobre o concepto, ocorrida durante o trabalho de parto. : • Fatores maternos: o Anomalias pélvicas com estreitamento do canal pélvico, o Hipertonia uterina (acarreta aumento da pressão no sistema venoso fetal, podendo acarretar hemorragias) o Descolamento prematuro de placenta o Oligoâmnio; • Fatores ligados ao feto o Prematuridade (delgadez do crânio e estruturas orgânicas, apresentação pélvica) o Fetos macrossômicos (peso de nascimento > 4.000 g) o Gemelaridade o Malformação fetal; • Fatores ligados ao mecanismo de parto: o Posição anormal o Acidente durante o parto o Procidência de cordão o Ruptura uterina, o Alterações da dinâmica uterina o Período expulsivo rápido ou muito prolongado o Distocias de apresentação. Eritemas, equimoses, petéquias e lacerações: nas três primeiras lesões, a conduta é expectante. Necrose adiposa subcutânea: É uma lesão bem demarcada, em moeda, vista em crianças grandes após parto difícil, firme, móvel, indolor e que surge entre o sexto e décimo dia, em pontos de pressão. Evolui para a cura espontaneamente, remitindo em meses. Pode evoluir com cicatriz ou atrofia residual. Hematoma do esternocleidomastoideo: ocorre por tração exagerada com hiperrotação do pescoço, em partos pélvicos. Aparece como massa no terço médio do músculo, a partir da segunda semana. O RN permanece com posição anômala do pescoço (torcicolo congênito). O tratamento requer movimentação passiva e posicionamento correto. A permanência do torcicolo pode exigir cirurgia. 2 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT-CUS 2020 Paralisia de Erb-Duchenne: é ocasionada por lesão do quinto e sexto nervos cervicais. O RN não consegue de forma alguma abduzir o membro superior no ombro, girar lateralmente o membro superior e supinar o antebraço. O quadro clínico apresenta-se com adução indolor, rotação interna do membro superior e pronação do antebraço. A paralisia do frênico (C3-4-5) pode acompanhar a clínica e produzir dificuldade respiratória. O reflexo de Moro está ausente no lado afetado. A preensão palmar está preservada, a menos que a parte inferior do plexo esteja comprometida Paralisia de Klumpke: é ocasionada por lesão do sétimo e oitavo nervos cervicais e do primeiro nervo torácico. Em caso de acometimento do plexo simpático, o RN pode apresentar síndrome de Horner homolateral à lesão. 3 Bruna Oliveira de Paula – Medicina UFMT-CUS 2020 Observamos paralisia da mão e a preensão palmar está ausente no lado afetado. Paralisia facial periférica: observamos que um hemilado da face não apresenta contração palpebral ou elevação do ângulo da boca. Comum em forceps. O prognóstico é bom. Os traumatismos do SNC são os mais importantes, pelo risco de vida e sequelas. São eles: Hemorragia epidural: raro, relacionado a um grande céfalohematoma e fratura óssea. Geralmente resulta da ruptura de uma artéria meníngea. Hemorragia subdural: o hematoma subdural ocorre por lesão nas veias de drenagem ou nos seios venosos da dura-máter, principalmente localizadas no tentório cerebelar e face cerebral. O aumento da pressão intracraniana pode resultar em abaulamento de fontanela e separação de suturas. A imagem na tomografia computadorizada de crânio é caracterizada por uma área hiperdensa em forma de crescente. Hemorragia subaracnoide: a fonte de sangramento são as pequenas veias que atravessam o espaço leptomeníngeo (bastante diferente dos adultos, cuja. hemorragia deriva da ruptura de grandes vasos). Clinicamente se apresenta com convulsões, alterações do estado mental e sinais neurológicos focais. Clavícula: é a mais frequente das fraturas em RN, localizando-se na junção do terço externo com o terço médio do osso. Na maioria das vezes a fratura é "em galho verde". A clínica resume-se em reflexo de Moro assimétrico e movimentos reduzidos do lado afetado, além de dor à manipulação. Pode-se palpar crepitação e edema locais. O prognóstico é muito bom, com a maioria dos RN necessitando apenas de uma atadura para imobilização, além de analgesia apropriada. Membros: são fraturas mais raras, sendo o úmero mais frequentemente acometido do que o fêmur. O tratamento consiste em imobilização com tipoia triangular para o úmero e suspensão sob tração para as fraturas femorais. Ossos da face: as fraturas são incomuns. A luxação da parte cartilagínea do septo nasal para fora do sulco vomeriano e da columela é evento ocasional. Clínica: dificuldade de alimentar-se, respirar, narinas assimétricas e nariz achatado e deslocado lateralmente. O tratamento consiste na redução da luxação. Fígado: pode ser lesado no parto, tendo como fatores associados a macrossomia, asfixia intrauterina, prematuridade extrema e hepatomegalia. A ruptura do fígado dá origem inicialmente a um hematoma subcapsular. Baço: a ruptura é mais rara. Nos casos em que o baço está aumentado, como na doença hemolítica perinatal, o risco de ruptura aumenta Suprarrenal: a complicação principal é a hemorragia, que decorre de traumatismo durante o parto, anoxia e infecções graves. Ela também se encontra associada a RN GIG.
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